1 de junho de 2017

Ótima noite

- Uns tem sujeira no umbigo, outros um piercing e alguns uma hérnia... Mas tem aquele que tem um Rei claustrofóbico com síndrome de Estocolmo.

- A conotação disse pra denotação que ela tinha um coração de pedra, a denotação acreditou e morreu de infarto.

- A tal mutação em determinada sociedade deve-se que principiar unicamente nos próprios umbigos; caso contrário é plantar limão e esperar laranja.

- Às vezes vivemos uma vida inteira em uma pequena época.  E ela passa, e acaba, e não volta; então mais tarde se percebe que vivemos felizes uma vida inteira, mas dentro de uma época que se foi.

- A pessoa que está acostumada a ser – por todos e sempre – perdoada, geralmente dá as costas na sua vez de perdoar.

Néctar eterno

Néctar eterno

Vem à vista um conjunto de absurdos
Da conjuntura que compõe o mundo;
No salutar suga e cospe da seiva
Há o próprio/impróprio que permeia.

Vem docemente o claro/escuro bem-vindo,
Surgindo aos que arriscam e petiscam essa luta.

Nuvens nuas e magras; pássaro e porco num garbo dia gordo.
Absorto, o corpo nada abstruso; advinda, interioridade florindo.

Absoluta absolvição; entrega total e insana, abalo estratégico;
À cama a chama, ao chão o ser são e ao céu o que é seu e é só.
Há fome de continuar nesse fluxo, do pó ao pó.

Vai toda a aluvião alusiva das línguas vis indispostas,
Antes postas em pedestais; antes replicadoras bestiais.

Ficam as línguas festivas, vestidas de salivas amorosas,
Esputando poesias e rosas, volvendo deleites imortais.

André Anlub - Escritor pela Darda Editora, artista Plástico com
obra no MAC (BA), membro vitalício AACLIG e correspondente de
várias Academias. Prêmios: Personalidade 2013 na ArtPop,
Excelência 2014 na Braslider, Maestro Wilson Fonseca 2015 e Joia de
Destaque na Cultura 2016, ambas ALuBra e Prata da Casa 2017 na
Embaixada da Poesia. Homem que sonha, torce e luta pela
expressiva redução da desigualdade social.

E-mail: andreanlub@hotmail.com
Site: poeteideser.blogspot.com.br

Sopro


Sopro

Fica tão óbvio, mas por que não falar de amor?
Ópio que entorpece o que se lembra, o que se esquece
Faz do momento um próprio vício
Fica tão certo quanto a foice e o martelo
E crava o prego na construção da casa.

Por fim, um fogo queima tudo e todos
Na maldição do tempo, deixando cinzas ao vento.

O ontem que já foi, correu cabreiro ligeiro
Como já foi o que o ontem alimentou.
Hoje, resta o ranço da fanhosa fome de hoje
Fica tão hoje o desejo de repetir o que passou.

"Si paisible" a criança desce o escorregador,
Calhando segura em segundos – sua alegria.

Homens correm as vidas, as que não tiveram;
Correm, não vivem e às vezes enricam, choram.
Nunca alcançam suas auras, o sopro que já se foi
Seguem deprimidos, em comprimidos infelizes.

Nem notam que jazem na utopia vazia.

31 de maio de 2017

Líquido sagrado de Baco


Não, não se nega um beijo...
Ainda mais o desmedido;
Pois é a afirmação de um bem querer,
Doce momento de prazer,
Que faz no emudecer,
O grito de tudo a ser dito.


Empatia é quase ser irmão, ser amigo; simpatia é quase ser utópico, ser Pollyanna.


Líquido sagrado de Baco (15/5/13)

Rigoroso esse tempo bom na tela do céu azul,
Enorme pingo quente dourado, 
Mas amargurado ele caminha sem norte (também sem sul).

Só esperou o cair da noite e foi-se frenético abraçar a boemia:
Nas mesas bambas dos piores bares sentiu-se bem, satisfeito,
Era aquilo ali (Alá, a luz, além) que ele queria.

Com as paredes descascadas e encardidas, 
Banheiros de intolerável cheiro ruim;
A meia luz...
A farra no garrafão de vinho barato que esvazia:
Todo feio se faz tolerável;
O detestável é a alegoria da vida.

Com três palitos de dente se faz um xadrez psicológico,
De deixar Freud confuso e Confúcio fã de Pink Floyd.

O que eu faria em uma atmosfera assim? 
Além do porre corriqueiro:
De janeiro e meu aniversário;
De ver estranhos saindo do armário;
De tudo que é falso tornar-se verdadeiro.
O que eu faria?

Largaria o último copo e voltaria ao primeiro,
Desde onde a mente vai demudando,
O tom de voz aumenta, palavrão atroz vira salmo,
E enterra-se qualquer tormenta.

O que eu faria?
Vou voando – bem calmo ao terreno estrangeiro.
A insanidade das horas perdidas no líquido sagrado de Baco:
Com uma mão vai afundando o barco
E com a outra fornece o salva-vidas.

30 de maio de 2017

Nossa memória


Nossa memória (30/5/17)

É hora de estabelecer os limites,
Estabilizar os lamentos e mostrar quem a gente é; 
Vejo que vamos organizar os enfeites
E desagoniar o fio de fatos quaisquer.

É tempo de sentirmos e soltarmos o som da viola,
Saltarmos no sol da viela,
Arrumarmos a casa – arruinarmos as corjas
E casar as tampas com os potes de tupperware.

