29 de agosto de 2017
Nossos Litígios
Nossos Litígios
Pelos nossos próprios litígios
Tentei organizar nossas vidas,
Apagando insensatos vestígios
E acendendo e excedendo as saídas.
No doce ninho que mesmo em sonho,
Onde criamos rebanhos, rebentos,
Em águas límpidas que fazem o banho,
Depurando em epítome nossos momentos.
Amontoando em vocábulos incertos
Vejo e escrevo em linhas tortas – na alma.
Optando por esse amor na justa calma,
Nas brigas que expulsam demônios e espectros.
Mas na sensatez do amor verdadeiro
Vi-me lisonjeado por ser o primeiro: o real, o fiel, o ardente.
Sou o qual lhe agarra a unhas e dentes,
Sendo o mais perfeito da paixão mensageiro.
Mesmo se somassem todos os números e datas,
Secassem todas as águas do planeta,
Encharcando sua face que no ápice da tormenta
Sempre responde com lisura imediata.
O ardor do âmago do seu ser
Acabou escrevendo minhas linhas,
Nesse bem querer de minhas rinhas,
Só – e mesmo cego – posso lhe ver.
A ilha em êxtase
A ilha em êxtase
A vida pode ser farpa entre unha e carne,
um bambu que não se quebra com o vento que varre,
ou estrelas que brigam com o raiar de um dia.
E agora, estava mais que na hora, o ânimo veio,
No veio sumido e assanhado de quem somos;
No envelhecido clichê de quem deveríamos ser.
No abstrato da tela, em aquarela, aquela ilha...
Confiando no absinto para encarar o abismo;
Na retrospectiva da vida, um céu de bel prazer:
A perplexa perspectiva a nosso ver.
Somos quem somos, fomos e seremos (os tais)...
E já estava na hora do abrigo de um alento amigo.
Publiquem nos anais e jornais, em letras garrafais:
Nossa vultosa vida vivida não é particular...
Então, s'il vous plaît, mostrem o que há de divertido.
Exponham em íntimos olhos de ourives:
Tudo de todos tarda, e sempre soará peculiar...
Então tão assim – e assado – é para se mostrar.
O tempo alçou e alcançou o próprio tempo,
Como a serpente doente comendo seu rabo.
Na frase eu me acabo; no vento você me inventa;
Eu como a cobra com pimentão, pepino e pimenta.
Fecho os olhos e vejo um mar na nossa avenida;
Obro os olhos e vejo que sou um belo peixe...
Largue o preconceito e ao meu lado deite-se;
Deixe-se levar e leve a todos para sua ilha da vida.
Das Loucuras (pensamentos surradinhos)
Das Loucuras (pensamentos surradinhos)
Essa ansiedade extrema de querer comer besteira de barriga cheia,
Sem parar, cá e lá, e a qualquer hora do dia é “vulva de escalpo”.
Há de se administrar com aveia Quaker qualquer tédio
E desconfiar com leite Ninho de quem coloca a taça de vinho
Entre o indicador e o dedo médio...
Não despreze quem faz do próprio problema um poema.
A cachaça de rolha e tudo mais engarrafado no bar do Elói,
Numa rua em Niterói e lá no bairro Moema.
Na escuridão ela se vê melhor; olhos cegos, mas audição apurada.
Mergulhada na embriaguez feliz de não estar na estrada do marasmo.
Foi apunhalada nas costas, mas se recupera como guerreira que é...
Entre o bem-me-quer e o malmequer encontra tempo para o orgasmo.
A boca doce não acha tempo para clamar por admiração – já é admirada.
Na mão suja com farinha láctea o anel com o símbolo da eternidade.
Não perdeu a identidade, sabe muito bem quem foi, é e será...
E no que há: da existência faz ciência, da álgebra solução,
Do fato faz “não sei não” e da paixão cega inovação: não faz nada.
André Anlub
(29/8/17)
28 de agosto de 2017
Das Loucuras (tirando e dando corda pra pipa)
Das Loucuras (tirando e dando linha pra pipa)
(27/8/17)
No ar havia voo, então voo e vou ao vento e ao vão...
Agora é hora, dei corda para a situação de absoluta rebeldia.
