13 de julho de 2015

Nos varais



Nos varais
(André Anlub - 20/9/10)

Nos varais o ardente dos verões,
Carros passam no asfalto emanando calor.
Pobres pés descalços vão estender roupas,
Loucos com seus vieses, variações e viagens.

Varais com varas de bambu - apoiam-se...
Chegam a confundir os olhos ligeiros,
Quem estaria apoiando quem?

Varais das Valerias e Veras,
De coloridos poéticos,
Eternidades efêmeras,
Momentâneos de eras.

Nos varais frígidos dos invernos,
Casacos acenam com o vento,
Na corda bamba do tempo,
Nos confins dessa esfera.

Meu amor bateu de frente

Hoje, às 21h30, tem episódio novo de Califorfun. Hollywood fez de Dogtown uma das marcas mais conhecidas e por isso sua história várias versões.www.canaloff.com/califorfun
Posted by Canal OFF on Segunda, 13 de julho de 2015


Meu amor bateu de frente
com seu cheiro de alfazema
com seu humor de hiena
e interpretação eloquente.
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É no amor, e não há impossível
no verossímil da batalha à vitória.
Fez de fulgentes momentos, o invisível
e na equação da paixão, a auréola simplória.
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Sobre o amor?
- Sim, eu conheço, sei bem dessa fábula
sei qual o seu curso, bons e maus imprevistos.
Falam de alguns vícios, falam de absurdos
não provaram na língua o que dizem amargas.
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Vê-se a razão que não mingua
fala-se em matrimônios – mistérios
infindos sem afins nem começos
assim dá-se o nome de vida.
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O corpo foi na onda e saiu do dilúvio,
Forte e firme em direção ao sossego;
O abraço (prévia do beijo)
fez-se ao relento
E o medo (descalço e bêbado)
caminha viúvo.
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Sim, é poesia!
Faz crescer as flores,
nasce das flores crescidas.
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São cordeiras com seus contornos que deslumbram,
Preparando os retratos dos fetiches do sonhador.
E posam quase nuas,
Apenas a peça de seda pura de paixão.
---- x ----
Quero ouvir a verve gritando
Ao mundo, ao pouco,
Como louca rara.
Preciso da sua leitura
De corpo nu em noite tão escura
Que nem estrelas deram as caras.
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Passou pelo pequeno buraco da agulha
como um raro e sensato camelo franzino. 
Deixou ao relento seu ego sozinho
e jogou num bom vento os versos nas ruas.
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O sol abancando assisadono renque das araucárias
surgem as estrelas - velos
no universo, arrepiam
ao fechar da porta do dia.
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O corpo se contorce nas belas curvas do mistério
e meu universo se entorpece em um minuto.
Vejo minha vida, sua verve - seu externo.
Rogo amor eterno e me completo absoluto.
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Nomeada como imperatriz de amores
que ganha de súbito sua coroa, trono e sonhos
e aproximando do súdito
com suas suntuosas flores.
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Noite passada sonhei com poesia
aquele sonho arranjado de calores misteriosos
ao som de uma orquestra as janelas se abriam
e em mil cantorias - pássaros curiosos.
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Nasceu em águas apaixonantes a poesia (disse alguém).
Num cenário emoldurado que consagrou a cria
– entre cantos – entre tantos –
por ironia,um poeta de amor sofria.
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Na tela do cinema da esquina
já se viu esse filme antigo
de um multicor lírico
com tons de pura boemia.
---- x ----
Correm as águas nervosas e frias
delas, tuas e minhas
na prontidão da montanha.
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A resposta vem com o ar fecundo 
quebrando o coeso silencio
queimando mil brancos lenços
prevendo o fim dos futuros lamentos.
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Abrigo-me com humildade num ninho,
aprendo a voar como águia, 
correr como água
e seguir o meu guia.
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Até mesmo os artistas porcalhões,
Não deixam jamais sua arte de lado.
Preferem lugares com clima úmido,
Para esculpirem melhor suas melecas.
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Lembra? Vale ressaltar...
Até se derramam as tintas,
até se misturam as cores,
até não se pintam amores.
Mas a tinta não pode acabar.
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Delineei o passado
no caso mais que perdido.
Etiquetei os bandidos
ao som de música clássica.
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Haverá um menino e tornar-se-á bem sabido,
verá tudo se repetindo:
Sorridente - indiferente,
e a alcunha de sobrevivente,
sentará feliz lá na praça
jogando milhos às garças.
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Mudei de século,
moldei o crédulo
e passei a sonhar com as Valquírias.
Vi um mundo sem máscaras
sem muita diplomacia.
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No auge da contradição
os ouvidos não ficam entupidos,
ecoam os belos grunhidos,
do cão são da imaginação.
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Na trilha do som e do cheiro, entre outros planejes, já havia o longo tempo de um asilo.
E saiu, enfrentou, nisso e naquilo, foi certeiro.
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O verde vivente evidente,
fez nuance nos raios dourados do sol,
que surgiam e sumiam
ao bailar de folhas,
no cair de sementes,
da jabuticabeira.
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Os motores aos ouvidos em dores;
os odores do carbono a calhar;
o cruzar de mil pernas;
as janelas com visão limitada;
e a empreitada de ser e estar.
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Talvez não seja minha flor que aflora
mas nem por isso não é fina flor.
Sei por que nunca mais o amor apavora
e por hora só tem transbordado em calor.
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Enfim, nua, nos meus braços, delirante;
dou-te o mel e o mais belo diamante;
dou-te a vida, dignidade,
dou-te tudo;
submerso - submisso - submundo.
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A alma quer plateia, zelonada de estar sozinha.
Ela quer que outros olhos curtam seu curto vestido decotado
o sorriso do rosto com duas covinhas
e todos, mas todos, os seus pelos eriçados.
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A finura precária faz o homem sensato criticar a todos
A mediana faz o homem sensato criticar a si próprio
A abundante faz o homem insensato a permanecer calado.
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A moradia na emoção é o botão de liga/desliga de uma alma incendiária.
---- x ----
A realidade concorre com minhas vertentes,
e elas céleres e insanas sempre chegam na frente.
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Ajude-me a nadar em sua correnteza,
pois fico confortável e feliz; 
tal bela força resistente me diz:
atravesse novamente o oceano e me beija.
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A tempestade não me assusta,
E nem deveria!
Já tive dias terríveis de sol.
Se algo me causa temor,
É perder a inspiração e alegria,
Quando o sol toca e aquece meu rosto,
Ou a água cai do céu no meu corpo.
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A Via Láctea tem cem bilhões de planetas
e eu estou aqui,
muito feliz, radiante, satisfeito
por ter feito contato com você.
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A vida pode ser farpa entre unha e carne, 
um bambu que não quebra com o vento que varre, 
ou estrelas que brigam com o raiar de um dia.
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A vida só é cruel para os inermes
que fazem tempestades em copos d’água
vivendo nas podridões como vermes
fazendo respiração boca a boca em suas mágoas.
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Abril em festa?
- Pela fresta infesta o olhar da inveja.
Com a porta semiaberta ela observa:
não há mais “breja”,
não há igreja,
queimou-se a floresta...
Abril banal.
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Acabaram-se as abobrinhas em minha mente,
Nem se falarem hipoteticamente,
Só verei as bocas mexendo... sem som.
---- x ----
Acontece uma descontrolada mandinga,
Que o mundo se apega.
É doideira querer que o bicho pegue,
E ele pega...
Agora se espera não mais,
Nunca mais,
Sentir o corpo rua abaixo descer.
---- x ----
Acordei acessível... Com novos aforismos - ansiando ouvir tua voz.
Acordei querendo... Ser o ser mais admirável - amar com tenacidade e experimentar tua sensualidade.
Acordei famélico... Querendo me entregar - querendo te possuir.
---- x ----
Acordei com uma lágrima,
No sonho bem claro o rosto:
De pronto sorriso me olhava.
Amigo de praias e farras,
Que o vento levou sem aviso,
Deixando a doce lembrança,
Momentos que não amarelam,
E regam o verde singelo
Desse jardim da saudade.
---- x ----
Acordei venerando a música,
peguei a gaita e o jeito,
não fazemos amor há tempos.
Saiu um blues dos pesados,
melodia traçada nessa harmonia.
Rito e reta, meta e mote - fito o mito.
Sem moda, sem fúcsia, filha única.
---- x ----
Adversidades acontecem
Muita luta e pouco caso
Sensações se perdem
O rabo abana o cachorro
O choro do velho solitário
Mas há de se ter esperança
No coloquial, na criança
Nas palavras que amadurecem.
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Agora há o costume de seguir o próprio caminho,
Escolher as pontes e portas,
Ficar frente a frente com o vendaval,
Sem o aval alheio, sem olheiro,
Sem frase feita e sorriso banal.
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Ah, esses namorados...
são apaixonados interessantes
seus corações, seus romances
amor compromissado.
Fazem loucuras sem limites
paixões ardentes sem juízo
só aceitam improviso
não aceitam palpites.
Ah, esses amantes...
é sem vergonha essa entrega
dizem que dá náuseas – dizem que dá raiva
e quase sempre causa inveja.
---- x -----
Ainda bem que ninguém taxou de domínio
Pois com o meu cheiro, marquei o terreno
Mostrei os caninos ao meu cruel inimigo
Dediquei-me na íntegra a ser feliz ao extremo.
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(...) continua...

