15 de novembro de 2014

Folhas, águas, linhas


Folhas, águas, linhas

E vão as folhas secas no curso do rio,
Vão mil destinos entortando nas pedras.
Suas belas pernas no fluxo de um cio,
Cobiçam alento e afeto defronte à guerra;

Correm sozinhas, andam famintas...
Estacionam distintas em terrenos baldios;
Deixam sementes de adolescentes linhas...
Brisa menina caçoa das varas que envergam.

No centro da terra o fulgor do suor se resseca,
O encanto sapeca resiste em sobreviver;
Se o viver que persiste é a poesia mais fértil,
Sai firme e forte da inércia e imerge no alvorecer.

Outra menina linda, outra menina minha...
Garota garoa tornando-se chuva forte e bem-vinda;
Como a perceptível delicadeza de uma folha de orquídea...
Também mexe em minha alma, coração e vida.

As águas levam as folhas e induzem às vidas...
Cantigas longas e antigas do clico do tal renascer;
O que fazer com palavras dançantes e musas nuas divinas?
- Só bailar nas vitrines do mundo – moribundo,
Em sóis quentes, luas gordas – franzinas, 
De folhas, águas e linhas...
É tudo que se deve fazer.

André Anlub®
(5/11/14)

14 de novembro de 2014


ALGUNS MINICONTOS

- Você não é a palavra mágica?
- Não, não sou.
- Claro que é! Tô reconhecendo você pela falta do cedilha.
- Cedilha?
- Claro. E a falta das aspas também. Eu nunca me engano, minha chapa. Você é a palavra mágica, sim!
- E se eu fosse, o que é que tinha?
- Tinha que eu ia te explorar, óbvio.
- É por isso que eu não sou.


- Esta noite vou deixar o carro na rua.
- Mas por que, com essa garagem tão grande aqui em casa?
- Pra ele aprender a dar valor ao que é bom.


Não foi isso que Catinaldo planejou quando planejou aquilo, mas é com isso que Catinaldo tem que se haver por ter planejado aquilo. E dizer PQP não adianta porcaria nenhuma.


- Olha, é um tremendo jogador.
- Hum.
- É, sim. Só não tem muito fôlego, cansa logo, pulmões fracos. Mas é um tremendo jogador.
- Hum.
- Tô te falando. Não sabe cabecear, também, e foge das divididas. Mas é um tremendo jogador.
- Hum.
- Vai por mim. O domínio de bola dele não é bom e erra muitos passes. Mas é um tremendo jogador.
- Tá, me convenceu. Manda falar comigo segunda-feira.


- Eu não sei pensar isso de outro jeito, Donalva. Você tá a fim de acabar com tudo, só pode ser isso.
- Mas que bobagem, de onde é que você tirou essa ideia?
- Você saiu de casa.
- Isso não quer dizer nada.
- E está morando com outro cara.
- Isso também não quer dizer nada.
- E está grávida dele.
- Um detalhe atoa.
- Quer dizer que nosso casamento ainda existe?
- Mais forte que nunca.


A estrela viajou muito até pousar na mão do sonho e ser levada pela mão do sonho a sonhar coisas que sempre quis mas achava que uma estrela não podia.


- Que teu pai não te ouça!
- Ah, quantas vezes eu já disse isso na frente dele?
- Nenhuma, que eu saiba.
- Mas você não sabe tudo, sabe?

Desta hora de mortes extraio os minutos eternos de vida e sinto que estou sorrindo quando finjo acreditar nelas.


“Da minha cama para o mundo”, declarava Mirka Flona, tonta de autoimportância, como se aquela câmera na parede do seu quarto fosse mesmo o olho do universo.


- Não quero te machucar.
- Ah, não? Então bote os pés em outro lugar, por gentileza.


O nome do que não tem nome sorri mansamente com os nomes que lhe dão. Um sorriso que ninguém fotografa.


Querendo deixar os filhos bem preparados para tudo que der e vier, Asquinalvo mostra-lhes a toda hora o que fez e não deveria ter feito. Só não lhes mostra o que faz e não deveria estar fazendo.


