30 de maio de 2017

Nossa memória


Nossa memória (30/5/17)

É hora de estabelecer os limites,
Estabilizar os lamentos e mostrar quem a gente é; 
Vejo que vamos organizar os enfeites
E desagoniar o fio de fatos quaisquer.

É tempo de sentirmos e soltarmos o som da viola,
Saltarmos no sol da viela,
Arrumarmos a casa – arruinarmos as corjas
E casar as tampas com os potes de tupperware.

Cerrado, o punho apanha pelo seu lugar na história;
A escória derrotada feito barata na sola do chinelo.
Um sol amarelo e um violoncelo que compõem nossa memória;
No agora, um tudo e um todo escrito em um livro ainda no prelo.

A cachoeira novamente nos convida ao banho,
A água gelada, a limonada, o “não querer mais nada”,
O céu mais limpo e o limo mais verde...
O que se entende de indigente a tender pela tangente.

É hora, agora, e o tempo esculpe...
Desculpe, mas para o trocadilho tem hora;
Em outrora a razão de viver chegou ao cume...
Incólume, agora desce rolando feito bola.

No nosso sonhar há o fogoso olhar curioso
Que faz par com um presunçoso olhar preguiçoso.
Nosso sonho acordou sonambulo de sua apatia,
E logo bem cedo despertou de nossa vida vadia. 

29 de maio de 2017

Chá de sumiço


Chá de Sumiço (música feita em 2006)

Estou vendo lá, ao longe
Um micro umbigo abominável
Pensa ser deus ou um monge
Mas nem sequer é palpável!

Aos que amam poesia, desejo saúde.
Aos que criam a melodia, plenitude.

Na inquietude da melancolia...
Que se cala diante da inspiração
Coloca-se a mão e dá-se o grito de alerta...
Constrói-se uma Taba (ou não).

Para quem não gosta de nada disso...
É chouriço, chá de sumiço,
Chá de voo ou chá de queda
Ou vá à meLda! 

Aos que amam poesia, desejo saúde.
Aos que criam a melodia, plenitude.

Na verdade pronunciada, pré-nupciais anuncia o pé na estrada:
Esteve em estada completa, na campana da cabana da mata...
Morre ou mata...
Vá à guerra, vá à farra,
Vai na marra, vá e se amarra,
Ou vá à meLda.

Filha chave de cadeia
Tomou chá de sumiço
Experimentou um chouriço...
A mãe há nove meses
Com o compromisso
Toma chá de cadeira.

Desejo saúde, aos que criam a melodia
Desejo plenitude, aos que amam poesia.

28 de maio de 2017

Pérola na Ostra

Pérola na Ostra (29/6/12)

Palavras soltas, indo com o vento
São como as idéias que habitam a escuridão
Rebentos que eu mesmo invento
Pura e unicamente classificados de suposição

O julgamento final de minhas ações
Tal qual as palavras que deixei de escrever
São unidas com pensamentos em vão
Que desuniram o mais sincero bem querer.

Perdido em vírgulas, parágrafos e pontos
Jogados em papiros com teclas
Que nascem minhas poesias e contos
Sem luzes, escuridão que renega.

Sublinhado pela tinta de corpo e forma
Letras tortas, curvas e retas
Seguindo manuais, escritos nas normas
Sem destino, puramente, sem regras.

Fecho a ostra, guardo as idéias
Desligo-a de uma tal de tomada
Milhões de criatividades são centopeias
Que andam e moram dentro do nada.

Das fagulhas


Das fagulhas (27/05/17)

As fagulhas da vida acendem as fogueiras mais esquecidas
Aquelas que pareciam extintas renascem reabrindo feridas.
Com o andar certeiro e sereno atravessa-se a estreita ponte;
Olhos firmes através do nevoeiro e nas mãos um livro de poesias.

Dentes que querem morder;
Pesadelos que querem morrer;
Os músculos não são minúsculos;
Ainda resta muita coisa a fazer:
Sinto e conto os segundos...

Estabelecido os limites, os lamentos derramam-se aos litros;
Criando inícios, possíveis meios e novos fins.
Há enfim o vulcão que explode por dentro e queima por fora...
Foi-se a aurora:
Põem-se ao por do sol as sublimes asas... 

Tempos de açúcar e sal, mel e alguns temperos destemperados...
Mas a solução na contramão do tempo, sem lamento ou consentimento.
Atrelado no meu sonho de ter um barco há um poder colossal;
Ponho no papel – em primeira pessoa – a brincadeira que faço com as palavras.

27 de maio de 2017

Esfera serena

Vem ai:


Esfera serena

No papel que pela vida é dado,
Numa novela mexicana frenética;
Em canetas que sangram as tintas
E abraçam as ideias e abrem as janelas.

Há vivas uvas ainda nos cachos
Na esperança de tornarem-se vinho;
No absinto de um achismo moderno:
Eterno feitiço, perene façanha, farto fascínio.

A vivência dos que não veem a violência,
Na indecência do luxo de serem cegas;
Clamam em plumas, rimam e pregam...
Vozes roucas em uma aquarela sem cor.

Há pequenas películas transparentes
Nas paredes de prisões confortáveis;
Há nuvens brancas em céus instáveis,
Anunciando olhos e sonhos fugazes.

Veem-se excelências e suas essências vorazes
Cantarolando alto por todas as partes,
Canções novas de um velho compositor,
Aquele redentor que constrói novos lares. 