Já abro o sorriso, mesmo com a cabeça na boca do leão:
Loucura em cura, paranoia em neura, sonho em orgia.
Acordo e faço um acordo, mas não brinco,
Respeito à vozinha colada como um brinco na minha orelha:
Ela não me perturba e eu não a perturbo mais...
Perfeito! Faltou ela cumprir sua parte... ela é “pentelha”!
Insano paradoxo, pois eu gosto desse gosto de robotização;
Asas eram fortes, os cortes eram fundos, visíveis ou não;
As assas ficaram fracas, a carcaça suja e enferrujada...
Mas o sonho – caso morra - cria força na ressureição.
Pode agora atravessar cemitérios ressuscitando os mortos,
Abraçar o Poe e o Gaiman, voar com os corvos,
Entender, atender e estender as guerras e os povos,
Até surgir a paz, o silencio, a extinção do vulcão e a remissão.
27 de agosto de 2017
Das Loucuras (cheio de nove horas)
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Roger Waters (Pink Floyd) joins G.E. Smith at The Stephen Talkhouse - Blues in G - https://www.youtube.com/watch?v=IlfwHfoKuco
Das Loucuras (cheio de nove horas)
Apertou a mão, inverteu o lado de fato é gato e sapato...
Afogou o descaso e no ocaso distribuiu a sopa aos indigentes.
A fogueira ainda queimava quando a tempestade se formava...
Desce água, desde sempre; sobe o tempo, desde o invento.
O formigueiro com seus ternos engomados em tempos eternos de mágoa.
No céu escuro as estrelas piscavam e pareciam dizer algo;
É fato consumado de bocas consumidas por gula.
É a agulha que foi achada no palheiro,
Em meio ao nevoeiro; em meio ao fogo cruzado.
Olhos e cérebro fixos ganhavam confiança e inspiração,
À próxima viagem: saliente, ciente, mente focada – atilamento...
Trovadores e suas dores, seus blocos, suas canetas nas mãos.
Há tempos o veneno da lata; na lata a vermelhidão do passado.
Para o batente: escreve e escreve o que vê o que fez o fato e o ato;
A vida em macro; a vida bem ampla; o mundo estanca e se arranca num zoom.
Cria – recria, crê – “podes crer” –, faz como quer.
Não é um qualquer, assim como um qualquer não é qualquer um.
André Anlub
(27/8/17)
25 de agosto de 2017
Nossa memória
Chegaram os belíssimos livros da Antologia de Poesias, contos e crônicas da Scortecci, em comemoração de seu aniversário de 35 anos de estrada.
Nossa memória
É hora de estabelecer os limites,
Estabilizar os lamentos e mostrar quem a gente é;
Vejo que vamos organizar os enfeites
E desagoniar o fio de fatos quaisquer.
É tempo de sentirmos e soltarmos o som da viola,
Saltarmos no sol da viela,
Arrumarmos a casa – arruinarmos as corjas
E casar as tampas com os potes de tupperware.
Cerrado, o punho apanha pelo seu lugar na história;
A escória derrotada feito barata na sola do chinelo.
Um sol amarelo e um violoncelo que compõem nossa memória;
No agora, um tudo e um todo escrito em um livro ainda no prelo.
A cachoeira novamente nos convida ao banho,
A água gelada, a limonada, o “não querer mais nada”,
O céu mais limpo e o limo mais verde...
O que se entende de indigente a tender pela tangente.
É hora, agora, e o tempo esculpe...
Desculpe, mas para o trocadilho tem hora;
Em outrora a razão de viver chegou ao cume...
Incólume, agora desce rolando feito bola.
No nosso sonhar há o fogoso olhar curioso
Que faz par com um presunçoso olhar preguiçoso.
Nosso sonho acordou sonambulo de sua apatia,
E logo bem cedo despertou de nossa vida vadia.
As tais das saudades
As tais das saudades
Um amigo: acordei com uma lágrima,
No sonho bem claro o rosto,
De pronto sorriso me olhava.
Amigo de praias e farras,
Que o vento levou sem aviso,
Deixando a doce lembrança,
Momentos que não amarelam
E regam o verde singelo
Desse jardim da saudade.
