9 de maio de 2015

Morre no Grande Recife a cantora Selma do Coco, aos 85 anos



"Ela estava internada há 28 dias, por causa de uma fratura no fêmur.
Artista sofreu parada cardíaca e depois falência múltipla de órgãos.
A cantora Selma do Coco, 85 anos, que estava internada desde o dia 11 de abril, morreu neste sábado (09). A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do Hospital Miguel Arraes, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife. Ainda não há informações sobre velório e enterro.

De acordo com nota divulgada pela unidade de saúde, ela morreu depois de ter sofrido "uma parada cardíaca, sendo reanimada, e seguida por falência múltipla de órgãos". A família de Selma do Coco precisará liberar o corpo da cantora no Instituto de Medicina Legal. "Como a paciente deu entrada na unidade de saúde com uma fratura por causas externas, o corpo foi encaminhado para o IML", informa o documento." 

Link: http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2015/05/moree-no-grande-recife-cantora-selma-do-coco-aos-85-anos.html

Dueto da tarde (CXLVIII)



Dueto da tarde (CXLVIII)

Era uma lua muito tímida que amava seu sol com paixão fervorosa.
Afeição desastrosa, mas real e recíproca que lembra o filme “O feitiço de Áquila”.
Um não pode, o outro não pode e os dois querem. A lua ama o sol na lua. O sol ama a lua no sol. E o céu assiste.
Daqui de baixo é contemplação, aplausos e uma nova fábula; falar nos dois é corriqueiro, mas como disse o poeta: “quais são as palavras que nunca são ditas?”.
Nunca são ditas as palavras que não cabem nas palavras. O que não é palavra e as luas dizem que não é palavra dizendo que não é palavra.
Dizer muito falando pouco, ou coisa nenhuma... Eis ai um dilema/teorema antigo que bate de frente com o prolixo e enfrenta no braço o banal.
A timidez da lua, o ardor do sol: tudo a dizer calado, tudo calando aos berros. E nos enterros os prantos em sutis silêncios; e nos incêndios as chamas que queimam inquietas.
O céu desce do céu nessas horas e estende as mãos para colher a precariedade. Colhe, aconchega e volta a subir aos céus.
A lua e o sol tomam conta da “casa” enquanto vagalumes de pedra passam com a pressa de sempre.
A lua lava roupa no córrego da súplica; o sol arreia o cavalo no celeiro da inquietude. O céu não se mexe mais: já fez a sua parte.
Na coxia o cochicho dos atores, o cenário inédito e a peça são improvisos; as cortinas da manhã se abrem; vai começar o espetáculo.
Não se sabe quem vai estar presente para aplaudir, criticar, ir embora, voltar para a próxima sessão. Lua, sol e céu também não sabem. Mas é com eles.
Os ingressos foram entregues, mas as portas e janelas ficam abertas; não há reprise – não há cancelamento, e quando alguém não pode mais estar presente é porque já faz parte do elenco.

Rogério Camargo e André Anlub
(9/5/15)

Lucíola Alencar

Daniel Csobot é um incrível cineasta e fotógrafo que conseguiu capturar essas lindas imagens mostrando a completa germinação de sementes. É um verdadeiro show da natureza! Seu trabalho foi, basicamente, tirar milhares de fotos, dia após dia, e juntá-las, formando o impressionante vídeo. Confira mais sobre seu trabalho no site www.danic.me
Posted by JornalCiencia on Sábado, 19 de julho de 2014


Lucíola Alencar         
(André Anlub - 6/10/14)

Em tempos idos:
Lucíola teve passado penoso,
De dia a dia rigoroso, aqui e acolá em diversos puteiros.
Sua mãe analfabeta e agricultora e seu pai pedreiro;
Faltava dinheiro, comida, estudo, faltava quase tudo...
Até que, de repente, o “tudo” veio:

Em tempos meios:
(tomei a liberdade de não rimar nessa parte)
A gravidez de trigêmeos caiu como tempestade,
Aquela louca vontade de ser mãe 
– aquela sóbria visão de que precisava ser algo mais;
Largou a labuta de prostituta e entregou-se aos livros...
Venceu empecilhos, derrubou preconceitos.

Em tempos de hoje:
Mulher guerreira, mãe solteira, ex-meretriz,
Sessenta anos e três filhos criados:
Uma médica, um famoso escritor e um advogado.
Lucíola Alencar é dona de casa
E de uma rendosa barraca na feira,
Agora com “eira” e com “beira”
É também dona do próprio nariz.

Adoro sentir o orvalho e a chuva do final da tarde,
Namoro a lua em alarde com cheiro de pão de alho.
Sei que no abissal, onde habitam a alma e a verve,
Só se banha e se ferve quem comete o mergulho imoral.

8 de maio de 2015

Ponderações “nas internas II”

Sensacional♫ Por: Orquestra Sinfônica Brasileira.
Posted by Cifras on Terça, 5 de maio de 2015


Ponderações “nas internas II”

Ah, esses namorados, são apaixonados interessantes; seus corações, seus romances (amor compromissado).
Fazem loucuras sem limites, paixões ardentes sem juízo, só aceitam improvisos, não aceitam palpites.
Ah, esses amantes, é sem vergonha essa entrega; dizem que dá náuseas, dizem que dá raiva e quase sempre causa inveja.

“Medo de ser feliz” isso não é verossímil, não existe o invencível; se a tristeza persiste, me persegue e não desiste: eu ponho meu dedo em riste, pois se é preciso temer algo, tenho medo é de ser triste.

A perspectiva de um admirável amor faz bater o peito num ritmo frenético... é diurético no sangue que corre ligeiro, feito um vírus bom, que se espalha e entorpece.

O amor é assim: chega e me cerca, aperta e acerta o que já seria certo no cerne.

Meus versos são libertos, não há musa, nem mordaça, nem há um alvo que se faça. Às vezes eles voam e são de quem os pega, são de quem os abraça.

Sobre o amor?
- Sim, eu conheço, sei bem dessa fábula; sei qual o seu curso, bons e maus imprevistos; falam de alguns vícios, falam de absurdos, mas não provaram na língua o que dizem amargas.

Dueto da tarde (CXLVII)



Dueto da tarde (CXLVII)

Flagro-me com os pés descalços na grama e os pensamentos dispersos, aéreos.
Uma viagem por mim mesmo levaria aonde? Não sei. Mas seria interessante.
Rasgo-me com a fé que andava distante e agora me acompanha como cachoeira de dia, feito aguardente na noite.
Descolo os olhos da retina retida, desamarro as mãos das amarras amadas, limpo os pés no rés do chão de nuvens e, em frente, enfrento.
Ao olhar a fronte do fronte de frente infrinjo suas leis e transformo-me em fera. O fronte me olha alheio, indigente – indiferente –, vira as costas e volta à guerra.
Cotidianamente, o dia-a-dia. Rotineiramente, a rotina. Ninguém para te dizer “agora!” O tempo todo todo mundo te dizendo “agora!”
Vejo-me inerte no espelho d’água do rio que corre... Não o desço; o que se vai são as cicatrizes da vida, páginas viradas, portas fechadas e algumas lágrimas.
“Chorar faz bem para os olhos”. Comer formiga também. Coceira na palma da mão é dinheiro. Pisar em cocô na rua dá sorte. O Jogo do Contente está sempre à disposição...
Não sei aonde a viagem por mim mesmo me levou, mas já estou pensando em retornar. A água já ferveu para o café e não o chá; o Zé já me chama para cavalgar, mas vou a pé.
A pé com os pés descalços. A areia quente quer assunto com meus dedos. Meus dedos fingem interessar-se pelo assunto da areia quente.
A grama marcada pelo peso do meu corpo me olha enciumada e clama meu retorno.
É para lá que eu vou. Mas tenho muita areia pela frente – e sob os pés – ainda.

