4 de maio de 2015

Anjo sedento



Anjo sedento 
(André Anlub - 15/04/13)

Sedento cupido chegou, e nas costas carrega mágicas Flechas de ardor: - arco de osso de brontossauro, corda de tripa de Triceraptor, flechas feitas de costelas de homens que Semeavam amor.

São lançadas aos desígnios,
Voam ultrapassando cometas, 
Seguem as luzes das estrelas
E aos corações as carícias;

Fartas águas brotam límpidas em nascentes de rios;
Abriga, na paixão periga amparo, advindo da alquimia,
Já para – alvejado o amor.

Saciado, o cupido se engasga nas gargalhadas;
Deleita-se na verdade da entrega alheia... e em seguida lamenta (aos prantos) devora-se, grita, ajuíza e tonteia.

Inflama seu próximo armamento, derrama seu secreto tormento; de punho bem cerrado,
O arco e a flecha tomados na mão... 
Aponta para o próprio peito.

As paixões incompletas estressam, surgem, mas não se Deixam ver, ficam cobertas com o manto da noite
E somem no mais sútil alvorecer.

E por fim...



E por fim... 
(André Anlub - 04/04/13)

Ela quer recuperar a autoestima,
Não ser a vítima dentro da situação...
Na contramão de um sorriso largo,
Na contradição de um fácil enigma.

Não quer falar nada sobre o salto alto,
Nem a inocência da criança interior.
Não fala do caro perfume de barato odor
Que ao apreço e ao berço impregnou.

Traz má sorte ver a cara da morte
Antes de consolidar o casamento.

Se for para elogiar, que seja seu consorte,
Se for para ferir, que seja o mundo inteiro.
Se há algum segredo nos que cultivam medo,
Deve ser mostrado, pois o solo é sagrado;
E se o mesmo é fértil (produz belos rebentos)
Esconde-se o erro, fere a fogo e ferro.

Inquilino


Inquilino 
(André Anlub - 28/6/09)

   Pela sutileza do olhar de Rosa, já sabia o que queria... Não devidamente falado, não claramente pensado, mas sempre demonstrava com o olhar o que antes refletira. Um domingo como qualquer outro. Frio lá fora e as árvores cobertas com uma fina camada de orvalho balançavam com o vento forte e gelado que vinha do sul. Aqui dentro, nessa casa velha de madeira e forno a lenha, a temperatura era mais amena; enquanto houvesse lenha haveria calor. Tinham também os cupins comendo as paredes e uma velha escrivaninha no canto da sala, que brilhava porque recebera um presente meu: uma lata de verniz que achei no porão, fez a mesma que outrora estava sem vida, ficar linda, com jeito pueril, uma anciã tornando-se novamente criança. Entardeceu e nuvens negras no céu. Eu e Rosa, no ostracismo da casa, sem recursos e com inúmeras goteiras... Perguntávamo-nos o que poderia acontecer.  Lá de fora ouvimos um som estranho, um pouco abafado e sem direção; o som foi aumentando, ficando bem mais perto – mais grave – claro e objetivo. Era um urso pardo, grande, e pelo cair de suas babas, faminto. Corremos para o porão e não havia luz, nem pela janela entrava algum filete de luz. A mesma havia sido coberta por pedaços de galhos e árvores que caíram; a porta da sala foi-se abaixo, o urso havia entrado e foi de encontro a nossa mesa, esbarrou no rádio que caiu e ligou. Ficamos todos ao som de uma música calma; não dando atenção ao ocorrido... Comeu o resto de provisões que tínhamos e depois de se deleitar com frutas, deitou e dormiu ao calor da lareira e o som "So far away" de Carole King.

                                Meus Nerudas 4/5/15

Dueto da tarde (CXLIII)



Dueto da tarde (CXLIII)

O tempo valioso perdido aos ventos – no ar –, perdido na chuva que cai e banha e refresca.
A valia do tempo encontra-se com a valia da eternidade, que já se esfumou em nuvens que não mais.
Foram os tempos de leva e trás – sabor de júbilo na veia. Nos tempos de hoje o tempo vale ouro, mas o que é jogado fora se torna areia.
Areia espera água, água espera cimento. Nada é para sempre, mas tenta. Isso atenta. 
O tempo que não volta atrás – frase difícil –, mas o preocupante é o tempo que não segue em frente.
Pré-ocupação. Vem antes do que de fato existe. E o que de fato existe é tão passante como o que não se consegue prender com as mãos.
Como a água que passa entre os dedos – cai ao chão –, passa entre empecilhos e como um trem em tortos trilhos viaja e se mistura com a gravidade do tempo, terra do tempo, mar do tempo e areia.
No coração do coração há uma incerteza. E é exatamente o que dá certeza de viver. No coração do coração há uma insegurança. E é exatamente o que dá chão para viver.
Se o tempo for errado e absurdo, em breve passa num estampido mudo. Se há o tempo certo para tudo – ele fica e deixa fruto, aprendizado e acerto de quem um dia pode ter sido errado.
O que é “errado”, pergunta o tempo. E já passou. Se o errado não passa com ele, alguém está... errado.
O que é o “acerto”, pergunta o errado. E já acertou. Se há a curiosidade do esclarecimento.
Tudo isso o vento varre. Tudo isso é eterno já passando. O que fica é o que vai junto. O substancial é o que se desmancha e vai junto.
Os ponteiros não param e a bola não cansa de girar – são duas certezas menos precisas que o próprio tempo que as move. “O tempo é o senhor da razão” – agora sim, os ponteiros e o mundo apostam suas fichas.
Apostam e perdem. Porque a razão pretende ser senhora do tempo quando diz que o tempo é o senhor da razão...

