24 de agosto de 2016
Nos varais
Nos varais
Nos varais o ardente dos verões,
Carros passam no asfalto emanando calor.
Pobres pés descalços vão estender roupas,
Loucos com seus vieses, variações e viagens.
Varais com varas de bambu - apoiam-se...
Chegam a confundir os olhos ligeiros,
Quem estaria apoiando quem?
Varais das Valérias e Veras,
De coloridos poéticos,
Eternidades efêmeras,
Momentâneos de eras.
Nos varais frígidos dos invernos,
Casacos acenam com o vento,
Na corda bamba do tempo,
Nos confins dessa esfera.
Pendura e perdura
Verás os varais pelo planeta afora
Alguns dependuram difusas histórias
Toalhas sujas, lençóis manchados
Burcas, fardas, camisolas...
Verás secarem farrapos
Roupas de seda e algodão egípcio
Algumas despontam sacrifícios
Pintam os adornos nubentes.
Verás os varais internos
Que penduram o ódio retido
Enxuto, infecundo, rachado
Como as rugas do envelhecimento.
Também verás os que penduram amores...
De diversos calibres e cores
Sem importância do enxuto ou ensopado
Vale o corpo que aqueceu algum dia.
23 de agosto de 2016
Ventania...
Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos (compilação)
Deu um gole no chá verde gelado e ao descansar a xícara, sorriu; viu-se num lago novamente o guri que um dia brincou com seus sonhos alados. Congelando o momento foi trajando o futuro, luz no fim do túnel do incerto predestinado; no amanhã um apogeu deveras absurdo, é a essência madura que utopicamente nasceu. Viu-se feliz com o viver protegido, viu-se ungido com o suor de mil anjos. Na boca pequena um grandioso sorriso e os ouvidos docemente arranhando violinos de Vivaldi em arranjos; faz-se adulto, pecante e andarilho, com rugas no rosto e prantos arquivados. É trem de carga que não carece de trilhos; abandonou seu abrigo, sem culpas e mágoas. Chegou o tempo das convicções positivas, de amores desatados por mãos limpas e lavadas com o suor da procura. Eis mais um desafio no meio do povo “de andar idêntico”: barba bem-feita, sapato novo e alma nada desnuda. Eis o semblante guerreiro, os filhos na escola, hora da labuta, comida na mesa e nove talheres para duas mãos. Chegou o tempo de desprender-se do básico, e não se sentir um traste por nada ter de praxe. Fugindo da história: foi convicto à feira no domingo e comprou peixe. Subiu caixote e disse a todos os ouvintes: é bendito e bem-vindo o tal de Benvindo Nogueira; deputado do povo, eleito por ser um homem oprimido. Voltando à história: no arraste das horas a barba crescendo e o sapato mais velho; vê-se esotérico ao som erudito de um novo critério; agora homem simples, Sicrano Barbosa no orbe baldio. A vida estava por um fio, mas as nuvens se foram e tempestades sumiram (o chão é o limite). O tempo chegou, o clarão é vivo, das asas no apoio e o voo continuo (o céu é o limite). Há estradas fáceis que levam ao pecado, mas há também caminhos íngremes que estendem o tapete vermelho para o nada. Ao final da tarde as flores enfim se mostram submissas, num colorido real e pétalas, olhos famintos de belo. Ela, dama, atravessa jardins, os passos tímidos e sutis, abrindo os lábios e brotando as próprias cobiças. Um artista do amor sorri, aponta os dedos magros, outrora gordos e inebriados de nanquim. A fumaça do tabaco profana a luz, atravessa a janela trazendo a beleza que há aos olhos abertos, no limpar das remelas, no sonhar, realizar e fazer jus. Beltrano dos Santos é uma figura, já foi profeta, mas não se mostrou. Só ele sabia; nas alquimias que os anos trouxeram, a derradeira ainda estaria porvir; mas ele não tem pressa, o amor não tem pressa e o que só interessa é o acreditar sem fim.
André Anlub
22 de agosto de 2016
Dama de fé
Dama de fé
É dama de fé famélica,
vive o amor como um Deus.
Suas ações são suas vozes,
são seus céus, versos e véus.
É dama que simplesmente faz,
jamais quis fazer parecer.