André Anlub

Dueto da tarde (CCI)

VIDEO - Visão dos franceses sobre o sistema de transporte do Rio de Janeiro em 1958. Documentário sensacional sob todos...
Posted by Rio, ontem e hoje on Sexta, 10 de julho de 2015


Dueto da tarde (CCI)

O pensante não pensar para não pesar a consciência, deixa, apesar de tudo, um pesar enorme aos companheiros não pensantes passantes.
É tudo uma questão de não questionar, talvez. Ou de questionar sempre, talvez. Uma questão de deixar tudo em paz. Ou de fazer a guerra certa.
No grande mapa da questão as fronteiras não estão visíveis. Há o risco enorme de um bombardeio por acidente ao campo amigo.
Um regimento de entendimentos combate os desentendimentos e sofre baixas terríveis, a Cruz Vermelha não para de trabalhar.
As pedras rolando indicam que nem sempre se pode ter o que quer, mas deve-se sempre continuar tentando. Há quem prefira a calmaria do fluído rosa decorando o interior do corpo.
Há quem prefira não ter que preferir, leva a receita na farmácia e aceita o que venha do outro lado do balcão. Mas as pedras sempre rolam.
Qualquer remédio é bem-vindo, satisfatório e de efeito garantido quando mesmo enxergando se é um cego para a doença que nunca existiu.
Qualquer remédio é a ilusão da cura, qualquer saída é uma ilusão de sair, de não estar mais ali. E sempre se leva o ali junto. Não há outro ali afora quem o criou.
O pensante por um instante pensou em passar a não ter mais pesar em pesar suas atitudes. Mas acabou deixando para lá.
Deixar pra lá também leva o ali junto. Mas quem se importa, se o farmacêutico aceita a receita e deita sabença sobre seu efeito?