Rogério Camargo e André Anlub
(4/5/15)

3 de maio de 2015

Dueto da tarde (CXLII)



Dueto da tarde (CXLII)

As lembranças se atropelam. Até existem sinaleiras e faixas de segurança. Mas elas não respeitam. 
Andam cabreiras pelas ruelas das raízes do cabelo, sentem o cheiro da fumaça, do perfume e do odor e o doce aroma do shampoo de aveia.
Trânsito difícil, pesado. Muita impaciência dos buzinantes. E as memórias com carga urgente para entregar se enervam.
Há lembranças folgadas, com a mão espalmada acima da trombeta aguardando o sinal verde; mas também existem as leves e discretas, que andam, trabalham e passeiam de bicicleta.
Há lembranças flanando em roupas leves de verão. Há lembranças encasacadas e tossindo. Há lembranças com radinho de pilha no ouvido acompanhando o jogo. Há lembranças que nem vieram, com receio do trânsito caótico.
E lá no canto, escondido pela sombra do lóbulo da orelha, atrás do brinco e da tatuagem de borboleta, há na memória o seu olhar castanho claro, penetrante, meio de lado que ficou congelado desde a nossa separação.
Para ele não há guarda de trânsito, não há Código Nacional de Trânsito, não há nada além do meu mau trânsito por uma dor que apunhala.
É a buzina mais alta no sinal que não abre da carga extremamente pesada que se abraça ao achaque.
O ruído angustiante de uma freada brusca. O som assustador de uma batida violenta. O arrepio de um grito desesperado. As lembranças se atropelam. E uma (a sua) me atropela. 
Estendido no chão, beijando o chão que não me beija, peço/imploro a única bênção que me socorre entre tudo que me ocorre: amnésia!

Rogério Camargo e André Anlub
(3/5/15)

Não me enfastio quando falo de amor

Foi um rebuliço! Imagine um verão cheio de latas de maconha. Assim foi o verão de 87 no Brasil. http://goo.gl/HUcktaESTE SÁBADO, estreia VERÃO DA LATA às 22h.#VerãoDaLata
Posted by Canal History Brasil on Quarta, 3 de dezembro de 2014


Não me enfastio quando falo de amor 
(André Anlub - 12/9/12)

Dizem que de nada vale uma luta 
Se não for por amor.
Mesmo que não seja
De um modo direto e/ou visível.

Por sobre barreiras,
Andando por cima das águas,
Atravessando penhascos
E aguentando o calor.

Elogiando e rasgando seda para o verdadeiro amor:

- intrínseco e salutar - precioso e impagável
O verdadeiro é quase sempre eterno.
Encontrado em variadas esferas,
Quando dividido é insuperável
Andando na fina camada de gelo do lago congelado:

- é frágil, isso é incontestável!
Cristal fino – bebida rara em fina taça
É mágico, enfático, abracadabra!
Cada respirar – cada passo.

Lutando contra o tempo da saudade e da distância:

Se um segundo é piscar dos olhos,
Sozinho é uma eternidade.
Aperta o peito e cai uma lágrima.
Amor é aquém e além da realidade.

2 de maio de 2015

Dueto da tarde (CXLI)



Dueto da tarde (CXLI)

Consonância fina de uma sintonia perfeita como uma luva feita para caber em qualquer mão. 
O côncavo e o convexo têm inveja, lua e estrela não casam tão bem. Usar a mesma frequência e não se atropelar. 
É estar e não estar, o imperceptível extremamente visível, mas só visto aos olhares internos. 
Sombras que se tocam no escuro. Não há falta de luz em sombras que se tocam no escuro. Há sombras tocando-se no escuro, apenas. 
Os sons são absurdos, zumbidos, vozes, cantos, murmúrios dos mais extensos timbres.
As entrelinhas entrelaçam-se e entre suas linhas – entre seus laços – o suspiro do que não está ali marca presença.
E à ausência de um testemunho há muita indiferença. Foram, querem e são o que foram, são e querem.
Uma lembrança de que sempre foi assim não conversa com uma lembrança de que nem sempre foi assim.
A sintonia entrou na perfeição e saiu do lugar comum, pois mergulhada na aceitação nada mais é opressor e ninguém mais está oprimido.
Mesma direção, mesmo sentido. Não há necessidade de placas nem de mapas nem de GPS.
Agora as sombras se tocam no claro, mesmo que olhos não vejam ouvidos não ouçam bocas não falem; agora o côncavo se faz convexo – e vice-versa – no reflexo do outro ponto de vista.
Sim, tonia – sem atonia, sem afonia, sem agonia, sem nada além de uma vida inteira e tudo que é de uma vida inteira.
Desliga-se a luz e o som, desliga-se a sintonia fina e a consonância perfeita ligando o status em “procura” para um novo passo à frente no caminho. 
É do tropeço que se ergue e mantém.

Rogério Camargo e André Anlub
(2/5/15)

A Morte

OMG
Posted by Syntheticsax Mikhail Morozov on Terça, 21 de outubro de 2014


A Morte (do livro “Poeteideser”)
(André Anlub - 6/6/08)

No furacão do mundo
Surge a esperança:
- subjugando a verdade
- contradizendo a bonança.

É amiga do inimigo,
É a mãe do próprio pai.
Busca em tudo seu abrigo,
Vem, fica e vai.

Surgem então seus seguidores,
Donos da própria vida impura.
Perdidos pelos amores
- Achados pela amargura.

Vem depressa que é seu fim,
Traga todos com você.
Não me encare assim,
Sou a morte para você.

