19 de fevereiro de 2015

Para pensar:

‘Não tenho tempo pro não essencial’, diz neurologista com câncer terminal
Na categoria Geração E por QSocial em 19/02/2015

O neurologista britânico Oliver Sacks, 81 anos, anunciou hoje que está com câncer em estágio terminal, em um texto publicado no “New York Times” e logo replicado em todo o mundo.


O escritor e professor da Escola de Medicina da Universidade de Nova York afirma no artigo, intitulado “Minha própria vida”, que se sentia saudável até um mês atrás, quando foi diagnosticada uma metástase no fígado.

O cientista conta que, há nove anos, tratou de um raro melanoma ocular que tinha apenas 2% de chance de sofrer uma metástase _e ele está neste grupo. “Minha sorte acabou.”

No texto, sóbrio e poético, Sacks diz se sentir grato por ter tido “nove anos de boa saúde e produtividade desde o diagnóstico original”. “Mas agora estou de cara com a morte”, afirma.

E segue: “Depende de mim escolher como quero viver os meses que me restam. Tenho que viver da maneira mais rica, profunda e produtiva que puder”.

O autor de livros de não ficção de sucesso como “Tempo de Despertar” e “O Homem que Confundiu sua Mulher com um Chapéu” diz que se sente “intensamente vivo” e conta o que quer, no tempo que lhe resta: “Aprofundar minhas amizades, dizer adeus aos que amo, escrever mais, viajar”.

Segundo ele, tentará acertar as contas com o mundo e, também, se divertir e fazer algumas bobagens.

Sacks diz que está focado: “Não há tempo para nada não essencial. Tenho de me concentrar em mim mesmo, meu trabalho, meus amigos”. Notícias sobre política ou aquecimento global não terão mais sua atenção. Explica: “Estes não são mais meus problemas; eles pertencem ao futuro”.

Encerra reafirmando que seu sentimento predominante não é o medo, mas de gratidão. “Acima de tudo, tenho sido um ser senciente, um animal pensante, neste lindo planeta, o que tem sido um enorme privilégio e aventura”.

Por QSocial, com informações do “New York Times”

*Este texto faz parte do projeto Geração Experiência, que tem como objetivo mostrar histórias de pessoas com mais de 60 anos que são inspiração para outras de qualquer idade.

Dueto da tarde (LXX)



Dueto da tarde (LXX)

Dois olhos me olham com um olhar brando, mas inquietante, olhar de dúvidas e expectativa.
Na sombra deles eu me preparo para não ser esquecido e lanço um grito para o eco surdo.
Radicalizo meu singelo espaço cósmico doando meus planetas e estrelas aos olhos alheios.
Abro o guarda-chuva da angústia sob o sol da melancolia e visualizo ao vulcão da ineficácia derretendo as pedras do alicerce.
Na hora, através dos olhos, chegará minha máxima e me lançará o convite à sorte do sorriso mais largo, a fala mais forte e alinhará toda minha galáxia.
Na hora. Estou sem hora. Sou senhor das horas mortas que ressuscitam na práxis, faço plástica na cara da morte, afio a foice e o cabelo eu lavo, pinto e faço trança, fazendo-a parecer novamente criança.
Dois olhos me seguem nesta dança. Diretor de cena coçando a pança, quebrando a balança com o peso da sua exigência. Isto cansa.
A observação vai além – se dita à regra: rega-se a ruga e irrigam-se os olhos com o pranto mais sincero.
São dois olhos e têm a sabedoria dos trilhões que já choraram a condição humana. Deles ela verte em água pura.

Rogério Camargo e André Anlub
(19/2/15)

Trem de perfume e fumaça



Trem de perfume e fumaça
(André Anlub - 25/03/13)

Não se sabe se o perfume se espalhou
Pelos bosques coloridos e imagéticos.

Na nossa aldeia, logo, logo, deflagrou:
O colírio, canto lírico e poético.

A proeza dos sãos bardos atracou
Lá no cais latem os cães dos letrados.

Viu-se o verso no reverso - só versar.
Fez-se a música que alindou o ser amado.

Bela a rima morro acima
- No luar.
Brilho forte do sorriso
- A majestade.

