17 de maio de 2015

Ótima tarde de domingo a todos.


Preconceito pela prostituição é um dos mais hipócritas existentes. A pessoa se casa com outra por dinheiro, tem filho – cria da melhor maneira possível –, o filho cresce em um lar religioso (ou não) e o casamento dura a vida toda. Esse filho, por sua vez, pode vir a demonstrar tal preconceito – às vezes pelo subconsciente, outras por ignorância ou até mesmo ingenuidade, – mas nada nesse todo, em absoluto, apagará o fato que a pessoa que o criou se prostituiu em um passado remoto. 

Não devemos esconder dos nossos filhos o que julgamos certo e errado (a nosso ver). Só devemos mostrar-lhes de maneira honesta, tolerante, clara e justa. Sem preconceitos, ódios e sem rancor e prepotência.

Em tempo, existe a prostituição velada e a exposta. Mas nos dois casos a prostituição está lá.

André Anlub


"É maravilhoso ter algo pelo que lutar, ter um horizonte"Às 16h30, no Sangue Latino, @Marcia Scantlebury , vítima da...
Posted by Canal Brasil on Domingo, 17 de maio de 2015

Dueto da tarde (CLVI)

"O mito Kelly Slater, o fenômeno John John Florence e o ex-top Ross Williams aproveitaram o dia de ontem sem competição para um free surf em Copacabana. O mar estava com ondas pesadas e difíceis até mesmo para eles, mas mesmo assim mandaram bem!"

John John Florence x Kelly Slater em Copacabana P5Bem-vindos ao confronto entre o Homem e o Garoto!O mito Kelly Slater, o fenômeno John John Florence e o ex-top Ross Williams aproveitaram o dia de ontem sem competição para um free surf em Copacabana. O mar estava com ondas pesadas e difíceis até mesmo para eles, mas mesmo assim mandaram bem!Confira o ~duelo~ no vídeo :D #vemprapraia #riopro #wsl
Posted by Canal OFF on Quinta, 14 de maio de 2015


Dueto da tarde (CLVI)

Quero fazer um poema para ter um poema depois, quando pouca coisa tiver.
Dentro do talvez e do até, achar matéria-prima para uma rima muita ou qualquer.
Como quem sai da sombra e agarra docemente todo o sol que puder.
Baú e as gavetas abertas, papéis revirados em mil verves incertas.
Sutilmente seguindo um rastro de estrela, uma réstia de lua, um perfume de mulher.
Olhos em preto e branco – que se foram; alternativas multicoloridas – agora abertas
Como os braços do céu esperando o cometa que lhe convier,
Como a vida servindo em colher uma sopa de infindas descobertas.
Quero fazer um poema que seja a sopa, que seja a descoberta e que seja a colher.
A mente descansa correta, pois a criação oculta se faz inteiramente concreta.
É como a alma da alma passeando livre e desimpedida por onde quer.
A flecha em chamas indo a esmo pela chuva, entre curvas de rios e ruas no alvo acerta. 
E enquanto queima o que se deixa queimar com resignação, abre os olhos para não ver
E enquanto não teima em não querer ser o que é, faz nascer e renascer sua poesia e o seu poeta. 

Rogério Camargo e André Anlub
(17/5/15)

16 de maio de 2015

Madrugada de 15 de maio de 2015



Inteiramente a favor de sempre persistir neutro... Até mudar de posição. 
(Madrugada de 15 de maio de 2015)

Acho que a era das raspadinhas passou. Ontem fui tentar a sorte e não achei nenhuma à venda. Não, não é trocadilho... Foi real. Cheguei à lotérica e não havia uma raspadinha sequer colada no vidro do caixa ou pendurada na banca de jornal logo em frente. Simplesmente sumiram! – Mas vamos ao que interessa, ou nem tanto... Hoje no trivial banheiro matutino fiquei pensando em quantas estradas escolhemos ao longo de nossas vidas; quantos caminhos dentro dos caminhos, quantos atalhos, ruas desertas, muros altos e baixos tivemos que pular... E os posicionamentos? Alguns rápidos em escolhas difíceis, alguns difíceis em longas escolhas, os lugares que dividimos e amizades que escolhemos ou que escolhem a gente. Algumas escolhas que adotamos nas nossas andadas nessa roda gigante alucinante chamada vida (na verdade está mais para montanha russa) têm implicações eternas, cicatrizes agudas que nos lembram todos os dias de tais fatos (lembro-me que já escrevi um poema sobre isso) – (esse papo de roda gigante lembrou-me do Tivoli Park que eu ia quando guri). Só você conhece tão bem suas estradas passadas, seus prantos feliz e triste, seus gigantes e anões abatidos, seus problemas sem solução e os solucionados, seus sonhos mais íntimos e pesadelos bizarros, gostos e desgostos, agradecimentos e revoltas. Só você conhece essas coisas tão bem. Mas mesmo assim poucas pessoas realmente se conhecem. Andamos em círculos quando não aceitamos aquele arrepio na nuca, aquele medo de tal passo, aquela ausência da zona de conforto. Para cada temor que haja comedimento; para cada angustia que haja paixão. Havia anteontem um belíssimo desenho em um muro que seguia e acabava ao longo do meu quarteirão, até a minha esquina. Ontem me deparei com tudo cinza, pois pintaram por cima – não entraram no clima. Hoje irão demolir o tal muro para construir uma enorme oficina. É o fim da linha; é o rabo abanando o cachorro. É quase um truque do destino, uma peça pregada pelo tempo que tem pressa em cima do fadário etário do velhinho de outra era. Já era! A criação faz de tudo para estar absoluto para o criador; no dia seguinte tudo é hoje e o amanhã é amanhã, mas o ontem sempre será passado. Duas vezes as estradas se cruzaram, uma no inicio e outra no fim; por duas vezes a vi desvairada, antes do início e antes do fim. É loucura, mas nunca foi dito o inverso; é sonho, mas nunca se acorda para saber. Dou uma dentada no meu sanduiche no pão doze grãos com alface, rúcula, manjericão, camarões médios fritos, queijo ricota e um pouco de açafrão. Açafrão é extraído dos estigmas das flores, do sexo delas; tem gosto aprazível e é um excelente tempero... A meu ver. Pão de maluco às uma e meia da manhã. Vou pintar meu corpo para a guerra, levar minha melhor espada e preparar meu grito. Preparo também o palpite e aposto todas as minhas fichas no inimigo... Perdendo ou ganhando eu ganho. É estranho? – realmente é! Já ouvi falar em alma que fica vagando sem poder pertencer a lugar algum. Ficam presas na lama do limbo, sem esperança e destino... Apenas ficam. Amanhã vou atrás das raspadinhas lá pelas bancas do centro. Quem sabe por lá tenho sorte.