Mar de doutrina sem fim

Marque aqui seu amigo que é apaixonado por música instrumental!Às 18h, o Trio Madeira Brasil comemora 15 anos de...
Publicação by Canal Brasil.


Mar de doutrina sem fim 
(André Anlub - 12/5/14)

Houve aquele longo eco daquele verso forte desafiador;
Pegou carona na onda suntuosa de todo mar agitado:
- fui peixe insano com dentes grandes e olhar de bardo;
Fui garoto, fui garoupa, fui a roupa do rei de Roma...
E vou-me novamente mesmo agora não sendo.

Construo meus barcos no sumo da imaginação:
(minhas naves, pés e rolimãs),
E como imãs com polos iguais, passo batido... 
Por ilhas virgens – praias nobres – boa brisa;
Quero ancorar nas ilhas Gregas, praias dos nudistas e ventos de ação.

Lá vem novamente as velhas orações dos poetas,
A tinta azul no papel árduo
E vozes roucas das bocas largas,
Mas prolixas: mês de maio, mais profetas.

E houve e não há, o que foi não se repete;
Indiferente das rimas de amor – vem outro repente...

O mar calmo oferece amparo:
- sou Netuno e esqueci o tridente,
Trouxe um riso com trinta e dois dentes;
Sou mistério que mora no quadrado de toda janela,
O beijo dele, dela, da alma ardente que faz o mar raro.

1 de maio de 2015

Memórias da Guerra

What are they doing....What are they doing....
Posted by Mavi Kocaeli on Quarta, 29 de abril de 2015


Memórias da Guerra
(André Anlub - 19/4/11)

Em meio a fumaça cinza com um toque avermelhado,
Embaixo de um céu que é testemunha:

Vejo ferros retorcidos, destroços,
Corações calados, que gritam...
Vejo o tempo congelado.

Em meio às ruas esburacadas
Vejo pertences abandonados (abrigos)
Vejo um rio frio...

Rio de cartuchos que tiveram seus projéteis deflagrados,
Todos com nomes - objetivos
Calar um peito inimigo,
Um corpo latente a ser alcançado,
Silenciando-o e roubando-lhe sonhos.

Como o corte de uma navalha,
Como quem tira o doce de uma criança,
Como quem tira o amor e a esperança,
Em troca de uma medalha.

Madrugada de 1° de maio de 2015



Madrugada de 1° de maio de 2015 (como onda só – assaz bela, mas só)

De quando em vez é melhor parar de pensar chatices. Na árvore da vida nunca se sabe qual galho segura o fruto, qual está podre e qual segura o fruto e se quebrará em podre.
De qualquer maneira se deve adubar sem o adubo dúbio do mais fácil, trivial e raso.
O abajur aceso ilumina meu conhecido bloquinho. E as sombras feitas na parede dos objetos que se mexem pelo vento do ventilador desafiam minha imaginação.
Taparam meus olhos para uma futura surpresa; desataram minhas mãos para as verdades do mundo. Os ouvidos voam atrás de boa música enquanto o corpo clama pela sobremesa. Agora não há mais tempo; não desisto nem do que já desisti. Pois vivo a remoer velhas charadas... Há tanta história dentro desse prólogo que eu poderia até parar por aqui. Mas vou além, o voo e as nuvens me aguardam nos vales querendo minha companhia. A língua está solta como nunca, a mente tinindo de alegria, e a sensação de nunca mais ir dormir sozinho. Há mares esperando meu barco adentrando, meu delicado mergulho e minha pescaria; não quero temperar demais o peixe – deixa-lo muito tempo no sal – apenas o necessário à língua... Meu amor, meu amar, estou indo. O que será que acontece quando a aranha tece sua melhor casa, sua zona de conforto? O sono vem arriando, dando aquele gancho psicológico de direita; agora é fugir do lógico e ir ao básico do mundo. Desligar o tri e o bifásico. Nesse mundo incógnito – do ontem do amanhã do agora – ninguém é rico ou ferrado, pois não importa aos olhos do Deus que o governa. Como também não deveria importar nesse mundo aqui fora. 

André Anlub

Dueto da tarde (CXL)


Dueto da tarde (CXL)

A dor mora ao lado. E está pensando em mudar-se para mais perto.
Sua agudez é atroz e vem logo atrás sua aptidão de mutação para enfraquecer o alvo.
Muitas faces e a mesma. Muitas fases e a mesma. Imutável no diferente sempre.
A dor mora ao lado, mas aparece sempre para pedir uma xícara de açúcar. A dor não é nada vaga, mas ocupa uma vaga enorme.
Leva uma xícara de açúcar, fica para uma xícara de chá. E conta que, se pudesse, não ia mais embora. A dor mora ao lado, mas acha tudo muito longe. 
Já está pensando em alugar o quarto vago nos fundos. Não falou nada ainda, mas seus olhos dizem tudo.
Na janela estreita pensa em colocar cortinas, no parapeito um ou dois vasos, talvez pintar as paredes de azul-claro, para doer mais brandamente. 
A dor escreve excelentes poesias e também pode ensinar e indicar o caminho certo a seguir.
Há um flerte eterno com o amor, mas vive tranquilamente sozinha; há uma busca perene pelo fim, mas sempre estará presente no início.
Há dor na partida de uma pessoa querida; há dor na chegada de uma doença rara. A dor não vê cara, mas pode ver coração.
A dor só vê coração, quando mora ao lado e quer vir para mais perto. E vem para mais perto. E não sai de mais perto – e de dentro. 
Ela deixa um emblemático adendo: a dor nunca morre e morrer não é dor, é salvação.
Tudo isso é enquanto isso. Porque ela ainda não se mudou. Ela ainda mora ao lado.

