12 de outubro de 2016

Dia das Crainças


Dueto LXXXVI

Rasgou seus conceitos, queimou ambições, fez orações e desfez julgamentos; agora pode ou não ser a opção sensata:
Continuar seu caminho com a sensação de barra limpa. Não se consegue uma sensação de barra limpa deixando de lado o retoque, a assinatura, a moldura e o último enfoque.
Penetrou lentamente no quarto escuro, que conhecia de olhos fechados, mas receava porque estava escuro.
Sentiu uma brisa morna e adocicada, cheiro leve de in-censo de âmbar; ouviu música com um coro e o choro de uma criança.
Seria ele a criança chorando? Talvez. Um passo e outro mais na direção da falta de direção e talvez encontrasse a criança. Queria encontrar a criança?
Lembrou-se de seus deprimidos problemas, e lembrou-se que deveria tê-los esquecido; mas mesmo assim, mesmo assombrado, seguiu acautelado.
Problemas não se esquecem, lembrou. Problemas se re-solvem. Esquecimento não é solução, é adiamento.
Encontrou o menino que o olhou firmemente e parou de chorar e sorriu; ele assustado implodiu... pois ali, à sua frente, era o seu pai quando guri.
Encontrar é encontrar. Estar perdido e encontrar é deixar de estar perdido.

#DiaDaCrianca #childrenfirst

11 de outubro de 2016

Um homem, uma mulher, uma criança.


Dueto da tarde (XLIV)

Um homem, uma mulher, uma criança. O sol no horizonte pensa coisas:
Será que o mar quer desaguar no rio, por que as dunas fogem com o vento, o calor sente remorso do frio? Há felicidade na infelicidade, será que a abelha não quer ser flor, será que a flor não quer ser abelha? 
Uma criança, uma mulher, um homem. O sol no horizonte conclui coisas. Mas fica com as conclusões para si mesmo; não quer entrar em parafuso, não quer ficar confuso, mudar o fuso do seu tempo, tampouco a fase de ser tudo.
Enquanto ele decide suas coisas, as coisas se decidem. Uma mulher, um homem, uma criança diante do sol de um horizonte inteiro descobrem que são de uma linhagem, de uma unção verdadeira, que não morre no final da tarde e não nasce nas manhãs corriqueiras. 
Tomam-se pelas mãos beijadas por este sol, caminham na direção do horizonte, a fronte erguida como para o que não pode ser visto no chão; sentimentos implodem – explodem – eclodem e a lágrima cai nos cantos dos olhos,
Porque uma mulher, um homem, uma criança são toda a humanidade em seus passos frágeis e vacilantes em direção ao cíclico desafio de criar/recriar a alegria (que fica por um fio), de viver etéreo, de controlar o engraçado e o sério e seguir em direção ao que não tem direção mas está lá.

Rogério Camargo e André Anlub
(24/1/15)

Pray for Haiti

Na pretensão da esperança, com ares de ressurreição, na alegria e na bonança, na arte que se expande em criação. Busca no cerne o que é certo: gosto, saliva, devoção. É relíquia, é procura, de joelhos, minha jura. Tira da face crua a amargura, põe o que lhe é de direito... Na estatua de um santo, na reza em um terreiro, no altar ou outeiro, vale a gota do pranto. 

André Anlub

Politicagem


Politicagem (Letra originalmente escrita em 2004)

Se liga que vou te contar agora
Como acontece essa triste história:
No lado mais pobre o trabalho árduo
E tem um lado que representa a escória.

Uns morrem de fome numa fila,
Outros compram porcelana;
Uns se perdem da família,
Outros brigam por herança.

É vereador, deputado, senador ou presidente...
E o povo está doente – está sem dente – está demente.

Viver com dividas não é vantagem
Você é quem paga essa politicagem...
Politicagem os babacas e as bobagens (BIS)

Cara de pau, ipê, jacarandá...
Até onde essa zona vai parar.

Para tudo ele tem resposta
Sempre uma proposta, sem jeito, indecorosa.
Sobe em um palanque, um terno, uma gravata,
Com um sorriso preparando a mamata.

Estende as mãos, estende os braços
Diz que se desfaz em pedaços
Para tudo se resolver;
O mundo ficar quadrado,
O inferno congelado,
É só ele prometer.

Já sabem de quem eu falo?
Mas é melhor, eu me calo
Se não, vão me prender.

Vou indo sem rumo e sem graça
Andando por toda praça
Até desaparecer.

Viver com dividas não é vantagem
Você é quem paga essa politicagem...
Politicagem os babacas e as bobagens (BIS)

É vereador, deputado, senador ou presidente...
E o povo está doente – está sem dente – está demente.
Cara de pau, ipê, jacarandá.
Até onde essa zona vai parar.

Num pais que reina a violência,
O governo uma indecência;
Discursos sem coerência
Sem jeito nem vontade de mudar.

Vem chegando à época e aparece a solução
Para fome, os buracos, o transito... é eleição!
“Aumento de salário, acabar com as filas,
Escolas para as crianças” 
Muita ilusão para as famílias.

Invadem os rádios, as ruas, as casas e a tevê,
Depois o sujo – o porco – é você.
Enganam o povo, falam mentira,
Estão loucos para mudar lá pra Brasília.

Mas essa história não termina aqui,
Sem um emprego virando faquir.
Faça uma greve, vá às ruas, saia da lama...
A escolha é somente sua.

