12 de junho de 2017

Como nasce a inspiração


Como nasce a inspiração (Noite de 13 de maio de 2015)
- por André Anlub

Os mestres vieram prestar suas condolências; morreu à tarde, em um final de tarde majestoso, o sol fantástico, que esquentou muito bem o meu dia. Morreu mergulhado em um alaranjado dégradé com um vermelho vivo com tons de amarelo e abóbora, e com direito a uma revoada de periquitos nervosos e gritantes... Simplesmente algo estonteante. Maré mansa; é assim que estou. Ouvindo um som antigo, Pink Floyd e o álbum “Animals”, um dos primeiros LPs deles que tive. Deixo-me levar nessa maré da calmaria e serenidade. A inspiração pelas tintas e desenhos anda me cutucando;  hoje tirei um tempo para fazer uns desenhos para um trabalho em um livro, no qual farei uns traços para ficarem abaixo do texto, e acabei rabiscando horas e horas. Acho que é assim que funciona com o Deus inspiração; ele levanta de seu trono, coça os testículos, pega seu cajado de ouro branco, que tem uma espada em aço raro, embutida, camuflada, e anda com aquela pança um pouco grande e seus dois metros e meio de altura, com uma roupa branca, com uma capa enorme que corre pelo chão feito um rio de leite; tem uma grande barba  e cabelo ruivos, as mãos cheias de anéis com diversos símbolos de guerra e de paz; anda descalço com duas pulseiras em cada tornozelo, cada qual carregando pingentes e dentes de saber e outros animais; ele anda calmamente, com o olhar plácido que sai de seus olhos hipnotizantes – um escuro como o breu mais profundo e o outro metade laranja claro e outra metade verde esmeralda – e ele segue resmungando baixo até a sala com as portas grande de madeira talhada e que ficam sempre abertas. Antes passa na cozinha e pega uma coxa de avestruz, enorme e suculenta, pega um cálice de vinho e continua sua caminhada, passa pela porta até chegar a um imenso salão, com telas desde bem pequenas até as gigantes, com mais de trinta metros; há tintas, um teto feito a Capela Cistina, também pintado por Michelangelo; há o chão colorido, cheio de penas de asas de anjos e restos de aquarelas e tintas ressecadas, alguns borrões e pingos ainda em fase secante; há marcas de pés e pagadas para todos os lados, rastros de cobras, pincéis de todos os tipos e tamanhos; ao final da sala encontra-se uma enorme janela e uma grande luneta, onde Anjos observam os funestos homens mundanos e suas pressas, de lá para cá. E de lá de cima escolhe um e outra ou outros, prepara sua flecha invisível, em formato de pena, de mira impecável, e de modo inesperado, ou nem tanto, atira e com certeza acerta seu alvo pelas costas... Assim o faz nascer e acordar à inspiração. 

11 de junho de 2017

Uma noite poética a todos


Conserto no peito meu coração partido
Às vezes perdido em algumas rotas
Saúdo o mundo dando tchau ao umbigo
Atrever-me é sempre a resposta.

Réu confesso (2/6/12)

Estou fora da rota comum,
Chega a ser difícil dizer isso
Ou de repente não...

Pode ser até que haja arrependimento,
Pois chegaria cedo se fosse só;
Chegaria tarde se não desse certo;
Chegarei feliz se tudo correr bem.

Qualquer júri pode me condenar culpado,
A vida pode tentar me passar à perna,
Mas eu compro briga e nada disso importa.

Não quero perguntas nem viso respostas
Arriscarei algo demais nessa consciente aposta.

Posso carregar no peito um coração ferido,
Ficar perdido nas rotas da alegria.

Posso escutar ruídos e enlouquecer,
Mesmo assim arriscar é a resposta.

Dou-me por vencido,
Entrego o meu amor ao seu.

Há harmônica verdade,
Há motivo para se viver.

10 de junho de 2017

De bobó vendo Sassá


De bobó vendo Sassá (este é para poucos - 21/9/14)

Foram e já foram épocas em diferentes gracejados
Nos gingados de danças leves, livres e levados... que tanto lavam:
Ampolas de cevadas – embolias de folias.