Rogério Camargo e André Anlub
(8/5/15)

7 de maio de 2015

Isadora de madeira

EPICALLY TERRIBLE BEAUTY! / Chile’s Cabulco volcano April 23, 2015EPICALLY TERRIBLE BEAUTY! Chile’s Cabulco volcano April 23, 2015#Cabulco #Chile #volcano
Posted by DJ MISS FTV on Sábado, 2 de maio de 2015


Isadora de madeira
(André Anlub - 28/5/12)

Desabrochando a vida na beleza do lírio
No quintal, ao pé do pé de tâmara.
Começa o dia com o vento ligeiro,
Brisa fria que lhe acaricia a face.

No enlace do tempo há inúmeras lembranças
Nos seus olhos que refletem as altas montanhas.
O coração ainda segue quente de amor,
Mãos calejadas e talentosas,
Esculpem,
Em madeira nobre,
O rosto de Isadora.

Amor perdido na foice do vento que passou:
Foi há tempos,
Foi doença.
Na madeira e nos sonhos ele a tem de volta...
São noites longas,
Noites quentes e belas;
Vozes e camas,
Portas e janelas,
Sussurros e gemidos...
Tudo esfria no frio que lhe acorda.

Jamais sorriu tão grandemente,
Esconde seus jovens brancos dentes,
Bem próximo aos amarelados caninos.
Na saudade de extintas vertentes,
De doces carinhos e fragores,
No mesmo medo e calafrio

Da próxima noite não haver sonho.

Tarde de 7 de maio de 2015



Tarde de 7de maio de 2015 

Hei de entender o ser humano; mas vou deixar novamente para o outro outono, senão acabo por desistir. Um tímido e velho amigo encontrou-me no meu bar preferido, apertou-me a mão e bebeu lentamente o seu forte drink. Saiu deixando uma untuosa gorjeta; pagou com uma nota de dez e não quis troco... De repente devia dinheiro por lá.
Fiquei eu cá, tomando minha cerveja e pensando: a consciência limpa é o melhor elixir. 

A torneira gotejava sua goteira de sempre sobre pratos sujos e talheres tortos de cabo de plástico colorido, rachado ou com marca de queimado. Assim era o “pé sujo” (mas limpo) bar do Gilberto. É, esse mesmo, “o meu preferido”. Houve época que eu batia meu ponto por lá toda semana. Comia meu espetinho das dezenove horas, às vezes camarões médios – às vezes linguiças de frango e porco –, eu adorava aquele ambiente sereno, de canto de rua, de canto de pássaro, de silêncio de música e poucas palavras. Havia mesmo era muito barulho dos caminhões que por lá perto passavam... Mas não era nada demais. Gilberto não é muito de trocar ideias, é repetitivo nas perguntas e curto em respostas, mas é um excelente ouvinte, ótima pessoa, muito honesto; sujeito agradável, extremamente simples e muito rico. Dono de duas enormes chácaras e uma camionete importada que usa para carregar seus suprimentos e engradados de bebidas. Mas eu não soube de sua riqueza pela ostentação dele, tampouco saiu na revista de fofoca, jornais ou afins. Soube em uma roda de viola (o amigo que deixou escapar nem imaginava que eu o conhecia)... Com o tempo e o aumento de nossa amizade fiquei sabendo da própria boca dele – mas nada, absolutamente nada, mudou –, até a vodca barata e terrível que ele vende continua a mesma... (e eu sempre levo de casa a minha vodca importada). Hei de entender o ser humano; mas os que são simples e amigos se fazem por entender até sem querer. 

Fim de tarde de 7 de maio de 2015 

Tara, manias e projeções... Um bando rebelde de pássaros perdidos. Eis o fato fictício de um inexplicável improviso: fez valer a música desafinada com a voz quase nada dentro da canção escolhida errada... Mas na boa companhia. Abro a boemia com som de interrogação. Abro a mão e leio a linha da vida, sem contramão. Trago, mas não trago o que me viciou e vicia para bem perto de mim, bem ao meu alcance, quase uma extensão da ponta dos dedos. Mas não abuso – sequer uso. Cresce no quintal a bela árvore que enfeita a melancolia de dias obtusos e noites à revelia. Cheira no quintal o cheiro de mato verde ao cair da tarde e da chuva fina. Pinta no quintal os viveiros naturais dos amigos com asas, parentes próximos da minta fértil mente. Não há mais nada de tão belo e tão próximo a mim do que meu simples sorriso ao vê-los. Admirar nada me cobra, nada me custa, mas faço questão de pagar aumentando minha estadia nesse mundo ocioso, mas belo. Lavo o corpo e vou-me ao encontro do gracioso momento de reflexão – hora de meditar – de me editar – de me deleitar. Abro o frasco do remédio da mente: a própria. Deixo entrar bons fluídos e sólidos, pensamentos harmônicos e harpas invisíveis e inaudíveis... Harpas simbólicas como belas pombas brancas desengonçadas que passam ao natural ao normal e no trivial: defecando – bicando e engolindo formigas. Há uma rebeldia singular que avança como uma nau em mar bravio; desbancando ondas gigantes, ondas de choque e ondas de frio; enfrentando tempestades terríveis e níveis baixíssimos de cinismos; encarando chuvas de canivetes suíços e até paraguaios; enfrentando preconceitos e incertezas, raios de todos os calibres, cores e prestezas, rei, realeza e seus servos, soldados, lacaios, plebeus e tiranos... Tudo de pior, mais ou menos e melhor que caiba nesse parágrafo prófugo e insano. 
Tara, manias e projeções... Como viver sem? Já falei sobre minha queda ao Budismo?

André Anlub

Dueto da tarde (CXLVI)



Dueto da tarde (CXLVI)

Minha vida foi bater à porta de tua vida e encontrou uma placa “à venda”. 
Vi-me vendo o desalento e desafiando a esperança.
Limpei os pés em um tapete ralo e deprimente e com eles pisei num assoalho carcomido de cupins.
Os fins – a meu ver – nunca justificam os meios, mas por acidente veio-me o apego.
Olhei os teus retratos desbotando nas paredes, um resto de flores secas num vaso rachado e meu peito se apertou.
Olhei o corredor longo e extremamente estreito levando àquele quarto abafado e lembrei-me dos nossos corpos ali, sem jeito, fazendo amor.
Lembrei dos cigarros que já não fumo, da “smoke gets in your eyes” ao me perguntar o silêncio o que eu nunca te respondi.
Há absolvição de inocentes? Se há, quero a minha. Nesta história incoerente e nada a ver, tiro o corpo fora e viso que risque o meu ser.
Nenhuma de minhas tatuagens conta melhor esse conto que o ferro em brasa da memória. 
Na cozinha o cheiro do guisado – nos armários o da naftalina; na retina a visão das paredes manchadas com a linha de marca d’água das enchentes de rotina.
Mais transbordava minha vida que a água revoltada do rio. Mas me afogava eu em nós do que os desabrigados obrigados a fugir.
Sou o rugir da fera banguela, o vermelhidão da febre amarela; sou o rato no lixo zombando da águia no voo e vou/quero abrir mão desse vínculo baldio.
Retrocedo lentamente, lentamente fecho a porta, lentamente dou as costas à placa aviltante e não volto mais.

Rogerio Camargo e André Anlub
(7/5/15)

Outros ares



Se há uma extrema exceção – um em milhões, por exemplo –, é aquela história: “achar uma agulha no palheiro”.  Não há utopia nisto, é só tascar fogo na palha.

Vou degustar outros ares,
Novos mantras e músicas,
Devorar os segredos
E digerir o dom.

Vou esculpir o vão
E redesenhar velhos mares,
Fazer da vida um folguedo
Num real sonho bom.

Vejo o ser montanha russa,
Dando tapa na fuça da depressão.

Vejo a beleza em rubores de fúcsia,
Sendo cor ou sendo flor,
Sempre adoração.