Assim não dá para levarmos a vida,
Abrindo, fechando, alargando a ferida.
Politicagem os babacas e as bobagens (BIS)

Lutamos para isso acabar...
Dormimos assustado também,
Rezando esperando alguém,
Para tudo melhorar, amém. 
Politicagem os babacas e as bobagens (BIS)

André Anlub

9 de outubro de 2016

Ouro de tolo (Parte II - 26/1/15)



Ouro de tolo (Parte II - 26/1/15)

Ouro valioso, rico enriquecido, diamante da noite/dia endiabrado,
Constrói-se um abrigo inimigo de brilhantes errantes e fúteis.
Mundo sórdido de fel, cruel, vil;
Colherada de antídotos e janelas fechadas ao sol mais belo.
Íris, anel, elo, perdão e ar; 
Enxerga a riqueza no breu dos olhos cerrados. 

É amplo o mistério, é mísero o conteúdo da cachola;
Faz-se um mundo imaginário de ostentações e glórias.
Na paz, na tez: espelhos do medo de tudo que se é.

É fechado e discreto o inverno: nuvens negras e tempestades 
(dentro de si próprio);
É trancado e resignado o verão: sol quente queimando a alma
(desesperando o ódio).

Tem que se deixar ir, deixar o corpo livre ao vento;
O gole de absinto do amor – fluir, e finalmente ruir falsos intentos.
Ouro valioso é a vida: goles de eternidade na água rara bendita;
Abrigo é coração alheio: calor da paixão, dois/todos mundos divididos/inteiros.

(Até mesmo os artistas porcalhões, não deixam jamais sua arte de lado, preferem lugares com clima úmido para esculpirem melhor suas melecas).

André Anlub

Será que sou ave em seu sonho?

Nas horas vagas os vagalumes iluminam o caminho,
Vagam de fininho em direção ao descanso.
Eu, manso, me misturo ao bando; 
Acendo uma ideia na cabeça
E antes que eu esqueça, voo de marcha à ré.

Será que sou ave em seu sonho? 
- Até coloquem palavras em minha boca... mas que nasçam poesias.

Tempo malvado, malvisto e infausto.
Muitas águas tumultuosas – marés nervosas – ventos de inverno e inferno astral: 
sei de pessoas idosas com extrema dificuldade em andar/nadar.
Vejo algoritmos de vaivéns escritos sem nitidez em pergaminhos;
peço ajuda a estranhos e fico aborrecido por desconstruírem meu ninho.

Desenterrei meu tesouro e veio-me você – assim – num estouro –,
deixando o que pode no poço e empossando-se agradavelmente do espaço.
Hoje sou o mesmo Eu, mas mais suave; sou velho, menino e sou ave.

Voei – vou e fui bem longe: larguei a máscara de mau moço,
pois é mau demais para onde vou – é mau demais para tudo isso (que está por vir).
Jocoso – o sorriso largo do lagarto ao ver nascerem suas pernas na saída do lago.
Viçoso – saber que foi sonho ao ver do lagarto um lacaio atropelado na estrada.

O tempo é intenso, anda com pressa e sente medo e se sente vivo; 
faz ideia que loucura é isso?
Ganhei a confiança da mudança, estou voando e procurando nossa janta:
Salmão, garoupa, lagosta?
Tudo tem sua hora e tem o espaço a ser ocupado e tem regaço e tem aurora.

E no sonho temos o céu, não somos cegos e citamos metáforas:
Ajeitei a cozinha, voltei da vinícola, me espere pescar...
você fisgou seu peixe, é de praxe, mas odeia comê-lo cru e sozinha;
bom apetite – vou cozer para nós.

André Anlub
(29/3/15)

8 de outubro de 2016

Dia do Nordestino


"Dica: em comemoração do #DiadoNordestino, o Museu da Imigração preparou uma programação especial gratuita para os dias 7, 8 e 9 de outubro que inclui teatro de bonecos, atividades educativas e apresentação musical de forró."

Saiba Mais: Aqui!


Fonte: Artes Depressão (Facebook)

6 de outubro de 2016

Houve um tempo


Houve um tempo

Um homem saiu para procuras utópicas
Longe de pessoaestigmatizadas 
Com tatuagens inters nas do interesse e da cobiça;
Focou os fulanos que não apontam dedos,
Vivem livres de julgamentos,
(amores, famílias, conhecidos – pérfidos);
Vivem presos a coisas próprias,
(autoconhecimento).

Houve um tempo que a vida era quente,
Saborosa, bem passada, ou ao ponto, ou al dente.

A vida abraçava o fulano, ofertando beijos,
E nesses beijos o vendava;
Ao invés do breu ele assistia a um filme,
Sentia o vento, saboreava vinho,
Vida com ritmo, alegria entorpecente.

Fulano se conhecia muito bem... 
Defeitos – qualidades
Força – fraqueza.
Foi um homem como muitos outros,
Apenas não desistiu, não entregou o jogo.
Cresceu, mas continuou criança,
Seguiu na andança além dos delinquentes.

Gostava dos paradoxos da vida, 
Das antíteses do ser, do estar, do viver;
Gladiava-se com algumas sombrias sombras
Festejava com algumas brancas brumas.

Houve um tempo e esse tempo se foi.
Há o hoje com pintura, com moldura, 
Com belo verniz e cores vivas.
Tela pendurada na muralha,
Com solidez...
Pois no presente há a arte armada até os dentes.

André Anlub
(20/1/15)

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.