O vai e vem ao som do trem deixou saudade.
De joelhos o anel da união,
Juramento que testemunha
A branca garça.

Iluminou o casto amor do sim sem não.
E foi-se o trem - longa estrada...
Fica fumaça...

Carnaval 2015



Voas minha pombinha
é carnaval
nos salões
nas ruas
marchinhas.
hinos e gritos.
Levas nas asas a festa
o belo rito.
És pomba da paz
alegria dos espíritos.
Sabes que a alegria tem fim
passaste todas as horas em transe
sonhaste em puro êxtase
viveste um paraíso interior.

André Anlub

18 de fevereiro de 2015

Pequena história real.

   
"O pai pediu-me que assinasse o livrinho antes da sessão de lançamento porque o menino, o Manuel, tinha que se deitar cedo. Ajoelhei-me junto ao Manuel e coloquei-lhe então uma questão:

- Este livro é sobre o medo do escuro. Será que tu tens medo?

Pela primeira vez ele me olhou nos olhos. Demorou a reagir e respondeu com uma pergunta:

- E tu tens medo do escuro?

Disse-lhe que sim. Ele gostou da sinceridade, deu meia volta e quando já se afastava conduzido pela mão do pai, ele parou e disse-me à distância:

- Não tenhas medo. O escuro apenas é feito das coisas que nele colocamos.

Disse aquilo para me reconfortar. Mas ele apenas recitava uma frase que eu tinha escrito no livro. O facto de um menino ter citado uma frase minha como se fosse algo da sua autoria foi talvez o maior dos prémios literários que tive. Nunca mais esquecerei esse momento" 
- Mia Couto

O íntimo

BANKSY (B. 1974) - Barcode Leopard (spray paint and emulsion on canvas), 2002

O íntimo

Via no tédio o remédio das disparidades de um vil covil,

Colocando fogo no palheiro para assim ver surgir uma agulha.
Com punho e a alcunha de justiceiro: foi-se o cunho e foi-se o pulha...
Talvez no terreiro, um terceiro quarto ou um sexto do quarto copo.

O íntimo quer mostrar a cara: fica para a próxima.


Atiro-me ao escopo: atiram-me, apunhalam-me, sequestram-me;

Eis os que orquestram como feras rugindo, como tréguas surgindo,
Como falta de filtro nas palavras que lavram num (in) coeso destino...
Ferem amigos, ferem coelhos brancos na noite – alvos fáceis;
Desumanos, desalmados.

Os motores de arranque estão quentes; há febre adolescente na mente.

Pudores caem, chuvas de verão; jamais nos verão tão impetuosamente.
Gruda chiclete no dente, queima a carne no espeto, o medo adota a senhora.

O íntimo que foi ínfimo é posto à prova: uma ova que para tudo tem hora.


Atiro-me à festa nesse exato momento: falta a farta cominação de acatamento.

Reviro-me e me viro para voltar ao começo;
Esqueço o preço que é estar do avesso: ver vultos dos fantasmas,
estafas formando estufas que vão aquecendo as cabeças; 
ouvir melodia melancólica, pudica e melosa, 
da noite ao dia – de trás pra frente – o ano inteiro.

O íntimo já está exposto e posto ao privo: um ovo que se quebra à fome.


André Anlub

(18/2/15)
ALGUNS MINICONTOS

A carta que Perôndio escreveu avisando Parquínia do que poderia acontecer chegou dois anos atrasada. Parquínia foi obrigada a reconhecer duas coisas, porém. Uma, surpreendente: ele acertou quase tudo. Outra, deprimente: ela não teria seguido nenhum dos conselhos mesmo que a carta chegasse em tempo. Isso a deixou pensativa, pelo menos.


Ninguém chamava Júlio João de bonito. Júlio João era bonito. Mas não se lembrava de terem-no chamado assim uma vez que fosse. Um dia perguntou a sua amiga Irausa o que ela achava disso. Irausa primeiro pensou que ele estivesse brincando. Não estava. Depois pensou que talvez fosse uma armadilha. Não era. Era mesmo uma angústia. Que aumentou quando Irausa foi embora sem ter dito nada.


Há tanta coisa nas muitas coisas que as inexistências ficam muito receosas de começarem a existir.