André Anlub

6 de maio de 2015

Releituras Especiais de mim mesmo



Flor de lis, de lírio e lírico do Preto e da Branca (releituras de mim)

Garanto minha salubre e frágil presença no pensamento mais estranho que remete apressadamente ao pesadelo da minha pele plena pintada de branco. Minha flor bela, não escute os embebedados de alma, mendigos-uísques demagogos a Go Go. Ouve a cantoria, pássaros aos montes de entortar pescoços e acariciar ouvidos... São os esboços – diamantes – da nossa selvageria de amantes. Enxergo nada cego, envergo e expresso essa minha entrega em reflexos de uma pulcra lâmina cega. E de maneira sutil, tão viva e severamente tão simples, chego, sonho, cedo e transcendo ao corte seguinte.  A doação que faz mistura – nossas cruas carnes nuas – fez contraste no arraste – na queima que é de praxe – do protocolo em leitura.  Ah, minha branquinha, flor branquinha... Me aceite eternamente seu. Bebemos nas águas puras e impuras, mas com o coração nada errante e os olhos hiantes. E diante de tudo, em estado trepidante de paixão, peço-lhe que pegue o banco e a caipirinha e venha sentar-se ao meu lado e olhar a lua... (desnuda – noite – minha). 
Chegando do silêncio veio como tempestade e mordiscava minhas ideias... Lá vem ela! Essa bela, irritante e insistente luz que entra pela janela e me convida para sair e viver. Raul de Souza com seu trombone que tromba de modo majestoso e marcante, tocando, relaxando e deixando o corpo voando sem destino... Estou agora sereno para narrar o ocorrido: tirava os laços dos futuros presentes, mostrava o onipresente que ao botar pra fora os dentes, provava não ser um sonho, enfim. Ela, a Flor (não é Maria Flor, que pena. Mas está valendo)... Nomeada como imperatriz de amores que ganha de súbito sua coroa, trono e sonho se aproximando do súdito com suas suntuosas flores. Ouço-a falar em público: o que seria mais certo – onde estaria o erro – qual a importância disso? A resposta vem com o ar fecundo, quebrando o coeso silencio, queimando mil brancos lenços e prevendo o fim dos futuros lamentos; a resposta bateu de frente com seu cheiro de alfazema, com seu humor de hiena e sua adorável e inigualável interpretação eloquente. Na tela do cinema da esquina já se viu esse filme antigo de um multicor lírico com tons de pura boemia.  Sim, é poesia! faz crescer as flores e nasce nas flores crescidas. 

Dos desvelos na hora do recreio do princípio e fim (releituras)

Como som melancólico que segue invadindo – Abrasador ao íntimo – sem dor – toca e preenche e compreende ao completo; na mais alta altitude que o anseio ressoa, e é tênue e desconcertante. Toda uma terra estremece em todo o corpo que balança e merece o céu no sol e a luz da lua na luz do teto do tato e do tudo (tamanho absurdo, mas eu vi). Namoro e sinto e choro e aprovo e comprovo o sopro e aguardo, e você. Mas é mais mar que observo e sou servo ao todo... E amo. Vem, vem como variante, pé e pé, paz e paixão, marcando no solo – selo; como ao chão e ao sentimento é um sucinto sinal sagrado, afetuoso, pois não censura e nem corta nem cura o soco solitário do colosso: o banho ao calor em chamas, supina alma à sua presença... E amo. Solos secos castigados, que fenderam em frangalhos de raios antigos... Ficam no aguardo das águas em rios em milagres em lágrimas em circo em cio... E vieram e vigeram e ficaram e fincaram... E amo. Quem será o guardião desse coração tão intenso raro e quente? Nesse vai e vem do povo a cólera passa rente... Tentando roubar o puro, amolecer o duro e dando duro para esconder o tesouro... Causando tumulto, cavando um túmulo e matando os loucos. Tudo se transforma na fala da saliva da ponta da língua; na palma da mão macia que à toa entorna a raiva perdendo-se no céu anfitrião. Sendo o alicerce mais forte fez-se o castelo - nasce o coveiro que rompe vis elos, enterra as contendas e encarcera o faqueiro que insiste no corte. Joss Stone com voz estonteante, timbre mutante e olhar de sereia cantante. Estou agora pacato para narrar o fato: a verdade mostra para que veio e o ópio evapora na veia. Surge a sorte pisando na morte, tornando o instante o livro na estante de um astuto perfeito. O som é ameno, no feliz badalar dos sinos para a hora do recreio. Percebem-se letras ao vento, fermento de versos no intento; na mescla que move à fantasia – lamúria e luxúria dos dias. Diga-se de passagem: a paisagem pairou na barriga dele (grávido), pariu na paragem mais certa e reta – cerne que outrora tardia. Faz-se poesia – cria – faz-se poeta (ávido), criou-se meta na metalinguagem em espectros. Assombrando os muitos herméticos heréticos espertos e espetando os pedantes pedintes descalços moleques. Ao céu o seu mais lindo e redondo sol brilhante, diamante dos dotes de deuses de doutrinas de histórias; ao léu asas cresceram, veio inspiração/sorrisos, ao velho ao novo ao menino – porta de início de índio de íngreme. Prepara-se o leito quente – seio da mãe – leite materno, cobiçando o menino vadio, forte e inteligente (frenético), as letras são o “norte”, coreógrafas convidando ao passeio (imagético), sem freio, meio – principio – confins sem fim... No íntimo eterno. 
Asas de Dragão de um Prisioneiro deposto 

Vejam só os dois olhinhos sinceros, impávidos carregando a expressão das brasas dos entusiasmos. O mundo deles também anda alinhado, agitado e ainda mais quando estão juntos; são avejões diversos... No advérbio adjunto do anseio, veneno disponível no plasmático vulcânico... Fundiram os neurônios e os versos. Não há relógio no “slow motion”, tampouco o reviver das simples coisas. A caneta dança na folha branca e o sentimento canta a canção que voa... Os dois olhinhos são escravos do tempo e o tempo não vive a mercê da porta aberta... Não cumpre a cumplicidade que se torna seguro, simplesmente existe e o quase é quase eterno. Asas batendo, colorido das penas, olhos e pernas céleres, bico bem largo e garras como dentes e o fogo em maçarico; com moderação se barganha com a vida, contínua rotina de distrair pensamentos, tapear os momentos, queimar poesias e as ideias baldias. Criou-se o hábito saboroso e salutar, começou a lutar com as armas evidentes. Vê a novidade de coisas iguais que nunca foram feitas e reinventa os trejeitos dos seus sujeitos (dá-se um jeito). E a luta contra o colosso imortal continua. O gigante que é anão, que espeta, que apunha, apunhala, compunha a mente incerta... E a luta se enluta no negro alerta. (...) nessa hora os olhos se emocionam mais uma vez, enchem-se d’água e desaguam... E a vida: eles querem entendê-la, desvendá-la; querem enterrá-la para saber sempre onde está. Irão confessar até o que nunca fizeram e pelos campos e cidades aos ventos voarão... Sendo perene ou não, sendo eu ou meu vício, sendo asas de anjo ou dragão. Já fiz o jogo, rodei quase voando e cuspindo fogo pelos vis bares e espeluncas loucas da vida; em puteiros faceiros falidos com mulheres musas de esquina. Já me vi na latrina latente e na obscuridade nada curta e incurável do ser; e seguindo cegando nas vozes o que na pena precisaria fazer. Mas no corpo absorto e na alma encalma tão visível ameaça, cicatriz do aprendiz que se estende ao lado das largas tatuagens. E como estranhas e quentes miragens que se fundem em ferro na carcaça fazendo-me a raça da (dês) graça, sem ao menos e ao muito me conhecer. Então me camuflo confuso pra prosseguir animado e adiante; o coração em reação está imundo, mas não carece cárcere ou morrer. Já fui torto/morto por dentro – desfavor do pavor de outrora; quase finado/afinado por fora – vários prévios instantes do ontem. Um adendo por dentro, um dedo na roleta russa do desgosto e um destro e canhoto por fora.  Vejo seu riso no rosto (posto e imposto), no alvedrio da bala. Os gritos e falas (nos rompantes), em um minuto se calam; apontado ao ávido ouvido e ao som do breve estampido: o ínfimo no infinito de guarda aguarda o prisioneiro deposto. Até coloquem palavras em minha boca... Mas que nasçam poesias.