Rogério Camargo e André Anlub
(13/7/15)

Dia Mundial do Rock



Primeira alvorada de inverno
(Madrugada de 21 de junho de 2015)

Um pouco frio, mas tiro de letra. Temperatura caiu bastante; acho que pela noite marcou vinte e um graus, e agora, na madruga, deve estar uns dezessete. Para aqui, no Ceará, já é frio. Estou com os fones de ouvido ouvindo Coda do Led Zeppelin. O silencio “lá fora” está assustador, nem os gatos, os sapos e os grilos pisaram para fora de casa. É, o rock está pesado. Lembro-me de quando comprei esse disco, ainda era LP, “bolachão”; comprei na Modern Sound da Rua Barata Ribeiro em Copacabana. Era freguês da loja, passava quase todos os dias para saber as novidades, pois eu morava há muito tempo bem perto da mesma. Apesar de ser cliente assíduo comprava pouco, pois sobrava tempo, mas faltava grana. Lembro-me de ter escolhido este álbum porque estava “fresquinho”, havia acabado de chegar no Brasil. Comprei e ele fez moradia – ficava direto na vitrola do meu quarto –, se eu ou os amigos fossemos escutar outro disco, colocávamos por cima dele (uma espécie de obsessão púbere insana)... Mas, voltando ao real, ao aqui e agora, ao frio que não é frio: são duas da manhã e nem me arrisco a ligar a televisão (vai que tem um filme bom), prefiro escrever, escrever e escrever... pois o sono forte está chegando, e se eu me arriscar a ler irei dormir e babar no livro. Para mudar de assunto assumo um pequeno problema: cai em um dilema entre dois amigos (estou dividido e mal pago); os dois brigaram, um acusou o outro de uma coisa um pouco grave. Bem, seria fácil resolver: cada um com seus problemas... Mas sou amigos dos dois, sendo que de um deles acho que a amizade ficou mais do meu lado (mas ele ainda me trata muito bem); ele é aquele tipo de pessoa que necessita de bajulação, de que as coisas sejam bem próximas só do seu agrado, mas já havia me acostumado com isso e aceitado os seus defeitos (até porque os meus são bem piores). Por outro lado o outro amigo é mais flexível, mais direto e a amizade sempre foi mais franca. Os dois eu conheço há mais de vinte e cinco anos; os dois são parentes entre si e meus irmãos de coração; os dois me remetem a um passado maravilhoso, com um vínculo, um leque, uma chuva de outras amizades magníficas que vieram juntas e que jamais esquecerei. 

André Anlub


Manhã de quase Natal - “bucolicozidade”
(Despedida V e VI) 
– On voit la raison pour laquelle aucune Wanes, on parle de mariage - mystères; débuts liés sans fin ou sans, donnant ainsi le nom de la vie.

Veemência ao máximo, mas a corda ruída; troca-se a música erudita por um rock pesado. Na beira do abismo, com o pensamento equivocado, constrói-se o equilíbrio conforme a necessidade... e atravessa-se o vale:
Agora se vê cedros secos e regadores lotados d’água; ave cinza voando ao redor de arco-íris. Foca-se a íris em bocas que com todos falem – palavras inexatas – incoerências em dialéticas.
E retorna-se à corda, não se sossega o facho: acorda os olhos, pois agora é real perigo; nostálgico tempo, vento e desabrigo... pede-se o ofuscamento, pois coragem em andamento... o sangue corre quente e rente à corda balança a mente.
(troca-se o rock alto por Ron Carter e seu contrabaixo)
E acorda-se do sonho, agora voa-se baixo: céu encoberto, nuvens à vera, ventos fortes de leste varrendo a estação; o sol quente que preste, a cachoeira à espera, nos poemas – quimeras; para as feras, oração. (fica Ron Carter e seu contrabaixo).
O sol parou de lascar seu beijo quente no asfalto, fim de tarde em mais um dia; ônibus passa, crianças voltam a brincar de bola, roupas voam nos varais e levam o cheiro do café e pão frescos; pessoas passam com suas sacolas e o bucólico torna-se culminante.
Viajo no espaço por um instante, meu corpo suado – estafado – planeado, quase que quase atravessa o país; o cheiro da minha casa penetra o nariz... fina flor que invento para a comodidade. As pernas hoje pediram longa rua, queriam andar e ver novos caminhos; sons se repetem, as horas ecoam sozinhas e o tempo estaciona e me açoita nas nádegas. Meus olhos buscam novos rostos, tristes ou alegres, mas novos: olhos e rostos. Amanhã tomarei coragem e o café bem quente, irei à luta, sair novamente, quero rua. A perpendicularidade do raciocínio chega a desafiar a gravidade; nem sei a gravidade desse desafio, prefiro distrair minhas ideias, escrever. Amanhã é outro dia, é nova sexta-feira... o tempo vai ter que mexer e me mexer. Foi dada uma pausa no ponteiro dos segundos, é aquela noção de congelamento; senti-me voando num céu de brigadeiro, vendo as formigas da cidade grande. O alerta foi dado ao público, nisso, nessa, nossa, “bola”; o amor pode estar parco e não é desesperança (é realidade). Então façamos assim: mais afeto/abancar coragem, engraxar engrenagens, largar a flecha e o arco, pegar os rumos, pegar os remos e flores, abarcar e embarcar nos amores; e “de quebra”, no majestoso barco. 
Tiraram a pausa do ponteiro, acabaram com o imbróglio; vou por meus pés na estrada.
A vida é curta quando é corte; a vida é longa quando é logo. 