- Mãe, tem uma estrela que quer falar comigo.
- É mesmo, meu bem? Sobre o que?
- Ela não disse ainda. Mas acho que está nervosa, coitadinha, a luz dela não para de tremer...


Tudo que podia ser feito por Genofelsa já tinha sido. Agora restava esperar que Genofelsa entendesse que só dependia dela transformar tudo o que fora feito em uma situação onde ela não precisasse de mais nada.


- Vô, por que é que a mãe disse pro pai “deixa estar, jacaré, tua lagoa há de secar”?
- Tá chovendo, seu pai deve ter entrado em casa com os pés molhados.
- Ah, vô, não brinca, eu quero mesmo saber!
- Tá. É uma expressão antiga. Funciona como um aviso de que a pessoa pode vir a perder algumas vantagens ou privilégios.
- Hum. Será que o pai vai ter que dormir no sofá?
- Se estiver com os pés molhados, talvez.


O muro era muito alto. Trolluppa cresceu imaginando que um dia teria condições de saltá-lo. Empenhou-se para conseguir isso. Conseguiu. Seu problema passou a ser o retorno, depois de conseguir. Porque do outro lado o muro era ainda mais alto.


O comodismo:
- Deixa como está!
A revolta:
- Muda tudo!
A sensatez:
- Como mudar tudo?


Queria viver uma experiência fora do tempo. E não parava de olhar o relógio, para ver se já estava na hora.


- Se pudesses escolher um lugar para morar, onde seria?
- Perto de mim. Detesto morar longe de mim.


Clápilo queria levar Clatina a viver um sonho. Clatina não queria viver um sonho. Mas todos querem viver um sonho, argumentava Clápilo. Então você pode pegar qualquer um destes todos, eu não vou lhe fazer falta, encerrava Clatina.



Era uma coisa boa e era também uma coisa ruim. Mas enquanto era uma coisa ruim a coisa boa não podia ser totalmente boa, porque ficava com pena.

ROGÉRIO CAMARGO 

Dueto da tarde (LXIX)



Dueto da tarde (LXIX)

Acordei hoje com dor de cabeça. Não sei onde minha cabeça andou durante o sono;
Talvez tenha voado, voltado novamente no tempo, passeado pela Gaia de mãos dadas com Alice.
Não acordei por saudades do lar. Acordei porque a cabeça não deixou mais dormir.
Quase caí da cama, seria fatal já que durmo no alto de uma Sequoia gigante; e para ser deselegante vou confessar e completar que nunca arrumo minha cama.
Nem desamasso os lençóis. Nem apago a lâmpada de cabeceira. O travesseiro é o mesmo há anos. Minha Sequoia me entende.
Houve um tempo que morei no Mauna Loa, mas me espantei com o calor, senti falta de uma garoa; já vivi no Everest, mas o frio nada breve petrificava meu voo... agora estou muito bem onde estou.
Com a cabeça estourando, mas estou muito bem. Com o sono atrasado, mas estou muito bem. Com a Sequoia balançando e o Everest derretendo, mas estou muito bem.
Só que outro dia surgiu o homem e sua serra, senti um frio na nuca e me deixou em paranoia... acertei-o com uma pedra... de açúcar.
Não era eu o homem? Não era eu um homem sonhando que um homem serrava sua cama. Não era eu o homem acordando com a cabeça doendo porque sonhou com um homem serrando sua cama?
Que loucura: fui homem, fui árvore, fui Alice, vivi em Gaia e em outros lugares, e libertando-me de quaisquer crendices ou pensamentos vulgares... acho que já fui tudo, menos eu.
E ainda quero uma cabeça que não doa...

