15 de agosto de 2017

Ótima noite


Etílico silêncio 

Meus silêncios são pendentes dos teus 
Gritam sem som enquanto não voltas 
As voltas pelos bares, garrafas e copos. 

Espero-te... 
Madrugadas, mágoas e salmos. 

Minhas revoltas, andando pela casa 
Marcando o carpete, os olhos de águas 
“Socando pontas de facas”, lembrando de épocas. 

Amo-te... 
Te quero como eras, abstêmio e calmo. 

Tua vida, falência e desgosto 
Nostalgia desarrumada 
Procurando encosto, gastando saliva. 

E na relva... Brotam palavras ao vento 
Declamas poesia, não sonhas com mais nada. 

Muitos silêncios se atrelam aos de nossos rebentos 
Sons de vários momentos, que por dentro se abafam 
E os mesmos por vários meses e anos 
Falam muito mais que um mar de palavras. 

Dueto


Fato Consumado

Hoje acordei com a paleta cinza
Algo que mexia me fez de enigma
Um vibrar de cor em alto-relevo
Um afago imenso em minha autoestima

Deixo a sensação me dominar
Sinto o sangue fervendo
Tremo, não dá para segurar
É minha inspiração ao extremo

Minha mente se expande
Coração aquece e inflama
As mãos te tateiam, insanas
E a alma se desprende...

Um ritmo frenético aflora
O antes, o depois, o agora
Tudo unido nesse objetivo armado
Pode considerar um fato consumado 

As mãos agora seguras
Agarram-se ao verbo criar!
E a tela que se fazia de nua
Abraça-me em um eterno amar

André Anlub e Márcia de Sá

Dos desvelos


Dos desvelos (como som melancólico que segue invadindo) 

Até coloquem palavras em minha boca... mas que nasçam poesias.
Abrasador ao íntimo – sem dor – toca e preenche e compreende ao completo;
Na mais alta altitude que o anseio ressoa, e é tênue e desconcertante.

Toda uma terra estremece em todo o corpo que balança
E merece o céu no sol e a luz da lua na luz do teto do tato e do tudo.

Namoro e sinto e choro e aprovo e comprovo o sopro e aguardo, e você.
Mas é mais mar que observo e sou servo ao todo... E amo.

Vem, vem como variante, pé e pé, paz e paixão, marcando no solo – selo;
Como ao chão e ao sentimento é um sucinto sinal sagrado, afetuoso,
Pois não censura, nem corta nem cura, o soco solitário do colosso:
O banho ao calor em chamas, supina alma à sua presença... E amo.

Solos secos castigados, que fenderam em frangalhos de raios antigos...
Ficam no aguardo das águas em rios em milagres em lágrimas em circo em cio...
E vieram e vigeram e ficaram e fincaram... E amo.


14 de agosto de 2017

Sonhos de sempre


Sonhos de sempre

Sonhos de madeira, de ouro ou de aço,
Arco-íris envergado como um bambu.
Enigmas de nuvens – aves no vasto azul,
São momentos que se atrelam em compasso.

Sonhos de tempos precisos e elusivos...
Loucos, parcos, vastos, vistos e incisivos.
Fazendo curvas no reto, na aresta do espaço,
Vou voando feliz sobre o vil penhasco.

No mar bem calmo e bem claro – canto;
Em um barco a vela e ao vento – amo.
Fujo ao meu modo do medo – passado;
Abraço o coração de um ser raro – encanto.

Corro salvo e solto na frenética inércia,
Me meto em uma selva sem mato fechado;
Sinto a saliva da chuva no corpo molhado,
Chãos de grama, de vácuo, de tapete Persa.

Pensando dormindo, sorrindo acordado,
Desenho sonhos verdadeiros e irreais;
Ponho de cor a cor no presente e no passado
E realço o sol no futuro de equidade e paz.

13 de agosto de 2017

Tempo de ser coruja


- Mario Quintana

Tempo de ser coruja (2012)

E é mais ou menos assim:
Todo ser noturno tem dons...
E uma espécie de bússola na mente
É inerente também a delicadeza do silêncio
Junto com a irreverência da escuridão.

Com olhos bem abertos, bem espertos
Vê tal mundo azul marinho, azulado, sombrio
Engana-se quem pensa que vive sozinho
Há uma multidão no breu que o cerca.

A solidão é como um ser noturno
Muitas vezes fere de surpresa
Provém do escuro – não há defesa
Mas tenta-se sempre se proteger e evitar.

