17 de setembro de 2016

Setembro Amarelo

Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção. Ocorre no mês de setembro, desde 2014, por meio de identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela e ampla divulgação de informações. 




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Ótima tarde de sábado aos amigos!

Ponderações V

Às vezes queremos tanto pertencer a tal coisa
estar dentro de um certo universo
que não percebemos que a porta abre para fora
e teimamos em empurrá-la.
Quando bastava apenas recuar um pouco
para a porta se abrir facilmente.
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Através do olho mágico da vida vejo o amor que mais uma vez bate à porta do meu coração. 
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Aves que voam no além-mar
Sentindo a salinidade existente
Liberdade de tocar a epiderme da vida.
Aves migratórias de voos extensos
Atravessam continentes com suas asas enérgicas
A brisa é sua amiga e confidente
O homem aqui embaixo
Plantado!
Confinado na inveja.
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Avise-me quando tiver um tempo,
Caso eu não esteja, por favor, deixe recado.
Passo por maus bocados sem a menor notícia sua,
Vivo um grande tormento olhando os velhos retratos.
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Brinco - choro - rio
enxoto pra longe a morte
e com sorte ela vai e não volta
impossível é perder o meu brio
queria mesmo ver o mundo
cicatrizando os seus cortes.
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Brisa que abre o portão
Vem do vai e vem das ondas
Ultrapassando o varal
Acalentando as roupas.
Moveu o barco pesqueiro
Mudou de lugar uma duna
Fez levitar uma pluma
Dispersou o nevoeiro.
Brisa gélida de inverno
Alegrou o dente de leão
Soprou ao rosto
Encheu o pulmão
E nas manhãs corriqueiras
Espalhou o aroma do pão.
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Bromélias se encheram com as águas
E as mágoas se apagaram com as velas.
Um pássaro pousou na minha janela,
Deixou seu canto e prometeu primavera.
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Brotaram no desabrochar dos lindos campos, suas essências...
Deixadas como folhas em vendavais, voando, vagando, sem destino;
por entre pensamentos - como mãos que tocam almas - fazem de harpas sons siderais.
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Brumas sobre águas do charco
confuso sem remos nem barco
coração aturdido.
Te aceito amor repentino
o deixo colher-me maduro
na macieira do paraíso.
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Em nosso caminhar...
Cada passo é sombra verdadeira,
Cada selva é clarão e clareira.
No azeite dos anjos,
Que desce pelos ombros.
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Camélias brancas que transbordam a paz
Embelezam na alma os jardins de consensos
Das tolerâncias os incensos mais doces
Afogando os rancores em um amor mais intenso.
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Caminhamos como poetas novos
largando a soberba, o estorvo
no fluxo de um novo povo
nosso suor que não amarga.
O alvo é claramente certo
de peito escancaradamente aberto
o coração de um bardo
onde o esquecimento é adaga.
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Com afinco me afogo em afagos
Canto meu amor aos quatro cantos
Otimismo e paixão me confortam
A candura constrói nosso castelo
A fidelidade faz a guarda na porta.
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Com medo de se equivocar vê o absurdo da vida,
mas não quer pensar que é real....
E quando vê que é real... Acha um equivocado absurdo.
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Com o teu dom de escrever
tens um pacto:
- necessidade de expor sentimentos
vomitar teus momentos
teus tons, tuas lágrimas e sinas
sair da rotina de um ser intacto.
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Com três palitos de dente se joga um xadrez psicológico
de deixar Freud confuso e Confúcio fã de Pink Floyd.
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Conduzir a vida é difícil
tem que haver paixão.
Vou contra o que alguns proferem
discordo da alocução em voga.
Tudo entorta e nada importa
se não houver no coração
o puro sumo da paixão.
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Curtindo meu tempo, pois o mesmo é curto.
Um absurdo...
Com tudo no mundo e tudo voa ao vento.
Larguei a tristeza
cuspi na grandeza com delicadeza
mostrei o dedo pro desgosto
com muito gosto.
Senti a brisa no rosto
saí pela vida.
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Dançamos mergulhados em sonhos
No gélido baile sagrado
Subimos em nuvens de gloria
Brincamos e esnobamos
O fundo e frio poço da maldade.
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De ínfima palavra é feita o amor
não tem vírgulas
pontos
nem mistério no ar.
Não é soneto
acróstico
trova ou cordel.
Não há essência
engano
acertar ou errar.
Não há contras nem prós
é somente
tão somente
“nós”.
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De repente se viu rei
Mas de nada serviu
Dia e noite acuado
Enterra sua liberdade
Em terra afogado
Quando o real vira pérfido
Do amor falsificado
Paixão é cadafalso
A forca é a realidade.
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De repente você não é diferente
Só não teve a chance de demonstrar ser igual.
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De toda a imensidão do planeta
só quero estar nesse mar belo
de Iemanjá, Iracema, Otelo.
Mar de perfeitos sonhos
folclores, tesouros e viços
dos nautas, vikings, corsários
navegadores fenícios.
Mar de amores lendários
imaginários, antigos
concretos, ambíguos
de interminável poesia
que em toda alma habita.
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De um lado o chinelo velho procurando um pé descalço,
de outro um pé calçado ansiando liberdade.

