20 de novembro de 2014

Bienal de Minas



Meus cães, os cães...




Miúda, Van Gogh e Matisse
(André Anlub - 3/2/09)

Meus cães são meus amores
Senhores, donos da situação.
Não guardam rancores
Nunca me deixam na mão.

Vivem com a língua para fora
Mendigando carinho.
Brincar? Só se for agora!
Detestam ficar sozinhos.

A Miúda peguei na estrada,
Estava ensopada e com frio.
Com certeza foi abandonada
Por algum individuo sombrio.

Van Gogh eu adotei pelo GAPA
(Grupo de Assistência e Proteção Animal)
Eles cuidam de animais maltratados,
Fazem um trabalho legal.

Matisse é o rebento dos dois,
Cão lindo, parceiro e afável.
Cresceu parrudo e profícuo
E tem um humor instável.

Assim sigo com os meus filhos
Dando afeição, ração e amor.
Sou uma pessoa de sorte
Por deles receber o calor.

20 de Novembro - Dia Nacional da Consciência Negra



Corações
(André Anlub - 9/6/13)

Nos corações ainda se ouvem
O eco dos berros perdidos nos navios;
Gritos de dores e amores de ontem
Abafados pela cobiça dos sorrisos vazios.

Há rosas línguas dançantes,
Bailando em sonhos como bailarinas;
Na utopia de todo o montante
Misturam-se todas as etnias.

Tambores atravessaram o oceano,
Alegraram ouvidos distintos,
Na beleza do duelo nas rodas 
Que são danças, lutas e ritos.

A origem de tudo que é hoje
Está exposta para quem quiser ver,

Desde o seu reflexo na poça d’água
Até a abusão cega e rasa
Dos que dessas águas
Jamais vão beber.

19 de novembro de 2014

Alfabetizada aos 82 anos, Tetê Brandolim faz poesia com retalhos

Matéria original e na íntegra: https://queminova.catracalivre.com.br/inspira/alfabetizada-aos-82-anos-tete-brandolim-faz-poesia-com-retalhos/

Ela tinha um sonho: ler e escrever. Filha mais velha de uma família de imigrantes italianos, quando criança foi tirada da escola para trabalhar na roça. Já aposentada, tentou por 15 anos aprender nos programas de Educação para Jovens e Adultos. Não conseguiu. Chorou muito.

Mas o mundo das letras se abriu para Tetê Brandolim no ano passado, quando, com a ajuda do método do educador Paulo Freire, sua vida cruzou com a da educadora Jany DiLourdes Nascimento. Da receita do pão às histórias da fazenda, foram necessários só poucos meses para ela estar alfabetizada.

Para escrever o primeiro cartão de Páscoa para os cinco filhos, a educadora trouxe cartolinas e chita para enfeitá-los. Sobraram alguns retalhos. Foi a partir deles que Tetê criou uma técnica de colagem. “Comecei brincando e deu certo”, conta.

O calor da Flor

Brinquedo novo que me dei de Nata adiantado. 
Máquina de café ex(es)presso manual. 
Já estreei e recomendo.


O calor da Flor

Prefere a Natalie a Keira, mas isso é outra história!
Aproveitando o gancho, a deixa, dá-lhes os loucos amantes,
Sempre por ai, largados e atinados.
Há um poeta que tem amor platônico,
Na verdade são tantos...
Antagônicos e adjacentes... (por que não insanos?).

Prefere, no inverno, usar um cobertor de orelha,
Ao invés de um casaco de pele, desses de pele de ovelha...

E ele escolhe, acolhe e se recolhe no conforto do lar e do sonho.
(bardo sonhador).
E sonha! sonha em se abrigar do frio com o calor da Flor... 
(é, ela mesma! a Maria).

É franco, modesto e aprendiz;
É raro um sujeito assim, muito raro;
Tem a alcunha de “Macuquinho-preto-baiano”,
E não há engano: é bem assim!

Na luz dos olhos verdes, azuis ou pretos,
No bate-papo na cama, caminhando pela praia ou na rede da varanda,
Nas várias opiniões contrárias, 
Nas várias ações que valham o tempo sublime em comunhão...
Sempre entrega seus pontos.

