5 de abril de 2017

Parte XI


Chegaram os livros da Antologia Meus Contos, a qual fiz revisão e consultoria literária. Enorme prazer! 

Vivencias da madrugada 

Romero se deu conta da existência do preconceito de uma maneira curiosa, pois deparou-se com ele pelo lado de quem está praticamente resguardado; na verdade mal sabia ele que o racismo sempre fez parte do seu meio, dos seus amigos de escola, da cidade, do bairro, do prédio onde vivia e, até mesmo, dos olhares críticos de seus familiares... Ele até poderia falar que o racismo era sutil, mas não poderia ser tão atrevido, debochado e perspicaz assim, por se tratar de um branco, heterossexual, de classe média, e não estar ciente da verdade dentro do corriqueiro dos seus amigos afrodescendentes. Romero estava com dois grandes amigos, o Grilo (amigo de longas datas) e Isaac (cinco anos que o conhecia), um viciado em quadrinhos de ficção científica, surfista, boa praça, comunicativo e extrovertido, morador de um apartamento mínimo em um prédio do bairro considerado uma cabeça de porco. Lá pelas altas horas, Romero e os amigos já estavam há tempos bebendo cerveja e comendo fritas em uma birosca antiga cuja o dono já fora seu sogro. Estavam no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, mais precisamente na rua Siqueira Campos, bem ao lado da subida da Ladeira dos Tabajaras. Naquela época era um ponto com a fama não muito boa, ponto de viciados, “aviões de drogas”, mas também pessoas comuns, transeuntes que compram cigarros, outros que param para pegar o ônibus e aqueles que só estão ali para conversar, namorar e beber. Ao saírem do bar entraram no breu silencioso da rua, na companhia de sombras, gatos e a sensação repentina de uma vontade louca de urinar. Ao longe uma viatura da polícia vinha subindo a rua; ao aproximar-se, a sirene dá um baixo e curto toque, se acende o giroflex e tão breve se apaga; os olhares se cruzaram e Romero dá de ombros abrindo um sutil sorriso de canto de boca ao reparar o som advindo da janela do primeiro andar de um prédio próximo: alguém gemendo em um possível ato sexual. O inevitável acabou acontecendo: foram parados. As portas se abrem ligeiras e saem dois policiais do carro: aquela típica dura na madrugada Carioca. Romero era o único branco, estava com sua roupa de passeio, quase um uniforme: bermuda de surfista, camisa da Hering lisa, tênis, meia branca e um boné surrado e de marca aquecendo sua cabeça; estava tranquilo, pois nada tinha nos bolsos, apenas sua carteira, um maço com dois caretas (cigarros) e um isqueiro da marca Zippo (presente dado por sua namorada atual). Romero soltou um ar com a boca e passou a mão em frente em um movimento estilo karatê, cerrou os olhos e touché! Estava com um bafo terrível, fétido, de uma cachaça barata, amarelada, que fora vendida como se fosse uma pinga legítima mineira. Na hora deu-lhe uma ligeira tonteira e acabou tudo misturado no pensamento, acabou por dar um arroto seco da cerveja que fermentava em seu estômago. O policial mais alto e meio troglodita, que tão logo foi obviamente rotulado mentalmente pelos três amigos de “mau-mau”, falou em voz firme, incisiva e deveras alta:
- Levanta o braço... cadê o fragrante? É melhor mostrar – disse olhando os outros dois de soslaio –, pois se eu achar vai ser pior!
O outro policial descruza os braços, dá um passo ligeiro à frente e intervém de forma amistosa: 
- Antes de tudo quero ver o respeito, todo mundo pianinho! – O policial aproveita a deixa do silêncio e conclui:
- Levantem a camisa, abaixem a cabeça, documentos nas mãos e podem abaixar também os braços.
Romero e os amigos tiraram as carteiras do bolso e as estenderam em suas palmas dando total sinal de submissão. Visivelmente Romero parecia um ser invisível, pois foi o único a não sofrer quaisquer pressões físicas e psicológicas. Ao contrário de Grilo e Isaac, não foi esculachado verbalmente e sequer teve sua carteira aberta; foi tratado com desdém enquanto observava todo o abuso nos tapas no peito, intimidação na fala, dedo na ponta dos narizes e até um empurrão em Grilo, que o jogou contra o muro e o pé em uma poça de água parada. Do jeito que Romero colocou sua carteira na palma da mão ela ficou; sequer foi vista ou aberta até o fim de todo o imbróglio. Enquanto assistia com o olhar soturno aos documentos dos amigos sendo iluminados pela lanterna dos guardas, e alguns vinténs e pertences caindo ao chão, sua mão continuava estendida e sem qualquer ingerência. De repente veio um empurrão circular ao Isaac; ele vai meio trêmulo em direção ao muro, onde é colocado de costas e tem as pernas abertas pelo coturno do guarda. O outro policial, batizado mentalmente por todos como “bom-bom”, guarda a arma, vai até ele e o examina meticulosamente dos pés à cabeça... num movimento violento o policial retira-lhe as chaves do bolso, alguns papeis com poemas escritos e um pacote de balas, sem achar enfim nada aparentemente ilegal. Agora ele dá um toque com a sola da bota na junta da perna, com a intenção de fazê-lo se ajoelhar, – mas não consegue –, então ele empurra seu ombro para baixo de forma grosseira até os joelhos jazerem no chão, bem ao lado de um despacho, e diz:
- Fique quietinho! Está querendo ganhar porrada?!
 A luz do poste era ínfima, parecendo o cenário de um quadro de Caravaggio. Não havia movimento algum nos arredores, até os gemidos haviam cessados, era uma noite propícia para um crime de preconceito ou ódio; mas não ali, não naquela noite, não ali na zona sul e em Copacabana. Com certeza aconteceria em outro ponto da cidade. O bar já havia fechado suas portas, a água com a espuma cinza escura do sabão da lavagem do chão já escorria por debaixo da porta, atravessando a calçada e escorrendo correndo ligeira rua abaixo pelo meio-fio. E ali, os três, começaram a ouvir o sermão dos dois policiais:
- Sabe que odeio malandro? – Disse exaltado o policial mais alto e inquieto –; odeio gente que quer tirar onda com a cara de uma autoridade – e, em seguida, lançou um tapa na cara de Grilo que estalou ecoando pela rua, dando a impressão que ficaria aprisionado naquela rua escura e assombraria aos passantes por anos e anos. Em seguida o policial foi mais preciso:
- E esse relógio ai? – Disse com o dedo em riste e a voz meio pipocada; olhou rapidamente para Romero mas retornou o olhar ao Grilo – roubou aonde? – Agora com olhar de determinado e já com as duas mãos na cintura (uma flertando com a arma que se encontrava no coldre).
- Não roubei – disse Grilo em tom cauteloso que beirava um sussurro –, foi presente de Natal que ganhei dos meus pais.
Os policias devolveram os pertences e após alguns minutos que pareciam eternidades todos foram liberados.
Assim que a viatura em alta velocidade deixou a rua, um grupo de cinco jovens bem arrumados e com uma garrafa de uísque importada, despontou descendo a ladeira transversal, vindo de alguma festa. Um deles ainda segurava um cigarro de maconha, aceso, e olhou com certo desprezo para os três. Os outros riam e falavam ao mesmo tempo e tão alto que acabaram abafando o soluçar do choro que Grilo não conteve. 