16 de setembro de 2016

[Ponderações IV]


Amizade verdadeira é amor incondicional; 
não há doença, política, vício, idealismo,
serviço ou crença            
que destrua a tal.
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Amo ver-te
nua em sedução
onde passeia minha paixão
que toca tua alma faceira
beleza que tonteia
minha cálida e pálida visão.
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Amor verdadeiro não está no anel e nem todo Coco é Chanel.
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Ando com ideias antigas
de modernizar meus conceitos.
No fundo, são adágios superados...
Há tempos que tenho a teimosia
de querer ser atualizado.
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Anote o código para ingressar na minha alma:
sem bater, sem pegar leve; tudo funciona do seu jeito,
no colossal universo do eterno ou no do breve.
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Ao ver e ouvir um sabiá, ponderei:
Qual outro tamanho encanto
faz minha boca calar-se
acarinhando meus olhos
cantando aos ouvidos
tão doce e frágil
tão inesperado
que voa pelos quatro ventos
e pousa sem alarde
conquistando os corações?
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Ao ver teu choro
da fumaça danada
senti-me com uma facada
uma dor aguda nos ossos
na alma e no peito.
Nos olhos as pupilas dilatam
e na lata, o vermelhidão do sem jeito.
Pela carência do ar da armada
e a dúbia imposição do respeito.
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Aquela fragrância de nova vida,
Da porta aberta do viveiro,
Batia nos orifícios do nariz; como coisa boa...
Fubá fresquinho, coco queimado, doce broa...
Acompanhada por um manacá-de-cheiro.
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Aquela pétala que cai
Pedaço de flor que se banha
Maravilhada por agora molhada
Mistura-se a água de um tempo
Some com o rio que rouba.
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As emoções são rústicos vigias
que transitam pelas alamedas vazias
passando pelos tugúrios de pedras
com suas luminosas lamparinas.
O lume dos candeeiros
divide com o vigia e o amor
por dentro dos muitos nevoeiros
todo seu sincero fulgor.
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As minhas mais longas retóricas
são os amores que carrego na alma
afunilam na mão e na boca
e despontam pelos meus dedos trêmulos
e minha língua inquieta.
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As navalhas dos erros fazem cortes diversos
uns profundos, outros não; uns cicatrizam logo, outros não.
Há pessoas que tem o talento nato
de afiar as navalhas e lamentar depois.
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As paixões incompletas estressam
surgem, mas não se deixam ver
ficam cobertas com o manto da noite
e somem no mais sútil alvorecer.
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As pegadas são honestas
prolixas, mas reais.
Nas folias que me aceitei de palhaço
no meu coração ficaram dois traços
um xis de açúcar e sal.
Já foi, é ou será cedo
assumindo tal culpa, nesse sol nascendo.
Admito: estou envergonhado
e avermelhado com tamanha beleza.
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Às vezes felicidade está no ar
Tem que se expor
Sair pra procura
Da brisa ou chuva
Abraço ou sorriso
Festejo ou repouso
Silêncio ou música
Ou simplesmente
Deixar que ela o ache.