Vem, acorde-o, puxe uma cadeira e sente-se;
Prepare a paciência para ouvir seu longo sermão.
Depois surgem histórias lindas, poesias doces e inúmeras canções.

Irão servir também uns trecos para acompanhar:
Canapés com camarões e azeite de dendê,
Sucos de frutas raras,
Amor verdadeiro e música “démodé”.

- Lembra-se daquele boneco de ventríloquo?
Resolveu ser astronauta, mas não conseguiu!
Mas pelo menos agora ele se mexe sozinho,
Fala o que quer
E deixou de ser menino.

André Anlub®
(18/11/14)

18 de novembro de 2014

Racismo à brasileira


Racismo à brasileira

“Percebo diretamente o racismo depois que minha filha se casou com Carlinhos Brown. Quando eu estou na rua às vezes ouço esse tipo de gracinha agressiva. As pessoas pensam que são brancas, pensam que eu sou branco. [...]

“Um dia fiz uma gracinha e disse que no Brasil ninguém é branco, só a Xuxa. [...] Outro dia fui num restaurante supostamente chique e tinha uma mulher, com cabelo pintado de amarelo, que começou a berrar: “Eu sou branca! Eu sou branca!” É uma coisa muito malresolvida. [...] Porque é impossível imaginar que famílias, depois de várias gerações, não tenham se misturado com índios e com pretos.

“Com relação aos meus netos já aconteceu agressão aqui no Rio onde eles ficavam, quando vinham da Bahia, num condomínio desses na Gávea. A família saiu de lá. [...] Aqueles caras fortões que ficam na praia e quando eu passo falam, “ô Chico, e aí, cadê o genro?”, pensando que são brancos... uns mais claros, outros mais escuros. [...] O que me aborrece é a hipocrisia da situação, a ignorância. Porque isso é incultura. O nosso valor é a miscigenação. [...] A mistura de raças é o futuro da humanidade. [...] E, mais lentamente, na Alemanha, na Suécia, a tendência vai ser sempre a miscigenação. O Brasil já está adiantado nesse processo.”

Chico Buarque - Até pensei.

- O menino ao lado do Chico é o Francisco, seu neto.

200 anos da morte de "Aleijadinho"

"O Aleijadinho" - morreu a 18 de Novembro de 1814.


           Imagens: Ouro Preto por André Anlub 

Minha singela homenagem ao grande escultor do nosso Brasil.

Tribos urbanas

O precipício perdeu boa parte do seu encanto,
Deixando fraco canto e a sensação de não ser mais original;
As estrelas tornaram-se muito mais convidativas,
E o amor na ativa, com sua calentura e seu interminável brilho,
Astuciosamente esculpe o seu brio:
Antônio Francisco Lisboa – atemporal.

Vem à luz amistosa,
A luz da lua cheia, 
Faceira,
Que parece acariciar o vento;

Caminha pelas ruas de pedras através das sombras dos postes, dos bêbados e árvores,
Dobra as esquinas e passa de janela em janela, de porta em porta;
Passa pelas casas antigas, casas recentes e silentes,
Casas de Ouro Preto.

Por longas datas as bocas gritaram, cantaram e se tocaram em desejos,
Corações se uniram e se iluminaram em suas vielas;
As bocas deles e delas perpetuaram e protegeram todo o, e o de sempre, luar.

O lugar e o legado, agora foram contidos pelo silêncio.
Só por um instante:
- Um minuto de tributo!

Assim como ocas ocas, sem seus índios que saíram para caçar
E voltaram com a caça, com a raça e o ensejo para o ditoso festejo.

André Anlub®
(16/11/14)

17 de novembro de 2014

Precisamos muito falar sobre aborto



Em março de 2005, Cynthia Howlett, Vera Zimmermann e Penélope Nova estampavam as capas da TPM, que trazia um manifesto pela descriminalização do aborto.

“Eu faço o trabalho que ninguém quer fazer, mas que precisa ser feito.”

O médico que diz isso está comigo no último andar de um prédio na zona de sul de São Paulo. Nos outros andares, a rotina é a de um grande hospital normal. No setor em que estamos, há um esforço para fazer tudo parecer corriqueiro: sala de espera, secretária que atende o telefone, faxineira que passa o pano úmido no chão, consultório de paredes brancas e maca forrada com papel. Mas tudo é diferente nesse último andar. Aqui, abortos são feitos todos os dias. E abortos são ilegais no país onde eu moro. 