André Anlub

Dos puros ares

A SIC foi à descoberta de Portugal. Reveja paisagens, monumentos e uma grande variedade de atrações turísticas e...
Posted by SIC on Terça, 13 de janeiro de 2015


Dos puros ares
(André Anlub - 20/5/13)

Encontrei-te em um dia frio
no desvio que peguei na vida.
Enfim fechei a penosa ferida 
e a paixão tomou conta do ar.
E esse ar de ingênuo sonhar
penetrou pelas quentes narinas
invadiu meus pulmões, fez inflar
chegando na corrente sanguínea
como um rio que desagua no mar.
Não tem mais vil acordo
e no meu sangue que estanca
acordo da vida vazia
corto a corda da forca fria
e flerto com a flâmula branca.

No sofá de uma sala

O amor é a maior das certezas
e mesmo assim
acontecem infinitos equívocos.
Não se fala em outra coisa
em todos os lugares
em bares, ginásios, tablados
basílicas, praias, boates
iates, aviões ou carros.
A bola gira, cabelo cai
o amor derrotado 
flecha no peito
faca nas costas
o bobo da corte coroado.
A imagem escureceu
os braços ficaram pesados
e nada mais se pode fazer.
Há um enorme e frio buraco
onde o eco cantarola sua fala
e no perceber que chegou ao profundo
vê-se sentado no sofá de uma sala.

12 de julho de 2015

Pablo Neruda (Parral, 12 de Julho de 1904)

Pablo Neruda (Parral, 12 de Julho de 1904 — Santiago, 23 de setembro de 1973) foi um poeta chileno, bem como um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX e cônsul do Chile na Espanha (1934 — 1938) e no México. Neruda recebeu o Nobel de Literatura em 1971.



Pablo Neruda nasceu em Parral, em 12 de julho de 1904. Era filho de José del Carmen Reyes Morales, e de Rosa Basoalto Opazo, morta quando Neruda tinha apenas um mês de vida. Ainda adolescente adotou o pseudônimo de Pablo Neruda (inspirado no escritor checo Jan Neruda), que utilizaria durante toda a vida, tornando-se seu nome legal, após ação de modificação do nome civil.1

Em 1906 seu pai se transferiu para Temuco, onde se casou com Trinidad Candia Marverde, que o poeta menciona em diversos textos, como "Confesso que vivi" e "Memorial de Ilha Negra", com o nome de Mamadre. Estudou no Liceu de Homens dessa cidade e ali publicou seus primeiros poemas no periódico regional A Manhã. Em 1919 obteve o terceiro lugar nos Jogos Florais de Maule com o poema Noturno Ideal.

Em 1921 radicou-se em Santiago e estudou pedagogia em francês na Universidade do Chile, obtendo o primeiro prêmio da festa da primavera com o poema "A Canção de Festa", publicado posteriormente na revista Juventude. Em 1923 publica Crespusculário, que é reconhecido por escritores como Raúl Silva Castro e Pedro Prado. No ano seguinte aparece pela Editorial Nascimento seus Vinte poemas de amor e uma canção desesperada, no que ainda se nota uma influência do modernismo. Posteriormente se manifesta um propósito de renovação formal de intenção vanguardista em três breves livros publicados em 1936: O habitante e sua esperança, Anéis (colaboração com Tomás Lagos) e Tentativa do homem infinito.



Dueto da tarde (CC)



Dueto da tarde (CC)

Esperar que o dia seja o que o dia não é dói e continua doendo.
E dentro de possíveis adendos, o mais fiel e fatal: somente siga vendo.
Tropeçou? Levanta, limpa a poeira, passa um mertiolato nas feridas e segue o baile.
O dia não espera nada dele ou dela ou de ninguém. Aguarda o abrir das janelas e o andar das canelas.
O dia vai adiante consigo mesmo. Todos deveriam ir adiante com o dia. 
Aos cegos o calor e a energia em braile; aos notívagos a bateria que se recarrega ao sono.
O sol não para para lembrar ninguém dessas coisas. Essas coisas não param quando param de lembrar delas.
Sobram sombras de gigantes e pequenos em movimentos ou inércias; sobram sombras adversas e favoráveis em pinturas singulares que só com a luz pode nos brindar.
A luz do dia cumpre sua obrigação. Esperar/desesperar dela mais que isso é não ver a própria obrigação.
Flores e odores, tanta gente e as coisas de tanta gente, marés cheias e vazias, cachoeiras, desertos e nostalgias... Esperar ou não esperar deixam o sol mais quente?

Rogério Camargo e André Anlub
(12/7/15)

Bucólico Eu

F❤CKING HERO of NOWADAYS!!!O.M.G!  REAL F❤CKING HERO of NOWADAYS!!!➡ Big Thanks for video: https://www.facebook.com/shtompelphotography#hero #gopro #omg #needforspeep
Posted by DJ MISS FTV on Segunda, 27 de abril de 2015


Bucólico Eu 
(André Anlub - 30/10/14)

Um bardo e suas moças, suas musas,
São suas asas em êxtase – motor propulsor;
Buscam paixões arquitetadas, minudências focadas,
Na alma, no corpo e no papel...

No entanto e no intuito elas extravasam nuvens, 
Voam assim: avivadas e soberbas, plumas,
Buscando a veemência – a coerência, ao léu.

“Buarqueando” – como não falar de Chico?
Se a moradia na emoção é o botão de liga/desliga 
de uma alma incendiária. 
E por falar em musas... são obsoletas? são absolutas? algumas reais:
“A Marieta manda um beijo para os seus...”.

Agora, veio-me a mente “Cecília” 
(nome da minha mãe);
Mas vivem muitas na permuta aos olhos do poeta;
Tornam-se paixões, canções, tentames, rabiscos infames. 
Fragmentos do meu bucólico Eu. 
(que nunca se completa).