– Manhã de 14 de abril de 2015 (com sabor de Bardo que brada na quebrada)
Vim novamente da escola da história; aquela sofrida – ou nem tanto. Passo e vejo a rasteira do capoeirista que entorta a pista ou somente meus olhos. Leio enquetes no céu sobre cores do tempo, sobre sofrimentos e felicidades, casos eternos perdidos em uma bolha chamada: “talvez”... E algo mais, ou algo assim – ou nem tanto. Sinto o cheiro de grama encharcada, de cavalo, daquele mato irrigado, daquela bosta de gado – estrume fresco. Pois bem, estou em casa, enfim (vou fazer café fresco, pão de centeio, queijo coalho e Muddy Waters no som bem alto). Acendi a lareira, o incenso, a ideia e vi o moleque Manoelzinho descendo a ladeira nesse frio congelante e inventivo... Menino, sem casaco, sem uma calça quente, sem gorro, sem dente, sem família; voa por cima do muro uma coberta de linho (tenho uma novinha que ganhei da minha avó), ele pega e se transforma em um casulo gigante – algo pré-histórico. Deu-me um nó na garganta e não consegui cantar! Resolvi fazer uma oração, calado (antigamente era mais fácil ser enfático, fantástico, fanático, fantasioso e sonhador). Nesse instante um dos santos da estante me olha com um olhar de quem quer dar um passeio; me fala mudo com olhos fixos, e, por fim, me cala em receio. O pego... Levo ao outro cômodo e o acomodo em cima do parapeito da janela. Nesse momento o tempo abre, o sol brota tímido e as nuvens quase se transluzem – dando para ver a felicidade ao longe. 

– Tarde de 2 de setembro de 2014 (com um toque de ontem, de hoje e de sempre)
Em um adendo: Acho que o hábito de estacionar nos grandes nomes do passado abafou os escritores atuais, principalmente os poetas e/ou os que têm uma escrita mais moderna, mais arrojada e marginal; não devemos deixar nada ser empecilho para uma produção artística em todos os âmbitos. A arte (assim como o dom) não pode ser sobrepujada por pessimismos ou modismos. Ela é além de qualquer coisa artificial, rasa e de cunho materialista. Escrever é parto, e a cada poesia gerada é um filho no mundo. Incentivar a literatura no seu ventre e a posteriori na sua nascente, tendo ajudado a chocar o “ovo” na concepção, é o tapa de luva de pelica na inatividade dos pincéis e das penas (no modo geral)... É o grande “touché” da arte. A qualidade sempre será mais divergente quando houver quantidade, as contradições, as discussões, as críticas, só fazem bem! A meu ver esse papo de “quantidade não é qualidade” é um pouco furado. Quanto mais se tem tenacidade, experiência e afinco em algo, mais o mesmo evolui. O ato de escrever muito, por si só, já é válido e paga o “ingresso”. Apoiar a literatura, sobretudo em um país com baixíssimo número de leitores, é primordial. Qualquer incentivo à leitura será sempre válido e qualquer manifestação artística, idem; temos que colocar a literatura de um modo muito mais significativo na vida das novas gerações. Comecei a escrever tarde, sempre penso como seria se eu já conhecesse a poesia na época que montava num cavalo e, na maioria das vezes, ia solitário até um açude, me balançava num balanço de corda e sentava num banco de madeira (ambos que fiz) para ponderar sobre a vida; quantas vezes flagrei-me na praia do Arpoador; ficava sentado na pedra, na areia ou na prancha admirando o sol ao longe e pensando poesia. A poesia já existia em mim, mas ainda não se manifestava. Na pré-adolescência, durante e pós, fez inúmeras amizades, percorria o Rio de Janeiro de camelo (bicicleta) para cima e para baixo, ia a diversas turmas de rua (Hilário, Constante, Leme, Figueiredo, Edmundo Lins, Ipanema, Arpex, Catete, Glória, Botafogo...) e turmas de surfistas para trocar ideias, fazendo assim amizade com várias mentes pensantes de histórias e ideologias diferentes.

 – Noite de 18 de abril de 2015 (com a divinização da poesia – divisor de águas)
Na sombra dos medos nasceu o pé de luz (meu pé de cabra arrombador de Eus). E esse pé cresceu – se ergueu, ficou forte – criou porte, deu frutos, assim... Amadureceu a chave do mundo – a chave de tudo e futuro eternizado: chavão. Janelas se abrem; se abrem cortinas e vem o beijo do sol e vem penetrando o clarão (até coloquem palavras em minha boca... mas que nasçam poesias). Mistérios nas nuvens, e obtusos e abstrusos e absortos. Abriram-se dentro de um aberto brilho no imaginativo castelo os portões. As notícias melhoraram com o céu lavado, o infinito ficou mais perto; ouço aquela menina me chamar para um drink no escuro, ou no inferno, “a la Tarantino”. Visões de queijos, vinhos – paladares de bocas e intestinos, tudo faz sentido de alguma forma. Há um gigante ou há um anão entre o rei e o umbigo, decididamente isso é de fato uma norma. Já ouvi a menina exibindo cantando que nada a deprimia... E depois sumia. Talvez fosse para outra galáxia ou talvez tocasse violino para inspirar um milhão de alguém. Lá vem um inverno rigoroso... Vou colocar um casaco, deitar, ler e tirar um cochilo. Na luz da coragem o pé de luz cresce (além de contador de história, da necessidade de mentir, objetivos, escritos e glórias). 

– Manhã de 20 de abril de 2015 (com o pé na estrada, no estado e no estribo)
Já de praxe: meu maracujá gelado e a impressão de algo largo longo lerdo no ar. Ser leigo nas conclusões não é algo estranho? não, nem tanto! Cobiço sempre os pingos nos “is”, e até levo desaforo para casa (mas sabendo e admitindo que esteja levando). Sou inteiramente parcial e gosto de ter conceitos sobre tudo... Mas sabendo que os mesmos podem mudar, admitindo e procurando acertar (caso esteja errado). “Isso” ou o “aquilo” são coisas corriqueiras; mas nada é corriqueiro quando se vive o momento. Há algo no ar: talvez seja somente ar mesmo; talvez seja poluição; talvez seja um cheiro doce que ficou na memória; talvez cheiro de comunhão, velas acesas... Esses “trens” (jeito Mineiro, saudade de MG). (vou comer um queijo com doce de leite e goiabada, beber uma cachaça e volto). Há algo no ar: não é algo comum, extra comum, é algo turvo, fora de foco que necessita arremate... Mas sem martírio! Fiz juramento de arrumá-lo, deixa-lo tinindo (seja lá o que for). Em dado momento a brisa invade a sala e sinto o odor de flor de lírio (voltei de bucho cheio e com duas talagadas de cachaça na cachola). Joguei a moeda ao alto, escolhi “cara”; e foi assim: bateu no chão, rodou, rodou, rodou... Andou um pouco e caiu no vão da pedra. Peguei a lanterna e fui ver ao menos o que havia dado; e foi assim: bateu a luz nela e nada! Agora é algo comum que me tira a atenção e vai à contramão do desejo; agora é pão sem queijo, sexo sem beijo e desconstrução da ação. Fui pegar um imã, uma corda e acabar com o imbróglio... Resgatei a moeda, mas no ínterim do resgate – viagem – volta –, ela rodopiou na linha... Jamais saberei o que deu. Então, se não sei se perdi ou ganhei: é empate. 