Ponderações III

Os motores aos ouvidos em dores;
os odores do carbono a calhar;
o cruzar de mil pernas;
as janelas com visão limitada;
e a empreitada de ser e estar.
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Talvez não seja minha flor que aflora
mas nem por isso não é fina flor.
Sei por que nunca mais o amor apavora
e por hora só tem transbordado em calor.
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Enfim, nua, nos meus braços, delirante;
dou-te o mel e o mais belo diamante;
dou-te a vida, dignidade,
dou-te tudo;
submerso - submisso - submundo.
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A alma quer plateia, zelonada de estar sozinha.
Ela quer que outros olhos curtam seu curto vestido decotado
o sorriso do rosto com duas covinhas
e todos, mas todos, os seus pelos eriçados.
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A finura precária faz o homem sensato criticar a todos
A mediana faz o homem sensato criticar a si próprio
A abundante faz o homem insensato a permanecer calado.
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A moradia na emoção é o botão de liga/desliga de uma alma incendiária.
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A realidade concorre com minhas vertentes,
e elas céleres e insanas sempre chegam na frente.
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Ajude-me a nadar em sua correnteza,
pois fico confortável e feliz; 
tal bela força resistente me diz:
atravesse novamente o oceano e me beija.
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A tempestade não me assusta,
E nem deveria!
Já tive dias terríveis de sol.
Se algo me causa temor,
É perder a inspiração e alegria,
Quando o sol toca e aquece meu rosto,
Ou a água cai do céu no meu corpo.
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A Via Láctea tem cem bilhões de planetas
e eu estou aqui,
muito feliz, radiante, satisfeito
por ter feito contato com você.
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A vida pode ser farpa entre unha e carne, 
um bambu que não quebra com o vento que varre, 
ou estrelas que brigam com o raiar de um dia.
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A vida só é cruel para os inermes
que fazem tempestades em copos d’água
vivendo nas podridões como vermes
fazendo respiração boca a boca em suas mágoas.
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Abril em festa?
- Pela fresta infesta o olhar da inveja.
Com a porta semiaberta ela observa:
não há mais “breja”,
não há igreja,
queimou-se a floresta...
Abril banal.
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Acabaram-se as abobrinhas em minha mente,
Nem se falarem hipoteticamente,
Só verei as bocas mexendo... sem som.
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Acontece uma descontrolada mandinga,
Que o mundo se apega.
É doideira querer que o bicho pegue,
E ele pega...
Agora se espera não mais,
Nunca mais,
Sentir o corpo rua abaixo descer.
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Acordei acessível... Com novos aforismos - ansiando ouvir tua voz.
Acordei querendo... Ser o ser mais admirável - amar com tenacidade e experimentar tua sensualidade.
Acordei famélico... Querendo me entregar - querendo te possuir.
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Acordei com uma lágrima,
No sonho bem claro o rosto:
De pronto sorriso me olhava.
Amigo de praias e farras,
Que o vento levou sem aviso,
Deixando a doce lembrança,
Momentos que não amarelam,
E regam o verde singelo
Desse jardim da saudade.
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Acordei venerando a música,
peguei a gaita e o jeito,
não fazemos amor há tempos.
Saiu um blues dos pesados,
melodia traçada nessa harmonia.
Rito e reta, meta e mote - fito o mito.
Sem moda, sem fúcsia, filha única.
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Adversidades acontecem
Muita luta e pouco caso
Sensações se perdem
O rabo abana o cachorro
O choro do velho solitário
Mas há de se ter esperança
No coloquial, na criança
Nas palavras que amadurecem.
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Agora há o costume de seguir o próprio caminho,
Escolher as pontes e portas,
Ficar frente a frente com o vendaval,
Sem o aval alheio, sem olheiro,
Sem frase feita e sorriso banal.
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Ah, esses namorados...
são apaixonados interessantes
seus corações, seus romances
amor compromissado.
Fazem loucuras sem limites
paixões ardentes sem juízo
só aceitam improviso
não aceitam palpites.
Ah, esses amantes...
é sem vergonha essa entrega
dizem que dá náuseas – dizem que dá raiva
e quase sempre causa inveja.
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Ainda bem que ninguém taxou de domínio
Pois com o meu cheiro, marquei o terreno
Mostrei os caninos ao meu cruel inimigo
Dediquei-me na íntegra a ser feliz ao extremo.
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Alfarrábios – folhosos – calhamaços – opúsculos
os nomes podem até parecer indigestos
mas degusta-los nos sacia de conhecimento.
Excelente digestão.
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Muitos poetas crescem para dentro
numa implosão da alma,
como nitroglicerina cálida
do pranto em autocombustão.
E, por sua vez, na aura o brilho,
eclode num parto,
expõe-se o filho,
o fio e o farto,
num alto salto
muito além da concepção.