Rogerio Camargo e André Anlub
(18/2/15)

17 de fevereiro de 2015

Dueto da tarde (LXVIII)



Dueto da tarde (LXVIII)

Zé calçava as botas de couro para ir de encontro ao seu estimado alazão, que já o aguardava nas manhãs de tempo bom.
Era o alazão do sonho. Zé cavalgava seu sonho como um fazendeiro orgulhoso; fazia até planos futuros: levá-lo para uma terra distante e soltá-lo com os cavalos selvagens.
À Natureza o que é natural. A natureza de Zé não queria seu sonho preso as cocheiras da insuficiência, pois correntes, bocas amordaçadas, olhos vendados, asas aparadas nunca fizeram parte de seus princípios.
Não eram coisa dele. Coisas do Zé eram soltas no vento. Zé calçava as botas de couro para ir ao encontro do vento, voava nas folhas das árvores e nas dos livros, pintava o sete fazendo de chiclete com a morte e pintava o oito fazendo o coito com a vida.
Essa era a vida de Zé. Se você encontrá-lo em algum espelho, não se assuste: liberdade verdadeira é praticar a liberdade.
E se o espelho encontrar você, lembre de onde amarrou seu cavalo.

Rogério Camargo e André Anlub
(17/2/15)

Sicrano Barbosa




Sicrano Barbosa
(André Anlub - 14/5/14)

Chegou o tempo das convicções positivas
De amores desatados por mãos limpas
Lavadas com o suor da procura.

Eis mais um desafio no meio do povo 
“de andar semelhante”:
- barba bem feita,
O sapato novo
E alma nada desnuda.

Eis o semblante guerreiro,
Os filhos na escola e hora na labuta:
- comida na mesa e nove talheres
Para apenas duas mãos.

Chegou o tempo de desprender-se do básico
E não se sentir um traste por nada ter de praxe.

Fugindo da história:

Foi convicto à feira no domingo
E comprou seu peixe...

Subiu no velho caixote
E disse a todos os ouvintes:
- é bendito e bem-vindo o tal de Benvindo Nogueira...


Deputado do povo 
(eleito por ser um homem oprimido).

Voltando à história:

No arraste das horas a barba crescendo
E o sapato mais velho,
Vê-se esotérico ao som erudito
De um novo critério;

Agora homem simples,
Sicrano da vida
Em um mundo baldio.

A vida estava por um fio,
Mas as nuvens se foram
E tempestades sumiram.
(o chão é o limite)

O tempo chegou,
O clarão é mais vivo
Das asas no apoio
E o voo continuo.
(o céu é o limite).

Há estradas fáceis que levam ao pecado,
Mas há também caminhos íngremes 
Que estendem o tapete vermelho pro nada.

16 de fevereiro de 2015

Para ponderar... (brincadeira tem hora)

Brincadeira tem hora... e de mau gosto, preconceituosa e rasa não devem ter mais espaços.




Dueto da tarde (LXVII)



Dueto da tarde (LXVII)

Ainda não nasceu o dia mas a noite já se prepara. 
Um tailer transparente sobre a tez, um chapéu chique de praia e uma saia rendada de puro algodão egípcio. 
Não há nada que ela não saiba e não há nada que ela conheça. Tudo é velho novo. Tudo é novo velho. 
A noite foi morar uns tempos na Noruega, lá sentia-se mais ativa, participativa, mais mulher pura – dona de casa e da rua. Morou lá por doze horas. Voltou com a cabeça cheia de ideias que o dia ouviu com muita paciência; e na inocência de menina velha, quis transformar o mundo todo, uma revolução quase guerra.
Poucos entenderam. As manhãs não entenderam. E continuaram a chamar todas as cores da alvorada em seu favor. 
Foi um “auê”: nuvens em frenesi louco faziam formas obscenas; os mares ficaram revoltos e descontaram sua raiva nas pedras e mariscos.
Todos queriam e não queriam. Todos queriam sem saber o que. Mas queriam firme, queriam forte.
E foi assim que o sul se uniu ao norte, e jogaram com a vida e com a própria sorte boicotando a louca lua atrevida.
Uma união de doze horas também. Tempo de outra estadia na Noruega. Tempo de meia volta ao mundo. Tempo de um temporal de cores ambíguas.

Rogério Camargo e André Anlub
(16/2/15)

Preto e branca



Preto e branca
(André Anlub - 5/6/13)

Garanto minha frágil presença
No pensamento mais estranho
Que remete ao pesadelo
Da minha pele pintada de branco.

Enxergo essa minha entrega
Em reflexos de uma lâmina cega.
E de maneira sutil, tão simples,
Transcendo ao corte seguinte.