– Tarde de 20 de Abril de 2015 (com ação, doação, dor e adoração)
Vem à dor de cabeça, mesmo que imaginária. Vêm os placebos da leitura, escrita e ficar solitário. A versão da história há tempos foi deturpada, pois nunca se faz nada que não traga um avesso apraz. Nada é capaz de entreter intermitentemente os eu próprio capataz; loucura, e é mesmo. (hoje pensei em ir doar sangue). O avesso agora se fez travesso e belo, repartindo o bolo em ¼ de desequilíbrio. Complexo colorido de ajustes perfeitos aos olhos perplexos e mentes entreabertas; mentes de calibres sutis, situações de insinuações sinuosas e citações hostis (tirei a noite para ler Foucault, mas faltou fetiche e o fantoche para findar tal festa). Vem à dor na perna, mesmo que real. Após a corrida vespertina em um suor mais forte, em um sol mais forte, um pique mais forte de um corpo mais fraco. É abril, mas poderia ser sonho; é um mês escancaradamente gordo (novamente a sensação que tenho mais do que preciso/mereço). Os bordões estavam prontos e os bordéis idem: tais “ai” e “hum” e “ha” num vai e vem intenso de dar inveja ao pêndulo do relógio antigo da sala. É mês que escancara; vou dar a cara à tapa e pronto para quaisquer jornadas. (tirei a noite para ler Ana C., vai faltar você. Já cedo faltou enredo, há medo sem meio no querer). 

– Noite de 20 de Abril de 2015 (com poética e orgulho das conquistas)
Iniciava-se: há ditadores querendo salgar a carne do churrasco. Isso é inadmissível!
Fiz aniversário no começo do ano; não tinha bolo, mas tinha bala! E da boa, e bem doce. Não sou mais um consumidor assíduo de doces, só os mais “light”. A criação atualmente é meu carboidrato, minha glicose, minha paçoquinha, meu doce de leite com suco de amora (vou comer torrada com ricota de leite de búfala e, de sobremesa, trufa de chocolate). Agora vi na televisão: mulher deu a luz a cinco crianças; agora olhei para o céu e cinco estrelas se destacaram. Medianamente o meridiano escolhe uma ponta; espontaneamente o espontâneo fica indeciso. É muito siso para um inciso nessa pouca boca; é muito oca para se construir uma oca e ocupar todo espaço preciso (vou tocar Blues pesado na minha gaita de boca e pegar pesado no semblante de louco). Farei aniversário no começo do ano que vem. Talvez tenha bolo, talvez tenha bala! E, de boa: nada de doce.  

– Manhã de 24 de abril de 2015 (com um pouco de Absolut e água com gás)
“Êta, porreta, qual é”! Deixo para trás o rompante e no montante e na montanha vejo essa manhã sedenta, tamanha, de inspiração. Manhã avermelhando ao longe... Cereal, frutas, café – sustentação –, o branco da parede e quadros coloridos, aqui. Vou dar minha corrida e ganhar pensamentos; ganhar sonhos e novidades; vou dar minha pitada de irrealidade e abarcar fingindo ser um monge (não escondo a simpatia pelo Budismo; e nem deveria, e nunca assim farei). À revelia estão em quilo/peso à crença contraditória, algumas oratórias sem noção; há momentos em que não me queixo, e o quebra-cabeça se deixa e se encaixa... Na maioria dos momentos não. Prefiro sempre a adequação de ter uma/duas/três escolhas (fiz escola nisso) e fazer o que acho sensato, justo e honesto: sem ordem – desordem – prevaricação (não escondo a simpatia pela pessoa simples, direta, objetiva, sincera e nada gananciosa). “Êta, disposição”, é bom acordar para vida depois de acordar da cama e depois de anos estagnado; não vou mais reacender tal (nenhum) carma (não foi para fazer trocadilho. Juro!). Já vivi na lama; já vivi no limo; já vivi no limbo; já vivi sem gama e “me virei” na vida sem colorido – sem poesia – sem improviso, com garrafas e ideias vazias (ou a caminho)... Sem fim, sem confetes e sem ninho. Na obsessão pela saída achei a poesia. Hoje a amo sem a necessidade da recíproca e/ou carinho.

– Madrugada de 25 de abril de 2015 (com um que de Bovarismo e um quão de Marx)
Não se diz ganancioso, apenas não se contenta com pouco; só não percebeu ainda que também não se contenta com muito. Uma corda: já baixou a noite, deitado e cansado vejo pela janela as estrelas sorrindo no céu; faz um frio atípico que pode futuramente principiar um temporal (tem sido a poesia que me invade e, em alarde e envaidecido, sigo saciado na sua maestria). Já fiz minha leitura noturna, escovei os dentes e bochechei o enxaguante bucal. Vou até a cozinha e abro o freezer deixando sair aquele bafo de fumaça gélido e gostoso, pego um copo comprido e coloco gelo até a borda e na porta pego a garrafa de vodca (resfriada/intensa – branca/alva – coloidal/viscosa – irresistível/fatal). As asas querem voo, me incomodam, querem que eu volte à leitura ou pegue a caneta. Mas com o copo na mão e o líquido na cabeça: estou de muleta. Um acordo: fiz um acordo certa vez, um pacto com um dos meus medos e com o mais forte deles. Nosso encontro foi em sonho: eu solitário no mar com ondas gigantes – é impossível estar sozinho quando se tem ondas gigantes, mas eu estava –, nada de terra em volta, nada de ilha nem sequer um barco. O medo voava enquanto soltava uma forte chuva sobre mim e soprava um vento muito frio e extremamente forte, no estilo terral, que fazia nas ondulações pequenas chuvas ao contrário. Era um cenário “Hitccokiano”, só um pouco pior, que parecia durar uma eternidade; eu gritava a ele para deixar-me livre, para expor a verdade, para não me enrolar mais... Ele concordou e eu então acordei (pássaros que vem e que passam também são os pássaros que ficam). Quando o tempo passa em branco é como estar alegre na jaula o Corvo; se acomodando no contrassenso de ser castrado da liberdade do voo. Um acorde: pego minha faca importada, minha faca de guerra, sento na varanda ao relento e começo a amolar – é um bom passatempo. A madrugada grita em silêncio, os cães das casas vizinhas e os daqui fecharam suas bocas sorridentes e babonas. Agora falta pouco, falta o parco: um mar, uma vara de pescar, uma lua cheia, inspiração e um barco. 

– Tarde de 26 de abril de 2015 (com esse bagulho que é o barulho)
O silêncio pega pelo pé; por isso sempre estou em companhia da música; tomei gosto por expor o que ouço ao escrever... É um toque, é um tique, é uma marca. Agora escuto “Poles Apart” do Pink Floyd, e com ela rabisco algumas ideias. O barulho, no ar, solto, solta minha alma. Mas tem que ser um bom barulho – o meu barulho –, e não precisa ser alto. Se não houver música volto-me ao barulho dos pássaros ou das ondas ou dos latidos ou dos gemidos ou da leitura que imerge no silêncio de todos os sons. Sou flexível aos sons naturais e sou extremamente austero aos sons do homem; chego a ser o chato que beira o caricato; chego a ser um pouco incoerente, pois sou o moderno de fones no ouvido que saem de um aparelho minúsculo com mais de duas mil músicas de outro século. Mentira! Há sons novos no repertório... Bem poucos, mas há. – Saindo do assunto: esse bagulho que faz um “barulho” bizarro que voa sem direção e aterrissa sem hora marcada; que toca no coração e na alma e (muitos dizem) na inspiração; que acende e queima em um cigarro ou em um cachimbo, sem ou com ritmo... E faz estrago, ou não – dá barato, ou não –, custa caro, ou não – pode custar vidas e causar mortes, ou não –, mas sempre cria muita polêmica e discussão.  Mas é outro assunto, para outro dia, outra estação. – Voltando ao assunto: peguei carona na leitura alheia que bateu na veia e tirou à teia e atiçou a aranha a fazer outra, futuramente. Os versos me saem famintos e querem mergulhar no branco da folha ou na tela alva do computador, quiçá na orelha da amada, arrepiando a nuca e os braços, ou simplesmente ser falada ao vazio do ar. Esqueço que os meus versos querem navegar (mas metaforicamente) – pelo menos os meus; todos os meus escritos, versos e até desenhos voam (mas metaforicamente²), pois na verdade saem em um veleiro, em um barco atraente (mas metaforicamente³); às vezes pega um mar de calmaria marmórea, sem brisa, sem onda, só aves que soltam sons baixíssimos e passam famintos dando mergulhos certeiros. Saem com aquele peixinho no bico e o sorriso implícito. Mas outras vezes é um mar agitado, assombroso, terrível, com uma bela ilha ao fundo e um sol acanhado que aguardam a chegada das letras. Ando lendo muito (além do corriqueiro) e nesse período estou devorando: “Confesso que vivi”, também o livro de uma amiga e Ana Hatherly... Fora as leituras digitais e de notícias. Acho que engessei um pouco a mão (apesar de estar há meses mergulhado em duetos com um grande poeta e amigo) e “desengessei” meu tempo comigo: estou orando mais (do meu jeito insano) e tentando aumentar minha constância na meditação; há tempos mudei de maneira drástica minha alimentação, focando o natural e comendo peixe e frutos do mar seis dias da semana; tem um ano e meio que venho correndo todos os dias (para ter direito a um dia de folga), sem escolher dias ou criar normas e horários, apenas o próprio tempo da corrida. O silêncio agora será quebrado pelo fim de tarde que chega e meu mergulho na piscina, uma cerveja sem álcool e um bom filme. Vamos atualizar os minutos, vamos fazer diminuta essa noite que chega rasgando – despedaçando meu tempo que foi devidamente aproveitado nesse domingo acabado, nesse sol que se foi... Amanhã já é nova semana e nova incidência da inspiração. 