Rogério Camargo e André Anlub
(1/5/15)

30 de abril de 2015

Inocente e réu

Uma enorme python exibiu extraordinárias habilidades de escalada na Tailândia. Enrolando e desenrolando seu corpo, a...
Posted by Revista ISTOÉ on Terça, 28 de abril de 2015


Inocente e réu 
(André Anlub - 21/12/10)

Andei por caminhos difíceis
(sombrios e íngremes)
Descobri a esperança e o renovar de cada andança
(caridades e crimes)
Peregrinando e observando no caminho
Pássaros que vão e vem
E seus gravetos nos bicos.
Lembro-me de outras épocas,
Ninhos de cantos e gemidos... vida de baixos e apogeus.
Ah! sinto saudade, sinto o perdão que outrora não conhecia. Aprendi durante esses anos vividos
A amar e saciar a quem me sacia.
Aprendi a doar-me mais e cobrar menos,
Ser moderno amando o eterno e ser bom aprendiz.
Aprendi a conter minha raiva, ter paciência,
Pisar em ovos e passar feliz.
Nesse caminho, sob a luz da lua, declamo mansinho os Versos teus... 
O vento mexe as margaridas
Campos de trigo - minha vida (baú de amigos).
Em outra vida devo ter sido rei,  talvez um nobre, 
Bobo da corte ou um plebeu. (de nada importa!)
Na paisagem de tua janela, de frente ao lago, o pôr do sol.
E no crepúsculo, ouvindo os sapos, os violinos, clave de sol.
Sinto o toque divino no verde e no azul piscina do céu,
Vejo que ainda sou menino e sou desde pequeno
Inocente e réu.

Amor embriagado



De toda a imensidão do planeta, só quero estar nesse mar belo de Iemanjá, Iracema, Otelo. Mar de perfeitos sonhos, folclores, tesouros e viços, dos nautas, vikings, corsários, navegadores fenícios... Mar de amores lendários, imaginários, antigos, concretos, ambíguos 
de interminável poesia que em toda alma habita.

Amor embriagado 
(André Anlub - 2/2/15)

- Remédios para uma cabeça retrógrada: uma dose de “amanhã” pela manhã, uma de “acaso” no ocaso e outra de “ironia” ao fechar do dia.

Venha, venha logo, traga o vinho e a taça,
Pois a comida quente e saborosa vai esfriar.
O ar está glacial, deve ser o efeito do ar condicionado
Com minha impaciência e a corriqueira pressão baixa.

Seu amor me implantou uma espécie de dormência,
Algo incômodo que carrego junto à carência. 
Amor fantasiosamente assombroso – casto colosso,
Que me pisa impetuosamente com pés quilométricos
E me acende o sorriso mais um par de vezes.

Por você, a nado, atravesso quaisquer continentes...
Sigo de mansinho ao limbo desconhecido e inóspito;
Escrevo o poema sem nexo, sem contexto e pretexto,
Mas o faço um texto bem-sucedido, laureado e exótico.

Venha, venha logo, antes que acabe esse meu sonho.
Como de praxe: amanhã olharei novamente sua doce foto,
Fecharei meus cegos olhos negros, ainda encharcados de clemência...
E construirei, esculpindo pouco a pouco, o seu corpo ao meu lado,
Com vinho, com a taça, com a pirraça da minha demência
E o meu tenro amor embriagado.

Dueto da tarde (CXXXIX)



Dueto da tarde (CXXXIX)

Quem beija as ondas salgadas dessa praia despovoada acaricia a brisa leve da tarde, canta junto aos pássaros e se despede do sol dando boas vindas para a lua que vem?
Uma sombra do sol, talvez, que é talvez mais um tanto de sol confirmando-se no azul de sua casa e no azul de nossa casa.
Na perfeição dessa vida presenteada encaixam-se os aplausos e agradecimentos. Decorando o laço colocam-se os encontros e casamentos... Sublimes momentos.
Os pés procuram nuvens para caminhar, os olhos procuram colírios nas estrelas.
E quem será que abraça as areias quentes e aposta corrida com caranguejos, sobe em coqueiros e bebe o coco e deita na rede olhando o barco e esperando a noite cair?
Na brisa que descreve o nome das coisas apenas para esquecer o nome das coisas no próximo sopro estão alguns aromas que se divertem com a investigação.
Na névoa a reflexão de um futuro novo nos moldes do presente vivente, pois o que seria esperado por todos foi deixado de lado por livre e espontânea vontade.
No orvalho das manhãs sempre esperançosas um reflexo da última estrela sorridente é como um retrato diáfano que se desmancha em essências.
Mais um dia e um sorriso e cresce o eucalipto em direção ao infinito; vem o banho vem à chuva e cai como uma pluma em direção ao lirismo.
E é com ele nas mãos que o beijo nas águas salgadas também é o beijo nas águas doces, porque a doçura não escolhe gostos, a doçura apenas gosta.

Rogério Camargo e André Anlub
(30/4/15)

Saindo (ou entrando) no clima:


Segue na íntegra o prefácio escrito por Charles Bukowski em Pergunte ao Pó, de John Fante:

"Eu era um jovem, passando fome, bebendo e tentando ser escritor. Fazia a maior parte das minhas leituras na Biblioteca Pública de Los Angeles, no centro da cidade, e nada do que eu lia tinha a ver comigo ou com as ruas ou com as pessoas que me cercavam. Parecia que todo mundo estava fazendo jogos de palavras, que aqueles que não diziam quase nada eram considerados excelentes escritores. O que escreviam era uma mistura de sutileza, técnica e forma, e era lido, ensinado, ingerido e passado adiante. Era uma tramóia confortável, uma Cultura-de-Palavra muito elegante e cuidadosa. Era preciso voltar aos escritores russos pré-Revolução para se encontrar alguma aventura, alguma paixão. Havia exceções, mas estas exceções eram tão poucas que a leitura delas era feita rapidamente, e você ficava a olhar para fileiras e fileiras de livros extremamente chatos com séculos para se recorrer, com todas as suas vantagens, os modernos não chegavam a ser muito bons.