Um amor: de todos os sons nada valia:
Meu rock, meu jazz, o doce do blues...
Nada! Nem qualquer feitiçaria.
Minha cara-metade, cálida companheira,
Jardim de vida, ação – amor – afeição;
Motor propulsor, divisor de águas, motivação,
Meu mote, meu norte, minhas eiras e beiras.
Fiel agasalho, calor do existir, meu elixir;
Sua voz é pronúncia, é premissa;
Sua pele é mel, música, candura,
Que de cura e na cara digo:
– não canso de tocar e sentir.
Um amigo: acordei com uma lágrima,
No sonho bem claro o rosto,
De pronto sorriso me olhava.
Amigo de praias e farras,
Que o vento levou sem aviso,
Deixando a doce lembrança,
Momentos que não amarelam
E regam o verde singelo
Desse jardim da saudade.
Um amor: de todos os sons nada valia:
Meu rock, meu jazz, o doce do blues...
Nada! Nem qualquer feitiçaria.
Minha cara-metade, cálida companheira,
Jardim de vida, ação – amor – afeição;
Motor propulsor, divisor de águas, motivação,
Meu mote, meu norte, minhas eiras e beiras.
Fiel agasalho, calor do existir, meu elixir;
Sua voz é pronúncia, é premissa;
Sua pele é mel, música, candura,
Que de cura e na cara digo:
– não canso de tocar e sentir.
24 de agosto de 2017
Das Loucuras (contabilização dos zeros)
Das Loucuras (contabilização dos zeros)
Na placa de vende-se, o sofisma disfarçado de habeas corpus;
São tantos nós querendo deixar o mundo dos espertos.
E ele indiscreto, hiante com seu olhar cínico de soslaio,
Abre o balaio-de-gatos, expõe seu fato – antes feto – e calça o sapato.
Dentro do ensaio arreou o cavalo e arriou sua calça num papo furado com mortos...
Aos porcos joga as pérolas falsas; aos “parças” joga a pílula branca.
Vai-se no mundo sem rumo, como uma folha levada com o vento;
Compra jornal numa banca e coloca na sua mente uma âncora.
No inferno a essência, por excelência, reconstrói Roma e queima Nero;
Dentro de um sorriso amarelo, fornece extintores extintos...
Frágil casca de ovo que por assombro expõe um pinto faminto:
Busca comida, lazer, o que fazer, limpar a pia, lavar a louça, poesia;
Busca dinheiro, o maneiro, o marinheiro, amigo, abrigo, o altivo, o mero.
Na placa de vende-se, o enigma:
Tudo é tudo, menos zero!
André Anlub
(24/8/17)
23 de agosto de 2017
Das loucuras (vacila o versuto, verossímil e versado)
Das loucuras (vacila o versuto, verossímil e versado)
No estilo, chamam de coitado aquele burguês alinhado,
Quebram o osso do seu pescoço na forca do imaginado.
Metaforicamente, o que é de gosto causa gordo gasto;
Gastronomicamente, churrasquinho de gato é de bom trato.
Viu e deu à luz, no fim, centro e final do túnel sombrio;
Túnel mal iluminado que remete às lembranças em Copacabana;
Paredes rabiscadas, grafites dos anos oitenta, louca fama.
Morcegos da noite, aranhas da noite, coloridos calafrios.
Arcabouços de homens presos ao calabouço de um tempo voando;
Alvedrios, livre arbítrios são arbitragens desvalidas, são besteiras...
O foco foca no presente, mas nada ausente o futuro chega derrocando;
Colocando ‘cada um no seu quadrado’ e o ‘quadrado’ na lixeira.
Na camuflagem da imagem criada pelo despeito do ego,
O cego, surdo, mudo denega e não nega que é chover no molhado.
Ser de ouro e sensato, safo touro sentado – entre as pernas seu rabo;
A magia que quebra ao olhar no espelho; mundo real que lhe enverga.
Servo servido, seiva colhida, ‘cerva’ gelada na esquina...
A alegria do ontem que sonho algum recupera.
André Anlub (23/8/17)
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Biografia quase completa
Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)
Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas
Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)
• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)
Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha
Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas
Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)
Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte
André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.
Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.
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