Doce amante


Quando há um recorrente receio em se expor e desagradar a quem se tem afeto, fecha-se; e ao se fechar, ao esconder suas ideias, esconde também sua alma... então não vive, apenas segue desagradando a si próprio.

Assanho, assumo e ascendo e nada mais nesse mundo pode fazer-me mal;
Assino embaixo para o assassino que me assente e encare a morte de frente.
Quero me ver envelhecer no meu barquinho em frente a um grande e azul Mar de sal.

Não vou mais me envenenar no meu banquinho em frente ao grande e turvo Mar de gente.

Doce amante

Atravesso os mais tortuosos logradouros
Cobiço as respostas e não os louros
Viro o mundo do avesso, faço um desenho. 
Não perco ou esqueço o meu rascunho.

Enfrento mandinga, sol quente e dilúvio
Posso ser pigmento sólido ou pó solúvel
No papel deixo minha vida e assino embaixo
Transmito o que eu vivo e penso, em ínfimo espaço.

Dos amigos espero apenas reconhecimento
Dos inimigos o silêncio já me agrada
Mostro que faço tudo com pura paixão
Tatuei com suor e sangue na testa: “determinação”.

Vejo no horizonte a linha de chegada 
E essa jornada é mais que gratificante
Sei que não sou uma errante alma penada

Trato a arte como uma doce amante.

4 de abril de 2017

Ao amor livre


Pouco riso é muito siso; muito sexo é pouco nexo. Sempre visa onde pisa e nunca deixa o azar de eixo.  Fez o louco de poesia; desfez o sóbrio na boemia... e na mais-valia das prosas e intentos, situou-se na graça da rosa dos ventos.

 Ao amor livre  (17/2/13)

São muitas as trajetórias do amor,
Notórias escolhas, erradas ou certas.
O sentimento que navega em diversas veredas,
Em caravelas sem rumo
Nos mares inóspitos
Sob o fogo e as flechas.

Há a calmaria do coração silencioso,
Inimaginável adaptação da estrada.
Por onde em sonhos andamos felizes,
Cantando e admirando a natureza.

Também há aquele amor que irrita
E fica na mira dos dedos apontados...

Dos velhos julgamentos,
Das incontestáveis indelicadezas
E umbigos gigantes...

A inveja que beira o pérfido,
A repugnância e a avareza.

Mas de nada adianta, pois é sobre o amor que se fala, e em decorrência dele vivemos.

Eis a paixão palhaço,
Em que coloca-se alegre o nariz vermelho,
Armando o circo no leito
E apertando o peito, 
De jeito (suando as mãos)
Livres dos “nãos” e dos preconceitos.

3 de abril de 2017

Ponderações


Comprando Nerudas, Recife (PE) 2010

Ponderações “nas internas III”

Através do olho mágico da vida
Vejo o amor que mais uma vez
Bate à porta do meu coração.

Não quero paixão egoísta, profunda
Feita poça de chuva fina;
Não quero paixão quente
Feita água que o bacalhau se banha...
A paixão que quero deixou pista:
Muito beija, muito afaga,
Não apanha e não amarga... 
É brincadeira de criança... 
Pera, uva, maça e salada mista.

Quem ama às vezes sofre,
Pois arromba-se o cofre dos anseios
E alimentando-se nos seios que repousa,
Justifica o fim nos prazeres dos meios.

Em nosso caminhar...
Cada passo é sombra verdadeira,
Cada selva é clarão e clareira.
No azeite dos anjos,
Que desce pelos ombros.

Não sou filósofo nem profeta,
Minha linha não é nada reta;
Sou sempre prólogo com algumas metas;
Divago calmo, afago e flerto as mentes abertas.
No amor sou carne e osso, cerne e fosso, 
Amor implexo e alvo das flechas.

2 de abril de 2017

Ótima semana

A maior das sentenças (31/8/13)
Tem gente que acabou de aprender a amarrar o tênis e já está dando nó na cabeça.

A primeira grande chance de liberdade,
Real, que quase escorre pelos dedos.
Viu exposto – justificado,
No patamar da vida,
Uma ferida recentemente aberta;
Sangria... chega aos olhos e choca.
O amor tornou-se denso,
Impávido e órfão.
Tornou-se solitário,
Moribundo.
Tornou-se breu e áspero... vão.
Então anulou qualquer acordo
Que ainda estivesse em aberto.
Então desviou-se dessa estrada de pedra,
Entrou na de chamas – chuvas:
- mas com renovada deliberação.
O amor é assim:
Vai e vem - foi e virá...
Mas buscá-lo é de suma importância.
É réu confesso e se entrega à paixão...
Juiz maior dos sentimentos,
Que dê a maior das penas
Pois a cumprirá sempre de pé.
Misturava as letras,
Fazia a sopa e distribuía todos os dias na praça... 
Saciava a fome de muitos
E os muitos saciavam sua vida.
Só dá valor a coisas grandes na vida,
Descarta as pequenas; mas assim como
Numa cabeça de alho,
Vão-se os dentes grandes em farturas, exageros,
E uma hora restam os pequenos para os temperos ponderados.