Em doação que faz mistura,
Nossas cruas carnes nuas
Fez contraste no arraste,
Na queima que é de praxe,
Do protocolo em leitura.

Ah, minha branquinha!
Bebemos na água pura.

Pegue o banco e a caipirinha
Venha sentar-se ao meu lado...

(desnuda – noite - minha)

Etílico silêncio



Etílico silêncio
(André Anlub - 2/2/12)

Meus silêncios são pendentes dos seus,
Gritam sem som enquanto você não volta.
(as voltas pelos bares, garrafas, copos).

Espero-lhe... 
Madrugadas, mágoas e salmos. 

Minhas revoltas,
Andando pela casa
Marcando o carpete
E os olhos de águas...

Socando pontas de facas
Lembrando-me de épocas.

Amo você... 
Quero-lhe como era 
(abstêmio e calmo).

Sua vida é falência e desgosto,
Pelo menos agora,
Nostalgia desarrumada,
Procurando encosto e gastando saliva. 

E na relva brotam palavras ao vento;
Declama poesia mas não sonha com mais nada. 

Muitos silêncios se atrelam
Aos de nossos rebentos,
Sons de vários momentos
Que por dentro se abafam.

E os mesmos por vários meses e anos 
Falam muito mais que um mar de palavras.

15 de fevereiro de 2015

Atrasado... (Happy Valentine’s Day!)




Oh, those boyfriends
are passionate interesting
their hearts, their novels
committed love.
They boundless follies
heated passion without judgment
only accept improvisation
do not accept guesses.
Ah, these lovers
is shameless that supply
say gives nausea
say it seethes
and often ...
cause envy.

André Anlub®
(10/06/13)

No sofá de uma sala



No sofá de uma sala
(André Anlub - 21/4/13)

O amor é a maior das certezas
E mesmo assim acontecem infinitos equívocos.

Não se fala em outra coisa
Em todos os lugares:
Em bares, ginásios, tablados,
Basílicas, praias, boates,
Iates, aviões ou carros.

A bola gira, cabelo cai,
O amor derrotado.
Flecha no peito, faca nas costas,
O bobo da corte coroado.

A imagem escureceu,
Os braços ficaram pesados
E nada mais se pode fazer.

Há um enorme e frio buraco,
Onde o eco cantarola sua fala
E no perceber que chegou ao profundo
Vê-se sentado no sofá de uma sala.


Na arte nada, nunca, pode estar 100% a contento... 
A barriga fica cheia e acaba a fome!

Dueto da tarde (LXVI)



Dueto da tarde (LXVI)

Está no ar e é liberdade que se aprisiona individualmente em um leque de possibilidades.
Está no ar e quase cai com o peso da responsabilidade.
É a absolvição que muitos procuram, muleta inquebrável e onipresente, é o Rei e o indigente, é a lei e a contravenção.
A liberdade da prisão, a prisão da liberdade e todos falam nagô em iídiche.
Vê-se e põe-se então a salvação que escorre pelas mãos, que residia no interno e na intenção  e no momento transpira em policromias.
Os pés imaginam asas, mas imaginar asas não dá asas aos pés; os olhos imaginam o sossego, mas imaginar o sossego já é um bom começo.
Sonhar sonharia sonhará sempre sonhando sonhos sonháveis a sono solto.
Vê-se e faz-se circuncisão num fundo preto por cima dos pesadelos e entram as primaveras nos desenhos perfeitos nas circunscrições de suas quimeras.
Acordar seria fácil, mas incômodo. Ajeita a cabeça entre as estrelas, mesmo que elas sejam apenas poeira nada cósmica, e a cômica crônica de seu cotidiano é de novo e sempre a companheira ideal.

Rogério Camargo e André Anlub
(15/2/15)

14 de fevereiro de 2015

A cena da sina em cinco tempos



A cena da sina em cinco tempos
(André Anlub - 19/3/14)

Deixei um abraço pro lago Paranoá,
Fim de tarde dos mais belos,
E o sol batendo o ponto pra descansar.

