3 de janeiro de 2018

Das Loucuras (terceiro dia útil! ou nem tanto)


Foto: Lucas Landau
Matéria: Matéira aqui!

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Das Loucuras (terceiro dia útil! ou nem tanto)

Dia calmo com água fria pode ter tubarão!
Hoje é absolutamente desigual, díspar e de outra cor
Do terceiro dia útil do ano que já passou.
Até parece que a memória permite ter a lembrança de tal situação.

Eu não tenho amigos (hipoteticamente falando),
Vivo em uma ilha deserta,
Com o sol escaldante num céu escaldado,
Encoberto pela névoa
Do fruto de um futuro melhor...
Assim como foi quase todo o passado.

Noite agitada com água quente para o banho,
Mas o chuveiro elétrico pode dar choque.
A ação começa calcada na paz (é só um toque),
Com o vozear objetivo, forte, influente e fanho.

Introvertido, pensativo, ativo é atrativo vivo...
Mente leve e corpo pesado (um pouco acima do peso).
Falas instrumentais conduzem o corpo, selvas sérias;
A alma no jazz é plateia,
O bilheteiro está sempre de férias...
Pois a entrada é franca.

Mais escritos, menos estribos, sol e lua e tribo...
O fogaréu é excessivo – um brinde ao paraíso...
Voltamos a escrever, nada de férias...
Pois a estrada é longa, botem banca.

André Anlub®
(3/1/18)

2 de janeiro de 2018

Tulipas


Tulipas
Sylvia Plath
Tradução: Enrique Carretero

As tulipas são muito vibrantes, aqui é inverno.
Olha, tudo está tão branco, tão quieto, tão nevado
Aprendo quietude, deitada sozinha e calada
Enquanto a luz cai sobre estas paredes, esta cama, estas mãos.
Não sou ninguém; nada tenho a ver com explosões.
Dei meu nome e minhas roupas de dia às enfermeiras
Minha história ao anestesista e meu corpo aos cirurgiões.

Seguraram minha cabeça no travesseiro entre as barras da fronha
Feita um olho entre duas pálpebras brancas que nunca se fecham.
Pupila estúpida, tem que engolir tudo.
As enfermeiras passam e passam, não são problema,
Elas passam como gaivotas voando pro interior com seus chapéus [brancos,
Fazendo coisas com suas mãos, uma igual à outra,
E assim é impossível saber quantas realmente são.

Meu corpo é para elas como uma pedra, elas o manuseiam como a [água
Manuseia as pedras sobre as que terá de bater, suavizando-as [delicadamente.
Elas me trazem o torpor com suas seringas brilhantes, me trazem o [sono.
Agora estou desorientada, farta de bagagens——
Minha necessaire de couro como um chapéu pillbox preto
Meu marido e meu filho sorrindo na foto familiar;
Seus sorrisos se prendem à minha pele, anzoizinhos sorridentes.

Deixei que as coisas escorregassem, que um navio cargueiro de [trinta anos
Pendurasse teimosamente no meu nome e endereço.
Despejaram-me dos meus pertences afetivos.
Assustada e despida na maca de travesseiro plástico verde
Vi meu conjunto de xícaras, minhas roupas de cama, meus livros
Que se afogam sem serem vistos, e a água que sobe até cobrir minha [cabeça.
Agora sou uma freira, nunca fui tão pura.

Eu não QUERIA flores, só queria
Ficar deitada com as palmas das mãos para cima e estar [completamente vazia.
Quanta liberdade, vocês não fazem ideia quanta liberdade–
A paz é tão grande que enjoa,
E não pede nada, um adesivo, umas bugigangas.
É nela que os mortos finalmente se esvaem, imagino-os
Com ela na boca, como se fosse uma hóstia.

Pra começar, as tulipas são muito vermelhas, elas me ferem.
Mesmo através do papel de presente podia ouvi-las respirar
Suavemente, como um medonho bebê através das suas brancas [fraldas.
Sua vermelhidão fala com minha ferida, combina com ela.
Elas são sutis: parecem flutuar, embora me afundem
Perturbando-me com suas súbitas línguas e sua cor,
Uma dúzia de pesos de chumbo vermelhos ao redor do meu pescoço.

Ninguém me observou antes, agora sou observada.
As tulipas se voltam em minha direção e à janela atrás de mim
Onde uma vez por dia a luz se alarga e estreita lentamente,
E eu me vejo, rasa, ridícula, uma sombra de papel
Entre o centro do sol e o centro das tulipas,
Não tenho rosto, eu quis me apagar.
As vívidas tulipas devoram meu oxigênio.

Antes de elas chegarem o ar estava calmo,
Indo e vindo, respiração a respiração, sem nenhum alarde.
Então as tulipas o encheram feito um grande barulho.
Agora o ar gira ao seu redor da mesma forma que um rio
Gira ao redor de um motor naufragado e avermelhado pela [ferrugem.
Elas capturam meu pensamento, que era feliz
Brincando e descansando sem compromisso.

Estas paredes, também, parecem estar se aquecendo.
As tulipas deviam estar atrás das grades como animais perigosos;
Elas se abrem feito o focinho de um grande felino africano,
E eu sinto meu coração: que abre e fecha
Sua travessa de botões vermelhos só por amor a mim.
A água que saboreio é morna e salgada, como o mar,
E vem de um país tão longínquo quanto a saúde.