Aquele todo o sol, sim,
Aquele sol diferente,
Aquele sol como teto,
Tinha o chão ébrio de areia
Com a mais perfeita limpidez;

Abaixo viviam vidas sem vaias
E no ar o perfume que provém de sereias...
Vidas vividas em autopistas,
Sem placas, beiradas,
Sem pistas ou margens,
Que cercavam o sensato
Num ato de fantasia.

Companheira súbita da bobeira (bobó),
Vendo e vivendo a besteira (Sassá)...
Clara embriaguez!

Deram-se muitos ruídos – compilados assobios,
Sons de chamados em hinos – estonteante agudez.
Apareciam aos montes: bicicletas, carros, motos, pernas...
(“ratatá – vaquinha”)
Confrades amigos, todos um só umbigo,
Abrigos de trevas e luz.

E assim foi-se, assim foi o que prestou e presta:
Guerreiro abatido – sobravam-lhe mãos.
Guerreiro venceu – mais outra festa.

Sobram são memorias, abraços de bom-dia...
Sobra também a empatia que eternizou a afeição.

Foi-se um tempo mais claro, 
Mais belo e farto – faca afiada,
Que na mais pura verdade:
É a saudade que ainda corta o coração.

Ótimo sabadão!


- Gilmar não está pra peixe, ou o povo não está para o mar. Às vezes é bom fingir-se de vivo e não deixar a maré levar.

- Não consegue provar o que diz ter absoluta certeza! Então é incompetente! 
- Mas não podemos colocar isso!
- Então põe que é “dificuldade probatória”.

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A Você

A você dedico meu tempo
Termino meu verso
Estampo meu cansaço no corpo e na alma
Desperdiço meu sangue que já é pouco
Choro muitas vezes por um sorriso
Outras por nada
Abaixo a cabeça
Me calo
Me inclino, reverencio
Aceito.

9 de junho de 2017

Imensurável poeta


Chegou o livro da Elos Literários, Tomo VI, que participo com muito prazer como coautor.

Imensurável poeta (Vininha/(03/12/13))

Vem o brilho em sonetos, sonoros versos
Excesso em talento, boteco e afeto.
Vem à letra na essência expondo a maravilha
Na trilha do fulgor, garota de Ipanema.

Surgem poemas libertinos, divertido menino
Há partituras com antigos - novos amigos.
Surgem emoções que fervem no imo
E no pacto da vida - do cego ao lince.

Imensurável Marcus Vinícius
Escrevia o rito e o reto em tortas linhas.
Poetinha, poeta, escritor de aço
Compositor, dramaturgo
Diplomata, jornalista.

Foi-se a chama, ficou o legado
Engrenado em livros de poesia viva.
Há o eco em noites que a leitura cura
Há doce loucura de um imortal amado.

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Conte-me mais sobre mim, 
estou ansioso para saber; 
sou uma pessoa curiosa, 
mas com certeza você já sabe disso há anos.

8 de junho de 2017

De encontro à vida


Tem ódio do politicamente correto, mas fica irritado quando chamado de pseudorico ou catequizador “pela saco”.

De encontro à vida (25/1/15)

É, é missão; é, é improviso, concepção, papel e caneta na mão...
Deixem estar, deixem “star” – noite escura e quente de verão;
Vejo as nuvens brancas e cinzas, em degrade – jazem no céu,
Aqui jazo eu, caso continue o branco desse funesto papel.

Há um estalo, sobe pelo ralo o cheiro de uma fragrância estrangeira;
Há frequência, talvez de rádio, talvez aquela vizinha louca indo ao bordel;
Ela vive sozinha, aparando seu Bonsai – (vejo pela janela),
Vez ou outra ela acende uma vela e reza nua em pelo 
– (vejo pelo basculante do banheiro).

Ensaio todos os dias uma conversa (estilo Sartre),
Pode até ser perversa, se for para me tirar do ostracismo,
Passar a conhecer mais a mim, dar-me bem mais importância;
Quero escalar a parede desse abismo que mergulhei e não tem arremate.

É, foi missão; é, foi de supetão; preenchi o papel em branco,
Enterrei o ranço sendo franco e fui de encontro à vida.

Lembra? vale ressaltar: 
até se derramam as tintas;
até se misturam as cores; 
até não se pintam amores – mas a tinta não pode acabar.

7 de junho de 2017

Os poetas...


