4 de novembro de 2016

Samba do crioulo doido na casa da mãe Joana


Samba do crioulo doido na casa da mãe Joana (5/7/14)

Tudo naquela bolha de sabão,
O mundo, o universo, as aves, o mar...
Tudo coloridamente alucinatório na majestosa bolha de sabão.

Chegam os louros de toda a vitória:
O pódio, as coroas de flores, a beijoca aqui e outra acolá;
Chega o conforto num colchão de molas,
Vão-se os odores de podre do peixe dourado morto
Vão-se as duradouras dores no ponto morto das costas.

Cada pétala dessa certa rosa coloriu-se com as cores preferidas de todos,
Foi um bafafá, foi uma correria – para aqui, para lá.

O canto esfarela e professa dançando com cada caravana sem freio, 
Ri dos ventos úmidos que não deixam as fardagens secarem nos céus,
Mas chora com seu som abafado pelo sol escaldante pendurado na ponta da lança de um Deus.

Seriam sonhos?
Ergueram os mais belos castelos,
Barro por barro, pedra por pedra,
Para depois deixarem vazios, sem libertinagens, sem histórias...
Só com o eco do silêncio, com o vazio e o tempo,
Com a fantasia de um achismo simplório.

Não, não se vê mais um tesouro que nos atrai,
Tampouco a arca vazia.
Alguém o roubou e levou para muito longe (além da estrada)
E esse alguém morre de sede ou de fome (e fica a arca)...

Um anjo a viu em lugar deserto aonde ninguém ia,
Ninguém fala, canta, late ou mia,
Ninguém vai.

E ficou a arca...
Ficou a arca com a morte,
Ficou a arca com a morte e a foice
Ficou a arca, a morte, a foice e a lança...
Ficaram os quatro para a próxima ganância...

André Anlub®

Homenagem para a amiga Dinora Bueno

Senti falta da amiga Dinora Bueno há um tempo; hoje fui procurá-la e fiquei a par do ocorrido! Lamento muito, fico extremamente triste e deixo minhas condolências aos amigos e familiares!
De tantas e tantas formatações ('carinhos' - desde do começo do antigo Orkut) destaco esta de 2008! Obrigado Dinora!

3 de novembro de 2016

No vocábulo certo


No vocábulo certo (2/8/14)

Num estalo a perfídia, o coração vai frigindo,
Encéfalo em ignição, ideias mortas no momento;
Logo vem a melodia serenando o acessível ouvido,
E o ócio vem em vão e se vai prostrado no vento.

O estalo agora se faz apostando nova contramão,
De antemão cria ilusão de um amor sem destino;
No antídoto da bomba caseira, é besteira a presunção,
Faz-se a retaguarda, desfaz-se a mágoa no sincero tino.

Num grito de piedade vem à aclamação do amor correto,
Vai o torto, vem o reto da amante com absoluta lealdade,
Tudo se faz na idade, se faz no tempo, no certo descoberto.

O grito emudece, o sol se acende e foi-se o astro miserável...
A força para o fardo e a farda aposentada pela verdade;
Não há disparidade e todo o vocábulo se entoa admirável.

André Anlub®


2 de novembro de 2016

Armageddon


Armageddon

Nunca um céu se fez de feio;
Nunca houve uma cor de fogo.
Muitos galopes se ouviam à distância, 
Eram quatro homens ao todo.
Ventos fortes surgiram num estalo,
Tiniram tsunamis do além,
O mundo esvaindo-se para o ralo,
Uns orando para outrem.
Os pecados vindos à tona,
Abandono dos vinténs,
Correria, fogo e ferro.
Almas perdidas vagueiam,
Feridas fétidas se abrem,
O belo em brasa se faz feio
É a tamanha tristeza que invade.
O firme fim não está próximo,
Já chegou e fez moradia,
O dia não mais existe – faces de melancolia.
Cães sem dono vagando nos destroços,
Idosos tentando se equilibrar,
Pessoas fazendo menções aos mortos,
Cogumelos de podridão a brotar.
Uns saqueavam o comércio,
Outros doidos deixavam para lá,
Olhos fracos ficando cegos,
Há um alvejado elo a se quebrar.
Todos nesse imundo mundo são réus,
A bola só, se partindo em duas,
O clã dos cavaleiros sorrindo no céu,
Pois sempre acha quem procura.