– Madrugada de 27 de abril de 2015 (com uma enorme saudade do amanhã)
Sempre me flagro longe, pensando na minha velhice, na minha careca reluzente e no meu coração ainda batendo e amando, pescando em águas calmas e fartas de peixes e poesias; é recorrente. Penso no meu futuro barco simples, azul turquesa, nas águas de uma cidade do nordeste. Um barco com aquela tradição de um nome feminino escrito em letras simples e sóbrias nas laterais da embarcação... Há um tempo eu colocaria alguma pintora que gosto, que simbolizou algo em mim: Tarsila ou Djanira ou Haydéa ou Malfati ou Lia Mittarakis...  Mas hoje em dia mudei, e o mais provável é que seja o nome de uma das escritoras que também me marcaram, nas leituras e/ou nas respectivas histórias: Emily Dickinson ou Sylvia Plath ou Ana C. ou Carolina de Jesus ou Virginia Woolf ou Beauvoir... Ai, ai, ai, as mulheres... De repente seria melhor escolher uma deusa de alguma mitologia. Mas não! Ficarei mesmo com as escritoras que são/foram/serão deusas reais e eternas. – Em sempre: (Ainda mergulho de cabeça em uma paixão; mas checo a profundidade e a temperatura da água, coloco touca, tapa ouvidos e vou). Estico a mão para o céu e peço força captando alguma energia silenciosa. Na varanda, na minha cadeira, os cães deitados ao meu lado e um ar gélido, um céu limpo e os insetos em minha volta me observam. Estico os pés e apoio na minha escultura, “O tronco”, dou uma talagada no suco gelado de maracujá. O gelo aqui derrete em segundos, é um milagre sair da cozinha, sentar em uma cadeira e ainda vê-los boiando no copo (exagero). Meu corpo estala e já pede cama, meus olhos cansados, ardentes e coçando me convidam ao sono. Vou-me ao repouso, repousar o corpo, a mente, o bloquinho e a catarse que adoro, pois me persegue nos momentos mais curiosos, mais gráceis, carrancudos e inesperados. – Em nunca: agora estou satisfeito, debaixo de uma coberta fina o ventilador me banhando em ventos com o silêncio que a noite presenteia. Não há o que temer quando se tem como companheiro uma garrafa de saquê. É um paradoxo, pois se foge da luta encarando a fera. A verdade é que não está mais ali quem segura o quarto copo. Ele já se foi embriagado, alto em voo sem bússola sem tempo, o corpo físico presente, o espiritual enfermo – sem intento e localização nos mapas. Mas o corpo que fica ainda tem força, tem luta tem truta e maneja uma faca de caça e um punhal. É um perigo, arriscadíssimo, perigo descomunal; lembrou-me: “É a tal”. 

– Manhã de 12 de setembro de 2013 (com poética, dialética aritmética e dislexia)
É a tal: por favor, aguardem contato, anunciaram a chegada na hora; cheira forte e choca os olhos, queima a pele e dá até barato. A caça do homem no largo lago (um peixe e a saudade no prato) é a lágrima que chega mansinha no sorriso da boca na esquina. Fez louca a agonia do peito e a merecida alegria no tato. Fez da arte gato e sapato, do seu jeito só nesse feito. Alguém pergunta o que sugerem pra hoje: o cardápio está em letras gregas. Vejo estátuas sem todo o braço, ouço o voo de moscas varejeiras. Vem bom humor e o pavor de perdê-lo, o problema é mais que emblemático; vem matemático e fica cabreiro; vem o cosseno, o seno e o quadrado. E no porta-retratos a verdade, a neurose que não faz sentido; indo à toa, à tona e a esmo, não é o mesmo que felicidade. 

– Manhã de 29 de abril de 2015 (com um quê de barba feita)
A animação acorda junto! Coisa rara atualmente, mas sempre muito bem-vinda.
Abri meu jornal eletrônico e li sobre política. É, politica. Aquela coisa que muitos odeiam, alguns participam e muitos não entendem. Todas as vezes que faço uma postagem com algum cunho político me arrependo! Acho que realmente fica complicado quando se fala o que as pessoas não querem ouvir (até mesmo quando se está do lado delas). Vou me ater em escrever meus singelos rabiscos e continuar me expondo politicamente somente no meu voto e no boteco da esquina onde bato meu ponto, jogo gamão e derramo meus copos. Lavo o rosto e vejo aquela cara de ontem, meu cabelo está carecendo de um corte curto, é mais prático e o calor abranda. Escovo meus dentes, lavo novamente o rosto, faço meus alongamentos e vou-me ao banheiro de fora, da área dos fundos. Lá já tem um livro me esperando e o meu trono que adoro. Agora vamos falar em poesia, em algo romântico que me toca, me desmancha e me conserta, me dobra e desdobra, me faz feliz e moleque. Já estou pintado de guerra, já ouço tambores e ao fundo a água cai de um céu pardo e enterra meu otimismo. A espada é das Cruzadas – a roupa de soldado negro – botas de couro bem grosso – olhar de quem já morreu de véspera. Dilacerei meus fantasmas em praça pública ao som de Björk, a luz de holofotes com canapés diversos e uma vodca da boa. Era uma manhã como a de hoje, quarta feira; era Maomé indo à montanha e Maria indo à feira; um carro avança um sinal, outro estaciona erroneamente em vaga de deficiente; uma criança cai muito doente e de repente cai meu astral. Fui caminhar e me deparei com um belo castelo de cor púrpura, com um capacho enorme na porta escrito: “Essa casa é sua”.  

– Tarde de 29 de abril de 2015 (como “hoje desafio o mundo sem sair da minha casa”)
Veio um cheiro de sopa, aquela que a avó fazia nos tempos de criança. Geralmente quando eu adoecia. De repente é psicológico: o cérebro me pregando uma peça. A solidão agora é momentânea – é tempestade – que passa rápido e me dá até gosto – até gosto – pois refresca. Aprendi a lidar com a solidão não sendo solitário, pois às vezes a escrita pede reclusão e às vezes a leitura o isolamento; há tempos havia muita companhia, mas também um vazio importante a ser preenchido e isso me tornava só e sempre disperso. Achei à escrita, achei o meu Norte. Hoje tenho poucas, mas importantes e essenciais companhias: escrita, companheira, cães e alguns amigos, e sinto-me completo... Acho que amadureci nas carências, pois hoje em dia me conheço melhor; conheço meus defeitos e os assumo sem medo e piedade (é no assumir que se dá o primeiro passo para a correção). Desfoco as certezas (pois já estão certas, o que há de se mexer?) medito e foco absoluto nas incertezas; desconstruo o que me faz mal, pois tudo que faz mal pode e deve ser desmontado e não destruído. Se você destrói algo, acaba deixando destroços que podem vir a atrapalhar no seu caminhar, fazendo-o tropeçar e, por conseguinte, ter que remover do caminho - fazendo novamente um elo com aquilo. Em poética: Sinto sempre que há o toque da aquarela, há o tom certo para cada olhar, fazendo de cada olha a paisagem de gosto. Vidas ambíguas acontecem e não é a falta de tinta, pois nada deve mergulhar ininterruptamente no colorido e/ou no preto e branco. Até porque um e outro são cores. Vidas de umbigos também aparecem, e temos que saber lidar/liquidar/adestrar o ego. O ego é uma das armas mais perigosas existentes no mundo, até mais que o dinheiro. Ele se camufla, se mascara, se maquia, transmuta, diminui e cresce conforme sua penúria de existência, ostentação, parasitagem e sugação/destruição. Quem domina o ego tem total domínio da imagem, das vitórias e derrotas, dos sentimentos crus e da convivência salutar perante a sociedade. É algo que foge do diálogo raso, de fofocas e intrigas, de manipulações e insolências. O modo mais rápido, fácil e democrático que encontrei para domesticar meu ego foi no autoconhecimento, na meditação e no espelho eterno que crio diante de mim. 