II

Se não fosse a paixão, simples,
Teria outro nome:
- Fez-se atração ao limite do suportável.
Mais uma vez grito! E o grito sai assim:
- Meio confuso, meio dominado.
É a saudade, é o deslumbre;
É o lume da liberdade...
São pontos, luzes da minha cidade;
Vejo o mar com imponência e atitude.

Olho pela janela do avião e concluo:
- Será uma enorme coincidência de também meu corpo físico estar nas nuvens?

Não há tempestade que me atinja;
Não há cor ou mancha alguma que me tinja.
Hoje - agora - amanhã...
Sou camaleão!

III

Olhos cheios d’água,
É noite e as luzes refletem na minha íris.
Vejo minha terra, minha mãe
Desse filho adotivo, birrento,
Que amamentou em seu seio,
(ama de leite)
Banhou-se no seu mar
E no seu sol aqueceu-se
De um acaloro que vem de dentro
Expressivo – decisivo – poetar.

IV

Agora é êxtase de lisonjeio e satisfação;
Pus a mão na arte, na autoridade de uma academia;
Animo de energia – passo a frente – mira ativa.

Fiquei maravilhado aos pés de Iguaba...
E não me gabo desse flerte;
Como diria Caê:
“Adoro ver-te...”.

V

No retorno, e torno a teclar nessa tecla;
Abraço deuses, mestres e magos.
Ponho-me à mercê da alegria,
E a vida me fecha em afagos.
Novamente sobre outros lagos
E largo sorriso ecoando.
Saudade da casa e entornos,
Contornos de tempos mais calmos.

Saudade dos bons e maus que com o sol fazem a lua;
Saudade da música sua, e a língua dançante dos cães.
Quero a água gelada, as bocas recitando versos,
Novos escritos discretos e poças com estrelas nuas.

A nuvem negra se foi no horizonte,
Tempo que a fez merecer.
Meio termo, temor inteiro,
Do dilúvio que não irá acontecer.

Da sombra se faz um poeta
Da seta de mão/contramão.
Do sonho no rabo do cometa
Se meta, poeta hei de ser.

Dueto da tarde (LXV)



Dueto da tarde (LXV)

As cores fundas da noite aguardam que o sol aqueça alguns amarelos;
Opções de tons à mercê do pincel; mesclados de vermelho e laranja acendendo o sorriso de Van Gogh no céu.
A sombra aguarda o momento de dançar a dança dos fogos impossíveis; o verniz espera sua vez, inquieto, enquanto o matiz sobe ao quarto com a pálida e cálida meretriz.
Ela não se oferece facilmente. Ela tem seu preço em luzes da manhã que ainda não chegou, pois muitas vezes cobra caro: querendo um eclipse que cale a boca do sol.
O sol fala muito e alto, com sua boca de incêndios; a lua é educada, silente, e mesmo com boca mutante, nem por um instante aumenta o tom de voz.
As cores fundas da noite conhecem a lua como um filho conhece sua mãe. E aguardam os amarelos do sol como quem espera o pai voltar do trabalho; sabem que os amarelos se perdem nos atalhos das cores, nos rubores dos primeiros raios, passeiam pelo ateliê do artista, beijam o cume do Everest, e sem que se apressem chegam aos olhos de quem admira.

Rogério Camargo e André Anlub
(14/2/15)

Sempre vivo

Dai o sujeito pensa (ou vomita): "O exemplo vem de cima" - mas isso é a pura e vil transferência de culpa! Dois erros não fazem um acerto!



Sempre vivo
(André Anlub - 4/1/13)

Precisamos de dias mais longos,
Cheios de ar, aves; árvores por todos os cantos,
Cantos açucarando os pesares.
(Afagando os ouvidos)

Ouvi dos sinceros seus sins,
Som de detalhes...
De talhes simplórios,
Corpos notórios, 
Felicidade - gemidos.

Precisamos de larga boca
E nada oca a mente.
Mente aquele que no medo,
Em segredo,
No paladar do azedo, 
Expõe que não ama
E não segue passo à frente.

Por aqui, por ali,
O sol nasceu mais vivo;
Vi você de repente,
Menos breve e arredio
Arrepender-se contente.

Na trilha do som e do cheiro, 
entre outros planejes, 
já havia o longo tempo de um asilo 
- E saiu, enfrentou, 
nisso e naquilo 

foi certeiro.