Armageddon II

Caçadores de cobiças e amores perdidos;
Senhores dos seus projetos de ações duvidosas;
Jardineiro na ufania das flores de cera de ouvido;
Decifram a nostalgia de ocorrências rigorosas.

Lenhadores brutamontes com machados cegos;
Filhos de escravas negras com índios,
São brancos com seus olhos claros de guerra,
Sem ego, mas com a ganância de buscar o infinito.

Se a chuva de meteoros chegar em má hora
E quatro cavaleiros lhe derem guarida,
Com parcimônia de quem cultiva uma passiflora,
Empunha a espada, dá meia volta e procura saída.

Vivendo em um singelo passado do agora
Azul que faz fronteira com um feio absurdo
Os vieses que ecoam aos ouvidos de muitos
Aquecem como o nome de Nossa Senhora.

Para profetas macabros, sorrisos e benevolência;
São desumanos de meros vocábulos
Que voam sem asam, nem rumos,
E pousam fazendo injúrias nos castos...
No deserto em desuso das aparências.

1 de novembro de 2016

Folhas, águas, linhas


"NO" to Trump

Folhas, águas, linhas (5/11/14)

E vão as folhas secas no curso do rio,
Vão mil destinos entortando nas pedras.
Suas belas pernas no fluxo de um cio,
Cobiçam alento e afeto defronte à guerra;

Correm sozinhas, andam famintas...
Estacionam distintas em terrenos baldios;
Deixam sementes de adolescentes linhas...
Brisa menina caçoa das varas que envergam.

No centro da terra o fulgor do suor se resseca,
O encanto sapeca resiste em sobreviver;
Se o viver que persiste é a poesia mais fértil,
Sai firme e forte da inércia e imerge no alvorecer.

Outra menina linda, outra menina minha...
Garota garoa tornando-se chuva forte e bem-vinda;
Como a perceptível delicadeza de uma folha de orquídea...
Também mexe em minha alma, coração e vida.

As águas levam as folhas e induzem às vidas...
Cantigas longas e antigas do clico do tal renascer;
O que fazer com palavras dançantes e musas nuas divinas?
- Só bailar nas vitrines do mundo – moribundo,
Em sóis quentes, luas gordas – franzinas, 
De folhas, águas e linhas...
É tudo que se deve fazer.

André Anlub®

31 de outubro de 2016

Nova Vida

Nova Vida

Veio forte batendo de frente, cadenciando o coração...
Aceito então! Com os devidos encargos.
As ações estão evidentes, transparentes e pensadas;
As emoções vêm dispostas, bem-vindas e em explosão.

Erros passados são páginas viradas;
Erros novos são novas desconstruções.

Estaciona, faz a casa e alimenta de cor os dias;
Massageia com mãos de Fada, sublimemente, sublinha a mente.
Evidente: o cuidado se faz presente com seu frêmito,
No aspecto do recíproco, do respeito, do respiro.

Leve e esplêndido como pluma que só sobe,
Em frenética calefação, em ação e em rodopio.

Acertos novos são páginas adornadas, reescritas,
Na ponta do lápis que desenha e escreve nova vida.