15 de setembro de 2016

Ponderações II

Passou pelo pequeno buraco da agulha
como um raro e sensato camelo franzino. 
Deixou ao relento seu ego sozinho
e jogou num bom vento os versos nas ruas.
---- x ----
O sol abancando assisadono renque das araucárias
surgem as estrelas - velos
no universo, arrepiam
ao fechar da porta do dia.
---- x ----
O corpo se contorce nas belas curvas do mistério
e meu universo se entorpece em um minuto.
Vejo minha vida, sua verve - seu externo.
Rogo amor eterno e me completo absoluto.
---- x ----
Nomeada como imperatriz de amores
que ganha de súbito sua coroa, trono e sonhos
e aproximando do súdito
com suas suntuosas flores.
---- x ----
Noite passada sonhei com poesia
aquele sonho arranjado de calores misteriosos
ao som de uma orquestra as janelas se abriam
e em mil cantorias - pássaros curiosos.
---- x ----
Nasceu em águas apaixonantes a poesia (disse alguém).
Num cenário emoldurado que consagrou a cria
– entre cantos – entre tantos –
por ironia,um poeta de amor sofria.
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Na tela do cinema da esquina
já se viu esse filme antigo
de um multicor lírico
com tons de pura boemia.
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Correm as águas nervosas e frias
delas, tuas e minhas
na prontidão da montanha.
---- x ----
A resposta vem com o ar fecundo 
quebrando o coeso silencio
queimando mil brancos lenços
prevendo o fim dos futuros lamentos.
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Abrigo-me com humildade num ninho,
aprendo a voar como águia, 
correr como água
e seguir o meu guia.
---- x ----
Até mesmo os artistas porcalhões,
Não deixam jamais sua arte de lado.
Preferem lugares com clima úmido,
Para esculpirem melhor suas melecas.
---- x ----
Lembra? Vale ressaltar...
Até se derramam as tintas,
até se misturam as cores,
até não se pintam amores.
Mas a tinta não pode acabar.
---- x ---- 
Delineei o passado
no caso mais que perdido.
Etiquetei os bandidos
ao som de música clássica.
---- x ----
Haverá um menino e tornar-se-á bem sabido,
verá tudo se repetindo:
Sorridente - indiferente,
e a alcunha de sobrevivente,
sentará feliz lá na praça
jogando milhos às garças.
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Mudei de século,
moldei o crédulo
e passei a sonhar com as Valquírias.
Vi um mundo sem máscaras
sem muita diplomacia.
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No auge da contradição
os ouvidos não ficam entupidos,
ecoam os belos grunhidos,
do cão são da imaginação.
---- x ----
Na trilha do som e do cheiro, entre outros planejes, já havia o longo tempo de um asilo.
E saiu, enfrentou, nisso e naquilo, foi certeiro.
---- x ----
O verde vivente evidente,
fez nuance nos raios dourados do sol,
que surgiam e sumiam
ao bailar de folhas,
no cair de sementes,
da jabuticabeira. 

André Anlub

{sem título]

Meu amor bateu de frente
com seu cheiro de alfazema
com seu humor de hiena
e interpretação eloquente.
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É no amor, e não há impossível
no verossímil da batalha à vitória.
Fez de fulgentes momentos, o invisível
e na equação da paixão, a auréola simplória.
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Sobre o amor?
- Sim, eu conheço, sei bem dessa fábula
sei qual o seu curso, bons e maus imprevistos.
Falam de alguns vícios, falam de absurdos
não provaram na língua o que dizem amargas.
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Vê-se a razão que não mingua
fala-se em matrimônios – mistérios
infindos sem afins nem começos
assim dá-se o nome de vida.
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O corpo foi na onda e saiu do dilúvio,
Forte e firme em direção ao sossego;
O abraço (prévia do beijo)
fez-se ao relento
E o medo (descalço e bêbado)
caminha viúvo.
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Sim, é poesia!
Faz crescer as flores,
nasce das flores crescidas.
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São cordeiras com seus contornos que deslumbram,
Preparando os retratos dos fetiches do sonhador.
E posam quase nuas,
Apenas a peça de seda pura de paixão.
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Quero ouvir a verve gritando
Ao mundo, ao pouco,
Como louca rara.
Preciso da sua leitura
De corpo nu em noite tão escura
Que nem estrelas deram as caras.
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Passou pelo pequeno buraco da agulha
como um raro e sensato camelo franzino. 
Deixou ao relento seu ego sozinho
e jogou num bom vento os versos nas ruas.
---- x ----
O sol abancando assisadono renque das araucárias
surgem as estrelas - velos
no universo, arrepiam
ao fechar da porta do dia.
---- x ----
O corpo se contorce nas belas curvas do mistério
e meu universo se entorpece em um minuto.
Vejo minha vida, sua verve - seu externo.
Rogo amor eterno e me completo absoluto.
---- x ----
Nomeada como imperatriz de amores
que ganha de súbito sua coroa, trono e sonhos
e aproximando do súdito
com suas suntuosas flores.
---- x ----
Noite passada sonhei com poesia
aquele sonho arranjado de calores misteriosos
ao som de uma orquestra as janelas se abriam
e em mil cantorias - pássaros curiosos.