André Anlub

Enxugando os Prantos (parte II)

so close to death
Posted by Mavi Kocaeli on Sexta, 15 de maio de 2015


Enxugando os Prantos (parte II) 
(André Anlub - 18/9/14)

Os homens levaram a melhor, restauraram sem piedade os próprios corações... as nuvens, no gritante azul piscina do céu, ficaram devidamente alinhadas.
Aqui, ali, todos esqueceram que previram a tempestade que jamais se formou; vestes novas, bebidas aos litros e litros, frutas raras e frescas abocanhadas... e nas madrugadas uma surreal lua fluorescente. Como plano de fundo: casais e seus calorosos corpos colados, sorrisos aos montes e seus extensos beijos; no plano mais à frente: crianças corriam felizes, brincavam com brinquedos de madeira e não se fantasiavam de adultos... e não aconteceu o absurdo das águas se tornarem doces e estragarem os dentes. Aqui, ali, a mais completada ordem; muros e rostos pintados com coloridos belos, sem o grafite nervoso da política e o esboço de um papel impiedoso. Em breve os cárceres seriam demolidos, pois jamais tiveram serventia...
Museus de coisas que não existiram... expostos à revelia. A luta por tudo e a luta por nada, nessa mesma madrugada de lua brilhante. Enfim, todos na espera da alvorada, ainda mais o amor... o sol nascerá irradiador, e de fato de um parto; o cordão umbilical nos dará a chance de alcança-lo de fato... tudo no imaginário – possível – no imaginário. 

Dueto da tarde (CLV)



Dueto da tarde (CLV)

Embarco neste amor que me toca em absoluto, desnudo e sincero, que só de ti poderia vir.
Sou navegante atento desatento: cuido os recifes e corais, mas durmo embalado pelas ondas.
Vejo o sol poente, morrendo e renascendo para morrer novamente entre duas montanhas secas pela falta de chuvas; lembro-me dos ensinamentos de Sidarta.
Preciso reler “Sidharta”. E “Demian”. E “Viagem ao Oriente”. E jogar no oceano meu jogo das contas de vidro.
Toco meus dedos nesta água abençoada e sinto-te em equilíbrio; a terra treme e como nos escritos: os desejos e tentações dos demônios de Mara evadem-se.
A tua palavra me fala da minha palavra e do que deixei lá dentro, naquele baú que um dia me mostraste.
Com a mente em paz, desperta para a paz, e cercado por flores de Lotus, mares e estrelas brilhantes, o universo conjura a mim; não há nada mais para buscar ou consertar.
Resta o afogamento: no mar do teu amor, no amor do teu mar: há mares que vêm para o bem...
Minha jornada continua banhada no ascetismo. Reafirmo todo este amor liberto na alma e deixo-te voar livre para onde bem queiras.
Asceta, esteta, atleta: completa presença da abstração, total concretude da essência.
Velas se acendem e ascendem aos olhos, aos ventos e a terra. Maré mansa no meu Ganges salgado – não há drama, o Darma não dorme e é tão comum e intenso aos navegantes leais.
Deposito minhas certezas ao pé de tua paciência e tu as recebes com o mesmo olhar que me acende e mantém a chama desde sempre.
Beijamos os mares, abraçamos as terras e veneramos os céus sem coações, ambições e cárceres – “da lama nasce a Flor de Lótus”.
Talvez sejam apenas minudências. Se forem, culminares em mais paciência para comigo não será surpresa. Nem que a Flor de Lótus viceje no meio do oceano.

Rogério Camargo e André Anlub
(16/5/15)

Cárcere da Criação

Mauro Senise é um dos maiores expoentes da música instrumental brasileira.Às 18h, confira seu novo projeto "Danças",...
Publicação by Canal Brasil.


Cárcere da Criação         
(André Anlub - 10/1/10)

Na imaginação madura que explode em uma linha, 
Que mesmo velha renasce todos os dias;
Na solidão insegura, que mesmo a perigo
Se fortalece com ela:
Os “zás” das canetas quentes são os “ás” nas mangas frias.
O poeta perpetuado nas idéias e criações
Faz de impurezas e mazelas em seu nobre ganha pão.

Na mais absoluta certeza do amor que sente na escrita,
Faz dos sons recitados, iluminadas orações;
Absorve do mundo, do dia a dia, histórias e magias
Juntando a verdade
Com o medo da mentira premeditada;
Se sente o moribundo mais vivo,
Espelho do íntimo de todos.

Voando em um mundo próprio,
Se perde e se cobra no nada.

Mundo surreal de ouros e de sobras!
Fita um objetivo: agradar sem ser o óbvio!
Por muitas vezes consegue, e vai além, se desdobra.
Sendo valorizado, alimenta seu ego persistente,
Ovacionado por vezes preso a criação;
Se sente em cárcere, viciado e doente...
Mas no final é o medo, apego, inspiração.

15 de maio de 2015

A luz do amor

Tem café ai? Entãão... vamos desenhar um panda!
Posted by Tudo Interessante on Sexta, 15 de maio de 2015


A luz do amor      
(André Anlub - 3/3/11)

Beleza exposta no tom de um ingênuo feixe de luz multicolorido entrou pela janela e beijou meu subconsciente;
De criança inocente tornei-me seu adulto amante,
Em um amor nada errante – em uma paixão toda ardente.

Tesouro das águas profundas, 
Ricos barcos afoitos;
Vidas que fulgem no ouro
Que ofuscam olhos presunçosos,
A cada passo e a cada raso e a cada fundo.

Um plantar em outras épocas,
Agora inevitável fruto.

Amor profundo,
Para o mundo não findo tal amor...
Amor vagabundo 
De pés descalços na grama mais verde.

Sinto no seu encalço o verdadeiro flerte:
- perdido e achado 
- no fundo e no alto
- doado e presente.

Firme e forte caminhando
Em frio e calor:
- povoará esse seco mundo
Que a neve derreteu.