Pendura e perdura


Pendura e perdura
(André Anlub - 20/9/10)

Verás os varais pelo planeta afora,
Alguns dependuram difusas histórias:
- Toalhas sujas, lençóis manchados,
Burcas, fardas, camisolas...

Verás secarem farrapos:
- Roupas de seda e algodão egípcio.
Algumas despontam sacrifícios,
Pintam os adornos nubentes.

Verás os varais internos
Que penduram o ódio retido:
- Enxuto, infecundo, rachado...
Como as rugas do envelhecimento.

Também verás os que penduram amores...
De diversos calibres e cores,
Sem importância do enxuto ou ensopado
Vale o corpo que aqueceu algum dia.

13 de fevereiro de 2015

Dos bardos*



Dos bardos*
(André Anlub - 11/2/12)

É pensante, mas sóbrio poeta insurgente,
Daqueles que anseiam tirar poesia de tudo;
Menos do que o toca no absoluto profundo,
Pois nele o mesmo é extremamente faltante.

Precisos são seus pontos, vírgulas e aspas,
Às vezes palavras ásperas que consternam o humilde.
Notória sincronia com o público que aclama;
Forca em praça pública com linchamento e chamas.

O bardo é liberdade, Ícaro que deu certo,
Sem normalidade, sem torto e sem reto;
Equidistante do mundo mora no cerne da alma
E com doação e calma, conquista os sinceros.

Mas há poeta que grita abraçado ao berrante;
Só vê perfeição nos seus soberbos espelhos,
Pois narciso é conciso e sem siso é errante,
Cai por terra, dúbio, e vê-se de joelhos.

* “Menção honrosa no 2° Concurso Literário Pague Menos, a nível nacional, ficando entre os 100 primeiros e assim participando do livro “Brava Gente Brasileira”".

Dueto da tarde (LXIV)



Dueto da tarde (LXIV)

Com seus olhos precisos e nada discretos fotografou as belas pernas que passavam na calçada.
O álbum que tinha cabeça inquietou-se com a chegada de mais um exemplar.
Fazia cálculos milimétricos, dísticos, anatomia disso, daquilo, era de viver, era de matar – olho clínico e olho indisciplinar.
A folha em branco da sua imaginação logo se coloriu de formas nervosas, via-se novamente a luz na sua grande eterna cabulosa casulosa caverna.
Alguns estertores se pacificaram, algumas placidezes estertoraram, houve uma alucinação sóbria seguida de uma prece ébria.
Se as belas pernas desconfiassem, desconfiariam muito: há olhos de demais para o que elas menos querem; há olhos de menos para o que elas mais desejam.
E assim deixam o ensejo: querem um afago, querem uma caminhada na praia, querem uma meia-calça, querem duas calças Levis, querem que as levem para qualquer lugar.
Mas os olhos que fotografam nada lhes dão e tudo lhes tiram, na sua fantasia de possuir, de prender eternamente; pode parecer incoerente (e é), mas são olhos gulosos, talvez insaciáveis, talvez perfeccionistas.
A imagem passa, finalmente, e a imagem fica, finalmente. As pernas vão, a prisão da imagem não. E na galeria mental insuficiente tudo acontece enquanto nada acontece com o que já foi.

Rogério Camargo e André Anlub
(13/2/15)


Algumas histórias (I - III)
(André Anlub - 12/02/12)

Cheiro de madeira queimada,
Na ponta dos espetos - salsicha e queijo
Sicrano tocava um blues na viola
E eu tirava um som da minha velha gaita.

Fulana cantava melodiosamente no ritmo,
Enquanto Beltrano arrepiava nas latas de Nescau.
Os animais, com o barulho, já haviam corrido,
Era uma calma e bela noite logo após o Natal.

O show já estava frenético e sem rumo,
Vaga-lumes embriagados rodeavam o local.
Em uma nuvem se escondia a lua minguante
E não havia qualquer luz artificial.

Na sombra da fogueira imagens curiosas
Dançavam com a música nas árvores e arbustos.
Deu-se uma imagem sombria de um corvo,
Logo se transformou em uma flor formosa.