Ótima noite

Na geografia do teu corpo
Passo o mais ardente compasso.
A cada traço
Uma fronteira ultrapasso.
Ao findar o que faço
Limpo toda a sua tez
E faço tudo outra vez.

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Não nasci cá, nem acolá, nem além ou aquém... não sou melhor e pior que ninguém. Vivo o amor e a arte, assim sou do mundo, quiçá limpo ou imundo, mas de nenhuma parte.

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Não me observo mais em ingênuos instantes
só quando as toalhas molhadas estão em cima da cama.
Onde está o meu sonho de morar numa praia distante?
Perdeu-se ao preocupar-me com uns pedaços de panos.

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Não quero paixão egoísta,
Aquela profunda feito poça de chuva fina,
Aquela quente como a água que o bacalhau se banha.
A paixão que quero deixou pista...
Muito beija e muito afaga,
Não apanha e não amarga,
É brincadeira de criança...
Pera, uva, maça e salada mista.

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Não se sabe se o perfume se espalhou
Pelos bosques coloridos e imagéticos
Na nossa aldeia, logo, logo, deflagrou
O colírio, canto lírico e poético.

André Anlub

14 de setembro de 2016

[Ótima tarde]

Poema de Vladimir Maiakovski

Entre escritor
e leitor
posta-se o intermediário,
e o gosto
do intermediário
é bastante intermédio.

Medíocre
mesnada
de medianeiros médios
pulula
na crítica
e nos hebdomadários.

Aonde
galopando
chega teu pensamento,
um deles
considera tudo
sonolento:
- Sou homem
de outra têmpera! Perdão,
lembra-me agora
um verso
de Nadson...
O operário
Não tolera
linhas breves.
E com tal
mediador
ainda se entende Assiéiev

Sinais de pontuação?
São marcas de nascença!
O senhor
corta os versos
toma muitas licenças.

Továrich Maiacóvski,
porque não escreve iambos?
Vinte copeques
por linha
eu lhe garanto, a mais.
E narra
não sei quantas
lendas medievais,
e fala quatro horas
longas como anos.
O mestre lamentável
repete
um só refrão:
- Camponês
e operário
não vos compreenderão.
O peso da consciência
pulveriza
o autor.
Mas voltemos agora
ao conspícuo censor:
Campones só viu
há tempo
antes da guerra,
na datcha,
ao comprar
mocotós de vitela.

Operários?
Viu menos.
Deu com dois
uma vez
por ocasião da cheia,
dois pontos
numa ponte
contemplando o terreno,
vendo a água subir
e a fusão das geleiras.

Em muitos milhões
para servir de lastro
colheu dois exemplares
o nosso criticastro.
Isto não lhe faz mossa -
é tudo a mesma massa...
Gente - de carne e osso!!

E à hora do chá
expende
sua sentença:
- A classe
operária?
Conheço-a como a palma!
Por trás
do seu silêncio,
posso ler-lhe na alma -
Nem dor
nem decadência.
Que autores
então
há de ler essa classe?
Só Gógol,
só os clássicos.
Camponeses?
Também.
O quadro não se altera.
Lembra-me e agora -
a datcha, a primavera...
Este palrar
de literatos
muitas vezes passa
entre nós
por convívio com a massa.