- Vô, o que é “manutenção do sistema?”
- Onde raios você ouviu isso, Carlinhos?
- Num programa de entrevistas.
- Cáspite! O que foi que aconteceu com o D. Pixote e com o Zé Colmeia do meu tempo?
- O que?
- Nada. Manutenção do sistema é assim, presta atenção. Só tem uma vaga para uma coisa muito cobiçada e mais de mil candidatos para ela. Todos eles vão se esforçar para consegui-la e nenhum vai desistir se lhes disserem que só um vai ganhar. “É, mas se este um for eu?”, responderão todos. E, com isso, ajudam a manter o sistema.
- Que sistema?
- O sistema da cobiça, da competição, da ilusão de que o prêmio vale qualquer sacrifício. Entendeu?
- Acho que sim.
- Qualquer coisa, pega minhas fitas do D. Pixote e do Zé Colmeia.


(ROGÉRIO CAMARGO)

Dois rabiscos de março de 2010.



Rede(moinhos) rendeiras 
Aves ou rendas?
"Rendez-vous"...
Saio da rede e vou para a rede,
Se a rede cair, volto pra rede:
- “Mon amour”.

Um Futuro Ser Completo
(André Anlub - 9/3/10)

Saber viver, saber esperar,
Tudo na contramão da situação.
Montar no mundo e cavalgar,
Largar o cogente por só querer.

Se o tempo é sua Nêmesis
Levante e corra em qualquer direção;
Saia do ostracismo de um abrigo
Pois essa saída é enganação.

No adjunto de tudo que te faz feliz
Vale a pena o tempo perdido;
Se por um lado desce ralo abaixo,
Por outro alimenta sua alma.

Com sabedoria e muita calma
O mundo estará em suas mãos;
Com paz, integridade e humildade
Tornar-se-á muito mais do que aprendiz.

Ser um monge na pura meditação
Que paira o silêncio ao se encontrar,
Passeando ao redor do espaço tempo
Sem sequer ter hora para chegar.
(versa e vice)
Totalmente de bem com sua vida
Sabiamente convida ao vivo o bem,
Com sua mente muito bem na vida sã
Para conviver sabiamente com sua vida zen.

13 de novembro de 2014

Morre o poeta Manoel de Barros

Morre, aos 97 anos, o poeta Manoel de Barros em Campo Grande. Poeta estava internado havia duas semanas no Proncor da cidade. Causas da morte ainda não foram divulgadas pelo hospital.

Saiba mais: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2014/11/morre-aos-97-anos-o-poeta-manoel-de-barros-em-campo-grande.html


OS 10 MELHORES POEMAS DE MANOEL DE BARROS

O livro sobre nada

É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.
Tudo que não invento é falso.
Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
Tem mais presença em mim o que me falta.
Melhor jeito que achei pra me conhecer foi fazendo o contrário.
Sou muito preparado de conflitos.
Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.
O meu amanhecer vai ser de noite.
Melhor que nomear é aludir. Verso não precisa dar noção.
O que sustenta a encantação de um verso (além do ritmo) é o ilogismo.
Meu avesso é mais visível do que um poste.
Sábio é o que adivinha.
Para ter mais certezas tenho que me saber de imperfeições.
A inércia é meu ato principal.
Não saio de dentro de mim nem pra pescar.
Sabedoria pode ser que seja estar uma árvore.
Estilo é um modelo anormal de expressão: é estigma.
Peixe não tem honras nem horizontes.
Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas quando não desejo contar nada, faço poesia.
Eu queria ser lido pelas pedras.
As palavras me escondem sem cuidado.
Aonde eu não estou as palavras me acham.
Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.
Uma palavra abriu o roupão pra mim. Ela deseja que eu a seja.
A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.
Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
Esta tarefa de cessar é que puxa minhas frases para antes de mim.
Ateu é uma pessoa capaz de provar cientificamente que não é nada. Só se compara aos santos. Os santos querem ser os vermes de Deus.
Melhor para chegar a nada é descobrir a verdade.
O artista é erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.
Por pudor sou impuro.
O branco me corrompe.
Não gosto de palavra acostumada.
A minha diferença é sempre menos.
Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria.
Não preciso do fim para chegar.
Do lugar onde estou já fui embora.

O apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

Retrato do artista quando coisa

A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas.

O fazedor de amanhecer

Sou leso em tratagens com máquina.
Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis.
Em toda a minha vida só engenhei
3 máquinas
Como sejam:
Uma pequena manivela para pegar no sono.
Um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas
E um platinado de mandioca para o
fordeco de meu irmão.
Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias
automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.
Fui aclamado de idiota pela maioria
das autoridades na entrega do prêmio.
Pelo que fiquei um tanto soberbo.
E a glória entronizou-se para sempre
em minha existência.

Tratado geral das grandezas do ínfimo

A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.

Prefácio

Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) —
sem nome.
Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.
Insetos errados de cor caíam no mar.
A voz se estendeu na direção da boca.
Caranguejos apertavam mangues.
Vendo que havia na terra
Dependimentos demais
E tarefas muitas —
Os homens começaram a roer unhas.
Ficou certo pois não
Que as moscas iriam iluminar
O silêncio das coisas anônimas.
Porém, vendo o Homem
Que as moscas não davam conta de iluminar o
Silêncio das coisas anônimas —
Passaram essa tarefa para os poetas.

Os deslimites da palavra

Ando muito completo de vazios.
Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu
destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas

Aprendimentos

O filósofo Kierkegaard me ensinou que cultura
é o caminho que o homem percorre para se conhecer.
Sócrates fez o seu caminho de cultura e ao fim
falou que só sabia que não sabia de nada.

Não tinha as certezas científicas. Mas que aprendera coisas
di-menor com a natureza. Aprendeu que as folhas
das árvores servem para nos ensinar a cair sem
alardes. Disse que fosse ele caracol vegetado
sobre pedras, ele iria gostar. Iria certamente
aprender o idioma que as rãs falam com as águas
e ia conversar com as rãs.

E gostasse mais de ensinar que a exuberância maior está nos insetos
do que nas paisagens. Seu rosto tinha um lado de
ave. Por isso ele podia conhecer todos os pássaros
do mundo pelo coração de seus cantos. Estudara
nos livros demais. Porém aprendia melhor no ver,
no ouvir, no pegar, no provar e no cheirar.

Chegou por vezes de alcançar o sotaque das origens.
Se admirava de como um grilo sozinho, um só pequeno
grilo, podia desmontar os silêncios de uma noite!
Eu vivi antigamente com Sócrates, Platão, Aristóteles —
esse pessoal.

Eles falavam nas aulas: Quem se aproxima das origens se renova.
Píndaro falava pra mim que usava todos os fósseis linguísticos que
achava para renovar sua poesia. Os mestres pregavam
que o fascínio poético vem das raízes da fala.

Sócrates falava que as expressões mais eróticas
são donzelas. E que a Beleza se explica melhor
por não haver razão nenhuma nela. O que mais eu sei
sobre Sócrates é que ele viveu uma ascese de mosca.

O menino que carregava água na peneira

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e
sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo
que catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces
de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio, do que do cheio.
Falava que vazios são maiores e até infinitos.

Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito,
porque gostava de carregar água na peneira.

Com o tempo descobriu que
escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser noviça,
monge ou mendigo ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor.

A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os vazios
com as suas peraltagens,
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!

Uma didática da invenção

I

Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:
a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca
b) O modo como as violetas preparam o dia para morrer
c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos
d) Se o homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem salvação
e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega mais ternura que um rio que flui entre 2 lagartos
f) Como pegar na voz de um peixe
g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
etc.
etc.
etc.
Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios.

II

Desinventar objetos. O pente, por exemplo.
Dar ao pente funções de não pentear. Até que
ele fique à disposição de ser uma begônia. Ou
uma gravanha.
Usar algumas palavras que ainda não tenham
idioma.