11 de julho de 2015

Dos Pragmatismos

Buenos dias!
Posted by Koz Palma on Sábado, 11 de julho de 2015



Dos Pragmatismos
(André Anlub - 12/3/12)

Na sua cabeça a filosofia deveria estudar somente o que faz diferença na vida, descobrindo com isso vários âmbitos de largada; limitando-se então a um ponto de chegada, e se não houver um efeito prático para tudo, não há saída. Não consegue se olhar no espelho, o mesmo não significa absolutamente nada... só perda de seu precioso tempo – na calada da noite é só mais um insone hipocondríaco – não escreve emoções, até duvida de tal coisa – caso pinte um quadro, será nada além de tintas, cores, em uma tela branca. Seu bom dia é frio como o inverno mais gélido; o maior desafio é uma perda, dor (jamais aprendeu a lidar com isso). É contra a ciência só para desenvolver a ciência, tem que haver um objetivo social coerente; na sua experiência de vida discorda de ideias inatas, pensa que hipóteses são inexistentes. Enfim descobre que esse frenesi mental pode deixá-lo doente, uma praticidade do exato que não é nada prático.

Bertrand Russel considera a filosofia pragmática estreita: “rouba da vida tudo que lhe dá valor e torna o homem menor, desprovendo o universo de seu esplendor”.

A priori a certeza vem e fica

Um vídeo que fala sobre privilégios. Se você não tem consciência do seus ou acredita em meritocracia, deveria fazer este...
Posted by Empodere Duas Mulheres on Sexta, 10 de julho de 2015


A dialética do homem atual é transformar em filosofia coisas óbvias e lógicas, e deixar de lado o que é de suma importância ser debatido.

A priori a certeza vem e fica
(André Anlub - 7/6/13)

Os olhos negros, ressecados
daqueles que observam os indecisos.
O sapato novinho, engraxado
o uniforme impecável, passado.
Sem esquecer-se da pólvora no colarinho.

Por outro lado...
Um homem com mais conteúdo era taxado de insano
à toa, perdido na praça.
Mas é apenas um filósofo sortudo, gente de raça
com seus versos de paisagens, amores e enganos.

Dois homens em duelos
dois encargos de diferentes elos.

De um lado do ringue o opressor
dos senhores, senhor
de árvores raras, lenhador.
A criatura ignóbil.
No lado oposto a emoção
que não alimenta rótulos
nem quer ser oprimido
tampouco opressor.
O quebrador de invólucros.

A espada é erguida 
em alguns pontos do planeta.
Logo em seguida
freneticamente
derrama-se tinta...
Da lança chamada “caneta”.

10 de julho de 2015

Correm as águas

Senhora e Senhores, com vocês Edgar Duvivier e Chico Buarque...
Posted by Mano Melo on Sexta, 10 de julho de 2015


Correm as águas nervosas e frias
delas, tuas e minhas
na prontidão da montanha.

A resposta vem com o ar fecundo 
quebrando o coeso silencio
queimando mil brancos lenços
prevendo o fim dos futuros lamentos.

Nasceu em águas apaixonantes (disse alguém) a poesia.
Num cenário emoldurado que consagrou a cria.
(entre cantos, entre tantos, por ironia)
um poeta de amor sofria.

O corpo se contorce nas belas curvas do mistério
e meu universo se entorpece em um minuto.
Vejo minha vida, sua verve - seu externo.
Rogo amor eterno e me completo absoluto.

André Anlub

A poesia tirou-me de um sujo e apertado buraco

An update from Roger:
Posted by Pink Floyd on Sexta, 10 de julho de 2015


Desenredou como que livrando-me dos sujos poços
lavando-me e deixando-me no fino trato.
E a alma, que até então perdida, renasceu
colocando farta comida no prato
e de fato sepultando os ossos.

A poesia tirou-me de um sujo e apertado buraco 
e jogou-me num asseado e extenso espaço:
- Meu muito obrigado!

André Anlub
(9/3/14)

A tal da saudade

Elas não andam mais só! Todo dia tem mulher na água, em todo o tipo de onda, com todos os tipos de prancha. O surfe feminino brasileiro cresceu, e está muito bem representado no Off. Confira o vídeo:
Posted by Canal OFF on Sexta, 10 de julho de 2015


A tal da saudade

De todos os sons
nada mais valia;
meu rock, meu jazz,
o doce do blues,
nem qualquer feitiçaria.
Minha cara metade,
cálida mulher,
jardim de vida:
ação – amor – afeição,
motor propulsor
e motivação...
Fiel agasalho – elixir,
sua voz é pronuncia,
mel – música,
que não canso de ouvir.

Acordei venerando a música,
peguei a gaita e o jeito,
não fazemos amor há tempos.
Saiu um blues dos pesados,
melodia traçada nessa harmonia.
Rito e reta,
meta e mote - fito o mito.
Sem moda, sem fúcsia,
filha única.