"Os poetas e os romancistas são aliados preciosos, e o seu testemunho merece a mais alta consideração, porque eles conhecem, entre o céu e a terra, muitas coisas que a nossa sabedoria escolar nem sequer sonha ainda. São, no conhecimento da alma, nossos mestres, que somos homens vulgares, pois bebem de fontes que não se tornaram ainda acessíveis à ciência." - Sigmund Freud

Ótima noite


- Na minha época, cagaço era medo - extremo temor -, amarelar de se borrar nas calças. Hoje em dia cagaço virou estratégia, e para as calças cagadas joga-se uma toga por cima e ninguém vê.

- Não se venda ao Sistema; não aceite ser trem e voe.

- O universo em expansão e há cérebros tornando-se grãos de bico. 

- Se conhecer é acender dois incensos ‘corta inveja’; um para afastar as invejinhas alheias, o outro...  

- Totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas minhas loucuras.

O Amor e a poesia, a Poesia e o amor (2010)


O Amor e a poesia, a Poesia e o amor (2010)

Frio intenso como nos pólos,
O calor das mais altas temperaturas...
É de rachar todos os solos;
É de congelar qualquer clima.

Mais escuro que a pior cegueira,
Tem a claridade da explosão nuclear;
Saem das bocas - vomitam besteiras
Somem as palavras - perde-se a rima.

Olho no olho, dente por dente,
É coerente que os opostos se atraem.
Na beira do abismo, um passo à frente,
Mergulho fundo pois só o amor constrói.
(para amar)

É sabido que no amor e na guerra vale tudo,
Por que na poesia seria diferente?
Todos os três fazem parte do meu mundo...
Nunca fui sábio, tampouco prepotente.
(para rimar)

6 de junho de 2017

- Aquele final de um dia muito estressante em que você tira os sapatos e descobre que foram eles que tiraram você!

- Campanha: “escreva à tia – escreva às tantas – escreva à toa”.

- De repente aquela pessoa que te vê como concorrente se sente envergonhada, pois percebe seu desinteresse em entrar na corrida e ela esteve todo esse tempo ao seu lado, parada.

- O sujeito é tão egocêntrico, que passa o tempo todo querendo se fundir.

- O tal vento cruel e birrento soprou ao meu ouvido como uma fera grunhindo e nada adiantou, só a cera espalhou.

Baú de conjecturas


Baú de conjecturas (9/2/15)

Eis a questão: abrir aquele baú de memórias, 
Algumas boas, outras nem tanto, outras nem lembro:
(dizem que há lembranças do que não aconteceu).
Deixar a mente recordar – dar vazão na falta de razão,
Embarcar no trem das insanidades e paixões; 
Aquelas que foram feitas nas noites sem dormir,
Nas falas sem sentido, nos botecos e afins.
Lembrar-se de amizades esculpidas com pressa e formão cego;
De esculachos em rixas fartas; de escaladas em rochas altas...
Lembrar-se de ter esperado a nave com os Aliens me buscar.
Agora nós dois:
Passamos por dificuldades e terrorismos,
Andamos e nem sempre sorrimos.
Houve o momento de reflexão – a alma sentia dor;
Corpos enfastiaram, ideias se soltaram e, comumente, se desligavam;
Tudo não estava mais (ou nunca esteve) talvez, assim, pra nós: bem, bom.
Nos controlamos – põe-se freios, iluminações, mesmices,
Vagamos turbinados dentro do turbilhão (talvez seja aquele litro de uísque).
No céu, na época, pequenas estrelas prateadas e felizes,
Vibravam e cegavam nossas vistas – então notávamos o nosso amor.
Lembranças, lambanças, festas, sexos, escudos, elmos e esmos...
O sorriso de lado no ambiente azedo e o deboche no coldre do medo.
Laconicamente o lembrete: o jogo é incoerente – mesmo ganhando se perde. 
Mas ninguém ganha! – nem mesmo quem acha que vence,
Pois para ganhar é preciso não jogar.
E ninguém quer ser um covarde jogado na lama,
Que fica e faz alarde, que já vai tarde, que já veio cedo.
Agora só eu:
Fechei o baú, mas tudo já estava na mente (onde sempre esteve),
O que havia era medo de encarar o fantasma e ter a certeza que ainda há amor.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.