III

Repetir repetir — até ficar diferente.
Repetir é um dom do estilo.

IV

No Tratado das Grandezas do Ínfimo estava
escrito:

Poesia é quando a tarde está competente para dálias.
É quando
Ao lado de um pardal o dia dorme antes.
Quando o homem faz sua primeira lagartixa.
É quando um trevo assume a noite
E um sapo engole as auroras.

V

Formigas carregadeiras entram em casa de bunda.

VI

As coisas que não têm nome são mais pronunciadas
por crianças.

VII

No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a cor dos
passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz
de fazer nascimentos —
O verbo tem que pegar delírio.

VIII

Um girassol se apropriou de Deus: foi em
Van Gogh.

IX

Para entrar em estado de árvore é preciso
partir de um torpor animal de lagarto às
3 horas da tarde, no mês de agosto.
Em 2 anos a inércia e o mato vão crescer
em nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até
o mato sair na voz .
Hoje eu desenho o cheiro das árvores.

X

Não tem altura o silêncio das pedras.

12 de novembro de 2014

Robô Philae faz pouso histórico em cometa

Imagem do robô Philae, que vai coletar amostras do cometa 67P

O robô Philae pousou na superfície do cometa 67P/ Churyumov-Gerasimenko, nesta quarta-feira (12), às 14h03 (horário de Brasília), a aproximadamente 500 milhões de quilômetros de distância da Terra. O pouso foi confirmado pela Agência Espacial Europeia (ESA), em Darmstadt, na Alemanha. Pelo Twitter, a agência anunciou: "Estamos no cometa". Trata-se de um feito inédito na história da exploração espacial, que permitirá aos cientistas ter mais informações sobre a origem da vida na Terra.

Saiba mais: http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2014/11/12/robo-philae-faz-pouso-historico-em-cometa.htm

Olhos azuis de cegos




Olhos azuis de cegos
(André Anlub - 30/9/12)

Jovem, bonita e mortal!


Uma crônica cólica romântica
Pode até ser fatal;
Mas só para os corações fracos e desprotegidos...
Quase todos que há.


Ela deixa o sujeito de quatro,
Febril e sem norte,
Clamando pela morte
Sob o ataque juvenil...


Em um labirinto do fauno,
Entregue a própria sorte...


“A inocência tem um poder que o mal não pode imaginar”.


Quando se alcança uma idade avançada
Há uma predisposição.
Uma espécie de paixão
Pelas coisas mais novas;


A luxúria de cunho sexual e erótico,
Movido pela imaginação:
- o que foi rima vira verso 
- o que foi verso torna-se prosa.


O poder da juventude é efêmero 
(nada discreto)
Existe o enorme preconceito pelo ultrapassado ou velho.
A pureza do novo, 
Que antes visível, 
Assim não é mais reta.


Sinuosa estrada que no final volta ao seu início.


Nas margens do caminho há no limite o precipício,
O verdadeiro mergulho na vaidade
Não tem volta ou arrependimento;


Faz uma vida de angústia,
Um ímpio no hospício...
Que vaga por orifícios
Das seringas de rejuvenescimento.


E no final:


- enche com silicone os egos,
As amarguras com cimento.

Vê-se no espelho por um momento...
Com olhos azuis de cegos. 

11 de novembro de 2014

Nódoa



Nódoa (do livro “Poeteideser”)
(André Anlub - 28/1/09)

I
Passou percebido como um terremoto,
Teceu vários olhares.
Sons inóspitos para alguns
E agradáveis para milhares.

Rebeldia de uma meretriz,
Capitalista convencional:
Compra – comprará – comprou 
(quem quis).
Absolutamente fenomenal.

Mulher perfeccional e pérfida,
Adjunta de tudo e todos que convém.
Sua índole é sempre muito maléfica
Fazia do mais importante um ninguém.

Seguia com o nariz apontando para o céu;
Fazia de qualquer Deus um réu;
Bela – inteligente – realizada.
Dona do tudo, quase tudo e do nada.