André Anlub

Letargia



Letargia

A depressão lhe caía ao corpo, lhe corroía as entranhas, doía todos os músculos, juntas e ossos, cegava os olhos e secava as artérias e veias; a depressão o fazia um tudo tardio e torto, era nua, vil e absoluta, era o toldo à chuva, era de tudo um nada e daquilo e daquele inquilino mais tosco e fosco, um todo; a depressão lhe subia senil do chão ao alvo que era o alto, bem no alto da ponta da cabeça; sugava-lhe o sangue, o suor, a saliva da boca, a seiva do sexo, e desbotava todos os brilhos, os bagos, os beiços até que escureçam; a depressão já chegou a tempo e lhe tapou os tímpanos com seu tampão tempestuoso; arrancava-lhe as pálpebras, os pelos e cabelos, desmascarava suas ilusões, seus enganos e seus festejos, o bolinava e brochava ao extremo, o fazia enfermo, ínfimo, verme, vesgo; a depressão podia até ter boa intenção, mas bem no fundo à esmo; era verduga, verruga e veneno.  Mas e a garrafa? – A garrafa acabou e o copo secou. Não sobrou sequer um comprimido amigo, um som de piano, um ano pela frente, ou um enterro decente com carpideiras e enchentes; nada... nem um pano sujo com éter ou clorofórmio... nada, nem os coliformes fecais sobreviveram... nada, nem a cola de sapateiro, nem o padeiro gritando: pão!; nem o leiteiro gritando: flor!; nem o mendigo pedindo esmola e nem a bola do guri João. O dia rasteiro veio à sua busca, dar-lhe um sorriso sem anistia e lhe cobrir com um manto negro e tão grosso que asfixia... A noite vem chegando, mas não vai dar tempo de vê-la em vida, pois a sofreguidão é tamanha que lhe come a pouca e qualquer expectativa. É o fim do mundo, é o fim de tudo: a depressão já fez outra vítima, endureceu a carne e enrijeceu a língua; a depressão abandona o corpo e voa sem sina na brisa... Mas soa um aviso à redondeza: não fechem as janelas – não temam as feridas.

André Anlub
(10/7/15)

Dueto da tarde (CXCIX)



Dueto da tarde (CXCIX)

As teorias da vida pareciam simplórias aos olhos nada clínicos do “bon vivant”.
Ser “bon vivant” também é uma teoria. Se é cínica, ele não decidiu ainda.
Assume suas contradições – quando tem tempo; sorri e debocha do sistema – quando há tempo.
Coça os dedos dos pés com os dedos dos pés. Palita os dentes e masca o palito, ficando com lascas entre os dentes... 
Em terras dos “tudo pode” não se pode ficar empacado. Até pode! Mas com bastante contradição e sem intenção alguma, estimula e dá o molde de como sair da vadiagem.
O vazio do vadio. Obra complexa. Complexo de obreiro. Burro parado não ganha frete. Mas é o burro quem ganha o frete?
Vai à frente, mas sem dinheiro. Puxa o peso, mas ganha desprezo. O burro come e dorme como pagamento, igual a muita gente.
Isto é ser “bon vivant”? Ele dá de ombros e um pequeno chacoalhão na carroça.
Pessoas assim não estão em extinção. Burros e burros e espertos não estão em extinção. O que são quase raros são os sinceros.
Sinceramente deixa que escorra o suor do dia pelas pontas dos dedos e recosta a cabeça no travesseiro da aceitação.
Agora, relaxado, veio claramente, após uma súbita explosão, toda a teoria da vida; sua vida não foi nem é em vão. Está em vãos, em devaneios, e simplesmente carece de pouca reflexão.
“Deixa pra lá’, é o máximo de filosofia que alcança, depois de um dia puxado puxando sua carroça de descompromissos.

Rogério Camargo e André Anlub
(10/7/15)

Manhã de 10 de julho de 2015



Mais um dia: a fruta e a luta, o real e o irreal, o Dólar e a bola e algum Real.
(manhã de 10 de julho de 2015)

É, agora sim, agora veio o dia, e dia lindo! Nessa manhã que parece ser só minha, manhã razoavelmente fria, entre o sul e o norte esconde-se minha verve; às vezes está fria, não está no cio, fica cega – não nego –, e não ferve, mas sempre serve. A meu ver – e a meu vil direito de reclame – ela me faz estar em uma hecatombe (usando de extremo exagero); mas pouco tempo dura esse sacrifício; pouco tempo de descanso, de repouso, de ostracismo; pouco tempo de teimosia, de heresia, de “vem – viria” –; acordou! A verve já põe os olhos no tempo, à faca na bainha, pistola no coldre, a espada na mão esquerda, uma flor na lapela, a bandeira branca na mão direita e o coturno de guerra no intuito interminável da paz. Com uma estrada limpa por sobre as nuvens, caminha levando uma chuva seca – chuva de inspiração; o bem-estar, o ar puro e renovos cautos/incautos e encantos, pelos canos e canyons – a todos os cantos. Vê-se então a ocasião de estacionar em uma região, de brotar o amar e cantar com os pássaros e dançar com os ventos e balançar com a natureza e sorrir com os rios e mares; e nos altares suspensos da imaginação: brotar. Nessa manhã agora não tão fria, meus pés ainda gelados pedem para se exercitar: corrida. Sinto a ausência de cansaço, mesmo tendo dormido tarde e despertado às cinco e meia, perdido o sono – o sonho – perdido o embalo; mas ganhei o dia mais longo, esses singelos rabiscos e algumas leituras; ganhei o nascer do sol e sua luz afetuosa que entra aos poucos, com o olhar do céu azul – um azul tão belo com sua benção que desce e me afaga enquanto faço o alongamento matinal. É, agora é dia e como já disse um dia: lá vem ela: essa bela e insistente luz que entra pela janela e me convida para sair e viver.