Em pífias poses do desconforto do pleito,
Fazem-se modelos de suas próprias fotos;
Criam fatos, criam fetos, creem em feitos...
Dentro do falso globo sereno e perfeito.

André Anlub
(27/05/17)

26 de maio de 2017

ótima noite


Compreensão, perdão, amor – a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina... Minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça.

Fazer parte da paisagem, como miragem; ter esperança com segurança, brio e equilíbrio... é assim que se vive – meu alvitre; é isso que se deve solver – meu parecer. É e será assim do princípio ao fim.

Lá se foi o passarinho, 
Por entre os coqueiros mergulhou na maresia... 
Deixou um frágil dedo apontado ao infinito, 
Colado ao sorriso do rosto da garotinha.

25 de maio de 2017

Boa noite

Geralmente cobramos bem mais que ofertamos! - 'Se conhecer' é o segredo da coisa; ao nos conhecermos melhor - defeitos e qualidades - descobrimos o quão temos que nos consertar, e constatamos que temos tanto trabalho que não há tempo a perder tentando consertar os outros.

Ir contra a maré, bater de frente com o Sistema e criar seus próprios preceitos são atos revolucionários. 

Não se venda ao Sistema; não aceite ser trem e voe.

Que fatalidade: ao fechar seu zíper, Zappa perdeu seu Zippo; ficou com o fumo, mas sem consumo, sem fogo, sem fósforos; ficou famélico e – quem diria – com fisionomia de abstêmio, perfume de absinto e sorriso de feijão-fradinho.

É a hora de Botticelli pintar-te


É a hora de Botticelli pintar-te

Tu és a oitava maravilha do mundo;
És amor, nostalgia e atualidade,
A alegria que criaste ao redor.

No suor da tua labuta e na gota do teu pranto,
Há o brilho da vida minha; 
Há o tempo que é nosso dono.

Fizeste meu ar mais ameno, mais leve,
E em breve momento fizeste nosso destino...
Que agora eternizado.

Tens nas mãos a magia,
O poder de dar vida no que tocas.

Tua fala levanta voo nos teus cantares;
E na pequenez de curtos versos,
Nascem grandes histórias, cordéis... dos melhores.

Digas sempre sim, minha alma carece deste afago,
Deste amor, deste odor e de teus flertes.

Foste lá, no colorido do novo mundo,
Onde os poetas sorriem e erguem castelos;
Onde os martelos penduram belas pinturas,
Onde esculturas são vivas e beijam,
Onde há o amargo só nas frutas mais verdes.

24 de maio de 2017

Fado da censura


Fado da censura

Neste campo da Política
Onde a Guarda nos mantém,
Falo, responde a Censura;
Olho, mas não vejo bem.
Há um campo lamacento
Onde se dá bem o gado;
Mas, no ar mais elevado,
Na altura do pensamento,
Paira um certo pó cinzento,
Um pó que se chama Crítica.
A Ideia fica raquítica
Só de sempre o respirar.
Por isso é tão mau o ar
Neste campo da Política.
Às vezes nesta planura,
Se o vento sopra do Norte,
O pó torna-se mais forte,
E chama-se então Censura.
É um pó de mais grossura,
Sente-se já muito bem,
E a Ideia, batida, tem
Uma impressão de pancada,
Como a que dão numa esquadra
Onde a Guarda nos mantém.
O pó parece que chove,
Paira em todos os sentidos,
Enche bocas e ouvidos,
Já ninguém fala nem ouve.
Se a minha boca se move,
Logo à primeira abertura
A enche esta areia escura.
Só trago e me oiço tragar.
É uma conversa a calar.
Falo, responde a Censura.
Vem então qualquer vizinho,
Dos que podem abrir boca;
No braço, irado, me toca,
E diz, «Não vê o caminho?
O seu dever comezinho
De patriota aí tem.
Vê o caminho e não vem?!»
Para isso, bolas aos molhos!
Se este pó me entrou prós olhos,
Olho, mas não vejo bem.

Fernando Pessoa

Imaginação Mestiça


Branca paz, vermelho sangue e azul turquesa
Sobre a mesa fria... Uma marmita e um finado
Uma carta em uma trincheira e o soldado
Traição, vida e morte são realeza.

Imaginação mestiça (2/1/16)

A imaginação dentro de seu raro aço,
Desembaraço das peças da adivinha,
Das vinhas – o vinho e o ‘barato’ – num corte
Espadas, esporas, gumes de facas
Os escárnios dos abstêmios, todavia...

Faz louca e bem-vinda toda a vida,
Sua moradia em peles ambíguas:
Branco no brando do plácido coelho;
Ao réu e aos ratos é cingido na cor cinza...
E impura e sinistra e baldia.

Bombas ao baixo, mãos ao alto, bom dia
Violência chorando na esquina chuvosa...
O touché na esgrima fez pontada na costela;
Eu e ela, vale a rima do nosso arrimo, nebulosa,
Sutileza e sangria e doce e vinho – melancia.

De aprontado feitiço nascem como hortaliças,
Nas ruas as nuas imagens em paragens insanas;
São fálicas e frígidas, finas piolas nada pulcras.
Tudo ao teor do amor e do terror da fantasia.

Esculpidos e arrazoados vemo-nos em vigília 
Ao renascerem belas múmias e inspirações extintas 
No horizonte o assombro de um alto monte 
Ao montante o tanto não vale a sombra no vale...
A imaginação eclode da sua armadura mestiça. 

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.