E impige
modelos
pré-revolucionários
da arte do pincel,
do cinzel,
do vocábulo.

E para a massa
flutuam
dádivas de letrados -
lírios,
delírios,
trinos dulcificados.

Aos pávidos
poetas
aqui vai meu aparte:
Chega
de chuchotar
versos para os pobres.
A classe condutora,
também ela pode
compreender a arte.

Logo:
que se eleve
a cultura do povo!
Uma só,
para todos.
O livro bom
é claro
e necessário
a vós,
a mim,
ao camponês
e ao operário.

Não é brinquedo não


 1 - Ernest Hemingway // 2 - João Ubaldo Ribeiro // 3 - Fernando Pessoa// 4 - Zélia Gattai// 5-Jorge Amado// 6 -Carlos Drummond// 7 -Machado de Assis// 8-Virgínia Woolf// 9 - Cruz e Souza// 10 - Cecília Meireles// 11 - Clarice Lispector


Não é brinquedo não

Viu a poesia com seu pulo largo desviando-se das críticas,
Caindo nos contornos límpidos das consciências
E escolhendo nada a esmo o caminho que avaliou ser certo.

Ouviu o verso leve pisando intenso com seu calçado soturno,
Colocando a marmita no bolso, a viola no saco e perguntando:
Onde é que eu durmo?

Na alvorada não comeu foi nada, tomou o seu remédio,
Foi para o colégio, grande sortilégio é responder à chamada:
(Como um digno crédulo).

- Sou o verso que tirou o corpo fora de onde é bola fora... resolvi tricotar sozinho.
Deixou os poetas no vácuo, na válvula do silencio eterno... 
(Mesmo que por um momento).

Deixou todos ao relento, em alquebramento, de passo lento em todo o acontecimento...
(Mesmo que somente interno).

Reprise de um filme, déjà vu diversas vezes visto e lido,
A imagem da poesia se resvalando e esvaindo.

Num instante a lenha crepita, já é espantado o frio e a chaleira canta...
Cai-se na realidade, cai-se no dever cumprido: o papel tingido, a ideia exposta.

Agora vê a poesia e seu pulo curto; quase inativa mergulhada em crítica...
(Ela não está nem ai).

Descobre sua imortalidade e sua boemia, sua sagacidade de mulher vivida...
(Ela sempre bem resolvida).

André Anlub®
(14/9/14)

13 de setembro de 2016

Dentro dos olhos

Na insistência de um derradeiro amor

Nas areias da praia inabitada de sua alma
Caiu, de súbito, aquele imenso raio
Transformou-se no mais resistente vidro 
Ninguém vê, ninguém pisa e ninguém quebra.

A perspectiva de um admirável amor
Faz bater o peito num ritmo frenético
E é diurético no sangue que corre ligeiro
Feito um vírus bom, que espalha e entorpece.

Como uma cena em um teatro, à meia luz
O espectador levanta e ovaciona
Palmas ecoam por toda a realidade
Fazem ondas que sorriem, 
Pelos mares, areias...
E pelos lençóis.

Sentimento inquestionável - inquieto
Incluso e visível até no breu mais profundo
Transformou-se e foi transformador
Agigantou-se - tocou o céu.

André Anlub


Dentro dos olhos

Nos teus olhos pareço escutar
O amor que ecoa sem fim.
Há de abafar o sombrio
O nublado e o vazio
O banal e chinfrim.

Teus olhos me dizem a senha
De todos os cofres e portas
Das caixas de aço ou madeira
Que guardam respostas.
Perguntas da morte e da vida
Que usamos de lenha.

Fogueira pertinente
De insistente clamor
No real e nos sonhos...
De onde viemos
Para onde vamos
E quem somos?

Olhos agora vidrados
Cálidos e seguros
Olhos com extrema audácia.

Olhos de afeição
De infinitos “eu te amo”
De muitos outros planos
Muito além daquela simples galáxia.

Olhos que jamais sucumbem
De finos “douros”
Que jamais desbotam
Galgando brilho
Em pleno arco-íris
Abrindo o baú de ouro.

Olhos que agora se fecham
Entram num breu infinito
De silencio profundo
E sonham comigo.