Dueto da tarde (CLIV)



Dueto da tarde (CLIV)

Alguma coisa no ar, fora do ar, dava o ar de sua graça de graça.
Estava mais que na hora de orar e arar a (à) terra.
Não só pela fome inevitável. Não só pela vergonha da inércia. Havia tudo mais.
Pés rachados em solos rachados e o sol de rachar na pele estigmas de anos de trabalho árduo.
Suor e cheiro de suor e acidez de suor e manchar de suor. Na roupa e na alma.
Olhos cerrados na serra e na sorte que está na terra e não se enterra na figa que não cai por terra.
Quem erra? O errante, talvez. Quem acerta? Quem traz aberta a ferida submetida e consegue fechá-la.
Alguma coisa na veia, junto ao sangue de guerreiro que corre em disparada sem parada e sem freio.
Está no céu, está na água, está na água que cai do céu. Chega à terra e a terra é isto, convite/desafio ao trabalho.
O galo canta e o cheiro do café adentra o quarto, águas lavam a cara, mão na enxada e beijo na mulher amada... Pé na estrada em mais um dia qualquer.

Rogério Camargo e André Anlub
(15/5/15)

Anéis de ouro branco

The rapid change in the Arctic is almost unbelievable, until you see this video from NASA. (The last 20 seconds are the most shocking).
Posted by The Climate Council on Segunda, 2 de fevereiro de 2015


Anéis de ouro branco       
(André Anlub - 27/7/13)

Teus anéis de ouro branco,
Brilham como os dourados;
São de dureza feito ferro,
Redondos como o globo.

Anéis como tu és: valiosos e únicos,
Carregados com gosto, mas que ostentam a penúria
De serem vistos e terem utilidade.

Tu viajas onde divagas, devagar reages.
Vives na teia da aranha que abraça o todo:
O mundo, as pessoas e os desejos.

Na elegância que tens, encontras versos na ponta do lápis e todos tem dito:
- como é bom ler-te, cada letra, cada frase, cada verso...
A união das palavras em coito vivo.

Está ai, pra quem quiser ver: a paz e o amor!
Que saem do coração e derramam
Em delírio, em choro e grito.

Bonifrate

Pura vida!
Posted by Tribo Surfon on Quarta, 18 de março de 2015


Bonifrate       
(André Anlub - 11/10/11)

Nem imagino por onde é o começo,
Quiçá pela dor que corrói em saudade;
Nessa idade que se iniciou o apreço
Que migrou para incontrolável vontade.

Decompondo o corpo de bonifrate (brinquedo)
Trazendo a pior das tramas do enredo.

O coração tornou-se ferro e ferrugem,
Carecendo do óleo quente da amargura;
Talvez o erro de almejar o impossível,
Senão a demência de só ver a negrura.

Não tenho mais rotatividade na alma:
Velho, meu coração anda torto.
E o porto que há muito tempo vazio,
Expõe os corais de um amor absorto.

E foi-se o Rei B.B. King

Guitarrista tinha 89 anos e estava internado em Las Vegas, nos EUA.
'Ele podia fazer mais em uma nota do que qualquer um', diz Bryan Adams.



B.B. King, considerado o "Rei do Blues" e integrante do Hall da Fama do Rock and Roll desde 1987, morreu na madrugada desta sexta (15) em Las Vegas, nos EUA, aos 89 anos.

A lenda se despede com 16 prêmios Grammy, mais de 50 discos em quase 60 anos de carreira e músicas que marcaram época, como “Three o’clock blues”, “The thrill is gone”, “When love comes to town”, “Payin’ the cost to be the boss”, “How blue can you get”, “Everyday I have the blues”, “Why I sing the blues”, “You don't know me”, “Please love me” e “You upset me baby”.

Abaixo, veja a repercussão da morte de B.B. King:
Bryan Adams, cantor, no Twitter: "Descanse em paz, B.B. King. Um dos melhores guitarristas de blues que já existiu, talvez o melhor. Ele podia fazer mais em uma nota do que qualquer um. #respeito"
Ringo Star, ex-Beatle, no Twitter: "Deus abençoe B.B. King. Paz e amor para a família dele. Ringo e Barbarax"
Lenny Kravitz, cantor, no Twitter: "B.B., qualquer um podia tocar mil notas e nunca dizer o que você dizia com uma. #RIP #BBKing"

Gene Simmons, vocalista do Kiss, no Twitter: "Muito triste. B.B. King: descanse em paz"

14 de maio de 2015

Não é hobby – não é trabalho... É o “escambau” e ponto final.

O Primeiro livro com 150 Duetos já está disponível no Clube de Autores a preço de CUSTO. E, modéstia à parte, a capa e o conteúdo estão impecáveis.



Não é hobby – não é trabalho... É o “escambau” e ponto final.
(Manhã e tarde de 14 de maio de 2015)