Olheiros


Olheiros

Em zigue-zague, cá e lá, tantos olhos nus,
Aguardando a ponta do sol,
Que vai nascer num mote distante
De um lugar nenhum.
Não importa!

Como sossegos que assustam morcegos
Escondidos em cavernas, companheiros dos sentimentos tímidos;
Alma cálida daquela paixão nada passageira,
Derramando na veia, demudando o que corre no corpo
Da sola do pé ao topo
Vinho tinto – vinho do Porto...
Saboreia.

Seu lugar à mesa não está vazio,
É seu disponível - é seu abrigo
Inimigo e amigo do seu espírito
Em plena consciência da compaixão...
Humildade.

Venha fartar-se tão breve
Nessa mesa ou naquela
Na panela de quem se atreve.

Venha sentar-se tão logo
Nesse ou naquele colo
Ou no solo frio do chão.

As torradas estão prontas, saltam da torradeira,
Na hora exata de derreter a manteiga;
O aroma intenso do inexperiente mel
Espalha-se pela mesa
Junto com as tintas de um novo artista
Que os olheiros cobiçam.

André Anlub®
(2/4/14)

1 de abril de 2017

Turbilhão do viver


Turbilhão do viver (24/2/14)

Tudo é paixão na terra de Alice,
E quer um palpite?
- a mesmice rasteja no chão.

Tal qual chão quente e infrutífero,
Faz a vida um sonífero
E forra de interrogação.

Que chapeleiro ou não
Tornar-se-ia importante
E levantaria num instante
O punho cerrado em ação?

É, é bem mais fácil o “aceite”,
Que sempre em quatro paredes,
Pendura quadros de enfeite
E convida pra comunhão.

Não, nem tudo é poema!
Seja lá qual for o terreno,
(branco, mulato ou moreno)
A vara enverga com o vento
E se quebra num turbilhão.

ótima tarde




Ontem tarde esqueci seu nome...
Mas hoje cedo me lembrei de que isso não faz/fazia/fará a menor diferença.

Os melhores nem sempre são os ideais, há de se distinguir uns dos outros
(Madrugada de 16 de agosto de 2015 - André Anlub)

Enfrentou um inimigo fraco e normal para massagear seu ego; pensou no fato de que pequenos e frágeis problemas fortificam para encarar os grandes e fortes desafios. Banalizou o banalizado; voou baixo – rasante – e em um levante dentro de um rompante: adorou a própria história. Um sonho: os fortes nos fortes, os Russos e seus assistentes para funerais; liga aqui, desliga lá, assim segue a palavra certa no disfarce da errada. Os óculos embasados nas visões embaçaram... não se vê absolutamente nada; tudo é estranho, agitado e vadio; tudo é apocalíptico, paralítico e sombrio. Ninguém mais fala bem da realeza, está falida, carcomida pela inocência descabida, mas que cabia em todos os momentos. Deduções: simples observações; coincidências: análises complexas de costumes. Pensa-se que não! E nas esquinas papéis no chão, nas poças d’águas das chuvas, são anotações importantes, poemas raros e listas de compras de supermercados; há algo demasiadamente misterioso nessa magia negra do cotidiano; algo aquém/além que não conseguimos tocar, ver e descobrir. Nada pode ser só o que é só, e ser só o que é muito e ser só seja o que for. Ninguém quer se meter em assuntos disformes, textos escritos em letras garrafais em um idioma extraterreno que se finge não dar atenção. Existe o sábio que vive na simplicidade, à vontade e feliz; planta, colhe, come, dorme... segue na “rotinagem” com meditações nos intervalos e muito maracujá para passar bem à noite. O sábio pode ter medo de algo, mas mesmo que todos saibam, o medo jamais saberá; pode não temer a morte, mas isso ele prefere desconversar. Ele sabe que a hora é de não mais recordar; é hora de cortar a corda e deixar a âncora o mais livre possível para afundar (no bom sentido). Nesse momento ventos fortes chegam ao local... e o local se entrega a eles. Há um ser melhor dentro do sábio, dentro de todos nós... mas nem sempre é o ideal usá-lo o tempo todo; assim o cansa, o deixa frágil, previsível e vulnerável. Há o tempo certo de empunhar a espada e o tempo certo de deixa-la oculta; o tempo certo da gargalhada solta e travessa e o tempo para rir por dentro. A desconstrução de uma identidade forjada há anos pelo sistema (e muitas vezes com o aval da família) às vezes é muito difícil; a exemplo da pessoa que é moldada para ser mãe e/ou dona de casa, e tem isso como meta, mote e foco, e nada mais se busca. Já vivenciei muitos casos de amigas que estudaram, batalharam e se formaram em faculdades, mas não puderam exercer a profissão, pois se tornaram mães e/ou propriedades privadas implícitas dos maridos, por seguinte "do lar". Algumas quando acordam e descobrem-se descoloridas, caem por si e constatam que já é tarde demais; por orgulho, comodismo ou sabe-se lá o motivo, repassam (consciente ou inconsciente) ao filho a doutrina machista e à filha a submissão.