Eu tirava livro após livro das estantes. Por que ninguém dizia algo? Por que ninguém gritava?

Tentei outras salas na biblioteca. A seção de religião era apenas um vasto pantanal... para mim. Entrei na de filosofia.

Encontrei alguns alemães amargos que me animaram por algum tempo, depois passou. Tentei matemática, mas a alta matemática era exatamente como a religião: me escapava. O que eu precisava parecia estar ausente por toda a parte.

Tentei geologia e a achei curiosa mas, no fim, não sustentável.

Encontrei alguns livros sobre cirurgia e gostei deles: as palavras eram novas e as ilustrações maravilhosas. Apreciei e memorizei particularmente a operação do cólon.

Então larguei a cirurgia e voltei à grande sala dos escritores de romances e de contos (quando havia suficiente vinho barato para beber eu nunca ia à biblioteca).

Uma biblioteca era um bom lugar para se estar quando você não tinha nada para comer ou beber e a senhoria estava à procura de você e do aluguel atrasado. Na biblioteca, pelo menos, você podia usar os toaletes. Eu via um bom número de outros vagabundos ali, a maioria dormindo sobre os livros.

Eu continuava dando voltas na grande sala, tirando livros das estantes, lendo algumas linhas, algumas páginas, e depois os colocando de volta.

Então, um dia, puxei um livro e o abri, e lá estava. Fiquei parado de pé por um momento, lendo. Como um homem que encontrara ouro no lixão da cidade, levei o livro para uma mesa. As linhas rolavam facilmente através da página, havia um fluxo. Cada linha tinha sua própria energia e era seguida por outra como ela. A própria substância de cada linha dava uma forma à página, uma sensação de algo entalhado ali. E aqui, finalmente, estava um homem que não tinha medo da emoção. O humor e a dor entrelaçados a uma soberba simplicidade. O começo daquele livro foi um milagre arrebatador e enorme para mim.

Eu tinha um cartão da biblioteca. Tomei o livro emprestado, levei-o ao meu quarto, subi à minha cama e o li, e sabia, muito antes de terminar, que aqui estava um homem que havia desenvolvido uma maneira peculiar de escrever. O livro era Pergunte ao pó e o autor era John Fante. Ele se tornaria uma influência no meu modo de escrever para a vida toda.

Terminei Pergunte ao pó e procurei outros livros de Fante na biblioteca. Encontrei dois: Dago Red e Espere a primavera, Bandini. Eram da mesma ordem, escritos das entranhas e do coração.

Sim, Fante causou um importante efeito sobre mim. Não muito depois de ler esses livros, comecei a viver com uma mulher.

Era uma bêbada pior do que eu e tínhamos discussões violentas, e freqüentemente eu berrava para ela: "Não me chame de filho da puta! Eu sou Bandini, Arturo Bandini!"

Fante foi meu deus e eu sabia que os deuses deviam ser deixados em paz, a gente não batia nas suas portas. No entanto, eu gostava de adivinhar onde ele teria morado em Angel's Flight e achava possível que ainda morasse lá. Quase todo dia eu passava por lá e pensava: é esta a janela pela qual Camilla se arrastou? E é aquela a porta do hotel? É aquele o saguão? Nunca fiquei sabendo.

Trinta e nove anos depois, reli Pergunte ao pó. Vale dizer, eu o reli neste ano e ele ainda está de pé, como as outras obras de Fante, mas esta é a minha favorita, porque foi minha primeira descoberta da mágica. Existem outros livros além de Dago Red e Espere a primavera, Bandini. São Full of Life e The Brotherhood of the Grape.

E, neste momento, Fante tem um romance em andamento, Sonhos de Bunker Hill.

Por meio de outras circunstâncias, finalmente conheci o autor este ano. Existe muito mais na história de John Fante. É uma história de uma terrível sorte e de um terrível destino e de uma rara coragem natural. Algum dia será contada, mas acho que ele não quer que eu a conte aqui. Mas deixem-me dizer que o jeito de suas palavras e o jeito do seu jeito são o mesmo: forte, bom e caloroso.

E basta. Agora este livro é seu."

- Charles Bukowski

Dos fetiches



Dos fetiches 
(André Anlub - 4/4/12)

E foi assim:
- Posso passar as manhãs de domingo com você?
Faço a massa de pão com alho que você adora;
Faço suco de acerola da nossa árvore do quintal.

- Pensei em assistirmos aquele filme do cachorro...
Aquele que você sempre chora!
Confesso que em mim desce a lágrima no final. 

Podemos, após o filme,
Nos beijarmos em ventania...
Mas amor: faremos serenamente,
Orquestrando nova sinfonia
Na varanda sob a lua crescente.

Em seguida tomaremos um delirante banho quente,
Quiçá na Jacuzzi,
Com aromatizantes e ervas calmantes
E “Only time” da Enya - fundo musical...

Agora apenas a luz de velas...
Podemos novamente fazer amor,
Com mais paixão.

As espumas na água formam desenhos;
A luz do ambiente compõe,
De forma majestosa, o cenário.

E as mãos, e as mãos? Outra hora!
E é assim:

Quando tudo acabar poderemos prosear...
Perguntarei o seu nome
E seus gostos e preferências;

Perguntarei se hoje fui o seu homem...
As suas andanças,
Sua profissão e reticências.