Falsidade e traição são como vaga-lumes
Ficam no escuro e na luz ao mesmo tempo
O despojo não fica bem visível, bem funesto...
Está-se coruja – finalmente há defesa:

Belos olhos abissais.

O desafinar da poesia


O desafinar da poesia

Malucos são os que tempo perdem
Nas ingênuas redundâncias da vida.
Loucos nas frias vielas imaginárias,
Procurando a boemia das letras mal resolvidas.

Para uns a criatividade à toa usada,
Que se foi como palavra torta,
Reaparece (eca), eco já escrito,
Falsa novidade numa maquiagem mórbida.

Mas não nos cabe nem o justo julgamento,
Pois jumentos tem sua breve serventia...
Na ladeira desce o ego, valentia.

Contudo, naquele por do sol ao longe,
Vê-se a luz no fim do dia
Refletido na gota do pranto etílico,
Que cai por baixo de uma máscara sombria.

Quiçá um Ícaro, pícaro, ósculo ou ácaro atual
Em um ébrio e febril exculpar.
Mas no final somente se via/ouvia/sentia (eca), 
O desafinar fanho da poesia.

André Anlub®
(01/04/13)



Lucíola Alencar

Joga sementes por onde passa, por onde pisa; roga por mais leitura, mais astúcia e poesia. Agora, mais velho, se aposentou da correria; mas a mente ainda atua, a pena apura e a escrita é viva.

Há lençóis em que se repousa, 
Que se sonha, que se voa, 
Que se doa e se pousa...
Nos lençóis em que você esteja comigo
Estarei aquecido, envaidecido

Em plenos amor e abrigo.

Lucíola Alencar (6/10/14)

Em tempos idos:
Lucíola teve passado penoso,
De dia a dia rigoroso, aqui e acolá em diversos puteiros.
Sua mãe analfabeta e agricultora e seu pai pedreiro;
Faltava dinheiro, comida, estudo, faltava quase tudo...
Até que, de repente, o “tudo” veio:

Em tempos meios:
A gravidez de trigêmeos caiu como tempestade,
Aquela louca vontade de ser mãe 
– aquela sóbria visão de que precisava ser algo mais;
Largou a labuta de prostituta e entregou-se aos livros...
Venceu empecilhos, derrubou preconceitos.

Em tempos de hoje:
Mulher guerreira, mãe solteira, “ex-meretriz”,
Sessenta anos e três filhos criados:
Uma médica, um famoso escritor e um advogado.
Lucíola Alencar é dona de casa e de uma rendosa barraca na feira,
Agora com “eira” e com “beira”
É também dona do próprio nariz.

Enxugando os Prantos


Enxugando os Prantos (parte II - (18/9/14))

Os homens levaram a melhor, restauraram sem piedade os próprios corações...
As nuvens, no gritante azul piscina do céu, ficaram devidamente alinhadas.

Aqui, ali, todos esqueceram que previram a tempestade que jamais se formou;
Vestes novas, bebidas aos litros e litros, frutas raras e frescas abocanhadas...
E nas madrugadas uma surreal lua fluorescente.

Como plano de fundo: 
Casais e seus calorosos corpos colados, sorrisos aos montes e seus extensos beijos;

No plano mais à frente:
Crianças corriam felizes, brincavam com brinquedos de madeira e não se fantasiavam de adultos... e não aconteceu o absurdo das águas se tornarem doces e estragarem os dentes.

Aqui, ali, a mais completada ordem;
Muros e rostos pintados com coloridos belos, sem o grafite nervoso da política e o esboço de um papel impiedoso.

Em breve os cárceres seriam demolidos, pois jamais tiveram serventia...
Museus de coisas que não existiram... expostos à revelia.
A luta por tudo e a luta por nada, nessa mesma madrugada de lua brilhante.

Enfim, todos na espera da alvorada,
Ainda mais o amor...
O sol nascerá irradiador, e de fato de um parto;
O cordão umbilical nos dará a chance de alcança-lo de fato... 
Tudo no imaginário – possível – no imaginário.

12 de agosto de 2017

Nos olhos dela


Nos olhos dela

Tiramos férias dos problemas
Da equação sofisticada
Inexplicável teorema
Da alma não lavada
Infiéis amores
De um falso poema...

Tiramos ferrenhas férias das pérfidas cores,
Em tons errados, “ferrados”, penosos matizes...
Como Matisses falsos, altivos dissabores. 