31 de março de 2017

Olho por olho


Olho por olho, dente por dente
Eles por eles, elas por elas...
Assim o pobre, o rico
O policial, o cidadão, o bandido
O conhecido, o indigente
Os do asfalto, os da favela...
 São inimigos, cegos e banguelas.

André Anlub (31/3/17)

Acontece uma descontrolada mandinga, que o mundo se apega. É doideira querer que o bicho pegue, e ele pega... Agora se espera não mais (nunca mais) sentir o corpo rua abaixo descer.

Agora há o costume de seguir o próprio caminho,

Escolher as pontes e portas e ficar frente a frente com o vendaval, sem o aval alheio, sem olheiro, sem frase feita e sorriso banal.

Falho

 


Muitos poetas crescem para dentro numa implosão da alma, como nitroglicerina cálida do pranto em autocombustão... E, por sua vez, na aura o brilho eclode num parto, expõe-se o filho, o fio e o farto, num alto salto muito além dessa concepção.

Falho

Falho se tentar ser coerente
Se o real sentimento vem à tona
Quebra qualquer elo de corrente
Fagulha que se transforma em vulcão.

Falho se falsificar emoção
Escrito nas estrelas e na testa
Falácia que grita sem noção
A verdade é sempre o que resta.

Falho se não doar meu total afago
Cito as mentes balzaquianas
Tendo experimentado o amargo
São novas “Amélias e Joanas”.

Falho se achar que nunca falho
Pois sou de carne e de osso
Emoção acima do pescoço

E o coração aberto com um talho.

André Anlub

30 de março de 2017

Viver, o crime


Viver, o crime

As solas dos sapatos são selos de vida... 
E, goste ou não, já estão gastas;
Os pés andam firmes no pensamento lúdico...
Mesas lisas; mesas fartas.

Vê-se um filme antigo no inaugurado cinema novo...
O nada pouco povo pobre fica de fora;
Encareceram o acesso público,
Esclareceram que já não é de agora.

Sendo em suma maior de idade:

A cachoeira gelada convida ao banho;
A cachorrada quente convida ao assanho.
Tanto uma como a outra fazem parte de um todo,
Do que lambe e limpa o lodo da desigualdade.

Sendo em sonho menor de idade:

Vamos queimar gordura e arrepiar os pelos,
Pelos novelos novos; pelo não cair dos cabelos.
Os direitos não estão direitos:
Vai-se o nosso tempo;
Os deveres se graduam a esmo:
Devora-nos a realidade.

Os pés já andam descalços,
No encalço da felicidade.
A igualdade é dinossauro utópico,
Junto ao ópio de mediocridade.

O cinema pegou fogo,
Colocando inveja ao circo.
Tem pão, mas não tem o ovo,
Fazendo do viver seu crime.

André Anlub
(30/3/17)

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.