Foi pela manhã, pelo canto do galo, a bola girando e ninguém preocupado com o atum em extinção e o gelo derretendo nos polos. Ainda um pouco cedo para quem ficou lendo, trabalhando em projetos e foi dormir lá pelas duas da matina. Antes de acordar ainda ouvia dentro do sonho o telefone tocando... Finalmente acordei, sai correndo e ainda atendi; era um telefonema da vice-presidente de uma das academias de letras na qual faço parte. Era de assunto burocrático, um tanto pragmático, a respeito de um projeto que estou participando e blá, blá, blá... Tudo na mais perfeita ordem... Aleluia; pois então terminei a conversa, lavei o rosto, escovei os dentes com gosto de ontem na boca; uma mordida no cereal e o café rápido de máquina para depois fazer o “oficial”... E na minha meditação matinal algo inusitado me ocorreu: resolvi então não chamar mais minha escrita de hobby; bem, o que é a “minha escrita”? – Minha escrita é a dedicação aos textos, aos poemas, redes sociais, aos amigos poetas, as mais de cinquenta antologias que participei, aos livros dos amigos que divulgo, meu site, livros que doei, livros que vendo e muitas vezes brindo, com bastante carinho, e alguns deles com certeza ficam enfeitando as estantes (arrisco dizer que alguns até estão servindo de apoio para móveis). Minha escrita é isso e mais alguma coisa que não vou colocar aqui/agora para não ser prolixo. Despontei da meditação com duas certezas: (1) não quero mais chamar de hobby e (2) a escrita é trabalho e trabalho árduo – e muito prazeroso, diga-se de passagem –, mesmo sem um retorno financeiro sólido e significativo (falta bufunfa – cascalho – dindin). É triste constatar que o escritor, poeta, artista plástico, músico, compositor ou qualquer outra profissão embutida nessa arte de criar e/ou ensinar não tenha o seu valor apropriado, justo e satisfatório. No nosso país, e em muitos outros, é deprimente ver que o professor – ofício determinante e de suma importância na criação de qualquer individuo – não tem a quinta parte do valor que merece. Pulando a manhã, pois passei-a toda com o meu antigo hobby na cabeça; havia dias que eu não dava minha caminhada vespertina: ir ao banco, na lotérica, ir na praça, no mercado ou simplesmente gastar sola de sapato. Hoje fui dar uma andada e deparei-me com um amigo muito distinto, que prezo muito (corro o risco de ele estar lendo essas linhas nesse momento); vizinho simpático, que adora meus livros e o que escrevo, amigo bom de copo e de papo inteligente. Conversamos sobre o próximo negócio dele, pois o mesmo já foi dono de um restaurante no centro que foi muito criticado, pois o taxaram de boêmio, de boa vida, de quem só abriu e administrou o restaurante para se auto intitular trabalhador (herdeiros apontando dedos a herdeiros – hipocrisia pura). O restaurante em questão só conheci por nome e em diversas histórias de outros amigos e conhecidos de copo (nessa época eu não residia por aqui). No momento ele quer abrir uma padaria. Mas não aquela padaria convencional, de filas de pessoas em direção ao caixa com suas notinhas nas mãos e uma pressa e calor terríveis; não aquela com frangos girando, iogurtes baratos, salgados oleosos e massudos iguais os rostos dos funcionários. Mas sim uma padaria com uma boa gama de cafés, uma música ao fundo (pensei num jazz), opções imensas de pães e frios, um bom padeiro e entregas em domicílio. Sim, a domicílio. Confidenciou-me que essa ideia da entrega veio da minha boca há cinco anos. Na época conversávamos na rua André Cartaxo, onde eu residia, e eu atrasado cortei o papo pois queria ir comprar o pão ainda quente na rua da perimetral. Comentei a ele que não entendia o porque de nenhuma padaria fazer entregas de moto ou até mesmo bicicletas, pois tinham corriqueiramente um grande movimento  naquele horário de fim de tarde. Passados tantos anos e agora fiquei feliz com a lembrança da ideia, pois até eu mesmo sendo o “autor” da mesma só recordei depois que fui lembrado. Sai da conversa e lembrei-me dos meus pensamentos pela manhã, de como a energia negativa é perigosa e temos sempre que ficar preparados para quaisquer imbróglios do caminho. Também me banhei com energias boas e com a certeza de uma coisa: não importa como as pessoas olham seu ofício, como irão falar aos ouvidos abutres, quantos dedos apontam para você quando se está de costas... Não importa! Essa é a sua labuta e ponto final. Então, só de sacanagem, resolvi voltar a chamar de hobby.

André Anlub

Tapete vermelho do amor



Tapete vermelho do amor
(André Anlub - 22/5/13)

Saiu a lista dos apaixonados do ano
nem sicrano, nem fulano
meu nome estava lá.
Foi magia
em primeiro lugar, quem diria.
- mas por favor, não vão me alugar...

Já era de praxe
peguei pesado no sentimento
amei além da imaginação.
Não teve um sequer momento
que eu não tenha acertado na mão.

fiz o bê-á-bá certinho
o arroz com feijão.
Rezei conforme a cartilha
e para não perder-me na trilha
segui cada pedaço de pão.

Comecei como homem de lata
levei na lata, fiquei em frangalho.
Nunca levei jeito pra espantalho
sobrou muita coragem pro leão.

Por causa da inspiração
deixei de me acabrunhar num fosso.
Tornei-me de cerne, carne e osso
e fiz da poesia oração.

Dueto da tarde (CLIII)

A natureza é encantadora!Climatologia Geográfica
Posted by Climatologia Geográfica on Terça, 12 de maio de 2015


Dueto da tarde (CLIII)

Hei você, essa estrada é difícil, íngreme e costuma ter cobras.
Você não precisa de binóculos, bússola ou protetor solar. Você precisa de atenção.
Há caminhos fáceis com portas abertas e muros baixos, uns até tem tapete vermelho.
Há caminhos tão fáceis que você nem precisa caminhar: eles te levam sozinhos. Essa estrada não é um deles.
Já vi gente indo voando como pássaro, mas quando saíram do transe estavam parados no mesmo lugar.
Já vi gente caindo como pássaros sem asas. Humanos são pássaros sem asas. Humanos têm estradas para andar e pés.
Ali, há um atalho... Naquela rua vagabunda e insalubre, onde mortos-vivos caminham tropeçando e pitando seus cachimbos malditos.
Ele vai dar num beco, o beco vai dar num brete, o brete vai dar num labirinto, o labirinto, depois de uma vida inteira, vai dar num atalho.
Posso até levá-lo no meu lombo de meio homem forte meio cabrito forte. Mas vai custar o olho da cara... Mas somente um. Ainda terá o outro para enxergar.
Mas pense bem: eu posso ser um atalho... Largue binóculo, bússola, protetor solar e preste toda a sua atenção: eu posso ser um atalho...
Há de se reafirmar esse contrato comigo, como novo amigo e aspirante contratante. Há, por um instante, a necessidade da troca de espírito... Somente por um dia.
Um dia pode ser uma vida. Uma vida pode ser uma eternidade. Uma eternidade pode ser a falta de tinta para reafirmar esse contrato.
Hei você, volte! Ainda não terminamos nossa conversa. Por que arregaçou as mangas e calçou suas chinelas? Tem certeza que vai encarar esse caminho?

Rogério Camargo e André Anlub
(14/5/15)

13 de maio de 2015

Corsário sem rum(o)

Jhonathan Florez filming me flying the Barn Line in Switzerland a few years back   :)  I really do love training at this location and will be back again this year to practice for the Great Wall stunt in September   :)  @GoPro #gopro @pelicanproducts @muzikofficial
Posted by Jeb Corliss on Terça, 12 de maio de 2015


Corsário sem rum(o)       
(André Anlub - 3/5/12)

No seu sorriso mais doce
Dá-me o sonhar acordado,
Nau agridoce ancorada
No porto seguro de um réu.

O cerne mais íntimo partilhado
Como alado cavalo ao vento,
Coice pra longe o tormento,
Traz na crina o loiro do mel.