Silencia e desmascara os atrozes
que respondem com vis falações.
Pros falsos profetas macabros,
sorrimos com nossa benevolência,
pois são desumanos de mero vocábulo
que voa sem asa, nem rumo,
e pousa fazendo injúria nos castos...
No deserto das aparências.
Pinte-se Perca-se Poda-se
Brisa que abre o portão
Vem do vai e vem das ondas
Ultrapassando o varal
Acalentando as roupas.
Moveu o barco pesqueiro
Mudou de lugar uma duna
Fez levitar uma pluma
Dispersou o nevoeiro.
Brisa gélida de inverno
Alegrou o dente de leão
Soprou ao rosto
Encheu o pulmão...
E nas manhãs corriqueiras
Sem eira nem beira a quem queira...
Espalha o aroma do pão.
André Anlub®
19 de agosto de 2016
Cárcere da Criação (Março - 2009)
Cadê a barba desse 'puto'?
Cárcere da Criação (Março - 2009)
Na imaginação madura que explode em uma linha
Que mesmo velha renasce todos os dias
Na solidão insegura... que mesmo a perigo se fortalece com ela
Os “zás” das canetas quentes são os “ás” nas mangas frias.
O poeta perpetuado nas ideias e criações
Faz de impurezas e mazelas em seu nobre ganha pão.
Na mais absoluta certeza do amor que sente na escrita
Faz dos sons recitados, iluminadas orações
Absorve do mundo, do dia a dia, histórias e magias
Juntando a verdade com o medo da mentira premeditada.
Se sente o moribundo mais vivo, espelho do íntimo de todos
Voando em um mundo próprio, se perde e se cobra no nada.
Mundo surreal de ouros e de sobras
Fita um objetivo, agradar sem ser o óbvio
Por muitas vezes consegue, e vai além, se desdobra.
Sendo valorizado, alimenta seu ego persistente
Ovacionado, por vezes preso a criação
Se sente em cárcere, viciado e doente
Mas no final é o medo, apego, inspiração.
Cárcere da criação II
Às vezes queremos tanto pertencer a tal coisa, estar dentro de um certo universo, que não percebemos que a porta abre para fora, e teimamos em empurrá-la... quando bastava apenas recuar um pouco, para a porta se abrir facilmente.
Cárcere da criação II
(André Anlub®)
Confinado na escrita
Vejo-lhe no espelho
Vestida, Shanti.
Azul turquesa, de beleza pura
A Isis e a lua agora todas nuas.
Sou o escriba no porão de um mundo
Sou ar puro no pulmão de uma vida.
Monta o rolo, rola a fita
Cinema mudo tinha muito que falar.
Histórias, memórias
Romances e enlaces.
Guerras, embates
Comédias e glórias.
Nos teatros antigos
Nas trincheiras e abrigos
Bebedouros de todos os bêbados;
Copos cheios,
Corpos vazios.
Loucos soldados
Querendo espaço e apreço.
Confinado na escrita
As horas voam
Folhas se enchem
Ansiedade e alienação.
Com sorte
Consorte
Sem premunição
Sempre.
18 de agosto de 2016
Da Arte
Foto: 1989
Caminhamos como novos poetas
Largando a soberba, o estorvo
No fluxo de um novo povo
Nosso suor que não amarga.
O alvo é claramente certo
De peito escancaradamente aberto
O coração de um bardo
Onde o esquecimento é adaga
Não pira não para não nada.
André Anlub®
Da arte
Primeiro marquei meu horizonte
Em um traço negro em declínio
Deixo a inspiração fazer domínio
Depois me embriago na fonte.
Pintores são fantoches e fetiches
Sobem em nuvens, caem em piches
Respiram a mercê de sua cria
Bucólicos profetas à revelia.
Tudo podem e nada é temível
Nem mesmo perderem o dom
Sabem o quão infinito é o tom.
Seus corações de loucos palpitam
E no cerne que eles habitam
Saem às cores do anseio invisível.
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Biografia quase completa
Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)
Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas
Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)
• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)
Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha
Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas
Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)
Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte
André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.
Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.
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Das Loucuras (Inhotep) Não faz pouco pois ele é um louco; Um corvo que vive incluso na informalidade de um jogo Em puro ouroboros, catando...
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