André Anlub

9 de julho de 2015

manhã de 9 de julho de 2015



Na ponta da língua os amores; no resto da boca as paixões
(manhã de 9 de julho de 2015)

Já não seria de ontem, de hoje, tampouco sonho ou alucinação. Vejo os sorrisos e os prantos, juntos, balanceados e divididos pela emoção. É digno como pimenta calabresa temperando meu peixe de domingo – de segunda –, até sexta. Fato armado, direto, explícito... Poesia faz isso comigo: me esfaqueia, me beija, quebra meu queixo com um soco direto no queixo – nem me queixo –, me quebra ao meio, me quebra em meio à calmaria – quer que eu chore ou ria –, me flecha e me fecha com uma placa escrito: rua sem saída (mas com saída... e muitas, de todos os jeitos). O básico já estaria de bom tamanho: amá-la mais que tudo. Mas vislumbra-se mais e mais, vislumbra-se tudo – goiabada com queijo, e de búfala. Facas, faces, inicialmente e finalmente nas entrefazes da escultura do próprio ser; seria um ser mutante? Seria um ser pensante? Já não se sabe o que seria e nem sei o que eu seria sem poesia (e nem quero saber! mas não espalha). Abro as cortinas do agora, do agito, da zorra, da zorra, mas que zorra... Vejo-me escrevendo em uma praia quase deserta; vejo-me de sunga escura, ou azul, verde e amarela; sunga branca, pronto – ponto! Os pés sujos de areia, o mar batendo calmo, uma sereia (ai já é sonho, ou vai dar samba), o sol de começo de dia, gaivotas voando, e só o som do mar (que não é samba). Dentro da minha mente um grito em cântico, um toque alto – mas baixo –, para não atrapalhar. No bloquinho nada branquinho meus emblemas, meus problemas, esquemas, “esquentas” e soluções; em ação minha observação de tudo que chega a conclusão de nada; minha vida exposta, mas um outro Eu que já nasceu ou vai nascer, em outra encarnação... tudo fingido e tingido, pintado de prata e todas as cores, e emoldurado e endiabrado e com um som de fundo... tudo  junto aos talheres e saladas, aos copos com vinho tinto e um tanto de pães de "alhos" – e algo (s) mais – tudo cercado por pinturas, partituras, e Beethoven e cães latindo e cães felizes e mendigando uns pedaços... tudo na mesa... absolutamente tudo na mesa... com um toque de azeite extra virgem e pimenta calabresa... tudo na mesa.

André Anlub

Hakuna Matata

Uma filmagem que revela a rotina nos campos de trabalho forçado durante a Segunda Guerra Mundial foi descoberta por uma...
Posted by TV Brasil on Quinta, 9 de julho de 2015


Hakuna Matata            
(André Anlub - 1/4/12)

Todos nós temos nossos gritos de guerra. Uns saem com veemência do âmago e atinge altas altitudes, outros são soturnos, mas nem por isso tem menos força; cada qual depende das pessoas e suas vicissitudes; a cobrança exacerbada e permanente que passamos na nossa vida.
Algumas portas que não se abrem e algumas estradas sem saída... fazem cada vez mais ser comum a convivência com tais gritos; quem nunca sentiu aquela imensa vontade gritar bem alto... a cada lágrima de amor que cai em insistência... cada punho cerrado de raiva por um calote que levamos... os inúmeros deboches estampados na cara da vida... mesmo sabendo que tudo é intrínseco desde a nossa nascença. Cada qual encara os problemas da sua maneira; o tropeço jamais deve merecer apreço; o inimigo jamais deve trazer perigo. Preto no branco, e se a coisa está preta, o branco prevalece na nossa bandeira.

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Boneco de engonço



Boneco de engonço

Vivia teleguiado pela mídia e suas filiais
Encontrava resposta para tudo nos seus tele jornais
Indignava-se e sozinho resmungava sobre o bem e o mal
Sua opinião mudava conforme ele mudava o canal.

O ibope era o único divisor de águas que havia
As palavras saiam ao vento diante da televisão
Não sabia que era um atrapalhado boneco de engonço...
Nem que estava em cárcere com a corda no pescoço.

O pior cego às vezes é o que quer ver
Regando as mazelas da vida e as vendo crescer
Sem saber que muitas informações são manipuladas
E outros mil escândalos nunca darão em nada.

Temos que esmiuçar sempre o conhecimento
Lendo e relendo o que sabemos ter idoneidade
Saindo dos muros de letras que nos prendem em nossas cidades
Indo voar e se banhar em outras chuvas e ventos.

André Anlub (2011)

8 de julho de 2015

Dama

Pesquisas buscam definir estilo e parentescos culturais da escritora Carolina Maria de Jesus
Posted by Pesquisa Fapesp on Quarta, 24 de junho de 2015


Dama (resolveu decorar o orbe de dentro e tornou-se bem mais feliz)