E por fim, nos dedos vazios...
Colocaremos novamente as alianças.

29 de abril de 2015

Os cavalos, as tulipas e uma vida

Desabafo de uma professora paranaense

Posted by Enio Verri on Quarta, 29 de abril de 2015


Os cavalos, as tulipas e uma vida (continuação de “Se todas as tulipas fossem negras”)
(André Anlub - 7/6/13)

Meu cavalo relinchou por comida
quer algo esquecido e sem fim.
Quer banquete farto e antigo
quer minhas loucas iguarias
pois já está farto de capim.

Meu cavalo veio à minha porta
nessa torta manhã de domingo.
Ouvi com delicadeza sua clemência
e chorei feito menino.

Mais uma vez só vejo as tulipas negras
e o verão mergulhado no inverno.
O inferno com suas portas abertas
badalou os sinos
e colocou o capacho de “bem-vindo”.

Mas, minha gente amiga...
beijo a vida vadia.
Deem-me as mãos, me deem guarida
não quero ser julgado, é covardia.

Como réu confesso, meu cavalo se vai
some ao longe, pelo canto da estrada.
Sua estada é sempre trágica
e, como mágica, ressuscita as tulipas.

ATUALIZAÇÃO: números do SAMU: 150 feridos, 8 em estado mais graves, devido a tiros de borracha e mordidas de cachorros...
Posted by Gazeta do Povo on Quarta, 29 de abril de 2015

Tarde de 29 de abril de 2015


E quando o português ganha este acento oliventino?► Comovente este "fado corridiño" dos ACETRE (folk bilingue) de...
Posted by Café PORTUGAL on Sábado, 11 de abril de 2015


Tarde de 29 de abril de 2015 (com um “tico” de “pronto, falei!”)

Veio um cheiro de sopa, aquela que a avó fazia nos tempos de criança... Geralmente quando eu adoecia. De repente é psicológico: o cérebro me pregando uma peça.
A solidão atualmente é momentânea – é tempestade – que passa rápido e me dá até gosto – até gosto – pois refresca. Aprendi a lidar com a solidão não sendo solitário, pois às vezes a escrita pede reclusão e às vezes a leitura o isolamento; há tempos havia muita companhia, mas também um vazio importante a ser preenchido e isso me tornava só e sempre disperso. Achei à escrita, achei o meu Norte. Hoje tenho poucas, mas importantes e essenciais companhias: escrita, companheira, cães e alguns amigos, e sinto-me completo... Acho que amadureci nas carências, pois hoje em dia me conheço melhor; conheço meus defeitos e os assumo sem medo e piedade (é no assumir que se dá o primeiro passo para a correção). Desfoco as certezas (pois já estão certas, o que há de se mexer?) medito e foco absoluto nas incertezas; desconstruo o que me faz mal, pois tudo que faz mal pode e deve ser desmontado e não destruído. Se você destrói algo, acaba deixando destroços que podem vir a atrapalhar no seu caminhar, fazendo-o tropeçar e, por conseguinte, ter que remover do caminho (fazendo novamente um elo com aquilo). Em poética: Sinto sempre que há o toque da aquarela, há o tom certo para cada olhar, fazendo de cada olha a paisagem de gosto. Vidas ambíguas acontecem e não é a falta de tinta, pois nada deve mergulhar ininterruptamente no colorido e/ou no preto e branco. Até porque um e outro são cores. Vidas de umbigos também aparecem, e temos que saber lidar/liquidar/adestrar o ego. O ego é uma das armas mais perigosas existentes no mundo, até mais que o dinheiro. O ego se camufla, se mascara, se maquia, transmuta, diminui e cresce conforme sua necessidade de existência, ostentação, parasitagem e sugação/destruição. Quem domina o ego tem total domínio da imagem, das vitórias e derrotas, dos sentimentos crus e da convivência salutar perante a sociedade. É algo que foge do diálogo raso, de fofocas e intrigas, de manipulações e insolências. O modo mais rápido, fácil e democrático que encontrei para domesticar meu ego foi no autoconhecimento, na meditação e no espelho eterno que crio diante de mim.

André Anlub

De um poeta amigo:


O Poeta e a Rima...

Um sonho que carrego
desde a minha juventude
ser poeta, fazer poesia
inspirado nos autores
dos livrinhos de Cordel
do meu avô Chiquinho.

As histórias sempre belas
Algumas, porém bem tristes
outras de lutas e glorias
que muito me comovia
sentia cada palavra 
como linda melodia.

Rabiscava alguns versos
em casa ou na escola
no sonho de ser poeta
o que escrevia mostrava
mas ninguém se interessava
eram poemas ao vento.

Começou minha procura
garimpando pela vida
buscava a palavra certa
muitos livros, muitas poesias
rimando, rimava rimas
sonhando em ser um poeta.

Procurei por todo canto
o que está aqui comigo
a poesia está na alma
a poesia está num gesto
a poesia está no olhar
a poesia está em nós.

Achei as sílabas certas
achei as rimas perfeitas
vontade rima com amor
saudade rima com distancia
amizade rima com encontro
felicidade rima com alegria. 

Descobri mais nessa arte, já sei rimar, sei versejar:
Aline Romariz rima com Teco Seade e Wander Porto,
Akira Yamazaki com Edvaldo Santana e Lady Lin Quintino,
Dilce Nery e Cris de Souza rimam com Mário Quintana!

Maria Lamanna rima com José Regi Poesia e Adriane Garcia,
Bianca Velloso com Cely de Ceci e Luiz Alexandre,
Lourença Lou com Paulo Bentancur e Sacha Arcanjo,
Cai Duarte, Manogon e João Caetano rimam com Castro Alves!