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Sylvia Plath Reads 'Daddy'



"O que podemos aprender com “Daddy” de Sylvia Plath" ---> Aqui

1 de janeiro de 2018

Das Loucuras (primeiro rabisco de doismiledezoito)


Das Loucuras (primeiro rabisco de doismiledezoito) 

Vem ano novo e adoro – de antemão – ano sim, ano não.
Há lugar melhor para estar – mas sempre haverá! 
Amo anos pares: imagino-me no jogo de pôquer
Com cinco dedos no copo cheio de uísque
E um par de ases na outra mão.

Vamos indo: odoríficos, limpos – Eu e meus deuses nada ululantes...
Chega de alto-falante, nada de nada pensante,
Nada de ser arrogante: “quero que se mate”;
Tampouco ser automático: “auto-falante”.

Quero a vida auto limpante, poucos enfeites na estante,
Muitos livros, muitos mimos e pouco alarde.
Mas para rimar e continuar o debate:
Me faz um chá-mate?

Alguns grilos falantes, pensantes, porém didáticos...
Serão sempre mais bem-vindos – digo amém!
O midiático que se defina, se “auto-intitule” se “auto-afirme”;
E esse texto poderia ter como subtítulo: o não uso do hífen!

Novo ano e mesmo jogo: bolas fora, chutadas na trave,
Alguns gols a favor – e sem cegueira –, outros contra. 
Mas a aposta segue, jamais nunca e nada é sempre tarde.
Convicções à parte: a vida é o enigma do nadar das lontras. 

Lá na linha do horizonte vejo o novo com a cara de ontem;
Noto o desmonte daquilo que já foi inteiro.
É janeiro: novas chances, velhos planos – preto-e-branco e cor;
É maneiro: sou relativista, jazzista, faceiro, sonhador...

Não ouço alarmistas, mas acredito em disco voador.
Abomino fofoca, infiéis e vis marqueteiros.
Há de se separar a joça do trago e o joio do trigo,
Mas há de saber que o umbigo é só um umbigo,
E ninguém é feliz sendo embusteiro.

André Anlub®
(1/1/18)


31 de dezembro de 2017

O levantar de cada homem


O levantar de cada homem

Onipresente e quiçá salutar
vagão de um extenso trem
vagando, voando, vergando devagar.

Cem promessas e esperanças no ar
do cerimonial que o ano transpassa.
Vento e vigor entram pelas ventas
e dobram o hipotético cabo das tormentas.

Ficam tempos de acertos e erros
ficam berros que ecoam em intentos
e na nuvem a premissa do restauro da curva
que faz reta uma estrada mais turva.

Em seus tronos na zona de conforto
estão otimistas os deuses de todos.
Roupas alvas, flores brancas
e o sol desbotando as flâmulas.

É um novo tempo e a mais nova maquiagem
da engrenagem que a ferrugem não come.
A esperança sendo real ou miragem
alivia e traz força no levantar de cada homem.

30 de dezembro de 2017

Feliz 2018


Arquivo morto

Enlouquece, tonteia
entorpece, abala
no coração, na veia
emoção enigmática.

A coisa é séria, muito séria
vai um, vem outro
é uma constância
por isso não faz sentido.

Pela manhã tudo estará bem
é mais ou menos assim
no íntimo ficam as lesões
escapam os heróis
para encararem novo amor.

Entupindo o coração de ideias
cachoeiras de avejões
nesse amor de veracidades
suas pegadas, espaçadas 
na areia limpa e macia
pegadas de danças e festividades
da mais pura devoção.

Quando esse sentimento aflora
há “refrescância” na alma e corpo
mas nem se sabe se essa palavra existe
não se encontra em dicionários
é morta – torta
é arquivo – morto.

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Olha o Flagra! Jogando Street Fighter no Cariri Shopping, batendo todos os recordes e deixando a molecada horas esperando pra jogar!

28 de dezembro de 2017

Das Loucuras (notou o Natal no naco do nervo e na nuvem)


Das Loucuras 
(notou o Natal no naco do nervo e na nuvem) 

Peixes belos e pequenos
Que entram nas facas;
As espinhas enormes;
A carne macia – bacalhau e salmão.
O enfoque no aquário,
Casaco no armário e estante e livros.

Na loucura parca – como Carpas –,
Coloca-se o fermento – vira tubarão...
Predicados, borbulhas, atitudes – todos vivos;
O mundo é o aquário, o vidro é castração.

Como tarântula, pernoita, perambula
Mirando o norte se acha tudo;
Tendo tudo se deleita com a sorte.

Fugindo da morte vê-se o absurdo;
Mas ela segue na saga, cega,
Suga e ainda se veste de gótica.

As cinzas já estão reconstituídas
Se fortalecendo a cada velinha e velhinha
Nada desiludidas...

Dia de luz, mas sem festa de sol;
Sonha só com o seu azeite espanhol...
Noite de Natal, noite naftalina...
Opa ela errou, que fiasco! 
Dá uma garfada no peito de peru
E diz sem asco:
- É natalina! 

André Anlub
(28/12/17) 

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.