Mil flores a pulsar na razão,
Vil dor e jamais compunção,
Cem cores permeiam na libido,
Sem rumo nem rum no tonel.

Pirata na dádiva do amor,
Com a bússola do autêntico anseio,
Nem proa, nem popa, nem meio,
Voando em direção ao seu céu.

Como nasce a inspiração


Kelly Slater e John John Florence hoje no Posto 5 de Copacabana.
Posted by Tribo Surfon on Quarta, 13 de maio de 2015


Como nasce a inspiração (Noite de 13 de maio de 2015)

Os mestres vieram prestar suas condolências; morreu à tarde, em um final de tarde majestoso, o sol fantástico, que esquentou muito bem o meu dia. Morreu mergulhado em um alaranjado dégradé com um vermelho vivo com tons de amarelo e abóbora, e com direito a uma revoada de periquitos nervosos e gritantes... Simplesmente algo estonteante. Maré mansa; é assim que estou. Ouvindo um som antigo, Pink Floyd e o álbum “Animals”, um dos primeiros LPs deles que tive. Deixo-me levar nessa maré da calmaria e serenidade. A inspiração pelas tintas e desenhos anda me cutucando;  hoje tirei um tempo para fazer uns desenhos para um trabalho em um livro, no qual farei uns traços para ficarem abaixo do texto, e acabei rabiscando horas e horas. Acho que é assim que funciona com o Deus inspiração; ele levanta de seu trono, coça os testículos, pega seu cajado de ouro branco, que tem uma espada em aço raro, embutida, camuflada, e anda com aquela pança um pouco grande e seus dois metros e meio de altura, com uma roupa branca, com uma capa enorme que corre pelo chão feito um rio de leite; tem uma grande barba  e cabelo ruivos, as mãos cheias de anéis com diversos símbolos de guerra e de paz; anda descalço com duas pulseiras em cada tornozelo, cada qual carregando pingentes e dentes de saber e outros animais; ele anda calmamente, com o olhar plácido que sai de seus olhos hipnotizantes – um escuro como o breu mais profundo e o outro metade laranja claro e outra metade verde esmeralda – e ele segue resmungando baixo até a sala com as portas grande de madeira talhada e que ficam sempre abertas. Antes passa na cozinha e pega uma coxa de avestruz, enorme e suculenta, pega um cálice de vinho e continua sua caminhada, passa pela porta até chegar a um imenso salão, com telas desde bem pequenas até as gigantes, com mais de trinta metros; há tintas, um teto feito a Capela Sistina, também pintado por Michelangelo; há o chão colorido, cheio de penas de asas de anjos e restos de aquarelas e tintas ressecadas, alguns borrões e pingos ainda em fase secante; há marcas de pés e pagadas para todos os lados, rastros de cobras, pincéis de todos os tipos e tamanhos; ao final da sala encontra-se uma enorme janela e uma grande luneta, onde Anjos observam os funestos homens mundanos e suas pressas, de lá para cá. E de lá de cima escolhe um e outra ou outros, prepara sua flecha invisível, em formato de pena, de mira impecável, e de modo inesperado, ou nem tanto, atira e com certeza acerta seu alvo pelas costas... Assim o faz nascer e acordar à inspiração.

André Anlub 

Na casualidade dos caminhos tortos

Pământul văzut de sus! Imagini uimitoare asupra Terrei!Pământul văzut de sus! Vei rămâneam mut când vei vedea uimitoarele imagini asupra Terrei!
Posted by Libertatea.ro on Quinta, 5 de dezembro de 2013


Na casualidade dos caminhos tortos      
(André Anlub - 13/4/13)

Parece sinóptico tal gesto simples,
Esse teu, que brilha num todo...
Precata, de jeito torto,
Serem delicadas quaisquer escolhas.

Aberto o enorme fosso,
Que aos brados chama aflito.
Equidistante é carne e osso,
Pequena fenda que flerta,
Num zunido.

Vejo estática tua íris,
Por compreenderes tamanha epístola.
Voas feito águia, tão majestosa,
Tal qual a vida.

Há brilho demais no inconformismo,
Sufoca e cega. 
Há equilíbrio e imagem
E na miragem não há cegueira.

E qual atitude seria mais certa,
Senão entregar-te ao próprio destino?
Vai-te logo, fizeste o prólogo,
Sigo-te, em linha reta, feito menino.

Manhã de 13 de maio de 2015



Se o amanhã chegasse mais cedo (Manhã de 13 de maio de 2015)

Vade retro maçarico do cão! Manhã quente e os olhos passeiam no belo céu das seis da manhã. Fugindo do assunto: Quando fiz minha primeira tatuagem, em 1989, lembro-me de haver muita rejeição por parte dos mais conservadores ou aqueles que se preocupam muito com a vida alheia e esquecem a própria... Foi aquele velho discurso: o corpo (pele) é a casa de Deus. Ô meu irmão... – e vai continuar sendo – se assim ele quiser –, mas se vai morar na casa tem que entender que o “dono” tem o poder de arrumá-la e adorná-la do jeito que lhe convier. Voltando ao assunto: “cadê o retorno?”. Os cães já elétricos e espertos procuram o lugar certo para fincarem suas nada cheirosas marcas, sólidas e líquidas. A grama ainda molhada pelo orvalho (agora também por uma urinada), o cheiro de verde que invade e a vontade de estar mais perto possível de uma paz qualquer... Aquela minha. Falando em paz: nunca fui um cara de gostar de paz. Me identifiquei muito com a roqueira Pitty, a qual gosto muito, quando a mesma falou que podem desejar tudo à ela, menos paz; ela não quer paz, ela gosta de agitação; e deixou bem claro na música “A sombra” quando escreveu: “Enquanto há desejo não há paz.”. Voltando ao rabisco e continuando falando de paz: “cadê o retorno?²”. Mas eu quero paz nesse momento e foi isso que fiz... Hora certa para uma meditação ao ar livre, um banho frio e em seguida um café quente, torrada e queijo coalho e atum, e a leitura das notícias até as oito... Quando os pés procuram a rua. Nessa alma nova e nua estacionei meu altruísmo, esculpi no oportunismo de um novo homem toda a estátua nada inerte, toda extra móvel e reticente; fiz nova armadura de aprendiz. Nesse chão novo o mármore importado dos melhores (sou eu que piso e imagino como quero); à cama nova há uma convidativa habitação, um leito quente e macio de fazer criar raiz. Ah, e tem a rede, para leituras, ouvir um som e apreciar o céu, as estrelas, a lua ou o sol. Agora o liso torna-se ondulado e vem ondulando em ondas médias, da causar inveja de beber cerveja sem álcool e ficar bêbado. Chega à mente a música perdida no ar, na atmosfera, na estratosfera ou somente na minha cabeça. Bate continência! Eu obedeço! Bate a cabeça na parede! Assim não! Nem tanto! A música chega embriagando, sedenta, chega batendo forte, boxeando e derrubando gigantes. Caso existissem. Aliás, existem... Tenho um amigo com um metro e noventa e tantos. A boca antes ressecada e amargurada agora se deleita em fundas águas, em mel e leite, em pão de queijo e goiabada, em um pedaço de cocada, pé de moleque, gengibre... Ou só em eucalipto e alfazema. Poderia até ser um problema... E é! Há diversos estereótipos muito comuns no nosso peregrinar pela bola; há alguns selos que tentam colocar em nossas costas. Na busca do acústico deitando sereno no ouvido, peguei o “hang drum” e tentei acompanhar um som que ouvia. Fiasco! Acho que a ferrugem do ouvido para acompanhar me atropelou. “cadê o retorno?³”.