André Anlub®
(26/03/13)

12 de setembro de 2016

Esperando a Chuva


Esperando a Chuva 

Um país tropical de abertas, torneada e depiladas perna para o ar. A dança da chuva funciona se todos os dias a dançarem; amarro-me ao relento com a corda mais sensata que houver (no grande cajueiro); nó cínico, sem vergonha, cego, impossível de desatar (nem tento). Dos dias felizes valem os sorrisos congelados; das noites de amor valem pensamentos impuros. Por todos os lados não há o proferir do absurdo e sim versos incoerentes: murmúrios, múmias, túmulos, tumultos e soluçados de solução. Nenhum amor é inútil - absolutamente o contrário... achado ou perdido, verdadeiro ou quase, o amor é tesouro e extravasa por lendas e mitos - água-viva no mar morto. Por obséquio: todo amor tem seu preço? E, caso tenha, todos devem pechinchar? Quando o amor alcança tais almas, engraçadas são as entregas, sensação de dominados e indefesos – plumas tornam-se pesos. Mas um quilo de penas é o mesmo que um quilo de pedras? Quando o amor é legítimo rasgam-se dogmas, cuecas e calcinhas, viaja-se em um trem fora dos trilhos – duas lindas pipas sem linhas... tudo é monocromático com vivas cores, verdes verves, vivos brilhos. Moldando as afeições sem aflições, marinada no tempero das paixões, pode-se pegar um peixe grande; dança na esperança que passa à frente... observa-se o fogo brando e a fina chuva que contenta a mente. Às vezes gosto de ficar sozinho para discutir a relação com a pessoa que mais amo e admiro no mundo (modéstia à parte); muitas vezes são papos pesados, impensados, críticas em tom de ameaça. Mas a maioria das vezes é puro chamego, flerte narcisista que beira um romance dos bons. Objetivamente a mente ouve algo objetivo e escuta somente os bons adjetivos; é o objeto que não quer se tornar um abjeto. Mas isso é bobagem, pois nada modificará as engrenagens das coisas e tampouco abrirá o tampão mostrando os segredos, senão, tão-somente, as ações (com bastante redundância até). 

André Anlub

11 de setembro de 2016

Fábulas dos Piratas


Fábula dos Piratas Parte II
Corsário sem rumo

No seu sorriso mais doce
Dá-me o sonhar acordado
Nau agridoce ancorada
No porto seguro de um réu.

O cerne mais íntimo partilhado
Como alado cavalo ao vento
Coice pra longe o tormento
Traz na crina o loiro do mel.

Mil flores a pulsar na razão
Vil dor e jamais compunção
Cem cores permeiam na libido 
Sem rumo nem rum no tonel.

Pirata na dádiva do amor
Com a bússola do autêntico anseio
Nem proa, nem popa, nem meio
Voando em direção ao seu céu.

Fábula dos Piratas Parte III
Mar é moradia

Avança por mares revoltos
Reafirma sua total identidade
Navegador guerreiro, punhal nos caninos
Amante de tempestades e estorvos
Vento intenso e leme solto.

Olho ímpar e rubro no horizonte
Seguido por gaivotas e morcegos
Pernas magras de carne e cicatriz
No ombro, um incorrigível atroz falante.

Um náufrago o observa com ansiedade
Faz moradia numa ilha equidistante
Deu-lhe um susto farta bandeira de caveira
Sepultou sua esperança de três anos.

A solidão é uma amiga em comum
Veio a coragem de acender uma fogueira
E na fumaça o pirata avista a ilha
Dá meia volta, pois o mar é moradia.

Fábula dos Piratas Parte IV
Ilha da Prosperidade

Deixou pra amanhã e funcionou – sol nasceu
Dentre as belezas mais raras – lua bela
Acabou com a mesmice, foi além do amor.

Arriscou-se em sacrifícios, 
enfrentou seus pesadelos,
encarou os pecados,
desmotivou a desunião.

Fez um primor de discurso
Quebrou o gelo, calou o berro
No manuscrito da alma
Consertou o leme, ajeitou o curso.

Pra ilha da prosperidade seguiu
Aumentou a tempestade
Multiplicaram-se os ventos fortes
Mais breve foi sua chegada.

Olhem por aí...
Deu certo!
A brisa chegou para refrescá-lo
O pesadelo morreu.

Nasceram os encantos e as poesias
Se for proibido não se cale
Se for legal, conte-nos mais.

André Anlub

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.