– Madrugada de 1° de maio de 2015 (como onda só – assaz bela, mas só)
De quando em vez é melhor parar de pensar chatices. Na árvore da vida nunca se sabe qual galho segura o fruto, qual está podre e qual segura o fruto e se quebrará em podre. De qualquer maneira se deve adubar sem o adubo dúbio do mais fácil, trivial e raso.

O abajur aceso ilumina meu conhecido bloquinho. E as sombras feitas na parede dos objetos que se mexem pelo vento do ventilador desafiam minha imaginação. Taparam meus olhos para uma futura surpresa; desataram minhas mãos para as verdades do mundo. Os ouvidos voam atrás de boa música enquanto o corpo clama pela sobremesa. Agora não há mais tempo; não desisto nem do que já desisti. Pois vivo a remoer velhas charadas... Há tanta história dentro desse prólogo que eu poderia até parar por aqui. Mas vou além, o voo e as nuvens me aguardam nos vales querendo minha companhia. A língua está solta como nunca, a mente tinindo de alegria, e a sensação de nunca mais ir dormir sozinho. Há mares esperando meu barco adentrando, meu delicado mergulho e minha pescaria; não quero temperar demais o peixe – deixa-lo muito tempo no sal – apenas o necessário à língua... Meu amor, meu amar, estou indo. O que será que acontece quando a aranha tece sua melhor casa, sua zona de conforto? O sono vem arriando, dando gancho psicológico de direita; agora é fugir do lógico e ir ao básico do mundo. Desligar o tri e o bifásico. Nesse mundo incógnito – do ontem do amanhã do agora – ninguém é rico ou ferrado, pois não importa aos olhos do Deus que o governa. Como também não deveria importar nesse mundo aqui fora.


Buenos días amigos, seguidores y Facebook friends!Aquí tenéis en primera mano el videoclip de nuestro nuevo single "...
Posted by Sara Pi π on Segunda, 4 de maio de 2015

Dueto da tarde (CXLV)



Dueto da tarde (CXLV)

A diferença os uniu de tal forma que fundiram, se misturaram e se solidificaram, criando assim um terceiro extremo.
Nada foi tão igual como quando foi diferente. E nada foi tão um como quando foi mais de um.
Nas três partes coube a uma a fantasia, à outra o arranjo e à terceira a pitada de rebeldia.
Três estrelas num céu nublado. Três ponteiros no relógio da vida – e nenhum deles é o dos segundos.
A diferença os uniu e a indiferença os cimentou. Como uma linha de lã beijando a tecelã que abraça o frio.
Como a persiana que conversa com o sol depois que a vidraça já conversou. Como o pensamento que vem depois do pensamento que veio antes.
Norteados pela aceitação, criam, recriam e abusam do poder de criar; transformam seu norte em sul, leste e oeste... São como três sóis em um céu de um só sol.
A diferença mostra-se indiferente. A indiferença também se mostra indiferente. E eles, entre si, não fazem distinção entre o que não é e o que também não é.
E eles em elos, em alas de eles e elas, enlaçam-se enlouquecidamente mostrando aos olhos curiosos e os nem tanto o quanto os tão diferentes podem ser tão iguais.
Laço que esquece a falácia, que não busca palácios – já mora em todos –, que junta pedaços e eles não partidos foram.
O céu cede o espaço infinito aos sóis, ao tempo, as luas e estrelas, os pontos cardeais, a rosa e o vento, à rosa dos ventos e todos que queiram vir à festa, pois sob o céu que observa não há ninguém mal vestido.
E se há alguma razão para sofrer a diferença, ela é a mesma razão para festejar a diferença. Não há nada mais igual sob a face do céu; não há nada mais sobre a face de tudo que a face do céu.

Rogério Camargo e André Anlub
(6/5/15)

Gatilhos errantes

Jet Surf | New Extreme Sport Exclusively on X-Treme Video Facebook. Ft. Kai Lenny, Jamie O'Brien & Everaldo Pato Teixeira.
Posted by X-Treme Video on Domingo, 3 de maio de 2015


Gatilhos errantes 
(André Anlub - 16/6/14)

Já vai à guerra fazer o que é preciso,
Com esse brioso dom, com esse sétimo sentido,
Breve e incrivelmente leve em tal comunhão;
À sua mente: o grito grato expondo a dor
E o corpo frio que levantam do chão.

A lua untuosa ilumina o caminho,
Pés calçados na chinela velha de um guerreiro nato,
Na mão empunha a espada ao alto 
E a outra que quase esmaga
Um garrafão de vinho barato.

Hilário no seu imaginário
Com muito peixe – com muito lago
Sem vil aquário...

É pescador e nômade,
É gigante navegador,
Senhor de diamantes
Das ricas pedras sem esse valor.

Emblemática a fábula dos seres pensantes (no oitavo sentido)...

Bichos do mato abraçados ao calor do amor;

Flutuam como pássaros em palácios de sonhos (passam batido),
Esquivam-se dos ínvidos gatilhos errantes.

Ótima quarta...

Olhando o passado vemos que há tempos pouco a pouco as ignorâncias e preconceitos vêm sendo corrigidos e deixados mortos pela estrada. E hoje podemos chegar à evidente conclusão: não ficamos espertos, mas jazeremos ignorantes se assim crermos.

André Anlub



"Há mais de um século o cinema entrou na vida das pessoas, passando
gradativamente a fazer parte de suas rotinas. Nos dias de hoje o filme está de certa forma
em todos os lugares, não necessitando mais ir para uma sala de projeção para assisti-lo,
pois agora ele está dentro das casas, através da televisão.e celulares e tablet Assim, seria um tanto quanto
imprudente ignorar o fato de que tal veículo de informação tornou-se uma das principais
maneiras de influenciar e moldar a concepção/valores de mundo justo d uma sociedade

Cada personagem do filme representa diferentes opiniões sobre o show, os 
moradores de rua que se tornam os personagens principais do programa, Manray
(Mantan) e Womack (Dorme e Come) ganham notoriedade com o show, mas 
Womack, logo no começo durante a produção do piloto do show, não gosta muito de 
como ele será, entretanto aceita participar por necessidade, mas ao decorrer dos 
acontecimentos ele toma consciência do que o show vem fazendo com sua vida e 
vai por outro caminho. Mantan se deslumbra com o sucesso e se torna arrogante, 
mas com o tempo começa a entender o que tem feito e quando toma a decisão de 
sair do programa percebe que é tarde demais