André Anlub

Dueto da tarde (CLII)

Is it YES or is it NO? A conceptual sculpture by #MarkusRaetz!www.artFido.com/popular-art
Posted by artFido - fetching art on Quarta, 13 de maio de 2015

Dueto da tarde (CLII)

A pétala dormia serena seu sono de orvalho quando foi sacudida por um vento elétrico.
“Vento de maio rainha dos raios de sol” – de repente agora se dava início sua larga e aguardada jornada. Sempre quis se soltar das irmãs.
Leva consigo o perfume e a saudade, mas entrega-se à aventura com o furor dos descobridores de novos mundos.
Pétala que cai no rio é pétala que tem sorte. Pode passear por um extenso caminho, enfrentando correntezas, vendo novas margens, novas árvores, na certeza de tudo ser incerto.
Mas ela não sabe se vai cair no rio. Não sabe mesmo o que é um rio. No momento apenas embriaga-se com a sensação de engolir o mundo enquanto mundo a engole.
Se dopa com seu próprio cheiro, se enfeita com sua própria cor; entre trejeitos de uma princesa ela despenca sem nenhum pudor.
Cai entre as pedras de um calçamento árido. Passos apressados e indiferentes pisoteiam o passeio. São como compassos de uma música sem estrutura. Ela ouve e não entende.
A pedra esquenta seu corpo e o foco perde-se na aparência; a mente mistura as letras: tudo se torna gigante mesmo antes gigante já sendo.
Não demora alguém lhe pisa em cima. Ela não sabe o que é “alguém”. Mas acaba de saber o que é ter o peso de alguém em cima.
Vê-se carregada colada em um sobe e desce frenético; agora é pétala que pedala, entregue ao léu e deus dará... Sem patoá nem patuá.
Já conheceu o mundo nas asas do vento, vai conhecer o mundo numa sola de sapato.

Rogério Camargo e André Anlub
(13/5/15)

12 de maio de 2015

O passado que passou e foi tarde

abowwww
Posted by Mavi Kocaeli on Segunda, 25 de agosto de 2014


O passado que passou e foi tarde      
 (André Anlub - 28/05/13)

Fita uma rota, faz uma bola,
Amassa, arremete, amarrota;
Na lixeira dos olhos no mundo
Vendo tudo e uma untuosa esmola...
Que pelos dedos escorre.
Conformismo e coração rejeitado
Condomínio de um domínio absoluto.
Há coisas especiais que se ama e preza.
Há verdades, há reles coitados.
Já foi, é ou será cedo assumindo tal culpa, nesse sol nascendo. Admito: Estou envergonhado e avermelhado com tamanha beleza. As pegadas são honestas, prolixas, mas reais. Nas folias que me aceitei de palhaço no meu coração ficaram dois traços
Um xis de açúcar e sal. Enfim, já foi o passado,
Ficou a lembrança das derrotas e talhas ;
Distintas batalhas, lapidando o brilhante da paixão como herança.

Noite de 12 de maio de 2015



Que despertem todos os loucos (Noite de 12 de maio de 2015)

Assim caiu a noite e caiu à sombra de um pensamento elusivo e obsessivo. Fatos, versões e aversões que documentam o invisível e irremível dentro de um nada vácuo cerebral. É o etecetera e tal, e o bem e o mal em formatos optativos de visual e auditivo. 
Daqui a pouco vem alguém e me diz que já sabia de tudo, que era absolutamente previsível. 
Ah, vá... Daqui a pouco surge o além me convidando para um chá e uma visita. 
Ah, tomar... Assim levantou o dia, dia simples de sol bem forte, de café bem forte, de ajeitar o forte, os soldados e a bandeira; já é hora do xarope para a gripe e a estirpe fazendo sinais de fumaça, dando-me alergia, mas com a alegria da presença de todos. Fito e fixo os olhos naquele pontinho no horizonte. Aquele farol que indica aonde não se pode estar. Fito e fico admirando e mirando minha alma, com os dedos apontados, e a mente lubrificada para um novo e arisco rabisco, um voo ao nada e ao desnudo. Ficam os versos e palavras bem redondinhas, bem lua cheia, bem roda de ciranda, bem no vício em aliança que nunca mais se quebra (solda boa). Vem à enchente – vem à peia – em laços que ofereço em cantos calorosos de encher minha vida, regar meus jardins com águas de “sins” e peixes saborosos no atum e no ato sem fim, num fim sem começo e assim mesmo mereço... Tudo isso é um pouco de mim. É maio, é meio, é mês cinco. O tempo passa apressado para todos, não há como negar. Passa na pressa para quem cria e é criado, para criação e criatura, para primitivos e magistrados, o estéreo e o fecundo. Não mexo em casa de maribondo abandonada, só as ocupadas – gosto de ação. Não deixo meu cavalo na chuva, pois periga um resfriado e alçar voo, meu cavalo alado, pode se cansar à toa. Não me farto em panela velha, com cabo já despedaçado, pois tenho um medo danada de ter uma má digestão. Chegou fim da linha, agora é céu. Chegou à beira da praia, agora é estrada. Não adianta, pois nada segura quem vai quem sai e arregaça as mangas para um mundo novo ou velho (não importa) o importante é ultrapassar a porta e se deixar ir. Ah, vá... Conta outra. Ah, tomar... Água de coco. 