Lázara Papandrea rima com Marco Antonio e Valeria Pisauro 
Glaucodélia Branco com Marcia Barbieri e Fabio Luis,
Lucas Afonso com Lu Narbot e Franciangela Clarindo,
José Vicente, Mayra Diniz e Andrade Jorge rimam com Ferreira Gullar!

Ligia Regina rima com Liz Rabello e Santiago Dias,
Mauro Gouvêa com Katia Storch e Andre Luiz Ribeiro,
Edinho Twin com Andre Anlub e Adriane Lima
Enide Santos, Zito Silvério e Tercio Sthal rimam com Jorge de Lima!

Ronaldo Ferro rima com Betina Marcondes e Francisco Xavier,
Zulu de Arrebatá, com Sheila Mara e Casciano Lopes,
Diô Mendonça com Seu Ribeiro e Cris Massarelli,
Luciane Lopes, Elany Morais Alice Alba rimam com Cecília Meireles!

Emilia Guerra rima com José Luiz Bernardes e Chris Herrmann,
TaniaContreiras com Orlando Bona e Patricia Salkw,
Walter Passos com Pedro Campos e Flavia Assaife,
Angela Ramalho e Luka Magalhães rimam com Augusto dos Anjos!

Tereza Azevedo rima com Escobar Franelas e José Couto,
Seh Pereira com Tania Amares e Andrea Gallo,
Consuelo Pereira com Osvaldo Tiveron e Cymar Gaivota,
Marcos Magoli com Cleo Alves e Vlado Lima e rimam com Hilda Hilst!

Luiz Carlos Bahia com Verinha Fagundes e Estrela Dalva ,
Geraldo Aguiar com Marcelo Adifa com Emilio Passos,
Catarina Santos com Sandra Ribeiro e Joelma Bitencourt,
Danielle Bonfim e Wagner Marim rimam com Cora Coralina!

Vera Margutti rima com Ismael Rocha e Tayla Fernandes,
Carlos Almeida com Heloisa Peixoto e Guilvan Miragaya,
Airton Souza com Haydêe Souza e Felipe Rey,
Victor Lima, Dri Ferraz e Eder Lima rimam com Drummond de Andrade!

Debora Garcia rima com Marco Alvarenga e Enice de Faria,
Marilene Pacheco com Claudio Castoriadis e Eliabe Nogueira,
Gouveia de Helias com Mardonio Azevedo e Claudio Correa,
Chico de Abreu, Lia Boká e Saulo Buosi rimam com Mário de Andrade!

Cecyro Cordeiro rima com Silvana Gonçalves e Antonio Corvo
Menina Menduiña com Andrio Candido e José Luiz Pires
Ilza Nascimento com Carlos Bacelar e Ana Stoppa
Wagner Felix, Arnaldo Afonso e Ivany Fulini rimam com Paulo Leminski!

Rachel dos Santos com Arlete Franco e Valdomiro “Pérola Negra,
Paulo Barroso rima com Geraldo Trombin e Rafael Carnevalli,
Gisele Sant Ana com Valciãn Calixto e Punky Alem da Lenda,
Paulo George com Gilberto Nascimento e Silvio Durante,
Sueli Kimura, Val Branco e Liria Porto rimam com João Cabral M. Neto!

Carlos Valverde rima com Marcia Mattoso e João Nery,
Nurimar Bianchi com Carlos Magno Sena e Carmem Teresa,
Graura Hilário com Celso Corrêa de Freitas e Romulo Marinho,
Sergio Matos, Anna Bueno e Inácio Fitas rimam com Vinícius de Moraes!

Paulino Vergetti rima com Ana Carolina Marques e Vinicius Cassiolato,
Wagninho Barbosa com Paulo Cesar Gomes e Francisco Mendes,
Elizabeth Oliveira com Talita Moryama e Carlos Alberto o “Big Charlie”,
Flá Perez, Marla Rocha e Ana Claudia rimam com Manoel de Barros!

Claudio Poeta rima com Mardilé Fabre e Homem Arara,
Quimera Araucária com Assis Freitas e Simone Cristina,
José Pessoa com Carvalho Junior e Carla Carbatti,
Lucia Agulhari, Bessa Luna e Maria Balé rimam com Patativa do Assaré!

Rosinha de Morais, Rosa Lunna, Rosa D Saron,
Helena da Rosa, Rosa Rocha, Rosa Lunna de Angelis,
Rosanas... Nobrega, Marinho ou Cappi, Rosilene, Rosiane,
Rosilena ou Rozélia, são lindas rosas rimando no roseiral de Noel Rosa.

Todos rimando com todo
poetas citados ou não
assim encerro o poema
um tanto sentimental,
rimando Keula Ribeiro
com Mestre Zeza Amaral!
“Melhor que isso, tem igual, melhor não há”
(Milton Luna) 

Enlace das almas

Cruising through the incredible Kimberley region of Western Australia. Pretty amazing right? (Video: Clip Media Motion onboard Kimberley Expeditions)
Posted by Australia.com on Quarta, 22 de abril de 2015


Enlace das almas 
(André Anlub - 20/8/14)

Deu início aquela conversa; 
Deu o ensejo com a fuça de lua cheia;
No bule o café bem fresco,
Na mesa o bolo, a maça e a ameixa.

Na troca de vocábulos transpõem-se os obstáculos,
Surge um oráculo inócuo no enleve dos versos leves;
O dia rasgando com o sol no arrebate da torra,
A noite fica sem jeito e deseja que escuridão se entregue.