Cerrado, o punho apanha pelo seu lugar na história;
A escória derrotada feito barata na sola do chinelo.
Um sol amarelo e um violoncelo que compõem nossa memória;
No agora, um tudo e um todo escrito em um livro ainda no prelo.

A cachoeira novamente nos convida ao banho,
A água gelada, a limonada, o “não querer mais nada”,
O céu mais limpo e o limo mais verde...
O que se entende de indigente a tender pela tangente.

É hora, agora, e o tempo esculpe...
Desculpe, mas para o trocadilho tem hora;
Em outrora a razão de viver chegou ao cume...
Incólume, agora desce rolando feito bola.

No nosso sonhar há o fogoso olhar curioso
Que faz par com um presunçoso olhar preguiçoso.
Nosso sonho acordou sonambulo de sua apatia,
E logo bem cedo despertou de nossa vida vadia. 

29 de maio de 2017

Chá de sumiço


Chá de Sumiço (música feita em 2006)

Estou vendo lá, ao longe
Um micro umbigo abominável
Pensa ser deus ou um monge
Mas nem sequer é palpável!

Aos que amam poesia, desejo saúde.
Aos que criam a melodia, plenitude.

Na inquietude da melancolia...
Que se cala diante da inspiração
Coloca-se a mão e dá-se o grito de alerta...
Constrói-se uma Taba (ou não).

Para quem não gosta de nada disso...
É chouriço, chá de sumiço,
Chá de voo ou chá de queda
Ou vá à meLda! 

Aos que amam poesia, desejo saúde.
Aos que criam a melodia, plenitude.

Na verdade pronunciada, pré-nupciais anuncia o pé na estrada:
Esteve em estada completa, na campana da cabana da mata...
Morre ou mata...
Vá à guerra, vá à farra,
Vai na marra, vá e se amarra,
Ou vá à meLda.

Filha chave de cadeia
Tomou chá de sumiço
Experimentou um chouriço...
A mãe há nove meses
Com o compromisso
Toma chá de cadeira.

Desejo saúde, aos que criam a melodia
Desejo plenitude, aos que amam poesia.

28 de maio de 2017

Pérola na Ostra

Pérola na Ostra (29/6/12)

Palavras soltas, indo com o vento
São como as idéias que habitam a escuridão
Rebentos que eu mesmo invento
Pura e unicamente classificados de suposição

O julgamento final de minhas ações
Tal qual as palavras que deixei de escrever
São unidas com pensamentos em vão
Que desuniram o mais sincero bem querer.

Perdido em vírgulas, parágrafos e pontos
Jogados em papiros com teclas
Que nascem minhas poesias e contos
Sem luzes, escuridão que renega.

Sublinhado pela tinta de corpo e forma
Letras tortas, curvas e retas
Seguindo manuais, escritos nas normas
Sem destino, puramente, sem regras.

Fecho a ostra, guardo as idéias
Desligo-a de uma tal de tomada
Milhões de criatividades são centopeias
Que andam e moram dentro do nada.

Das fagulhas


Das fagulhas (27/05/17)

As fagulhas da vida acendem as fogueiras mais esquecidas
Aquelas que pareciam extintas renascem reabrindo feridas.
Com o andar certeiro e sereno atravessa-se a estreita ponte;
Olhos firmes através do nevoeiro e nas mãos um livro de poesias.

Dentes que querem morder;
Pesadelos que querem morrer;
Os músculos não são minúsculos;
Ainda resta muita coisa a fazer:
Sinto e conto os segundos...

Estabelecido os limites, os lamentos derramam-se aos litros;
Criando inícios, possíveis meios e novos fins.
Há enfim o vulcão que explode por dentro e queima por fora...
Foi-se a aurora:
Põem-se ao por do sol as sublimes asas... 

Tempos de açúcar e sal, mel e alguns temperos destemperados...
Mas a solução na contramão do tempo, sem lamento ou consentimento.
Atrelado no meu sonho de ter um barco há um poder colossal;
Ponho no papel – em primeira pessoa – a brincadeira que faço com as palavras.

27 de maio de 2017

Esfera serena

Vem ai:


Esfera serena

No papel que pela vida é dado,
Numa novela mexicana frenética;
Em canetas que sangram as tintas
E abraçam as ideias e abrem as janelas.

Há vivas uvas ainda nos cachos
Na esperança de tornarem-se vinho;
No absinto de um achismo moderno:
Eterno feitiço, perene façanha, farto fascínio.

A vivência dos que não veem a violência,
Na indecência do luxo de serem cegas;
Clamam em plumas, rimam e pregam...
Vozes roucas em uma aquarela sem cor.

Há pequenas películas transparentes
Nas paredes de prisões confortáveis;
Há nuvens brancas em céus instáveis,
Anunciando olhos e sonhos fugazes.

Veem-se excelências e suas essências vorazes
Cantarolando alto por todas as partes,
Canções novas de um velho compositor,
Aquele redentor que constrói novos lares. 

Em pífias poses do desconforto do pleito,
Fazem-se modelos de suas próprias fotos;
Criam fatos, criam fetos, creem em feitos...
Dentro do falso globo sereno e perfeito.

André Anlub
(27/05/17)

26 de maio de 2017

ótima noite


Compreensão, perdão, amor – a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina... Minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça.

Fazer parte da paisagem, como miragem; ter esperança com segurança, brio e equilíbrio... é assim que se vive – meu alvitre; é isso que se deve solver – meu parecer. É e será assim do princípio ao fim.

Lá se foi o passarinho, 
Por entre os coqueiros mergulhou na maresia... 
Deixou um frágil dedo apontado ao infinito, 
Colado ao sorriso do rosto da garotinha.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.