André Anlub

Onde anda você?



I
Não é adulto e nunca quis ser:
Devia dedicar sua vida a cuidar dos filhos;
Devia tentar exterminar todo o mal do mundo;
Deviam ver o verde e não amar o amarelo
E pintar na mente todas as rosas de rosa.

II
Não é ninguém além de um louco
Querer ação é fazer por onde...
Nesse caso é errado se contentar com pouco
E sendo louco acha pouco querer só atenção.

III
Caminhamos como poetas novos, largando a soberba, o estorvo, no fluxo de um novo povo e nosso suor que não amarga. O alvo é claramente certo, de peito escancaradamente aberto, o coração de um bardo onde o esquecimento é adaga.

IV
Um pesadelo muito incomum, andando no terreno do capeta, não existia uma só letra, sem poesia, sem alento; tentava achar rimas corretas, palavras abertas voando sem vento sem dono... um tormento para o poeta, Rei sem Rainha e trono. Os pensamentos não se encaixavam, quebra cabeça faltando peça, uma remessa de contra tempo, um contra tempo sem muita pressa. Mas logo me vi de olhos abertos e muito espertos de inspiração, não quero mais sonhos incertos, quero viver plena imaginação.

- André Anlub

Manhã de 12 de maio de 2015



Manhã de 12 de maio de 2015

Sempre fui réu confesso e um pouco individualista na escrita, pois ultimamente tenho falado muito de mim (com uma pitada de imaginação, claro). Não nego, não resisto, não reajo nem justifico, – assumo meus defeitos e meu modo de viver a vida –; assumo minhas ignorâncias e qualidades – diferenças e igualdades – minha alta e baixa estima; assumo minha hipocrisia, mas com ela há peleja, há briga feia de faca afiada (sempre fui bom com facas). Assumo meu caráter singular de viver, meu mundo físico e metafísico, meu mundo ou mundinho ou mundão; este que flerta com a realidade fora da escrita e também nessa realidade é casado, sincero, honesto, fiel e feliz... Sou isso, nada além ou aquém, pronto e ponto. Não suporto pensar em viver uma falsa ou verdadeira vida para olhos alheios; só me vejo vivendo o que desejo e desejei. Não tenho tudo que quero, confesso. Mas estou na batalha, sem pressa e sem tormento, para conseguir. Sigo e vivo cada dia, tarde e noite, cada letra que escrevo e invento, aproveitando minha sorte e de uma maneira simples e sem grandes ambições (maneira esta que sempre almejei e trabalhei minha psique arduamente durante muito tempo para isso). E assim começo o rabisco de hoje: provem de caminhos percorridos, escolhas certas e erradas, lugares, muros derrubados, muralhas construídas, bolhas (per) furadas e esculturas cruas ou pré-fabricadas que foram sendo novamente talhadas para tornar-se outra imagem/escultura. Este ser que aqui registra saiu incólume da primeira fornada da vida. Há de se convir que os perigos foram devidamente procurados por mim. Flertei com a morte por inúmeras vezes e de maneiras e em épocas diferentes. Escalei montanhas íngremes e enfrentei mares revoltos, aguentei bocas malditas, falas vis de pessoas atrozes de mal com a sua vida e com a vida de quem não lhe ofertava muito... Passei batido e tranquilo, passei a régua e hoje regurgito lembrando essas “estrumidades” de pernas, bocas e olhos curiosos e sempre a postos para barganhar, fofocar e lançar intrigas e raivas. Estrumes de carne, osso e desgosto que possuem uma espécie de chorume que deixa o seu cheiro ruim, e uma lembrança carregada por meses, mesmo há quilômetros de distância. Depois de um tempo evapora, some, desfaz-se e é substituída por uma leve e doce fragrância de alfazema. Basta manter distância corpórea. Hoje em dia, com o advento da internet e seus infinitos recursos, fica impossível ver/ouvir/ler só o que agrada. Mas deve-se sempre tirar proveito da informação, mesmo que negativa. Ao final do dia a gente faz uma limpeza nos “cookies” e “cocôs” que acumulamos ao longo da navegação. Afinal de contas, dos cantos e dos contos: prisão de ventre não é bom para o corpo. A internet atualmente vive sua era faroeste. Inóspita, terra de ninguém – porém, sem um Xerife. É solo onde cobiçam o ouro e a fama; onde há raros duelos “mano a mano” de igual para igual, pois na maioria das vezes atiram pelas costas. São de uma covardia ímpar, insalubre, que testa nossa pachorra, opinião e argumentação constantemente. Cobram sem dar em troca, ou, caso deem é resultado que uma procura extrema, extensa de finíssima peneira. São insetos com intentos de perfeccionismo às avessas.

André Anlub

Pássaros que vem e que passam também são pássaros que ficam


Vejam o que este homem de 61 ainda faz. INCRÍVEL Ele tem 61 e eu me sentindo velho... Incrível 8|Créditos do ClipeVídeo original► https://www.youtube.com/watch?v=b0eFx5a-FMgArtista: The Moth & the Flame
Posted by Compartilhável on Sábado, 9 de maio de 2015


Pássaros que vem e que passam também são pássaros que ficam
(André Anlub - 14/7/13)

Indo bem mais profundo no nosso universo habita o ponto cego da felicidade. Ela vive numa espécie de vilarejo antigo de casebres de pedra, dias tranquilos de sol dócil, ar sempre puro e vida que se vive. Às vezes cai leve garoa, pois há a tal da nostalgia. Nada combina mais com melancolia do que uma garoa acompanhada de um pouco de vinho e frio. Para explicar melhor: fica na triangulação da apatia, a razão e o amor. Alguns poetas sabem exatamente onde fica, e alguns filósofos escondem... Mas existe, e algo me diz que é por lá, numa casa, que terminarei os meus dias. Tem inúmeros pássaros que passam os dias rondando a região, mesmo sabendo que há comida suficiente por lá. Já me vejo numa velha poltrona de couro, alguns tragos e um bom queijo – mas me contentaria com castanhas. Vejo alguns vasos caros, com belas flores – mas poderiam ser de argila – comuns. Ao surgir da lua cheia e expectativa da inspiração; sentaria na pequena varanda, na velha cadeira de balanço com meu novo cão companheiro. Pegaria minhas folhas e lápis e debaixo da mesma lua de anos escreveria algo realmente interessante. Depois, num gesto de saudação... Soltaria ao vento.