André Anlub

(26/10/16)

Quinta


Com licença poética rabiscarei algumas linhas:

Quando nasci veio um anjo negro,
Anjo forte com o falar farpado,
Deixou-me um verso, alguns ditames,
Um caderno grande e uma esferográfica.
Alguns anos voaram
E o caderno começou a ter utilidade,
A mão começou a sambar e a bendita inspiração veio,
Acompanhada da soberba realidade.
Novamente veio o anjo negro
Com a voz ainda mais áspera,
Deixou-me alguns escritos e um escudo
Deixou a fé e um “trêsoitão” cano curto...
Depois de longa prosa saiu batido sorrindo,
Com ar de tranquilidade e longo assobio;
Foi-se com suas longas asas brancas,
Sua invejável liberdade e dever exercido.
Ao chegar a uma grande altitude
Ganhou a companhia de outro anjo:
Franzino, todo branco de capuz cândido,
Face ocultada e asas acinzentadas,
Uma foice numa das mãos
E na outra um trovão muito brilhante
Que cintilava em branco, preto e prata
Ofuscando todas as visões
E tentando em vão escapar...

André Anlub®
(10/7/14)

30 de outubro de 2016

Enlace das almas



Enlace das almas

Deu início aquela conversa; 
Deu o ensejo com a fuça de lua cheia;
No bule o café bem fresco,
Na mesa o bolo, a maça e a ameixa.

Na troca de vocábulos transpõem-se os obstáculos,
Surge um oráculo inócuo no enleve dos versos leves;
O dia rasgando com o sol no arrebate da torra,
A noite fica sem jeito e deseja que escuridão se entregue.

Nada daquilo é fracasso se o ocaso se vestir de amarelo,
Largar um breu quase eterno, e com isso também foi o tédio...
Há de parar com os remédios e vestir uma sunga e calçar um chinelo.

Para todos a areia está fofa, o mar bem calmo e a brisa a contento;
O inesperado não é tão enigma, pois temos a insígnia de um nobre guerreiro.

O cabelo castanho vai ficando branco; o branco dos olhos, vermelho.
O ano já está quase acabando, e depois de um espirro já é novamente janeiro.

Vem uma luz no final do túnel, arrasando a desesperança,
Criando a salutar aliança de aceitar o escuro, mas ver a clareza.
Dizem ser indelicadeza – mas assim a vida tem mais futuro;
Dizem que estão em cima do muro – mas o muro é puramente adereço.

Deu-se o fim da conversa
Com um sorriso em todas as faces.
No bule o café ainda quente,
Na mesa um nada sutil vazio...
E nas almas os enlaces.

André Anlub®
(20/8/14)

29 de outubro de 2016

Puro Osso – Qu'est-ce que c'est?


Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa.

Puro Osso – Qu'est-ce que c'est? 

Estou titubeante,
São tantas eufóricas letras voando;
Acho que vou me retirar.
Já sai na mão com minhas ideias 
– quase sempre nocauteado;
O máximo que abiscoitei foi o empate.

É um inocente empata foda
– é poda de poeta com pé de empata.
Estou anacrônico,
Vivendo uma semana em outro tempo...

Já se foram dez rabiscos,
Todos deveriam ter sido feitos
Há vinte cinco anos.
Vivo essa semana em outro Eu...
(mas com as contas pagas).

Apontaram-me torto o dedo
Naquela esquina oblíqua,
Não vou comprar briga,
Mas vi má intenção naquele ato;
Depois uma cochichou algo
No orelhão da Oi da outra;
Orelha enorme e vermelha,
O brinco parecia um bambolê.

Fez cara feia, tipo: 
“pisei na bosta, quem quer ver?”.
Estou incólume:
- Faz certo charme.
As ruas daqui do meu bairro
Remetem-me às épocas dos becos,
Ruelas e travessas do Rio de Janeiro:
- Faz certo charme²

A lembrança surge como uma bruma,
Densa, e lá no alto o Big Ben;
Não, não... 
Agora viajei longe...
Vi foi o relógio da Estação Central do Brasil.
- Faz certo charme³

Vou comer umas frutas com cereal,
E no Carnaval, só no Carnaval...
Chamem-me.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.