Sempre foi uma rainha que não transige,
Pois não precisava de um rei só.
Não tinha ré, mi, lá ou dó... (e o resto todo).
Quando morresse viraria ouro em pó.

II
Essa rosa linda do jardim,
Teu perfume surreal,
É oferecida para mim
Numa vil crise existencial.

Subjugava seus valores decorrentes,
Não se importa com a dor.

Nunca é coerente,
Somente de sua própria vertente.

Engole o mundo e arrota,
Esnobe como sempre é!

Abre suas ideias, comportas...
Perfeita da cabeça aos pés.

Ergue muralhas de beleza,
Sem fim e nem comparação.

Dizem ser melhor que a mãe natureza
Tem o universo nas mãos.

Quando morrer virará pó de ouro,
Todos no mundo irão chorar.

Perderão o maior dos tesouros,
Nódoa (dona de tudo que há).

10 de novembro de 2014

Acalmando a Alma IX

É MEU DEVER DIZER AOS JOVENS O QUE É UM GOLPE DE ESTADO:
http://www.hildegardangel.com.br/?p=35008


Me apaixonei num sonho




A dialética do homem atual é transformar em filosofia coisas óbvias e lógicas, e deixar de lado o que é de suma importância ser debatido.

Me apaixonei num sonho

Nenhuma noticia do juiz cruel
E seu dedo funesto e tremulante;
Nem por um instante,
E dou graças aos deuses,
Deu sinal.

E cabe quando, a qual, a quem afinal,
Vestir o corpo com a tez do pecado?
Eu não, e por enquanto sigo no não...
Não sou réu aqui, sou sonho,
Aqui sou o que, o qual, e quem quero.

É sim me apaixonei no sonho
E como ela é, não digo.
É sim, pois aqui nada é pecado,
Nada é mutilação, traição, tampouco mau gosto,
E não existe nada de oposto,
Nem mesmo a contradição.

Esse sonho não é feito para olhos alheios;
Até mesmo a escrita é em linha reta
Sem partida – chegada, sem meta,
Sem nem ao menos “os meios”...
(boa merda).
Mas qual graça teria ser e ter o perfeito em volta
Sem a vida às vezes em reviravoltas,
Sem solda nem fenda,
Sem pouco nem sobra,
Sem erro ou acerto? (boa bosta).

André Anlub®
(10/6/14)

9 de novembro de 2014

Acalmando a Alma VIII

Há 45 anos, em 15 de novembro, em pleno AI-5, "O Pasquim" publicava a célebre entrevista com Leila Diniz. A imprensa nunca mais foi a mesma, a mulher brasileira também. Joaquim Ferreira dos Santos, biógrafo da atriz, conta a história daquele momento e mostra trechos do áudio da entrevista, com todos aqueles palavrões que o jornal substituiu por asteriscos. Ouça o programa na Rádio Batuta: http://www.radiobatuta.com.br/Episodes/view/723


Imagem: Leila Diniz, 1971. Foto de David Drew Zingg/ acervo IMS.

Bucólico Eu

Tema: Mulheres de Chico 
Título musical: Cecília

Bucólico Eu

Um bardo e suas moças, suas musas,
São suas asas em êxtase – motor propulsor;
Buscam paixões arquitetadas, minudências focadas,
Na alma, no corpo e no papel...
No entanto e no intuito elas extravasam nuvens, 
Voam assim: avivadas e soberbas, plumas,
Buscando a veemência – a coerência, ao léu.

“Buarqueando” - Como não falar de Chico?
- Se a moradia na emoção é o botão de liga/desliga de uma alma incendiária.
E por falar em musas...
São obsoletas?
São absolutas?
Algumas reais:
“A Marieta manda um beijo para os seus...”.

Agora, veio-me a mente “Cecília” (nome da minha mãe);
Mas vivem muitas na permuta aos olhos do poeta;
Tornam-se paixões, canções, tentames, rabiscos infames,
Fragmentos do meu bucólico Eu. (que nunca se completa).

André Anlub®
(30/10/14)

Acalmando a Alma XII

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.