Ilegais, mas não ilegítimos. E tampouco raros: o doutor V. é velho conhecido de amigas minhas – e de amigas de amigas. Seu telefone e o endereço do hospital onde atende circulam livremente entre mulheres (e respectivos namorados, maridos, amantes, pais, parentes, amigos) que engravidaram, mas não queriam ter engravidado. E que, claro (o detalhe é importante), dispõem de algum dinheiro para resolver o problema de maneira limpa e sem riscos. No meu caso, R$ 3.500, cash.

O doutor V. me deu um desconto porque descobri a gravidez cedo: seis semanas, ou um embrião de 4 milímetros. Ele cita outras “clientes” que demoraram muito mais “e ainda ficam chorando por um preço menor”. Tenho vontade de dizer “não sou sua cliente” e sair correndo. Espio a lista no papel sulfite sobre a mesa, com outros 20 nomes de mulheres que ele vai atender só naquele dia. Por uns instantes não o ouço. Olho a janela, a vista é bonita, o céu está cinza. É um dia triste pra mim. Mas é o que precisa ser feito.

Eu estou diante do doutor V. porque não quero ter mais uma criança. O fato de eu já ser mãe aumenta em muitos tons a complexidade dos sentimentos. Tenho a noção exata de que ter filhos é maravilhoso – tem sido para mim. Além disso, fiquei grávida do “cara certo” e não de um passante qualquer. Ainda assim, veio a certeza estranha e cruel: não quero esse bebê concebido num descuido. Infração gravíssima, eu sei. Sete pontos na carteira existencial. Para uma parcela considerável da população, eu deveria ser castigada em praça pública (ou ao menos numa sala de parto).

Só que eu não acho que a opinião pública tenha alguma coisa a ver com uma decisão que é minha, pessoal e intransferível, como são todas as dores. E que é, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, a decisão tomada por mais de 1 milhão de mulheres brasileiras todos os anos. Um milhão por ano é gente demais pra ser varrida pra debaixo do tapete. Principalmente quando, desse milhão, gente como eu – com acesso a médico, anestesista, sala limpa com vista e lanchinho no final – é minoria absoluta. A maioria se vira como pode. Talvez tomando um remédio, talvez perfurando o próprio útero em casa, talvez indo a clínicas como as que, recentemente, entraram no noticiário policial por terem sido os cenários de duas mortes. 

O Brasil tem uma presidente mulher. Ela tem entre seus ministérios uma Secretaria de Políticas para as Mulheres, cuja titular ostenta um belo histórico de defesa dos direitos individuais (e da legalização do aborto especificamente). Mas é um país que tem se calado diante de propostas legislativas que são puro atraso. Um país que simplesmente finge que essa multidão não existe. 

Esta revista não se conforma com isso e convoca a sociedade para o debate – ao menos ele: precisamos muito falar sobre aborto.


Micheline Alves, diretora do núcleo Trip e Tpm

16 de novembro de 2014

15 de novembro de 2014

Folhas, águas, linhas


Folhas, águas, linhas

E vão as folhas secas no curso do rio,
Vão mil destinos entortando nas pedras.
Suas belas pernas no fluxo de um cio,
Cobiçam alento e afeto defronte à guerra;

Correm sozinhas, andam famintas...
Estacionam distintas em terrenos baldios;
Deixam sementes de adolescentes linhas...
Brisa menina caçoa das varas que envergam.

No centro da terra o fulgor do suor se resseca,
O encanto sapeca resiste em sobreviver;
Se o viver que persiste é a poesia mais fértil,
Sai firme e forte da inércia e imerge no alvorecer.

Outra menina linda, outra menina minha...
Garota garoa tornando-se chuva forte e bem-vinda;
Como a perceptível delicadeza de uma folha de orquídea...
Também mexe em minha alma, coração e vida.

As águas levam as folhas e induzem às vidas...
Cantigas longas e antigas do clico do tal renascer;
O que fazer com palavras dançantes e musas nuas divinas?
- Só bailar nas vitrines do mundo – moribundo,
Em sóis quentes, luas gordas – franzinas, 
De folhas, águas e linhas...
É tudo que se deve fazer.

André Anlub®
(5/11/14)

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.