Nada daquilo é fracasso se o ocaso se vestir de amarelo,
Largar um breu quase eterno, e com isso também foi o tédio...
Há de parar com os remédios e vestir uma sunga e calçar um chinelo.

Para todos a areia está fofa, o mar bem calmo e a brisa a contento;
O inesperado não é tão enigma, pois temos a insígnia de um nobre guerreiro.

O cabelo castanho vai ficando branco; o branco dos olhos, vermelho.
O ano já está quase acabando, e depois de um espirro, já é novamente janeiro.

Vem uma luz no final do túnel, arrasando a desesperança,
Criando a salutar aliança de aceitar o escuro, mas ver a clareza.
Dizem ser indelicadeza – mas assim a vida tem mais futuro;
Dizem que estão em cima do muro – mas o muro é puramente adereço.

Deu-se o fim da conversa
Com um sorriso em todas as faces.
No bule o café ainda quente,
Na mesa um vazio e nas almas os enlaces.

Dueto da tarde (CXXXVIII)

A partir das 22h, assista ao filme Gata Velha Ainda Mia e converse ao vivo com o diretor Rafael Primot! Prepare suas...
Publicação by Canal Brasil.


Dueto da tarde (CXXXVIII)

As lamentações da menina complicada batiam numa parede de indiferença,
Mas não a muralha sólida do machismo (desse era estava habituada, não conivente). Era algo mais fácil de engolir, se fosse compreendido. Mas se a menina compreendesse a indiferença da parede provavelmente não se lamentaria. Nem seria complicada. 
Na visão nada simplista da maioria: a maioria quer ser compreendida e não compreender. Então assim se coloca um cérebro na parede com direito a diploma de filosofia.
A menina chama pintores, decoradores, construtores, arquitetos, engenheiros: ninguém possui a fórmula e a parede permanece intacta.
Habitualmente, no corriqueiro das pessoas, a saída seria construir outra parede em frente à parede; camuflar o problema criando outro.
A menina não chamou os técnicos para isso. Ela quer a parede no chão e quer seu cérebro, com diploma e tudo, nas nuvens.
Empenhou-se – trabalhou e estudou para isso –, e agora quer seguir com sua profissão. Mas a parede é forte e a protege do frio, do vento, do sol e da chuva.
Tanto estudo para chegar aonde já estava. As lamentações da menina complicada vão valar esta mesma linguagem com a indiferença da parede até o fim da vida.
Já há uma enorme torcida para que ela faça pelo menos uma janela para olhar o mundo, mesmo de longe.
Mas a menina é complicada. Janelas simplificam. Janelas mostram além deste aquém.., Isto simplifica.
Só a vida estava de acordo com ela, ratificando sua fala, andando de mãos dadas, pelo simples fato de também ser complicada. 
Aos olhos de qualquer menina lamentosa a vida é complicada. E esta era a vida dela.

Rogério Camargo e André Anlub
(29/4/15)

Manhã de 29 de abril de 2015



Manhã de 29 de abril de 2015 (com um quê de barba feita)

A animação acorda junto! Coisa rara atualmente, mas sempre muito bem-vinda.
Abri meu jornal eletrônico, o qual assino, e li sobre política. 
É, politica. Aquela coisa que muitos odeiam, alguns participam e muitos não entendem. Todas as vezes que faço uma postagem com algum cunho político me arrependo! 
Acho que realmente fica complicado quando se fala o que as pessoas não querem ouvir (até mesmo quando se está do lado delas). 
Vou me ater em escrever meus singelos rabiscos e continuar me expondo politicamente somente no meu voto e no boteco da esquina onde bato meu ponto, jogo gamão e derramo meus copos. 
Lavo o rosto e vejo aquela cara de ontem, meu cabelo está carecendo de um corte curto, é mais prático e o calor abranda. Escovo meus dentes, lavo novamente o rosto, faço meus alongamentos e vou-me ao banheiro de fora, da área dos fundos. 
Lá já tem um livro me esperando e o meu trono que adoro. Agora vamos falar em poesia, em algo romântico que me toca, me desmancha e me conserta, me dobra e desdobra, me faz feliz e moleque. Já estou pintado de guerra, já ouço tambores e ao fundo a água cai de um céu pardo e enterra meu otimismo. 
A espada é das Cruzadas, a roupa de soldado negro, as botas de couro bem grosso e o olhar de quem já morreu de véspera. 
Dilacerei meus fantasmas em praça pública ao som de Björk, a luz de holofotes com canapés diversos e a cachaça da boa.
Era uma manhã como a de hoje, quarta feira; era Maomé indo à montanha e Maria ondo à feira; um carro avança um sinal, outro estaciona erroneamente em vaga de deficiente; uma criança cai muito doente e de repente cai meu astral.
Fui caminhar e me perdi no tempo e no espaço, deixei a cabeça divagando até romper em uma dimensão paralela. De repente me deparei com um belo castelo de cor púrpura, cercado por orquídeas raras, uma mangueira alta e com um capacho enorme na porta escrito: “Essa casa é sua”.

André Anlub

28 de abril de 2015

Ótima noite

E você aí achando que desenha ou pinta bem... :pO vídeo mostra o impressionante talento de Marcello Barenghi. É realmente de cair o queixo!Para conhecer melhor seu trabalho, acessem o site www.marcellobarenghi.com
Posted by JornalCiencia on Domingo, 20 de julho de 2014


Não quero paixão egoísta, profunda
Feita poça de chuva fina;
Não quero paixão quente
Feita água que o bacalhau se banha...
A paixão que quero deixou pista:
Muito beija, muito afaga,
Não apanha e não amarga... 
É brincadeira de criança... 
Pera, uva, maça e salada mista.

- André Anlub

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.