São momentos inesquecíveis na mente
Que nem mesmo o garrafão de vinho conseguiu apagar,
Transformadas anos depois em alguns versos e prosas
E essa história ocorreu em Visconde de Mauá.

Depois retorno para falar das cachoeiras...
Ah, as cachoeiras...

Parte II
(2/3/12)

Estava cá com meus botões,
Rememorando velhos bordões.
Pensando em épocas remotas,
Concupiscências e efígies mortas.

Lembrei-me de amores perdidos,
Esquecendo-me de dores achadas,
Pessoas que foram imaculadas
E demônios travestidos de amigos.

Recordo dos conhecidos porteiros
Nas calçadas com seus banquinhos,
Sentados o dia inteiro
Ao lado dos seus radinhos.
Vozes agudas dos rádios a pilha,
Diversão do seu dia a dia,
Hoje atrás de grades e guaritas,
Entregues a sorte e a morte,
Sem segurança...
(à revelia)

Lembrei-me das ruas sem movimento,
Que serviam de campo de futebol.
A ausência maciça de lamento,
Para todos nascia o sol.

O gol feito de chinelos,
A bola “dente de leite”,
Seguia torta em caminhos retos,
Felicidade que compunha a gente.

Parte III
(11/3/12)

Denomino-me um amante inveterado
Dos bons e velhos jazz e blues.
Gosto dos clássicos, dos solos, dos básicos - dois polos.
Ainda tenho uma velha e boa vitrola
E não abro mão de ouvir o que mais me apetece e inspira.

Com fone de ouvido navego em uma nau;
Na minha cadeira do escritório
Entro em um mundo de alvedrio,
O Nirvana auditivo é notório.

Denomino-me também um apreciador do novo suingue,
Das boas bandas e vozes contemporâneas do som...
Serei até redundante ao me exprimir por completo:
- ínfima minoria que obteve o tom.

Em uma casa de shows temos a pureza exata...
Dá para ouvir cada nota - cada entonação.

Em um grande estádio todos num só coração:
- o palco - o espectador
Energia e diversão.

A música sempre me remete a momentos...
Bons – ruins – bem vividos.
Em hipótese alguma motiva lamentos
Pois nada de pinicos são meus ouvidos.

Para pensar e repensar

Texto de Gabriela Moura:

"Eu passei pela experiência de engravidar duas vezes. A primeira não foi planejada, a segunda, sim. Ambas foram muitíssimo desejadas e apoiadas, parceiro, familiar, financeiro, todas as nossas questões nos satisfaziam, estávamos (e estamos, afinal, estou gestando ainda) muitíssimo felizes, empenhados e preparados física e, sobretudo, emocionalmente.
As minhas gestações são as minhas gestações, jamais poderia embasar decisões de mulheres, essas que suas histórias não conheço, essas que seus desejos não conheço, essas que suas dores e delícias não conheço, por minhas experiências felizes na gestação e maternidade.
Estou ao lado dos direitos reprodutivos das mulheres. Eu sou TOTALMENTE favorável à descriminalização do aborto, ao respeito às mulheres e suas escolhas e seus corpos. Sou inteiramente solidária às minhas irmãs que são massacradas, estupradas, culpabilizadas por suas gestações, culpabilizadas pela interrupção destas gestações, caso tenham esses filhos, sofram violência obstétrica, sejam culpabilizadas por péssimas condições físicas e emocionais, rechaçadas no trabalho, crucificadas nos meios conservadores e, muitas vezes, sobretudo se forem negras e pobres, mortas sangrando na mão de um sistema cruel, ao coro de comemorações, em um Estado que tem por dever ser LAICO, ou seja, não deve embasar suas políticas públicas em aspectos religiosos.
Mulheres casadas abortam, cristãs abortam, prostitutas abortam, mulheres de mais de 40 anos, mulheres de menos idade abortam e eu jamais vou usar a minha gestação contra elas.
Solidariedade às minhas irmãs mulheres"


Luciana Genro sobre aborto: Eduardo Cunha ‘não se incomoda em passar por cima do cadáver de milhares de mulheres’
Leia aqui: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/02/luciana-genro-rebate-eduardo-cunha-sobre-aborto.html

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.