Mas jamais tiramos férias
Da imaginação em aquarela
Verve que ferve e grita
Canto dos pássaros
Paisagem da janela
De um coração que palpita
Da pureza que se acredita
Olhando nos olhos dela.

Tema-me

Perder a esperança não é bom
Há de se armar melhor
Não falo só de roupas camufladas
Nem armas ou armaduras.
A guerra é covarde
E a vida é única.

Ouço o grito de Hades
Aprisionado no limbo
Jogando xadrez com si próprio
Com sua maldade sinistra.

Me sente e me olha
Pisca, coça o nariz e chora.

Minha foice o assombra
Minha sombra foi-se.
Estou em pesadelos
Em gigantescas tempestades
Na não salvação e não zelo.

Sou presença
Minha sentença é derradeira
E na cachoeira da sorte
Sou a seca
Sou a morte.

10 de agosto de 2017

Imaginação mestiça


Derramo-me ao extremo no chão, no choro, no corpo e no copo...  Mas só por você.

Imaginação mestiça (2/1/16)

A imaginação dentro de seu raro aço,
Desembaraço das peças da adivinha,
Das vinhas – o vinho e o ‘barato’ – num corte
Espadas, esporas, gumes de facas
Os escárnios dos abstêmios, todavia...

Faz louca e bem-vinda toda a vida,
Sua moradia em peles ambíguas:
Branco no brando do plácido coelho;
Ao réu e aos ratos é cingido na cor cinza...
E impura e sinistra e baldia.

Bombas ao baixo, mãos ao alto, bom dia
Violência chorando na esquina chuvosa...
O touché na esgrima fez pontada na costela;
Eu e ela, vale a rima do nosso arrimo, nebulosa,
Sutileza e sangria e doce e vinho – melancia.

De aprontado feitiço nascem como hortaliças,
Nas ruas as nuas imagens em paragens insanas;
São fálicas e frígidas, finas piolas nada pulcras.
Tudo ao teor do amor e do terror da fantasia.

Esculpidos e arrazoados vemo-nos em vigília 
Ao renascerem belas múmias e inspirações extintas 
No horizonte o assombro de um alto monte 
Ao montante o tanto não vale a sombra no vale...
A imaginação eclode da sua armadura mestiça. 

“Bora nessa”


“Bora nessa” (10/8/14)

Vou caminhando com total certeza:
No fundo, no fundo, você está em mim.
Não a vejo, entretanto consigo ver o belo,
Os olhos fracos ainda enxergam.

Ouço tal música (aquela nossa)
Os ouvidos estão indo bem;
Mesmo sem você escrever uma só linha,
Como nunca, sinto sua poesia,
Pois ela também é minha...
(admiração eterna).

No fundo, no meio e no raso,
Meu escuro – meu escudo
Meu jardim – meu cenário.

Nos olhos de janela,
Cada casto colorir de aquarela,
No vácuo, no vasto, no espaço,
Em cada música,
Em cada arte que faço
Em, absolutamente,
Todos os meus passos e traços...
Você está em mim.

9 de agosto de 2017

O íntimo


O íntimo (18/2/15)

Via no tédio o remédio das disparidades de um vil covil,
Colocando fogo no palheiro para assim ver surgir uma agulha.
Com punho e a alcunha de justiceiro: foi-se o cunho e foi-se o pulha...
Talvez no terreiro, um terceiro/quarto ou um sexto do quarto copo.

O íntimo quer mostrar a cara: fica para a próxima.

Atiro-me ao escopo: atiram-me, apunhalam-me, sequestram-me;
Eis os que orquestram como feras rugindo, como tréguas surgindo,
Como falta de filtro nas palavras que lavram num (in) coeso destino...
Ferem amigos, ferem coelhos brancos na noite – alvos fáceis;
Desumanos, desalmados.

Os motores de arranque estão quentes; há febre adolescente na mente.
Pudores caem, chuvas de verão; jamais nos verão tão impetuosamente.
Gruda chiclete no dente, queima a carne no espeto, o medo adota a senhora.

O íntimo que foi ínfimo é posto à prova: uma ova que para tudo tem hora.

Atiro-me à festa nesse exato momento: falta a farta cominação de acatamento.
Reviro-me e me viro para voltar ao começo;
Esqueço o preço que é estar do avesso: ver vultos dos fantasmas,
estafas formando estufas que vão aquecendo as cabeças;
ouvir melodia melancólica, pudica e melosa,
da noite ao dia – de trás pra frente – o ano inteiro.

O íntimo já está exposto e posto ao privo: um ovo que se quebra à fome.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.