Dama de fé famélica que vive o amor como um Deus. As ações são suas vozes, seus céus, versos e véus. Meramente faz e jamais quis fazer parecer; cala e desmascara os atrozes que respondem com vis falações. Para falsos profetas macabros sorri com benevolência, pois sabe que são desumanos de mero vocábulo que voam sem asas/rumos e pousam fazendo injúria aos castos no frio e quente deserto das aparências. Agora tem visão menos turva/suja, deixa que pisem na uva; sabe que curará o desalento, pois é mais fácil deixar cair dos olhos a chuva. Cansou-se de elevar ao céu suas mãos e engasgar-se com o medo, ébrio e hipocondria; supre a dor com o comprimento de um comprimido comprido, levanta e não cai de joelhos ao chão. Dizem que deuses a amam e o resto do mundo não. Todos os elos da corrente foram tomados pela ferrugem. Águas molham, aos outros ungem; palavras incertas, ditos incoerentes. Com seus cabelos ao vento que acabam levando a vida, à partida fez-se momento – um lugar bom será sempre bem-vindo. Como sabe de seus erros; como finge indiferença; como nega os zelos; como sofre com suas crenças. Dedão nas orelhas, mãos espalmadas e língua à mostra: armado o circo pede socorro – com cegos olhos solta o pranto... Perdeu a fé e quer a forra. A estandardização já estava imposta: olhos, altura, cabelo, ouro e muito mais... Atrás da porta ela sorri aos mal/bem amados; pois não carece seguir quaisquer padrões. O seu viés é fulgente; destrincha possibilidades de dedos apontados a ela; indiretas não se criam, tampouco fulminações... É osso, osso duro, puro osso, salgado, forte, osso dos bons. Na infância não se sabe qual foi sua história, mas jamais sujaram sua imagem com obscenidades eloquentes. Gente simples, fiel e aberta, que sempre foi/é o que quis. Bebe água, café e cachaça no copo velho de geleia. A masmorra foi anunciada para todos como paraíso, coberta de rosas pulcras, ostentações e múltiplos coloridos artifícios: como heras, vinham amores por fora, trepando; como feras, vinham rancores oclusos, clamando; como vinho, errantes inebriantes que, como antes, foram feridas no agora... Travestida de verdade estava em êxtase incondicional, tinha no seu exército fiel guarida, mas a inglória da própria imagem em paradoxo, em avejão. Hoje vem novamente da escola da história; aquela sofrida – ou nem tanto. Passa e vê a rasteira do capoeirista que entorta a pista ou somente seus olhos; lê enquetes no céu sobre cores do tempo, sobre sofrimentos e fortunas, casos eternos em uma bolha chamada: “talvez”... É algo mais ou nem tanto. Sente o cheiro de grama encharcada, mato irrigado, estrume fresco. Pois bem, está em casa, enfim. Acendeu a lareira, o incenso, a ideia; viu o moleque descendo a ladeira nesse frio congelante e inventivo sem casaco, calça quente, gorro, dente, família. Deu um nó na garganta, não conseguiu cantar; resolveu fazer a oração, calada; antigamente era mais fácil ser enfática, fantástica, fanática, fantasiosa e sonhadora. No momento o tempo abre, o sol brota tímido e nuvens quase se transluzem – dando para ver a felicidade. Os Anjos trazem alguns rabiscos: folhas sem nada, mas com tudo ali. Foi o mundo ao avesso no desapresso de pressas. O pensamento ligeiro deixa rastros de onde nunca passou, enquanto o mar, seu amigo, lhe aguarda à próxima visita. Sonhos vão aquém/além do tempo presente; pode ver tão claramente um fato nunca consumado, água nunca bebida e a sede que sempre houve. Vê agora versos com enormes asas, que anseiam serem pegos/usados/lidos. Há pedras no chão que formam dores antigas e/ou novas e, como não pode deixar de ser, também faz parte do cenário. A peça de teatro irá ao ar. Abre e fecha de cortinas, rotineiras rotinas e acasos em novidades... A Dama tudo vê, e vê que tudo é para alegrar a alma. Expôs o que é para ser exposto, e com gosto. Pôs-se o que era pus e cicatrizou em casca mais forte e duradoura. Escreveu só para fazer graça/graxa; engraxar o texto e sua testa. As corredeiras a chamam, as águas a chamam, o sol está no ponto e o céu bate ponto: mais azul do que nunca. O tempo lento e o som ínfimo, lamentos enterrados e lamúrias aos ventos; a distância entre o entrosamento e o ensejo é breve momento. Cortinas de todas as cores se fecham... Hoje a Dama sou eu, amanhã talvez... Hoje houve sonho, como sempre haverá.

André Anlub

Dueto da tarde (CXCVIII)



Dueto da tarde (CXCVIII)

Quem veio com a chuva também trouxe um perfume, o perfume da chuva.
Veio o velho vinho seco, com o paladar faceiro, do que um dia foi somente uva.
Por alguns momentos quem veio com a chuva esquece que veio com a chuva.
Olhares lavrados nas jornadas da vida; nas fornadas dos tempos: vindas e idas.
Um olhar para o talvez, outro olhar para o quem sabe e o vapor do que ainda resta exala-se.
A chuva inverte seu foco: sobe à vista e desce invisível. O vinho inverte seu foco: torna-se fruto puro e nasce inebriante.
Uma leve tontura envolve quem veio com a chuva. Mira reflexos nas poças d’água e ri.
O sorriso, o jasmim, o molhado no seco e o vinho seco – terras de um sem fim. Sem fim do hoje e do agora que mira as poças secas e chora.

Rogério Camargo e André Anlub
(8/7/15)

Algumas histórias - Parte III

Essa animação em stop motion foi baseada no livro “As aventuras de Mark Twain – O estranho misterioso” e utiliza belos...
Posted by Bar do Ateu on Quinta, 2 de julho de 2015


Algumas histórias - Parte III
(André Anlub - 11/3/12)

Denomino-me um amante inveterado
Dos bons e velhos jazz e blues.
Gosto dos clássicos, dos solos, dos básicos - dois polos.
Ainda tenho uma velha e boa vitrola
E não abro mão de ouvir o que mais me apetece e inspira.

Com fone de ouvido navego em uma nau;
Na minha cadeira do escritório
Entro em um mundo de alvedrio,
O Nirvana auditivo é notório.

Denomino-me também um apreciador do novo suingue,
Das boas bandas e vozes contemporâneas do som...
Serei até redundante ao me exprimir por completo:
- ínfima minoria que obteve o tom.

Em uma casa de shows temos a pureza exata...
Dá para ouvir cada nota - cada entonação.

Em um grande estádio todos num só coração:
- o palco - o espectador
Energia e diversão.

A música sempre me remete a momentos...
Bons – ruins – bem vividos.
Em hipótese alguma motiva lamentos
Pois nada de pênicos são meus ouvidos.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.