O filme termina com uma longa montagem de clips racialmente insensíveis e humilhantes de personagens negros de Hollywood no começo do século 20 Alguns dos filmes utilizados na seqüência são The Birth of a Nation , The Jazz Singer , Gone with the Wind , Babes in Arms , Holiday Inn , Judge Priest , Ub Iwerks ' cartoon Little Black Sambo , Walter Lantz 's cartoon Scrub Me Mama with a Boogie Beat , the Screen Songs o curta metragem Jingle Jangle Jungle , the Merrie Melodies curta metragem All This and Rabbit Stew , and, from the Hal Roach comedy School's Out , Our Gang kids Allen "Farina" Hoskins and Matthew "Stymie" Beard"

elenco 

Damon Wayans como Pierre Delacroix / Peerless Dothan
Savion Glover como Manray / "Mantan"
Jada Pinkett Smith como Sloan Hopkins
Tommy Davidson como Womack / "Sleep 'n comer"
Michael Rapaport como Thomas Dunwitty
Mos Def como Julius Hopkins / "Big Blak Afrika"
Thomas Jefferson Byrd como "Honeycutt"
Paul Mooney como Junebug
Gano Grills como "Double Blak"
Canibus como "Mo Blak"
Charli Baltimore como "Blak Smooth"
MC Serch como "um sexto Blak"
The Roots como The Alabama Porch Monkeys

vale a lembrança de Isaura Bruno (São Paulo, 23 de junho de 1926 - Campinas, 2 de maio de 1977) foi uma atriz brasileira, tendo sido a primeira negra a protagonizar uma telenovela, O Direito de Nascer, na extinta TV Tupi.
Após o sucesso de O Direito de Nascer, em que viveu a Mamãe Dolores, Isaura fez mais três novelas.Conta-se que às vésperas de sua morte Isaura Bruno dizia ter tanta tristeza que não sabia qual era a maior delas
Nos anos 70 sua carreira declina e ela não consegue mais trabalhos na televisão. Pobre e esquecida, ela morreu vendendo doces nas ruas de Campinas, São Paulo, em 2 de maio de 1977, vítima de um ataque cardíaco.

A cada passo um ar mais puro

THIS IS PERFECTTHIS IS PERFECT
Posted by Mavi Kocaeli on Domingo, 3 de maio de 2015


A cada passo um ar mais puro      
(André Anlub - 1/6/13)

Ela voltou, trouxe algumas flores silvestres,
Vamos agora, juntos, pela nossa rua do apego.
A calçada é larga e o sol que fulge sempre,
Há cães que não ladram e gatos nos telhados.
De longe, bem ao longe, alguém clama companhia.
Lá, onde habita o delírio, tudo existe...
E ainda insistem até mesmo em chamar de “amores”
As variedades de corações em combustão.
Mesmo com a enorme falta de enzimas e excesso de buzinas,
Reinam os notórios e imortais motores...
Nem mesmo as dores conseguem atenção.
É lá, toda a inquietude e desassossego,
Estão vendo mal de perto como funciona o medo,
E estão cansados, mostram-se exaustos.
Mas nossa estrada é larga, como já foi dito,
Há espaço e apreço para tudo e todos,
As intolerâncias não crescem no infinito,
Quaisquer que sejam e venham à tona.

Árvore de Josué



Árvore de Josué
(André Anlub - 18/10/12)

Isolado no deserto, na sombra da grande árvore de Josué,
Escrevo alguns singelos rabiscos líricos...
Com o pensamento em nossa casa, lá, distante,
Em nossos cães correndo, deselegantes...
Vindo de encontro a você.

Por um instante a alma estacionada aqui se eleva
- Não há treva nem angústia.
Sinto meu corpo a acompanhar
Por dentro de memórias - sublimes histórias.

Sentindo o belo em todos e em tudo,
Caminhando na chuva por cima de um arco-íris sem cor,
Surdo para qualquer som absurdo...
Um banho de chuva e de glória.

Estou no alto e vejo-me pequenino sentado,
Estendo as mãos e solto um dilúvio de letras,
Estas se unem formando versos - eles se casam como uma bola de neve...
Banham meu corpo deixando-me ainda mais extasiado.

São dois de mim que se completam,
Ilustrei para expor como me sinto;
O porre de absinto de inspiração
Fez banho de chuva no verão.

Tribos urbanas

Tyrion Lannister by Jody Steel - Game of Thrones TimelapseMusic by Glitch Docta
Posted by TattooModelSearch.com on Sexta, 1 de maio de 2015


Tribos urbanas           
(André Anlub - 16/11/14)

O precipício perdeu boa parte do seu encanto,
deixando fraco canto e a sensação de não ser mais original; as estrelas tornaram-se muito mais convidativas e o amor na ativa, com sua calentura e seu interminável brilho, astuciosamente esculpe o seu brio:
Antônio Francisco Lisboa – atemporal.

Vem à luz amistosa, a luz da lua cheia, faceira,
que parece acariciar o vento; caminha pelas ruas de pedras através das sombras dos postes, dos bêbados e árvores, dobra as esquinas e passa de janela em janela, de porta em porta; passa pelas casas antigas, casas recentes e silentes, casas de Ouro Preto.

Por longas datas as bocas gritaram, cantaram e se tocaram em desejos; corações se uniram e se iluminaram em suas vielas; as bocas deles e delas perpetuaram e protegeram todo o, e o de sempre, luar.

O lugar e o legado, agora foram contidos pelo silêncio.
Só por um instante: - um minuto de tributo! Assim como ocas ocas, sem seus índios que saíram para caçar
e voltaram com a caça, com a raça e o ensejo para o ditoso festejo.

5 de maio de 2015

Dueto da tarde (CXLIV)



Dueto da tarde (CXLIV)

O mal entendido entende mal o entendido e pouco se entende.
O ponto de vista entra na briga e qualifica quaisquer versões.
O ponto de vista tem convênio com a vista do ponto. Quase uma sociedade. Quase um conluio.
São comodistas, pois pertencem a quase todos os lados ao mesmo tempo... Só há uma rejeição com o em cima do muro.
Atender a tudo é atender a ninguém. O mal entendido quer atender a tudo.
Com essa incumbência terá que atender a porta para o inoportuno; fará com o segundo lugar o pacto para um possível primeiro.
O pacto, compacto, gera impacto. Vem com ele a “luz” da discussão. O entendido diz que já sabia, enquanto o mal entendido procura nas entrelinhas a solução.
As entrelinhas de linhas grossas, de cabos de aço fazendo-se de linhas, deixam transitar um trem por ali.
Trem de aço – trem de “poréns”, de sim – não – talvez –, rumo ao espaço onde cabe o universo e um pouco além.
Trem de carga – a carga são os passageiros, passageiros como as certezas de quem não entendeu ainda.
O mal entendido se diverte com a divergência do humano e o desumano; morre de rir e zomba com o engano entre o divino e o mundano.
O mal entendido, bem entendido, é tudo que não deveria acontecer para não acontecer o que não pode acontecer.
E há no vão das afirmações um segundo mal entendido estendido entre elas – separando-as, provocando-as –, colocando lenha na fogueira e na fornalha dos trens que nunca chegam.

Rogério Camargo e André Anlub
(5/5/15)

Foi hoje no final da tarde



Foi hoje no final da tarde 
(André Anlub - 12/6/12)

Correndo pelo campo de tulipas, 
Braços abertos e mãos espalmadas,
Uma leve garoa cai, refrescando meu quente corpo.
Paro de correr e me deliciar com a chuva
Para pensar em você...

Também paro de escrever,
E nesse escritório sonho acordado
Com seus lábios.

Pois nada mais interessa nesse momento
Quero rimar amor com prazer...
Tento voltar ao foco da minha escrita,
Seria um romance? – seria poesia?

E no desespero da causa,
Por mais que a mesma me machuque...
Afogo-me em citações famosas,
Pois sei que você iria gostar.

Cito Shakespeare, Sartre, até amanhecer.
Choro, como bem sabe que é de costume,
Pois é a única que me entende, me ouve e me lê.

Mas retorno à mesa vazia,
Com as anotações, o charuto e a bebida,
E de saída, sinto como um aperto forte no peito,
Uma insanidade que sussurra ao ouvido...
O lamento e o esvaecer da minha vida.

É no amor, e não há impossível
No verossímil da batalha à vitória.
Fez de fulgentes momentos – o invisível
E na equação da paixão a auréola simplória.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.