Vídeo original:

Dueto da tarde (CLI)

Since we were just talking about Amy Winehouse yesterday. Check out this acoustic performance of "Back To Black" from Silver Bullet TV.bigheadtodd.com#BHTM
Posted by Big Head Todd and the Monsters on Sexta, 3 de abril de 2015


Dueto da tarde (CLI)

Os balões estavam cheios, a banda afinadíssima, aperitivos e drinques em dia e os convidados a caminho.
Talvez fosse a festa. A intenção era de que fosse a festa. Mas seria a festa? 
A pergunta ecoava pelo silêncio e o vazio do salão, onde de antemão a banda havia ensaiado.
Uma tensão de expectativa percorria os olhares, crispava as mãos, entesava as costas. E um sorriso tremia nos lábios.
A projeção era tamanha que a cabeça foi pouca para tantas suntuosas, perfeitas e interessantes imagens:
O perfeito fracasso, a perfeita frustração, o perfeito insucesso, o perfeito fiasco, a perfeita decepção...
A insegurança há tempos ultrapassou o pessimismo – saiu em disparada –, fez a curva do desespero e deixou lá trás o talvez que queimou a largada.
São noites dentro de dias. Algumas com lua cheia. Outras cheias de luas minguadas. Em quanto isso, a música espera.
São dias fora de dias. Alguns com sol sedento. Outros com fome de mingau salgado de sol. E por agora nada de música.
Afinados instrumentos que desafinam intenções, que descompassam objetivos. Atentas leituras fora da pauta, diapasão desconexo.
Para a alma inteiramente encabulada e o ar que queria o banho da música só resta aceitação; todas as energias junto à doação ficam bem guardadas para a próxima ocasião.
Talvez amanhã, talvez ano que vem, ou mesmo agora, que as pessoas começaram a chegar e parecem tão felizes...

Rogério Camargo e André Anlub
(12/5/15)

Gurufim



Gurufim
(6/5/14)

Principiou-se o gurufim do fim das horas,
E príncipes negros, índios e gurus
Aplaudem fora.

Já foi tido o caminho com trilhas fáceis
E tão hábeis são ditos sábios ao atravessá-las.

Leram em pergaminhos com preconceitos,
O mito e o medo, a carne e o osso,
São peças frágeis.

Alguns quiseram viver em museus de idos tempos
E oprimindo seus inimigos se sentem bravos.

Lá no alto, bem no alto, da mais baixa montanha,
Avistaram o ser importante com sandálias velhas.
Descia lento e cantava baixo um antigo mantra,
Sentindo a brisa, notando o novo, suando o samba.

E caem as primeiras gotículas álgidas das chuvas,
De uma nuvem única que bailou com o sol
- Arriscando a luta.

Voaram as aves brancas, negras,
Pardas e as aves raras,
E ao se verem vivas e ralas 
– ao se verem importantes e análogas...
Tornaram-se plumas.

11 de maio de 2015

Mesmo assim

"Vou mostrando como sou / E vou sendo como posso"Compartilhe se você é MUITO fã de Novos Baianos e não deixe de...
Posted by Canal Brasil on Segunda, 11 de maio de 2015


Mesmo assim           
(André Anlub - 19/1/15)

Agora mesmo a alegria passou por uma rua,
Ela estava nua, estava fula, estava atormentada e vadia.
Olhou em todas as portas, portões, porteiras;
Olhou por cima dos muros e em murmúrios
Resmungou algumas asneiras... eram loucuras, coisas cruas...

Ela abriu janelas e meteu a mão nos cestos de frutas
E nas caixas dos correios...
(pegou algumas contas, cartas de amor, maças, peras).

A alegria soprou uma brisa, apagou algumas velas,
Espalhou a fumaça dos charutos e incêndios;
Atrapalhou as preces, os cantos nos terreiros;
Atrapalhou enterros e desacelerou as pressas.

Agora mesmo senti seu cheiro de mato lavado,
Senti seu ar gélido, fresco, encanado;
E como um refresco me afagou por dentro...
Acalentando meu mundo e meus imundos pulmões.

Vi alegria em multidões, senti suas fragrâncias...
Mas novamente vi a dor;
Senti o odor do suor dilapidado
Pelo horror de intolerância.

Mesmo assim a alegria me deu “bom dia”,
Concomitante que media o tamanho do estrago, 
Tragada e hipnotizada pela hipocrisia
Da constante desarmonia dos cínicos embargos
Nos livres-arbítrios de nossas/fossas vidas.
Mesmo assim a alegria me deu “bom dia”.

Houve um tempo

Eduardo Coutinho sempre será um dos principais documentaristas do Brasil!Em homenagem aos 82 anos que ele completaria...
Posted by Canal Brasil on Segunda, 11 de maio de 2015


Houve um tempo          
(André Anlub - 20/1/15)

Um homem saiu para procuras utópicas
Longe de pessoas estigmatizadas 
Com tatuagens internas do interesse e da cobiça;
Focou os fulanos que não apontam dedos,
Vivem livres de julgamentos,
(amores, famílias, conhecidos – pérfidos);
Vivem presos a coisas próprias,
(autoconhecimento).

Houve um tempo que a vida era quente,
Saborosa, bem passada, ou no ponto, ou al dente.

A vida abraçava o fulano, ofertando beijos,
E nesses beijos o vendava;
Ao invés do breu ele assistia a um filme,
Sentia o vento, saboreava vinho,
Vida com ritmo, alegria entorpecente.

Fulano se conhecia muito bem... 
Defeitos – qualidades
Força – fraqueza.
Foi um homem como muitos outros,
Apenas não desistiu, não entregou o jogo.
Cresceu, mas continuou criança,
Seguiu na andança além dos delinquentes.

Fulano gostava dos paradoxos da vida, 
Das antíteses do ser, do estar, do viver;
Gladiava-se com algumas sombrias sombras
Festejava com algumas brancas brumas.
Houve um tempo e esse tempo se foi.
Há o hoje com pintura, com moldura, 
Com belo verniz e cores vivas.
Tela pendurada na muralha,
Com solidez...
Pois no presente há a arte armada até os dentes.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.